PAZ AMOR E VIDA NA TERRA
" De tanto ver triunfar as nulidades,
De tanto ver crescer as injustiças,
De tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus, o homem chega
a desanimar-se da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto".
[Ruy Barbosa]
No
setor ambiental o governo de Michel Temer faz o pior o melhor que pode.
Há um mês, o presidente baixou de surpresa um decreto abrindo para
exploração mineral uma área da floresta amazônica do tamanho do Estado
do Espírito Santo, que estava protegida havia 33 anos. Houve enorme
gritaria. Temer reformulou o decreto. As crítica continuaram. Temer
suspendeu os efeitos do decreto, abrindo espaço para negociação. O
presidente apanhou indefeso no Rock in Rio. E decidiu revogar a
encrenca. O decreto sai de cena da mesma maneira que entrou: de fininho.
O
governo Temer não tem uma boa cara. Na medida em que expõe suas
contradições, comete burradas e provoca suspeitas, o governo fica ainda
mais feio. A taxa de aprovação de Temer já roda na casa dos 3%. Mais um
pouco e o presidente entra para a história com um índice negativo de
popularidade.
O vaivém de Temer estimula uma dúvida: que
negociatas se escondiam atrás desse decreto? O governo sustenta que tudo
seria feito de maneira irrepreensível. Mas uma pulga atrás da orelha
interroga o brasileiro: existe alguma coisa mais suspeita do que uma
conduta absolutamente irrepreensível de um governo apinhado de ministros
investigados e chefiado por um presidente com duas denúncias criminais
no prontuário?
Projeto
especial inaugura parceria entre o G1, o Núcleo de Estudos da Violência
da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Especialistas apontam
as causas e o que é possível fazer para acabar com essa epidemia de
mortes.
Por Thiago Reis, G1
Mil, cento e noventa e cinco mortes violentas. Uma média de uma a cada oito minutos no país. Durante uma semana, o G1 registrou
todas as vítimas de um embate silencioso. São crimes que, na maioria
das vezes, ficam esquecidos – casos de homicídios, latrocínios,
feminicídios, mortes por intervenção policial e suicídios espalhados
pelo Brasil.
Há inúmeros exemplos: de como uma vida pode custar apenas R$ 20, de
como uma discussão de casal pode terminar em tragédia, de como uma
execução pode parecer algo banal.
O trabalho é o ponto de partida de uma parceria do G1 com
o Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da USP e com o Fórum Brasileiro
de Segurança Pública. O projeto tem um nome: Monitor da Violência.
Nesta primeira etapa, 230 jornalistas do G1 espalhados
pelo país apuraram e escreveram as histórias dos 1.195 mortos em 546
cidades – quase 10% do total de municípios brasileiros. São todos os
casos de morte de que se tem notícia registrados no período de 21 a 27
de agosto.
Trata-se de uma pequena amostra – se comparada à marca de quase 60 mil
homicídios anuais –, mas que perfaz um retrato da violência no Brasil.
Alguns recortes se destacam no levantamento feito. São eles:
Do total de vítimas, 89% são homens
Os jovens – especialmente os de 18 a 25 anos – são a faixa etária mais vulnerável à violência (33% do total)
Negros correspondem a 2/3 das vítimas em que a etnia é informada
A maior parte dos crimes ocorre à noite (35%)
O fim de semana concentra um grande percentual dos casos (36%)
81% morrem vítimas de arma de fogo (quando a arma é informada)
Em 15% dos casos, o autor do crime conhece a vítima
São 89 suicídios no período
Mas mais importante que os números em si são as histórias dessas
vítimas: saber quem são, por que entraram para o rol de mortos e o que
representam em meio a essa epidemia de violência que vive o país.
Vidas que custam menos de R$ 100
Manoel Pereira da Silva teve a vida interrompida aos 63 anos após
receber uma facada no pescoço em João Pessoa. O motivo: uma dívida de R$
20.
Dependente químico, ele foi abordado pelo agressor, que cobrou o
dinheiro, em uma região conhecida como Cracolândia. Uma mulher ainda
tentou intervir. Acabou ferida e não conseguiu evitar a morte do idoso.
Não foi um caso isolado na semana. No Pará, um homem de 48 anos foi
assassinado por conta de uma dívida de R$ 50. Foi esfaqueado e deixado
caído no meio da rua em Tucuruí.
