Responsável pelo envio de soldados para realizar o policiamento de
rua no Espírito Santo, o ministro Raul Jungmann (Defesa) fez
considerações ácidas sobre policiais militares que cruzam os braços. No
limite, equiparou-os aos bandidos. “Toda reivindicação é legítima, até o
momento em que coloca em risco a vida das pessoas”, disse Jungmann em
entrevista ao blog.
“Ao paralisar os seus
serviços e levar a saques, a mortes, a sequestros, ao aterrorizamento da
população, o policial está contribuindo para o aumento da
criminalidade. Ele está, tenha consciência ou não, ficando do lado dos
bandidos que matam os cidadãos.” Os mesmos cidadãos que pagam os
salários da polícia, por meio dos impostos, realçou o ministro.
Jungmann recebeu o blog na noite desta sexta-feira
(10). Pelo telefone, lhe chegou a informação de que a paralisação da PM
capixaba chegara ao final. Algo que seria verificado no início da manhã
deste sábado (11), já que ficou acertado que os policiais deixariam os
quartéis para trabalhar a partir das 7h. Um detalhe exercia pressão
sobre os policiais aquartelados.O ministro contou que havia nas
ruas da capital capixaba, Vitória, e nas cidades vizinhas mais militares
das Forças Armadas e soldados da Força Nacional de Segurança (2.400
homens) do que todo o contingente que a PM conseguiria prover se não
estivesse de braços cruzados (até 1.900 policiais).
A pedido de Michel Temer, o ministro da Defesa organizava na
noite passada um voo para Vitória. Decolará de Brasília às 8h deste
sábado (11). Além de Jungmann, seguirão na mesma aeronave outros três
ministros: o general de Exército Sergio Etchegoyen (Gabinete de
Segurança Institucional da Presidência da República), Antonio Imbassahy
(Coordenação Política do Planalto) e José Levi Mello (interino da
Justiça). De carona, segue também no avião o procurador-geral da
República Rodrigo Janot.A comitiva de ministros e o chefe do Ministério Público Federal irão verificar in loco o desenrolar da crise no setor de segurança no Espírito Santo. Para evitar novas surpresas, informou Jungmann ao blog,
as Forças Armadas se planejaram para a hipótese de ter de entrar em
ação no Rio de Janeiro. Há tropas de prontidão no Rio e também em São
Paulo, prontas para eventual deslocamento. “Na eventualidade [de uma
paralisação da PM], que creio que não irá acontecer, nós temos condições
de, rapidamente, dar uma resposta para que não aconteça um descontrole
na cidade e no Estado do Rio de Janeiro”, declarou Jungamnn.
A despeito da disponibilidade das Forças Armnadas, já acionadas até
para vistoriar presídios, Jungmann reconheceu que há no governo um
desconforto com o risco de banalização do uso do Exército, da Marinha e
da Aeronáutica em atividades que não lhes são habituais. “Entre as
forças policiais regulares dos Estados e as Forças Armadas, nós
deveríamos ter uma força nacional permanente”, declarou Jungmann. Hoje,
explicou o ministro, a Força Nacional de Segurança é montada para
tarefas específicas. Os policiais são recolhidos em vários Estados, numa
quantidade que varia conforme a missão.Por ordem de Temer, será
criada em 2017 uma força permanente de soldados, à disposição da União.
“A ideia agora é ter um corpo de 7 mil homens permanente prestando esse
serviço”, afirmou Jungmann. O ministro aplaude a novidade. Para ele, as
Forças Armadas precisam se concentrar nas missões para as quais estão
mais treinadas. Coisas como a “defesa da pátria”, o socorro a vítimas de
desastres naturais e a proteção das fronteiras DO J.DESOUZA