domingo, 7 de fevereiro de 2016

Carnavalescos repudiam a roubalheira, comemoram Lula presidiário e saúdam o Japonês da Federal

Neste artigo, Ricardo Boechat conta no seu blog de que modo o lulopetismo é tratado e escorraçado neste carnaval, desmoralizado e apresentado com todo o seu formato fantasioso, grotesco, mascarado, lúmpen e galhofo - criminoso. 
O título "E Lula, hein, foi parar no...."
Está difícil até para os que querem esquecer tudo, ainda que temporariamente. Os preços da cerveja e da cachaça, itens inflacionados e que ganharam novas alíquotas de impostos, não deixam. Até a água está cara, o confete e a serpentina viraram artigos de luxo.
Criativo, o folião remodela a fantasia, pica papel, substitui a arquibancada da avenida – neste ano está sobrando ingresso no Sambódromo do Rio – pelos blocos de rua. Tira o pixuleco do armário, grita “Lula na cadeia” e “fora Dilma”.
Lula, que já perdera a santidade quando virou pixuleco nas manifestações pró-impeachment, volta à cena em diversas cidades, encarnado na fantasia de presidiário, como no desfile da Mocidade Unida da Glória, candidata ao bicampeonato do carnaval capixaba. A escola levantou a galera com críticas a políticos - "Será que a malandragem sumiu? Será que ela comanda o Brasil?" - e passistas mascarados de lulas e dilmas atrás das grades.
Herói do ano, o juiz Sérgio Moro, que comanda a Lava-Jato, não bateu o capa-preta dos mensaleiros, Joaquim Barbosa, cuja máscara fez sucesso em 2013. A figura mais popular é mesmo o agente Newton Ishii, chefe do Núcleo de Operações da Polícia Federal em Curitiba, “o japonês da Federal”, figura obrigatória na prisão de gente que já foi intocável.
O “Japonês da Federal” também virou marchinha - “Sou Trabalhador...Não sou lobista, senador ou deputado!”,  ao lado do “Bar do Cunha”, “Marcha do tríplex”, “Guarde bem sua cartinha”, “Ela petralha e eu coxinha” e outras tantas. Odes à ironia e ao bom-humor do brasileiro, que, vítima da agudez da crise, apela ao riso e à galhofa. Como sempre.
Por trás da gargalhada está o repúdio à roubalheira. E sem perdão: deputado, senador, lobista, Lula e o tríplex, que já foi e não era dele, que era de sua mulher Marisa Letícia e não é mais.
Nem precisa ir muito além para apontar o estrago para Lula e o PT de o imbróglio do tríplex cair no popular, amplificado por uma marcha redondinha, que não para de tocar, animando a folia de Olinda.
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