sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Campanha Olhos Abertos

Texto próprio de GermanoCWB sobre a Campanha Olhos Abertos dos magistrados tentando melhorar a imagem dos juízes perante a população. Se eu for preso ligarei para os amigos pedindo para levarem cigarros, hehehehe


Frases ditas pelos magistrados no lançamento da campanha:

Olhos Abertos

- “Não se trata de querer que se coloque o juiz no Olimpo. Mas a população sempre teve muita confiança nos magistrados, e acreditamos que isso é importante”  
- O jornal (Gazeta do Povo) também instiga a discussão ao interagir com leitores: a credibilidade dos juízes no Brasil está abalada?
Por quê?  
- “Quem defende a nossa dignidade merece o nosso respeito”  
-“Ressaltamos a profissão do juiz para a sociedade, como agente transformador e mais próximo do jurisdicionado. O estopim da campanha foi o assassinato cruel da juíza Patrícia Accioly. Isso deixou evidente a exposição de todos nós e decidimos enaltecer o trabalho do magistrado, comprometido com o seu tempo e dedicado a fazer justiça"
Meu comentário:

Com todo respeito que devo à pessoa e ao cargo ocupado pelos Exmos. Srs. Juízes, cabe-me, como cidadão, usar o direito de emitir comentários a respeito dessa Campanha "Olhos Abertos".
Para qualquer cidadão que tenha tido a infelicidade de precisar da justiça fica claro que V.Sas., ao contrário dos discursos no lançamento da campanha e dos slogans profissionais, não estão do lado do cidadão e dos seus interesses e direitos básicos, nem tampouco, defendem a dignidade de ninguém. Tal campanha assemelha-se a mais uma propaganda enganosa, perpetrada dessa vez justamente por quem deveria combatê-la.
A melhor propaganda que V.Sas. poderiam oferecer para essa população sofrida seria a resolução das centenas de milhares de processos acumulados, dando fim ao sofrimento de milhares de famílias que esperam uma demora sem fim pelas respostas aos seus apelos. Sem que se aproximem dos interesses da população, nenhuma campanha vai lhes melhorar a imagem de corporativa, ineficiente, morosa e injusta. O cidadão precisa já da solução de seus problemas, e discursos pomposos e prolixos não ajudam em nada a população, bem como as desculpas esfarrapadas como a da falta de juízes. O cidadão está totalmente descrente da justiça em face da roubalheira cotiadiana a que é submetida a cada passo que tenta dar, em qualquer direção, sem que obtenha qualquer asilo no judiciário. 

Não adianta criar slogans como: "Quem defende a nossa dignidade merece o nosso respeito", se vemos diariamente a nossa dignidade ser jogada na lama, seja pela quase impossibilidade de acesso à justiça (algum dos senhores já tentou usar a justiça gratuita? 
As exigências são tantas que qualquer um desiste antes de começar), seja pela cretinice nas Audiências de Conciliação, onde o cidadão é imolado a aceitar uma proposta imoral qualquer apresentada pelos criminosos contumazes e impunes de sempre (telefonia, tv por assinatura, bancos, planos de saúde, serviços públicos, etc. que diariamente nos lesam com o aval do judiciário), sempre sob os argumentos de que é melhor fazer acordo, porque senão vai demorar muito. 
"É melhor um mau acordo do que uma boa demanda" é o que se diz sempre. Que piada de mau gosto, e que enlameia ainda mais a dignidade de qualquer cidadão e o nome do judiciário. 
De nada adianta ao cidadão a aplicação de multas contra empresas desonestas se esse dinheiro sempre é destinado para algum fundo misterioso e indevassável, e nunca reverte nem para o lesado nem tampouco para o benefício da população, pois nada muda, nunca. 
Os Procons são uma piada à parte e praticamente inúteis. Ademais, essas empresas multi-bilionárias estão rindo das multas aplicadas e da cara do judiciário, pois roubam em segundos o valor que a justiça leva anos para condenar. E o cidadão lesado fica, novamente, só com a correria, a humilhação e o prejuízo. 
Os Exmos. Srs. Juízes, evidentemente não estão ao lado da população quando dão asilo a facínoras procurados por crimes comuns em outros países; nem quando soltam criminosos irrecuperáveis para que voltem a cometer crimes contra o cidadão; nem quando não se mobilizam para mudar as leis prejudiciais ao cidadão, como as que permitem que políticos ladrões e bandidos ricos sempre fiquem impunes; nem quando uma ação trabalhista simplesmente não chega a termo porque o réu é irmão de um auxiliar do juiz; nem quando não obriga o Estado a devolver o dinheiro arrancado à força dos nossos bolsos a título de 'empréstimo compulsório' e que o Estado se nega a devolver, descumprindo o estipulado por ele próprio. 
V.Sas. criminalizam e condenam à pena de morte a população e os comerciantes trabalhadores e honestos, quando defendem um ridículo desarmamento de pessoas de bem enquanto nada fazem para desarmar e prender para sempre os bandidos, bem como não se mobilizam para obrigar o Estado a prover segurança para o cidadão.
Como sei que escrevi coisas que não são prerrogativas dos Srs. juízes, e bem sei que a primeira atitude será a de 'tirar o corpo fora' como, de fato, é comum nos representantes do judiciário, que usarão a máxima:"Se é lei tem que ser cumprida. Se a lei é ruim, tem que ser mudada, e isso é prerrogativa do Legislativo".  

Ora, isso é mesmo que dizer: - "Que se dane a população! 
Querer que uma população de 80% de analfabetos funcionais analisem e peticionem contra leis vigentes é apenas reafirmar: - "Que se dane a população".
A campanha que se espera dos Srs. Juízes é a do trabalho rápido e justo em benefício eficaz da população. É facilitar o acesso ao judiciário a todos, gratuitamente. É usar termos e linguajar acessível aos cidadãos para não enganar e confundir, jogando no lixo o latim morto, inútil, arrogante e presunçoso, que deixa o cidadão sem saber se ganhou ou se perdeu a causa, ao ouvir a sentença. 

É a mobilização para a renovação das legislações eliminando lixo e entulho, e criando e usando as jurisprudências, facilitando o andamento dos processos para que tenhamos julgamentos rápidos e eficazes, aumentando a confiança, a segurança e eliminando a impunidade.
O que se espera, Exmos Srs. Juízes é que abandonem essa postura arrogante de homens superiores a toda a humanidade, encastelados em escritórios e fóruns suntuosos que amedrontam e humilham o cidadão comum, como se fossem donos soberanos de todo o conhecimento e de todo o direito sobre a vida e morte de todo reles mortal, em sentenças proferidas em linguajar compreensível apenas pelos seus pares, décadas após o mal feito.
Quem sabe descendo do Olimpo, V.Sas. começariam a conhecer e compartilhar um pouco das necessidades da população, e então não precisariam de campanhas enganosas para tentar, inutilmente, melhorar Vossas imagens.
João Germano
DO B. RESIST.DEMOCRATICA

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