A Polícia Federal deflagrou na manhã desta quinta-feira, 23, a
Operação Blackout, 38ª fase da Lava Jato. Os alvos são os lobistas Jorge
Luz e Bruno Luz, pai e filho respectivamente.
Em nota, a PF informou que são cumpridos 15 mandados de busca e
apreensão e 2 mandados de prisão preventiva no Estado do Rio de
Janeiro/RJ. Os investigados responderão pela prática dos crimes de
corrupção, fraude em licitações, evasão de divisas, lavagem de dinheiro
dentre outros.
Jorge Luz havia sido citado na Lava Jato pelo ex-diretor da área
Internacional da Petrobrás Nestor Cerveró e pelo operador de propinas
Fernando Baiano, delatores da operação. Em 18 de abril do ano passado,
Cerveró disse em depoimento ao juiz Sérgio Moro que o senador Renan
Calheiros (PMDB-AL) recebeu propina de US$ 6 milhões por meio do lobista
Jorge Luz, apontado como um dos operadores de propinas na Petrobrás,
referentes a um contrato de afretamento do navio-sonda Petrobrás 10.000.
À Polícia Federal, em 2015, Fernando Baiano afirmou Renan Calheiros recebeu ‘repasses’ por meio do também lobista Jorge Luz.
A ação policial tem como alvo principal a atuação de operadores
financeiros identificados como facilitadores na movimentação de recursos
indevidos pagos a integrantes das diretorias da Petrobrás.
O nome da fase (Blackout) é uma referência ao sobrenome de dois dos
operadores financeiros do esquema criminoso existente no âmbito da
empresa Petrobrás. A simbologia do nome tem por objetivo demonstrar a
interrupção definitiva da atuação destes investigados como
representantes deste poderoso esquema de corrupção.
Os presos serão levados para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba quando autorizados pelo juízo competente.
Pai e filho eram ‘profissionais do crime’, diz procurador da Lava Jato
Os integrantes da força-tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba,
classificaram os lobistas Jorge Luz e seu filho Bruno Luz como
“profissionais do crime” e principais operadores do propina do PMDB no
esquema de corrupção descoberto na Petrobrás. Os dois tiveram prisão
preventiva decretada na 38ª. fase das investigações – batizada de
Operação Blackout -, deflagrada nesta quinta-feira, 23.
“São dois operadores de extrema relevância. Talvez sejam os maiores
operadores da área Internacional da Petrobrás, os mais ligados ao PMDB”,
afirmou o procurador da República Diogo Castor de Mattos, da
força-tarefa da Lava Jato, durante entrevista coletiva na manhã desta
quinta, em Curitiba.
Jorge e Bruno Luz estão fora do país e não foram presos ainda.
“Operavam principalmente na área Internacional e para o PMDB, embora
tenha operado também nas diretorias de Serviços e de Abastecimento (
que eram ligadas ao PT e PP, respectivamente)”, explicou Mattos.
Com auxílio de autoridades internacionais e com base nos depoimentos
de delatores da Lava Jato, que apontaram o envolvimento dos lobistas no
esquema de corrupção na Petrobrás, a força-tarefa chegou à contas
secretas na Suíça e nas Bahamas, abertas em nome de offshores, usadas
para pagamentos de propinas, em especial em contratos da área
Internacional.
Dois deles são da compra e operação dos navios-sonda Petrobras 10.000
e Vitória 10.000. O negócio já é alvo de processos na Justiça Federal
contra o ex-diretor de Internacional da estatal Jorge Zelada e contra o
ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Jorge e Bruno Luz também teria envolvimento em corrupção referente à
venda, pela Petrobrás, da Transener para a empresa Eletroengenharia,
informou o Ministério Público Federal. Há ainda negócios sob
investigação na área de Abastecimento: contrato de aluguel do terminal
de tancagem para a Trafigura e de fornecimento de asfalto com a empresa
Sargent Marine. E na área de Serviços: por contratos de construção de
plataformas para exploração de petróleo nos campos do pré-sal, para a
Petrobrás, via empresa Sete Brasil.
Na decisão em que mandou prender Jorge e Bruno Luz, o juiz federal
Sérgio Moro – dos processos em primeira instância da Lava Jato em
Curitiba – destacou que “o caráter serial dos crimes, com intermediação
reiterada de pagamento de vantagem indevida a diversos agentes públicos”
em pelo menos cinco contratos diferentes da Petrobrás, “aliada à
duração da prática delitiva por anos e a sofisticação das condutas
delitivas, com utilização de contas secretas em nome de off-shores no
exterior (cinco já identificadas, sendo quatro comprovadamente
utilizadas para repasses de propinas), é indicativo de atuação criminal
profissional”. DO ESTADÃO