No Gama, cidade-satélite do Distrito Federal, um outro acerto de
contas. Um adolescente de 16 anos foi assassinado a sangue frio porque
tinha uma dívida de R$ 80 relacionada a drogas. Um fim abreviado para um
jovem considerado “brincalhão e de bom relacionamento” pelos colegas da
escola, que ele havia largado um ano antes.
De bebê a centenário
Entre as vítimas há desde um bebê de apenas 2 meses até um homem de 112
anos. No caso do menino João Myguel Vicente Gomes, a morte ainda é
investigada. Ele foi levado a um hospital no Agreste de Pernambuco já
sem vida. E entrou para a triste estatística da semana.
Em outro ponto do estado, dois dias depois, era registrada a morte do
mais velho da lista. Eriberto Francisco de Lima, de 112 anos, foi morto
em uma área de mata de Jaboatão dos Guararapes, na região metropolitana
do Recife. Ele foi encontrado enforcado, mas a família não acredita em
suicídio e faz um apelo para que as autoridades investiguem o caso.
Apenas duas capitais não registraram mortes violentas durante a semana
em questão: Vitória e Campo Grande. Florianópolis só aparece na
estatística pois teve um suicídio no período.
Por outro lado, mais de 45 cidades registraram índice superior a 10
mortes a cada 100 mil habitantes – índice considerado extremamente alto
se for levado em conta o período de apenas sete dias analisados (já que a
taxa é usada como parâmetro anual).
O Ceará foi o recordista de casos em números absolutos: 128 mortes – quase uma por hora.
Mulheres como alvo
Apesar de os homens serem maioria entre as vítimas, o número de
mulheres assassinadas – especialmente pelos companheiros ou
ex-companheiros – também chama a atenção. É um dado que só cresce. Ainda
assim, poucos casos são classificados como feminicídios, o que denota
uma subnotificação nos registros deste tipo de crime.
Segundo o levantamento, são nove vítimas. Umas delas, Laniele Santos
Duques da Silva, foi morta com um tiro na cabeça pelo marido em Mauá, na
Grande São Paulo, e deixou uma filha de 1 ano.
Em Tupã (SP), Jaguarari (BA), Icó (CE) e Serra (ES), as vítimas foram
alvo de ex-companheiros. Débora Goulart, que já havia registrado um
boletim de ocorrência contra o ex-marido, foi esfaqueada dentro de casa
no interior de São Paulo. Na Bahia, Graciela de Souza Dias foi morta a
pauladas pelo ex, que não se conformava com o fim do relacionamento. O
mesmo ocorreu no Ceará com Patrícia Ferreira da Silva, morta a tiros
pelo ex-companheiro, que dizia não ter “superado” a separação. No
Espírito Santo, Gabriela Silva de Jesus foi estrangulada pelo ex-noivo.
Sancionada há pouco mais de dois anos, a Lei do Feminicídio aumenta a
pena para assassinatos contra mulheres cometidos em razão do gênero. Mas
ainda é pouco aplicada.
Falta de transparência
Outro problema verificado no levantamento diz respeito à transparência.
Boa parte das mortes, por exemplo, só foi registrada pelas equipes do G1 após
a semana analisada. Isso porque vários casos foram conhecidos dias
depois, quando os órgãos de segurança divulgaram seus balanços mensais.
Várias secretarias, porém, se negaram, tanto durante a semana como
posteriormente, a passar uma listagem das vítimas ou mesmo um dado
consolidado.
O G1,
então, fez um cruzamento com fontes, policiais, sindicatos e com IMLs
(Institutos de Medicina Legal) para chegar ao número final e contar
todas as histórias.
O trabalho mostra a falta de transparência de muitos governos
estaduais. Mas não só: revela também uma total ausência de padronização e
de um sistema nacional que abranja homicídios e demais mortes
violentas.
Um exemplo da dificuldade em obter estatísticas confiáveis são os casos
de mortes por policiais. Em alguns estados, eles entram na estatística
como homicídios. Em outros, são separados e constam como “confronto com a
polícia”, “auto de resistência” ou outra denominação diferente. O G1 teve
de analisar caso a caso para chegar ao número de 61 mortes por
intervenção policial no período (ainda assim, é possível que algum caso,
em razão de informações escassas por parte das forças de segurança, não
tenha entrado na conta).
