terça-feira, 22 de julho de 2014

Pesquisa Ibope: números estão no patamar dos do Datafolha; só os do 2º turno de Aécio e Campos não batem. Quem errou ou não deu sorte?

Há tantas pesquisas eleitorais nos Estados Unidos que sites especializados costumam tirar uma média entre elas para orientar os leitores. No Brasil, o procedimento seria impossível, tantas são as discrepâncias. A TV Globo acaba de levar ao ar os números da mais recente pesquisa Ibope/Rede Globo. Há quatro dias, o Datafolha divulgou os seus números. Vamos ver.
O Ibope traz a avaliação do governo Dilma: para 31%, ele é ótimo ou bom; para 33%, é ruim ou péssimo. Consideram-no regular 36%. São números praticamente coincidentes com os do Datafolha, a saber: ruim/péssimo (29%), ótimo/bom (32%) e regular (38%). São, sim, institutos diferentes. Considerando, no entanto, as respectivas margens de erro, os dois institutos acham a mesma coisa.
É o que também acontece no primeiro turno. Eis os números de agora do Ibope:
Dilma Rousseff (PT) – 38%
Aécio Neves (PSDB) – 22%
Eduardo Campos (PSB) – 8%
Pastor Everaldo (PSC) – 3%
Brancos e nulos – 16%
Não sabem – 9%
Outros candidatos – 3%
Que números encontrou o Datafolha no caso dos quatro primeiros? Estes:
Dilma – 36%
Aécio – 20%
Eduardo Campos – 8%
Pastor Everaldo – 3%
Observaram? Praticamente tudo coincide até agora, dentro da margem de erro. Quando se chega, no entanto, ao segundo turno, aí as variações são consideráveis.
Ibope
Dilma – 41%
Aécio – 33%
Comparem com o Datafolha:
Dilma – 44%
Aécio – 40%
Ou por outra: no Ibope, Dilma pode ter entre 39% e 43%; no Datafolha, entre 42% e 46%. Logo, os dois institutos chegam mais ou menos ao mesmo lugar. No que diz respeito a Aécio, no entanto, a divergência é grande: no primeiro instituto, ele teria entre 31% e 35%; no outro, entre 38% e 42%. A diferença é grande.
O mesmo se dá com Campos. No Datafolha, ele aparece no segundo turno com 38% (entre 36% e 40%); no Ibope, com apenas 29% (entre 27% e 31%): a diferença é ainda mais gritante. A petista conserva os mesmos 41%.
Coisas diferentes
“Ah, você está comparando pesquisas diferentes!” Errado! Eu não estou especulando sobre a evolução dos candidatos a partir de levantamentos distintos. Estou apenas considerando que os dois institutos falam numa margem de confiança de suas respectivas pesquisas de 95%. Segundo eles, se a pesquisa fosse repetida 100 vezes, em 95 delas, os números estariam dentro da margem de erro.
Sendo assim, convenham, ou muita coisa mudou em quatro dias ou um dos dois institutos não deu sorte no segundo turno e colheu, no segundo turno, no que respeita a Aécio e Campos, dentro daquelas cinco possibilidades em 100 de errar…
E não! Não há nenhuma falha no meu raciocínio. Ah, sim: há outra diferença importante: o Ibope ouviu 2002 pessoas; o Datafolha, 5.337.
Por Reinaldo Azevedo

Aécio: “A campanha começou como nossos adversários gostam: com mentiras e ataques à honra”. Ou: MP já tinha investigado aeroporto e arquivado a questão

