domingo, 11 de fevereiro de 2018

Sérgio Moro e Deltan Dallagnol têm na Lava Jato algo que a Mãos Limpas não tinha: a internet

Por mais que tenha imposto um novo padrão de investigação, a Mãos Limpas foi derrotada pela máquina de propaganda do governo italiano. No Brasil, a internet segue protegendo a Lava Jato.
O juiz federal Sérgio Fernando Moro concede entrevista.
Antonio Di Pietro está para a Itália como Sérgio Moro está para o Brasil. O primeiro coordenou a operação Mãos Limpas, que serviu de inspiração para a Lava Jato. Há tempos, circula na web um artigo assinado pelo juiz brasileiro delineando essa relação. Trata-se de uma leitura simples e rápida, indicada a qualquer interessado em entender o diferencial dessas para outras operações.
Contudo, o material escrito por Moro peca ao tratar a Mãos Limpas como um sucesso de poucas ressalvas. Em recente entrevista ao Estadão, Di Pietro surgiu como um servidor público ainda perseguido pelas forças políticas que levaram Berlusconi ao poder, jogando um balde de água fria em toda a investigação. O magistrado alerta para um momento que parece se reprisar na Lava Jato, quando os principais investigados usam os artifícios que restam para alterar leis e jogar o discurso contra os procuradores.
A preocupação é válida e o alerta deve ser absorvido por todos os envolvidos, desde os agentes federais aos próprios entusiastas da operação. Mas a Lava Jato possui algo que a Mãos Limpas não possuía nos anos noventa: a internet.
No Brasil, forças políticas, em especial as de esquerda, aparelharam basicamente qualquer setor que concentre formadores de opinião: imprensa, professores, movimento estudantil, sindicatos e a classe artística como um todo. Mas não conseguiram controlar a internet como gostariam. Sim, há ainda um exército de blogs e bots acionáveis nos momentos-chave. Mas todos esses cobram um preço por sua existência e nem sempre há grana em caixa para ativá-los.
Resultado? É na internet que as mentiras dessa militância, ou mesmo do governo, são desmascaradas. É na internet que as maiores manifestações são convocadas. É na internet que se protege a imagem de Deltan Dallagnol e sua trupe da máquina de propaganda estatal.
Não é uma guerra fácil e ela está longe de ser vencida. Mas, por mais que a milésima repetição de uma mentira a transforme em verdade, basta apresentar a realidade para que todo aquele trabalho sujo suma pelo ralo.
Se os corruptos brasileiros quiserem de fato melar a Lava Jato, precisarão ser bem mais hábeis que os corruptos italianos. Mas, até aqui, quem tem 90% de aprovação popular é Sérgio Moro. DO POLITICAS.INFO

Avião cai perto de Moscou e deixa 71 mortos

Voo saiu da capital russa e ia para Orsk, na divisa com Cazaquistão. Acidente ocorreu pouco depois da decolagem e não há sobreviventes


Um avião com 71 passageiros da companhia aérea Saratov caiu na região de Moscou neste domingo (11). Não há sobreviventes, de acordo com a Promotoria dos Transportes da Rússia.
O voo decolou as 14h21 (9h21 em Brasília) do aeroporto Domodedovo, na capital russa, com destino a Orsk, a cerca de 1.700 km de Moscou e perto da fronteira com o Cazaquistão. Quatro minutos depois, perdeu contato.
"A comunicação por rádio com a tripulação foi perdida alguns minutos após a decolagem, a aeronave desapareceu do radar", disse um porta-voz da Federação Russa de Transporte Aéreo à agência Sputnik.
A aeronave, de modelo Antonov AN-148, levava 65 passageiros e seis tripulantes. O Ministério de Emergências divulgou uma lista com os nomes das vítimas. Não foi informada a nacionalidade delas.
Destroço do avião da companhia aérea Saratov, que caiu próximo de Moscou (Foto: Reprodução/Live.ru/AP)
Fragmentos da aeronave foram encontrados no solo coberto de neve no distrito de Ramesnky, pertencente a Moscou. Uma equipe com 167 pessoas está trabalhando no lugar do acidente.
O Ministério dos Transportes da Rússia considera várias possibilidades como causa da queda, incluindo condições climáticas por conta de um inverno rigoroso e erro do piloto, diz a agência russa Interfax. No momento do acidente, a temperatura era de -4ºC.
Segundo a Interfax, a tripulação não informou nenhuma falha da aeronave.
O presidente russo, Vladimir Putin, ordenou a criação de uma comissão para investigar o acidente, segundo a agência Tass.
O primeiro-ministro russo, Dmitry Medvedev, ofereceu condolências às famílias das vítimas e ordenou a criação de uma comissão para prestar assistência aos afetados pelo acidente.
Serviços de emergência trabalham no local do acidente do avião da Saratov  (Foto: Maxim Shemetov/Reuters)
 (Foto: Juliane Monteiro/G1)