Edição:
Amanda Polato, Carolina Dantas, Carlo Cauti, Clara Velasco, Cida Alves,
Darlan Alvarenga, Elida Oliveira, Felipe Grandin, Flávio Ismerim,
Gabriela Bazzo, Helton Simões Gomes, Juliana Cardilli, Karina Trevizan,
Letícia Macedo, Luciana Oliveira, Luiza Tenente, Marília Neves, Marta
Cavallini, Megui Donadoni, Monique Oliveira, Pâmela Kometani, Peter
Fussy, Ricardo Gallo, Roney Domingos, Rosanne D'Agostino, Taís Laporta,
Vanessa Fajardo e Vitor Sorano (Conteúdo), Rodrigo Cunha (Infografia) e
Fabíola Glenia (Vídeo)
Design: Alexandre Mauro, Juliane Monteiro, Karina Almeida, Igor Estrella e Roberta Jaworski
Desenvolvimento: Rogério Banquieri
Vídeo: Alexandre Nascimento, Beatriz Souza, Eduardo Palácio e Mariana Mendicelli
Produção e reportagem:
Janine Brasil, Quésia Melo e Aline Nascimento (G1 AC)
Cau Rodrigues, Michelle Farias, Carolina Sanches, Roberta Cólen, Derek
Gustavo, Waldson Costa, Natália Normande, Magda Ataíde, George Arroxelas
e Suely Melo (G1 AL)
Adneison Severiano, Indiara Bessa, Ive Rylo, Patrick Marques, Andrezza Lifsitch, Camila Henriques e Leandro Tapajós (G1 AM)
Jorge Abreu, Jéssica Alves, Lorena Kubota e John Pacheco (G1 AP)
Henrique Mendes, Natally Acioli, Alan Tiago, Danutta Rodrigues e Lílian Marques (G1 BA)
André Teixeira, Gioras Xerez, Valdir Almeida, Verônica Prado, Marília Cordeiro e Ranniery Melo (G1 CE)
Marília Marques, Eduardo Miranda e Maria Helena Martinho (G1 DF)
Manoela Albuquerque e Viviane Machado (G1 ES)
Elisângela Nascimento, Fernanda Borges, Murillo Velasco, Paula Resende, Sílvio Túlio, Vanessa Martins e Vitor Santana (G1 GO)
João Ricardo e Márcia Carlile (G1 MA)
Alex Araújo, Cíntia Paes, Flávia Cristini, Humberto Trajano, Pedro Ângelo e Raquel Freitas (G1 MG)
Rafael Antunes, Daniela Ayres, Vanessa Pires, Bruno Sousa, Caroline
Aleixo, Bárbara Almeida, Karla Pereira, Roberta Oliveira, Marielle Moura
e Victória Jenz (G1 Triângulo Mineiro, Centro-Oeste de MG e Zona da
Mata)
Adriana Lisboa, Marina Pereira, Ricardo Guimarães, Zana Ferreira,
Patrícia Belo, Juliana Peixoto, Valdivan Veloso (G1 Grande Minas e Vales
de Minas)
Lucas Soares, Régis Melo, Fernanda Rodrigues e Lara Silva (G1 Sul de MG)
Fernando da Mata, Juliene Katayama, Marcos Ribeiro, Nathália Rabelo e Nadyenka Castro (G1 MS)
Pollyana Araújo, Denise Soares, André Souza e Lislaine dos Anjos (G1 MT)
Andrea França, Taymã Rodrigo e Raiana Coelho (G1 PA e TV Liberal)
Taiguara Rangel, Aline Oliveira, André Resende, Diogo Almeida, João
Brandão Neto, Krystine Carneiro, Gabriel Costa e Iago Bruno (G1 PB)
Marina Meireles, Ricardo Novelino, Bruno Marinho, Luiza Mendonça e Katherine Coutinho (G1 PE)
Joalline Nascimento, Lafaete Vaz, Lindayanne Florêncio, Lyllyan Belo,
Mário Flávio, Mavian Barbosa e Rodrigo Miranda (G1 Caruaru)
Catarina Costa, Maria Romero, Gilcilene Araújo, Júnior Feitosa, Carlos Rocha e Ellyo Teixeira (G1 PI)
Adriana Justi, Thais Kaniak, Aline Pavaneli, Fabiula Wurneister,
Letícia Paris, Erick Gimenes, Ederson Hising e Samuel Nunes (G1 PR)