No Globo Online:
Em um pronunciamento breve em sua chegada ao comitê de campanha em São Paulo nesta terça-feira, o candidato do PSDB à Presidência da República, Aécio Neves, afirmou que escolheu, quando governador de Minas Gerais, uma área que pertencia a um tio-avô dele para a construção de um aeroporto no município de Cláudio porque era a opção “mais barata”. Aécio entregou à imprensa no início desta noite dois pareceres que ele solicitou a ex-presidentes do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o caso. Os ex-ministros Ayres Britto e Carlos Velloso atestam, no documento, a legalidade do processo realizado pelo tucano quando governador.
“Era o (terreno) mais barato. Já tinha uma pista de terra nele. Seria sim um ato contra o erário se eu fizesse uma obra muito mais cara numa área onde a topografia não justificasse”, justificou Aécio.
“A campanha começou e como nossos adversários gostam, com mentiras e ataques à honra. Essa é uma praxe dos nossos adversários do PT. Portanto, quero dizer duas coisas. O que circulou na imprensa é que teria havido a construção de um aeroporto por parte do governo de Minas numa área de um tio-avô meu em Cláudio. Essa informação é mentirosa. Não existiu nenhuma construção em nenhuma área privada. A área foi desapropriada em benefício do estado como atestam todos os documentos que vocês vão receber hoje. A desapropriação foi feita pelo estado em R$ 1 milhão. O proprietário, na época, apresentou proposta de R$ 9 milhões, mas ela foi desapropriada com o valor depositado de R$ 1 milhão. Se houve alguém favorecido nisso foi o estado e não o meu parente.”
Pouco antes, o coordenador-geral da campanha, Agripino Maia, também sugeriu uma ação eleitoral por parte dos adversários. “A denúncia foi feita, claro, que por vazamento de algum órgão de governo que tem a informação, que é quem controla o funcionamento de aeroporto, quatro anos depois, no início da campanha eleitoral”, disse.
A campanha do tucano entregou à imprensa também uma cópia das justificativas do Ministério Público de Minas Gerais para o arquivamento de uma investigação sobre a obra do aeroporto em fevereiro deste ano.
“A investigação é muito bem-vinda, mas quero dizer que, assim como aconteceu em inúmeras obras em Minas, nossos adversários sempre de forma anônima, na maioria das vezes, buscava que o MP fizesse investigação. Eu soube ontem que o MP investigou essa obra neste ano e arquivou esse processo porque não encontrou nenhuma ilegalidade.”
Por Reinaldo Azevedo

NOVO GOLPE DO GOVERNO PETISTA EM ANDAMENTO - Acordem, compartilhem e vamos nos preparar... Isso não está nas grandes mídias.

Teimosia inconstitucional
O ESTADO DE S.PAULO - 21 Julho 2014
Um dia depois de a Câmara dos Deputados aprovar pedido de urgência para a votação do decreto legislativo que revoga o decreto presidencial 8.243, criador do Sistema Nacional de Participação Social (SNPS) e da Política Nacional de Participação Social (PNPS), o ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, anunciou a intenção do governo de criar, mediante novo decreto presidencial, um fundo para financiar o funcionamento dos conselhos. A mais nova invenção palaciana tem nome: Fundo Financeiro da Participação Social.
O Palácio do Planalto sabe que o Poder Legislativo é contrário ao SNPS e à PNPS. Gilberto Carvalho afirmou em relação ao decreto legislativo que anula o decreto presidencial 8.243: "Se fosse votado ontem (dia 15/7) teríamos uma fragorosa derrota". Ao invés de respeitar o Legislativo - o que seria a atitude correta de um Poder Executivo que compreende o que significa a separação dos poderes num Estado Democrático de Direito -, o ministro da Secretaria-Geral da Presidência pediu pressão em cima do Congresso: "Queria deixar para vocês (falava aos representantes do Conselho Nacional de Saúde) o desafio de uma ação, porque o governo sozinho não vai conseguir segurar isso. (...) Fica esse desafio para que vocês pensem em forma de mobilização". Tendo em vista a experiência ditatorial prévia, a Constituição de 1988, no seu art. 85, previu como crime de responsabilidade os atos da Presidência da República que atentem contra o livre exercà ­cio do Poder Legislativo. Não seria perda de tempo se o Palácio do Planalto relesse esse artigo da Constituição.
A proposta de criação, por decreto, do Fundo Financeiro da Participação Social também fere a Constituição, pois ela impede que a Presidência da República disponha, mediante decreto, sobre organização e funcionamento da administração federal que implique aumento de despesa. Ora, segundo Gilberto Carvalho, a Presidência da República pretende criar, por decreto, novas despesas para financiar os conselhos populares. Especificou, inclusive, que essas despesas seriam para a compra de passagens e a manutenção de uma infraestrutura dos conselhos populares. "Infraestrutura mínima", pontuou o ministro. Quer seja mínima quer seja máxima, a medida, como anunciada, é claramente inconstitucional.
Mais uma vez fica explícito o desejo do Executivo de controlar os movimentos sociais. Ele criou por decreto o sistema de participação social. Ele instituiu por decreto a política de participação social, que está sob a coordenação da própria Secretaria-Geral da Presidência da República. E agora quer por decreto financiar os movimentos sociais. É o itinerário da domesticação dos movimentos sociais, cujo ponto final é o aparelhamento do Estado.
Cada vez se torna mais evidente, apesar dos contínuos sofismas do Palácio do Planalto, que o lulopetismo pretende criar canais paralelos de poder, não legitimados pelas urnas, com o consequente aparelhamento do Estado, para impor a sua vontade sobre os outros Poderes. Não contentes com o sistema representativo, os inquilinos do Palácio do Planalto querem impor, por decreto, uma "democracia direta".
E isso é apenas o começo, conforme informa a candidata Dilma Rousseff em seu programa de governo para o próximo quadriênio. Ela deixa claro que quer avançar neste sistema, sob a alegação de "que o Brasil precisa sempre de mais, e nunca de menos democracia". Só que a democracia preconizada é aquela que os inquilinos do poder - que dela querem se tornar donos incontestes - podem controlar, domesticar, "aumentar".
Ainda que o Palácio do Planalto pareça não entender, aumentar legitimamente a democracia é - em primeiro lugar - respeitar a Constituição, ato soberano de uma nação, que limita o poder do Estado e do governo e garante a igualdade política de todos os cidadãos. Tudo aquilo que não respeite esse mínimo constitucional é retórica de dominação. E, se os defensores dessa perversa lógica estão investidos de poder, a retórica fica a um passo de se configurar como arbítrio. Não é à toa que o ministro da Secretaria-Geral da Presidência se sente à vontade para falar as maiores barbaridades como se fossem ordinárias medidas de governo.
link:http://opiniao.estadao.com.br/noticias/geral,teimosia-inconstitucional-imp-,1531745