Aeronave

O Antonov An-148 é uma aeronave de origem ucraniana com capacidade para até 85 passageiros. O modelo é usado na aviação regional, em distâncias médias. Sua autonomia é de até 4,4 mil km.
O modelo é menor do que as aeronaves mais usadas na aviação brasileira. Boeing 737 e Airbus A320, por exemplo, populares na ponte aérea Rio-São Paulo, têm capacidade para cerca de 150 passageiros. Um equivalente ao An-148 é o jato regional brasileiro Embraer E175, que leva até 78 pessoas.
A Saratov Airlines tem sede em Saratov, a 840 km ao sudeste de Moscou. Em 2015, a companhia foi proibida de operar voos internacionais quando, durante uma inspeção surpresa, agentes de segurança encontraram uma pessoa que não era membro da tripulação na cabine de comando.

Histórico

O último grande acidente aéreo registrado na Rússia ocorreu em 25 de dezembro de 2016, quando um Tu-154 operado pelo Ministério da Defesa que voava para a Síria caiu no Mar Negro após decolar de Sochi, no sul da Rússia. Todas as 92 pessoas a bordo morreram.
Em março de 2016, um Boeing 737-800 operado pela FlyDubai caiu ao pousar em Rostov-on-Don, matando todas as 62 pessoas a bordo.
Em outubro de 2015 uma bomba a bordo destriuiu um avião da companhia russa Metrojet após a decolagem de Sharm al-Sheikh, no Egito. Todos os 244 passageiros e tripulantes a bordo morreram.DO G1

REEDIÇÃO-EXCLUSIVO-Segovia diz que não há indício de crime em inquérito contra Temer e indica arquivamento


(Esclarece que Segovia disse que até o momento não há indício de crime no caso, indicando, em vez de afirmando, que a tendência é que a PF arquive o caso)
 
