O candidato do PSDB à
Presidência, Aécio Neves, acusou nesta terça-feira (29) a presidente Dilma
Rousseff de tentar politizar a crise econômica do país. Aécio disse que Dilma,
ao afirmar que a crise é fruto de "especulações" da disputa
eleitoral, comprova que o governo "perdeu a capacidade de inspirar
credibilidade" no campo econômico.
"Não adianta transformar
análise técnica em política, como ela tentou fazer. O governo fracassou. Essa
avaliação negativa [da economia] está nos bancos, agências de risco, Fundo
Monetário Internacional. Eu não sou o porta-voz dessas avaliações, elas são
reais", disse Aécio.
Na sabatina realizada nesta
segunda-feira pela Folha, Portal UOL, SBT e Rádio Jovem Pan com a candidata,
Dilma disse que o clima de "pessimismo inadmissível" antes da Copa também
se estendeu à economia, em um "jogo de especulação contra o país". Também classificou de
"lamentável" o comunicado do banco Santander aos seus clientes mais
ricos de que a sua reeleição poderia ter efeitos negativos sobre a economia.
Aécio disse que o governo não
contestou a avaliação do banco –apenas agiu para que os responsáveis fossem
demitidos. "O governo deveria estar
muito mais preocupado em reagir positivamente do que punir um funcionário. O
terrorismo foi o governo quem instalou no país. Ao invés de estimular a
economia, pedem a punição."
Aécio ironizou membros do PT que
acusaram o PSDB de estimular o comunicado do banco ao afirmar que a oposição
não está "infiltrada" no Santander. "Se eles forem demitir todos
que fazem avaliações negativas do governo, vão ter que demitir muita
gente."
Para o tucano, a
"resposta" do governo para o episódio deveria ser apresentar sua
agenda para a economia do país. "Eu sempre disse que esse é um governo que
está à beira de um ataque de nervos. Hoje eu digo que o governo já está vivendo
um ataque de nervos", afirmou.
Aécio disse que a população
rejeita o governo do PT pelo "conjunto da obra" e Dilma fará uma
"campanha sitiada", presa ao Palácio do Planalto, contando apenas com
o programa eleitoral no rádio e na TV. "Isso passa a impressão de um certo
distanciamento das ruas", afirmou.
CARDOZO
Aécio também criticou pedido dos
ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Luiz Inácio Adams para adiar o
julgamento, pelo TCU (Tribunal de Contas da União), do processo que apurava
prejuízo na compra da Refinaria de Pasadena pela Petrobras. O caso foi revelado
hoje pela Folha.
O PSDB estuda ingressar com ação
contra os ministros por intercederem em favor de Dilma, que acabou inocentada
pelo TCU. Na época da compra da refinaria, em 2006, a petista presidia o
Conselho de Administração da Petrobras que avalizou o negócio. "É algo absolutamente grave.
Estamos examinando se cabe uma ação jurídica. Essa campanha foi judicializada
porque o PT não sabe separar o público do privado, porque a presidente não dá o
exemplo lá de cima."
O pedido dos ministros ocorreu um
dia antes do julgamento do caso. Cardozo acompanhou Adams, que tinha audiência
previamente agendada com o presidente do órgão, ministro Augusto Nardes. A
visita do ministro da Justiça não estava prevista. Adams alegou querer mais prazo
para defender a Petrobras, mas o relator, ministro José Jorge, não atendeu o
pedido e votou o processo na quarta-feira (23).
Aécio disse que o episódio
reforça sua tese em defesa do fim da reeleição no país. "Essa coisa toda
levou aos desatinos do PT nos últimos anos." O candidato passou a tarde em
Brasília reunido com assessores, se preparando para sabatina que será realizada
nesta quarta-feira (30) pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) com os
presidenciáveis. Além de Aécio, Dilma e Eduardo Campos (PSB) participam da
sabatina. ( Folha Poder)
DO CELEAKS