“Dilma em queda desvairada!” Presidente adeus...



A espetacular descoberta de Dilma: o míssil foi disparado pelo governo da Ucrânia para derrubar o avião do companheiro Putin


O extenso noticiário sobre o Boeing da Malaysia Airlines derrubado quando sobrevoava os céus de Donetsk, região da Ucrânia controlada por separatistas financiados pelo governo russo, tratou com inexplicável avareza a mais inventiva das teorias vinculadas ao episódio. Foi ignorado pelos jornais (ou confinado em míseros centímetros) o monumento à criatividade erguido por Dilma Rousseff  com 82 palavras distribuídas por quatro frases. Concebido para explicar aos jornalistas por que o governo ainda não dera um pio sobre o mais recente capítulo da história universal da infâmia, deu no seguinte:
“Olha, eu acho que é prudente … vô… a gente tomar cuidado, porque, ao mesmo tempo, né?, tem um segmento da imprensa dizendo que o avião que era… esse avião que foi derrubado tava na rota da volta do avião do presidente Púti. Coincidia com o horário… e com o percurso. Então, que o míssil seria dirigido ao avião do presidente Púti. Eu acho que é importante tá… ter… ter claro que não era um míssil de fácil manejo. Não é um míssil de fácil manejo. Então, nós temos que olhar com cuidado pra vê de fato o que  aconteceu. Então, o governo brasileiro não se posicionará quanto a isso até que fique mais claro, por uma questão não só de seriedade, né?, mas também de prudência. Nós não temos todas as informações”.
Em língua de gente, o falatório em dilmês primitivo produziu uma teoria e tanto. Amparada no que andou lendo num misterioso “segmento da imprensa”, a presidente do Brasil afirmou ─ nada mais, nada menos ─ que só os imprudentes e os pouco sérios se atrevem a atribuir o disparo do míssil aos rebeldes supridos pelo padrinho Vladimir Putin com armamentos de última geração. Segundo Dilma, a explosão do Boeing foi coisa do governo constitucional da Ucrânia, que errou o alvo ao tentar espatifar o avião que levava o presidente da Rússia de volta a Moscou. Nem o mais imaginoso veterano da KGB havia pensado nisso.
Como a autora não a desmentiu, a tese continua valendo manchete de primeira página ─ e à espera de detetives preparados para averiguar se tem fundamento ou não. Se tiver, o caso sofrerá reviravoltas que poderão levar a descobertas ainda mais espetaculares. (Uma dupla de enviados especiais a Donetsk talvez descubra, por exemplo, que o míssil decolou de um aeroporto clandestino construído nas terras de um tio ucraniano de Aécio Neves, expropriadas pelo governo mineiro). Se tudo não passou de outra maluquice do neurônio solitário, os eleitores terão um motivo a mais para negar à presidente um segundo mandato.
Pelo que anda acontecendo por lá, falta pouco. Mas o Palácio do Planalto ainda não virou hospício.
DO AUGUSTO NUNES

Entendi: o primeiro mandato de Dilma foi só a fase “Escolinha do Professor Raimundo”! Ela promete corrigir os erros se for reeleita!