Felipe Grandin, Henrique Coelho, José Raphael Berrêdo, Leslie Leitão, Nicolás Satriano e Patrícia Teixeira (G1 Rio e TV Globo)
Fernanda Soares, Franklin Vogas, Vanessa Ornelas, Juan Andrade, Amaro
Mota, Filipe Carboni e Julian Viana (G1 Norte Fluminense, Lagos e Região
Serrana)
Lara Gilly e Luís Filipe Pereira (G1 Sul do Rio e Costa Verde)
Fernanda Zauli, Anderson Barbosa, Igor Jácome, Rafael Barbosa e Ricardo Oliveira (G1 RN)
Hygino Vasconcellos, Gabriela Haas, Otávio Daros, Jessica Perdonsini,
Daniel Favero, Tatiana Lopes, Rafaella Fraga, Shállon Teobaldo, Janaina
Lopes, Felipe Truda, Luã Hernandez e Alexandra Freitas (G1 RS)
Fernanda Burigo, Joana Caldas, Mariana de Ávila, Mariana Faraco e Valéria Martins (G1 SC)
Joelma Gonçalves (G1 SE)
Glauco Araújo, Luiz Ottoni, Kleber Tomaz, Will Soares, Cíntia Acayaba, Paulo Toledo Piza e Paulo Guilherme (G1 SP)
Mariana Bonora e Tiago Moraes (G1 Bauru)
Patrícia Teixeira, Marcello Carvalho, Fernando Evans, Fernando
Pacífico, Murillo Gomes, Ana Letícia Lima, Bruno Oliveira e Letícia
Baptista (G1 Campinas)
Paola Patriarca e Francine Galdino (G1 Itapetininga)
Fernanda Lourenço, Jamile Santana, Cristina Requena e Gladys Peixoto (G1 Mogi das Cruzes e Suzano)
Samantha Silva, Arthur Menicucci e Carol Giantomaso (G1 Piracicaba)
Adriano Oliveira e Rodolfo Tiengo (G1 Ribeirão Preto)
Renata Fernandes, Marcos Lavezo e Bruna Alves (G1 Rio Preto)
Fernando Bertolini, Stefhanie Piovezan, Fabio Rodrigues, Raquel Baes, Ana Marin e Kalinka Bacacicci (G1 São Carlos)
Mayara Corrêa, Ana Carolina Levorato, Fernanda Szabadi, Carlos Dias,
Álisson Batista, Aline Albuquerque e Gabriel Morelli (G1 Sorocaba)
Gelson Netto, Stephanie Fonseca e Wellington Roberto (G1 Presidente Prudente)
João Paulo de Castro, Ivair Vieira Jr, José Cláudio Pimentel, Mariane Rossi e Alexandre Lopes (G1 Santos)
Guilherme Machado, Leonardo Medeiros, Carlos Santos e Simone Gonçalves (G1 Vale do Paraíba)
Patrício Reis, Jesana de Jesus, Edson Reis, João Guilherme Lobasz,
Letícia Queiroz, Gilvana Giombelli, Matheus Mourão e Vilma Nascimento
(G1 TO)
O empreiteiro Marcelo Odebrecht apresentou à Polícia Federal,
na Operação Lava Jato, quatro recibos com doações de R$ 1 milhão cada
ao Instituto Lula. O executivo, delator da Operação Lava Jato, vincula
os repasses à planilha de propinas “italiano” – codinome usado por
empreiteiros do grupo para o ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda/Casa
Civil – Governos Lula e Dilma).
As notas têm as datas de 16 de dezembro de 2013, 31 de janeiro
de 2014, 5 de março de 2014 e 31 de março de 2014. São numeradas –
0094, 108, 119 e 0129, respectivamente. Três estão carimbadas.
“Recebemos de Construtora Norberto Odebrecht S.A a importância
de um milhão de reais”, diz o recibo. “Correspondentes a doação
depositada na conta corrente do Banco do Brasil.”
Em depoimento à PF, Marcelo Odebrecht afirmou que “as cópias
desses recibos foram extraídas do computador de Fernando Migliaccio”.