Por Lisandra Paraguassu e Ricardo Brito
BRASÍLIA (Reuters) - O diretor-geral da Polícia Federal, Fernando Segovia, afirmou na sexta-feira, em entrevista exclusiva à Reuters, que não há indício de crime na investigação contra o presidente Michel Temer no chamado inquérito dos portos, indicando tendência de que a corporação recomende o arquivamento.
Segundo o chefe da PF, até o momento as investigações não comprovaram que houve pagamento de propina por parte de representantes da empresa Rodrimar, que opera áreas do porto de Santos (SP), para a edição do decreto que prorrogava contratos de concessão e arrendamento portuários, assinado por Temer em maio do ano passado.
Essa é a única apuração formal contra o presidente ainda em curso perante o Supremo Tribunal Federal (STF), requerida ainda pelo então procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Segovia disse à Reuters nesta sexta-feira que, nas apurações feitas, não há quaisquer indícios de que o decreto editado pelo presidente beneficiou a Rodrimar. Ele destacou que a empresa não era atingida pelo decreto, que mudou regras de concessão posteriores a 1993, o que não seria o caso dela.
“O que a gente vê é que o próprio decreto em tese não ajudou a empresa. Em tese se houve corrupção ou ato de corrupção não se tem notícia do benefício. O benefício não existiu. Não se fala e não se tem notícia ainda de dinheiro de corrupção, qual foi a ordem monetária, se é que houve, até agora não apareceu absolutamente nada que desse base de ter uma corrupção”, disse Segovia.
O diretor-geral da PF também afirmou que a “principal prova obtida no inquérito”, a interceptação de uma conversa entre o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures, ex-assessor especial de Temer, e o subchefe de Assuntos Jurídicos da Casa Civil, Gustavo Rocha, não mostra concordância de Temer com o suposto benefício.
Segundo ele, o próprio Gustavo Rocha fala no diálogo que não há como fazer ou mudar a questão do decreto e que o próprio presidente não aceitou a mudança que poderia beneficiar a empresa.
“Então, assim, os indícios são muito frágeis, na realidade, de que haja ou que houve algum tipo de influência realmente, porque em tese o decreto não foi feito para beneficiar aquela empresa”, disse Segovia.
A suspeita era que o presidente teria recebido propina, por intermédio de Rocha Loures, para favorecer a Rodrimar. Tanto o ex-assessor especial quanto Temer já prestaram depoimento no inquérito e negaram irregularidades. O presidente se manifestou por escrito.
Rocha Loures chegou a ser preso depois que foi filmado pela PF saindo de um restaurante com uma mala de dinheiro pago por um executivo da processadora de carnes JBS JBSS3.SA> no âmbito de uma outra investigação. Foi posteriormente solto e agora é monitorado com uso de tornozeleira eletrônica. Ele é réu acusado de corrupção no caso envolvendo a mala de dinheiro.
Para Segovia, que assumiu o posto em novembro do ano passado, durante o governo Temer, a empresa não se beneficiou diretamente porque o decreto não atingiu o contrato da Rodrimar, ou seja, o “objeto em tese da corrupção não foi atingido”. “Então ficou muito difícil de ter uma linha de investigação numa corrupção que em tese não ocorreu”, reforçou.
O chefe da PF afirmou que outros depoimentos colhidos na instrução do inquérito também não conseguiram comprovar o cometimento de crime pelos investigados.
“No final a gente pode até concluir que não houve crime. Porque ali, em tese, o que a gente tem visto, nos depoimentos as pessoas têm reiteradamente confirmado que não houve nenhum tipo de corrupção, não há indícios de realmente de qualquer tipo de recurso ou dinheiro envolvidos. Há muitas conversas e poucas afirmações que levem realmente a que haja um crime”, disse.
Segundo ele, ainda há algumas diligências a serem feitas, mas ele avalia que em no máximo três meses a apuração será concluída.
O diretor-geral disse que, durante a instrução do inquérito, também foram requisitadas informações de outra investigação arquivada contra o presidente sobre suposto crime cometido por Temer em um suposto esquema de cobrança de propina de empresas detentoras de contratos no porto de Santos, em São Paulo. A intenção seria saber se haveria ligação da apuração antiga com a atual, uma vez que Temer era líder da bancada do MDB e poderia ter atuado na indicação de uma das pessoas envolvidas em delitos.
Segovia, entretanto, disse que o envolvimento de Temer se deu a partir de uma citação em uma audiência de uma pensão alimentícia da esposa de um ex-diretor da Cia Docas, e isso “caiu por terra” duas vezes, arquivada pelo Supremo, destacando ainda que a indicação da pessoa teria sido feita por “várias lideranças políticas”, não apenas por Temer.
“Então o inquérito (arquivado) na verdade não se demonstra aproveitável para qualquer tipo de questionamento. Até porque o que está sendo apurado e que o Supremo está investigando e tem autorização é justamente a questão da corrupção na construção desse decreto”, argumentou.
Em respostas a perguntas formuladas pela PF no inquérito, Temer disse em janeiro que “depositava confiança” em Rocha Loures quando ele exercia o cargo de assessor especial da Presidência, mas destacou que nunca pediu-lhe para receber recursos ilícitos em seu nome.
Afirmou ainda que a Rodrimar não foi beneficiada com a edição dos decretos e que o assunto foi tratado no âmbito de uma comissão do Ministério dos Transportes.
“MUITO ABERTO”
Segovia criticou a forma de investigação instaurada por Janot contra Temer. Formalmente, a apuração é por corrupção passiva e tráfico de influência. O diretor-geral afirma que o ex-chefe do Ministério Público Federal “deixou o troço muito aberto porque tem um espectro muito maior para ver se pega alguma coisa”.
“É para ver se cata alguma coisa, corrupção, tráfico de influência... vai que cai em alguma coisa?”, questionou. “Aí você enquadra depois”, completou.
Questionado se o inquérito está próximo de ser concluído, o chefe da PF afirmou que o delegado responsável pelo caso, Cleyber Malta Lopes, está voltando de um curso no exterior e devem conversar.
“Mas eu acredito que não dure muito mais tempo, não tem muitas diligências mais a serem feitas. Acredito que em um curto espaço de tempo deve ter a conclusão dessas investigações”, disse.
Para o chefe da PF, há a necessidade de tirar o caso a limpo, por isso é preciso se aprofundar na investigação, buscar provas em todos os lugares porque “quando a gente concluir a investigação e não houver realmente o fato a gente possa afirmar, ‘olha não houve crime, não houve o fato’”.
Perguntado se a apuração exaustiva tem por objetivo evitar questionamentos da imprensa, ele concordou. “Estamos fazendo nosso trabalho, que é a investigação criminal. Então tudo que for indício que possa reportar uma possibilidade que ache uma prova que sustente esse tipo de acusação a gente vai ter que checar. É muito mais uma checagem de tudo que a gente tem para que no final não dê um veredicto ‘olha checamos tudo e não tem nada’. ‘Ah, mas vocês checaram tudo mesmo?'. Sim, foi tudo verificado”, concluiu.
Caberá à atual procuradora-geral da República, Raquel Dodge, decidir se eventualmente aceita a recomendação da PF e, se não houver alguma reviravolta, pedir ao Supremo o arquivamento da apuração, requerer novas diligências ou ainda, apesar da instrução feita pela PF, oferecer denúncia contra o presidente.
Raquel Dodge -que é a responsável por conduzir as apurações contra autoridades com foro privilegiado no STF- não é obrigada a seguir a sugestão feita pela PF.