Chico Anysio na pele do professor Raimundo: Dilma chegou ao Palácio sem saber...
Chico Anysio na pele do professor Raimundo: Dilma chegou ao Palácio sem passar pela Escolinha…
Leio uma reportagem muito impressionante na Folha, de autoria de Valdo Cruz. Ela informa que “Dilma promete a aliados que corrigirá erros se for reeleita”. Ah, bom! Entendi! Então o país deveria franquear um segundo mandato a Dilma para lhe dar a chance de consertar as besteiras feitas no primeiro por… Dilma! É um modo de ver as coisas.
O texto informa ainda que os assessores listam aqui e ali os, digamos, errinhos que foram cometidos. Um deles, coisa pouca, é o de setor elétrico, com a redução das tarifas — e suponho que entre no rol de bobagens a antecipação das concessões. Não é nada, não é nada, a nossa governanta praticamente quebrou um setor. E teve de injetar alguns bilhões de recursos púbicos para tentar minimizar o estrago. Mas oram vejam: ela parecia tão segura, não é mesmo? Procurem neste blog os posts que trazem a expressão populismo elétrico. E eu, obviamente, não sou da área! Nove entre dez especialistas alertavam para a bobagem. Mas sabem como é… A ignorância é sempre mais convicta do que a sabedoria porque não tem medo de errar. E Dilma já demonstrou que não tem nenhum.
Ah, claro! O PT agora diz que foi, sim, um erro represar as tarifas. Se Dilma for reeleita, não acontece mais. Ok. Não estivessem, no entanto, represadas, e tudo o mais constante, em que patamar estaria a inflação? Afinal, o governo não avançou contra o caixa da Petrobras, por exemplo, porque repudie aumentos de combustíveis, mas porque estava dando um jeito de conter o índice inflacionário.
E a coisa vai por aí. Há também quem reclame das desonerações, que teriam agredido a saúde fiscal do governo, sem que os incentivos tenham resultado em crescimento da economia. Em suma, Dilma promete não repetir mais as barbeiragens que fizeram o Brasil conjugar uma inflação que flerta com os 7%, um crescimento abaixo de 1% e juros nos cornos da Lua: 11%.
Acho que estou começando a entender. A Presidência da República, para Dilma, nos primeiros quatro anos, foi uma espécie de “Escolinha do Professor Raimundo”. Ela estava lá para aprender a governar. Um errinho bilionário aqui, outro ali… Mas, doravante, ela jura fazer tudo certo. Sempre há o risco de que alguém acredite nisso, não é mesmo?
Os petistas e a própria presidente já deixaram claro que têm também outra agenda caso conquistem mais quatro anos: a reforma política, que o partido quer que seja feita por meio de uma Constituinte Exclusiva, combinada com decisões plebiscitárias. Uma das teses mais caras ao partido é o financiamento público de campanha — o que está para ser concedido, na prática, pelo Supremo, por via cartorial.
Se e quando isso acontecer, grandes partidos, como o PT, terão a grana de que precisam para se financiar fornecida pelo próprio Estado. A legenda nem mesmo precisará fazer suas juras de amor à economia de mercado para conseguir alguns milhõezinhos para a campanha eleitoral. Estará mais livre. E, nesse caso, negociar o quê, com quem e pra quê? O financiamento público permitirá aos partidos atuar como instâncias autocráticas.
Um dos setores que estão na mira da presidente e dos petistas é o empresariado. Ela pretende reconquistá-lo. Bem, quem quiser que caia na conversa, não é mesmo? Estou enganado ou a ação estrepitosa mais recente da nossa soberana foi enviar um decreto que entrega parte da administração pública federal a “conselhos populares”?
Sim, sim… Alguns dirão que o que vai a seguir é um reducionismo, mas tomem como medida as ações dos movimentos de sem-teto ou de sem-terra, por exemplo. Ou bem se governa com a lei, ou bem se governa com os tais “movimentos sociais”. Avaliem vocês com que lado está a chance de um futuro virtuoso para o Brasil, muito especialmente para os pobres. Num caso, tem-se uma sociedade paralisada por minorias radicalizadas e corporações de ofício; do outro, a previsibilidade das regras, democraticamente pactuadas.
Atenção! As disposições subjetivas de Dilma, à boca da urna, não têm a menor importância. A questão é o que ela representa e o que quer o seu partido.
Por Reinaldo Azevedo