“O que corrobora que os valores foram efetivamente descontados
da planilha italiano, senão não haveria razão para estar de posse dele
(Migliaccio)”, relatou o executivo.
Além das notas fiscais, o empreiteiro apresentou à Lava Jato
uma troca de e-mails entre ele e executivos do grupo sobre a doação de
R$ 4 milhões. Segundo Marcelo, os e-mails foram entregues em agosto
deste ano, pois não haviam sido localizados na época em que fechou seu
acordo e apresentou os anexos. As mensagens foram anexadas aos processos
da Lava Jato na quinta-feira, 21.
A primeira mensagem foi enviada por Marcelo Odebrecht em 26 de
novembro de 2013, às 12h32, para os executivos Alexandrino Alencar e
Hilberto Silva – chefe do Setor de Operações Estruturadas, o
departamento de propinas da empreiteira. Todos são delatores da Lava
Jato.
“Italiano disse que o Japonês vai lhe procurar para um apoio
formal ao inst de 4m (nao sabe se todo este ano, ou 2 este ano e 2 do
outro). Vai sair de um saldo que o amigo de meu pai ainda tem comigo de
14 (coordenar com HS no que tange ao Credito) mas com MP no que tange ao
discurso pois será formal”, afirmou Marcelo.
Em depoimento à PF, o empreiteiro explicou as siglas inseridas
no e-mail. “Japonês corresponde a Paulo Okamotto; que a palavra “Inst.”
corresponde ao Instituto Lula; que “4M” corresponde ao valor de R$ 4
milhões; que “HS” são as iniciais de Hilberto Silva; que “MP” deve
corresponder ao responsável pela comunicação na construtora, já que tudo
seria formal e teriam que ter um discurso para eventual esclarecimento
público”, declarou. DA ISTOÉ
Por
falta de mão de obra, a Câmara adiou novamente a leitura da denúncia
contra Michel Temer e os ministros palacianos Moreira Franco e Eliseu
Padilha. O regimento exige a presença de pelo menos 51 deputados dos 513
deputados. Havia 23 no prédio. Apenas nove deram as caras no plenário.
Foi
o segundo adiamento. Na sexta-feira, dois deputados dividiam o ambiente
com com as moscas. Um deles era Celso Jacob (PMDB-RJ). Presidiário,
Jacob cumpre sua pena em regime semi-aberto. Durante o dia, dá
expediente na Câmara. À noite, volta para a cadeia.
A plateia já
sabe que a segunda denúncia da Procuradoria contra Temer terá o mesmo
destino da primeira: a cova. Mas os holofotes que imprensa lança sobre o
tema adicionam sofrimento ao tédio infinito que tomou de assalto (ops!)
a plateia. Num país obrigado a conviver com 13 milhões de
desempregados, é doloroso constatar que os deputados ganham horrores
para se abster de trabalhar.
Pior: quando arregaçarem as mangas,
entre terça e quarta-feira, será para arrancar do governo todas as
vantagens que o dinheiro público for capaz de bancar em troca do
salvo-conduto para que Temer e seus cúmplices continuem agindo sem o
incômodo de uma investigação.
No quesito contingente de
funcionários, o governo Michel Temer ainda é o maior da História. Segundo o
Painel Estatístico de Pessoal (PEP), do Ministério do Planejamento, que calcula
em tempo real o tamanho e os gastos da máquina pública brasileira, 635.000
pessoas trabalham para o governo, neste momento do País, e a maior remuneração paga
no Executivo Federal é de R$ 29,1 mil. O menor salário é R$ 1,4 mil.
Recorde histórico
O número de servidores do governo
federal cresceu 0,5% entre 2014 e 2015 e 0,8% até 2016, que foi recorde. Em
2017 superou esse recorde.
Dilma, a farra
O maior inchaço de pessoal da
História foi de 2013 para 2014. O governo Dilma contratou 27 mil pessoas só no
ano da sua reeleição.
Comissionados
Só entre cargos e funções
comissionadas DAS, o governo sustenta 22.342 boquinhas. Resta ao contribuinte o
direito de pagar.
Só aumenta
O número de funcionários do governo
federal só diminuiu de tamanho entre 1997 e 2001. Desde então, o Estado incha
todos os anos.