REJEIÇÃO DO ELEITORADO DERRETE O PT QUE AGORA LUTA PARA TENTAR LEVAR DILMA AO SEGUNDO TURNO

Repercute amplamente artigo assinado pelo secretário-geral do PSD, Saulo Queiroz, prevendo a derrota acachapante de Dilma Rousseff. Não apenas dela, mas de todo o PT. O artigo, intitulado “De mal a pior”, foi publicado no site do Estadão, porém dentro da coluna de análise política do jornalista João Bosco, baseado em Brasília.
O artigo está muito bem fundamentado, revela que o autor tem informações privilegiadas, a par de seu profundo conhecimento da política brasileira, sobretudo no que concerne às últimas décadas. Saulo Queiroz é um veterano personagem político brasileiro, segundo anota o analista João Bosco. Teve participações decisivas no processo de redemocratização que elegeu Tancredo Neves, em 1984; na Constituinte de 1988 e, mais tarde, na aliança que elegeu Fernando Henrique Cardoso. Egresso do PFL, depois DEM (Democratas), é atualmente o Secretário Geral do PSD liderado pelo ex-prefeito paulistano Gilberto Kassab.
A rigor, são poucos os políticos brasileiros que detêm a bagagem de experiência e participação ativa na política acumulada por Saulo Queiroz, razão pela qual o que ele escreve e assina embaixo não são palavras ao vento. Por um lado, o escrito tenta justificar o apoio de Kassab e do PSD à “presidenta” que, seguindo o raciocínio do articulista, estaria sendo vítima de uma rejeição total, irrestrita e sem volta do eleitorado em relação ao PT, ou as duas coisas. Isso seria o efeito efeito mortal do mensalão, segundo afirma Queiroz. Seja como for, não deixa de ter sentido a análise formulada. Intui o articulista que a ficha caiu para a opinião pública quando esta conheceu, por meio do julgamento no STF, o tamanho da corrupção petista. Ao que eu aduzo: antes tarde do que nunca.
Além disso, há que se contextualizar a análise de Queiroz neste momento, lembrando a inusitada manchete da Folha de S. Paulo do último sábado que tentou desqualificar o candidato oposicionista Aécio Neves. E mais: quem acompanha a crônica política da grande imprensa brasileira constata que nenhum jornalista produziu qualquer conteúdo que possa ser comparável ao artigo de Saulo Queiroz. E tem mais: seu escrito não foi publicado na seção consagrada pelo Estadão a articulistas colaboradores, mas dentro de uma coluna de política. Transcrevo na íntegra:

De mal a pior
Por Saulo Queiroz
A última pesquisa Datafolha mostrou a extensão de uma doença que avança pelo País: a rejeição ao PT e a Dilma. Como são duas entidades diferentes, não é fácil saber qual é depositária do percentual mais forte, mas há indícios de que a rejeição ao PT é de controle mais difícil.
Outro aspecto que fica claro é sua susceptibilidade ao contágio, que aumenta com maior velocidade nos grandes conglomerados urbanos, mas avança também, mais lentamente, nas pequenas cidades e até em espaços que pareciam imunes, como o Nordeste, onde a rejeição a Dilma alcançou incríveis 23%.
Para se ter uma ideia do que isso significa vale lembrar que na eleição presidencial passada, em pesquisa Datafolha de 23.07.2010, a rejeição a Dilma em todo o País era de 19%. Nesta última pesquisa já alcança 35%, quase o dobro de igual período em 2010.
Para uma identificação mais precisa do depositário da maior taxa de rejeição, se o PT ou Dilma, é preciso uma rápida caminhada pelo País, começando pelo Sul. O PT tem candidato nos três Estados, mas apenas no Rio Grande do Sul seu candidato está em segundo lugar nas pesquisas.
No Paraná e Santa Catarina estão em terceiro. No Sudeste, o desempenho é pífio em São Paulo com Alexandre Padilha, sofrível no Rio de Janeiro, com Lindhberg Farias ,em quarto lugar, e sem expressão no Espírito Santo.
Apenas em Minas Gerais, com Fernando Pimentel, apresenta um desempenho satisfatório, mas a lógica é que ele não resistirá a máquina de moer carne que o espera, com Aécio Neves crescendo nas pesquisas para Presidente, um candidato ao governo, Pimenta da Veiga, de boa história, e um ao Senado, com a qualidade e aprovação de Antonio Anastasia, o governo do Estado e a maioria de deputados.
No Nordeste seu candidato na Bahia, maior colégio eleitoral da região está muito atrás do candidato do DEM. É segundo no Ceará e apenas no Piauí mantém folgada liderança. Nos demais Estados apoia candidatos de outras legendas, o que significa dizer que nestes quatro anos não consolidou personagens estaduais para concorrer ao cargo de governador, o que demonstra fragilidade partidária.
A pergunta que fica é: que culpa cabe à presidente Dilma por esta fragilidade do PT em seu principal reduto eleitoral que é o Nordeste. Penso que muito pouca. No Norte, afora o Acre onde pode reeleger o governador, não tem presença de destaque nos principais colégios eleitorais, visto que apoia o PMDB no Pará e Amazonas, além de fazer o mesmo em Tocantins.
No Centro Oeste tem candidato a reeleição no Distrito Federal com baixa perspectiva, em Goiás sem nenhuma e no Mato Grosso não tem candidato. Apenas em Mato Grosso do Sul tem perspectivas concretas de vitória porque seu candidato, o senador Delcídio Amaral, está bem a frente nas pesquisas e tem baixa rejeição. A questão é saber até onde ele resistirá ao processo de contaminação, visto que o Estado é vizinho de São Paulo e Paraná, onde é virulenta a rejeição ao PT – a maior em todo o País. Há que se vacinar para controlar o contágio.
Finalmente, é quase chocante que um partido que comanda o País há 12 anos, tenha favoritismo para eleger apenas três governadores, em Estados de pequena densidade eleitoral e dois senadores. Cinco em 54 disputas majoritárias. Quase nada. A pergunta, repetitiva, é se foi Dilma a responsável por uma rejeição que se estendeu por todo o Pais ou se foi o PT o principal responsável pela rejeição de Dilma. Não vale dizer que as duas se encontram.
A verdade é que estes últimos quatro anos de governo da presidente Dilma foram marcados por dificuldades na economia, não só aqui no Brasil, mas em quase todo mundo. Evidente que o governante paga uma conta que nem sempre é sua, como aconteceu nas eleições realizadas na Europa, mas é do jogo da política.
Lula presidente, a economia bombou, ele soube tirar proveito político disso e se tornou quase um ídolo no País. E ainda arrastou seu PT para o bom caminho da vitória nas eleições de 2010. Mas será que as dificuldades de Dilma, a baixa avaliação de seu governo, seria a causa principal para o desgaste do Partido em quase todos os Estados ou será que a causa é mais além?
Com certeza, mais além. No período do governo Dilma o País viveu o episódio que representou o maior massacre pelo qual já passou um partido na história política desse País: o julgamento do mensalão. Meses e meses de intensa cobertura de televisão, rádios e jornais de um julgamento onde o principal réu acabou se tornando o PT.
Engana-se quem acha que isto não teve grande importância. Teve sim e pensar o contrário é um menosprezo à opinião pública. Evidente que foi determinante para criar esse vírus da rejeição ao PT, que se espalha pelo País. A bem da verdade, nem Dilma nem seu governo têm qualquer coisa a ver com o mensalão. Ela, como muitos outros candidatos petistas, é apenas uma vítima.
Quanto à eleição presidencial deste ano o quadro caminha para um desfecho trágico para o PT e sua candidata. Quem estiver olhando para os números atuais das pesquisas e avalia que há um quadro de indefinição comete um erro básico de julgamento.
Há um status totalmente diferente entre os competidores, porque enquanto Dilma é conhecida por 99% dos eleitores, 19 e 36% desconhecem Aécio e Eduardo Campos, respectivamente. Todos os dados das pesquisas atuais mostram apenas a notória rejeição da candidata à reeleição.
Aécio e Campos são fatos para após o início do horário eleitoral. Vale que olhemos um pouco para 2010. Em 23.07, havia um empate entre Dilma e Serra, ambos com 36% de preferência. Em 15.09, com 25 dias de horário eleitoral, Dilma tinha 50% e Serra 27%.
Evidente que, agora, em meados de setembro, quando todos conhecerem melhor Aécio e Campos, os números serão diferentes e, tudo indica, um deles estará a frente de Dilma e, muito à frente, ambos, em uma simulação de segundo turno.
Não é provável, mas não impossível, que nesta data a campanha da presidente esteja com a preocupação voltada para assegurar sua presença no segundo turno. Apenas isso, porque não haverá mais nenhuma perspectiva de vitória.
DO ALUÍZIO AMORIM