Guardem este frase de Dilma dita, hoje, em Brasília durante encontro com um grupo de jornalistas:
- Não é função da imprensa fazer investigação e sim divulgar informações.
Era razoável imaginar que uma figura pública, ainda mais um presidente,
tivesse o mínimo de conhecimento do que seja jornalismo. E de como
funciona a imprensa. Mas, não.
Dilma estava particularmente irritada com jornalistas que perguntaram
sobre as revelações feitas por Paulo Roberto Costa, ex-diretor da
Petrobras, a propósito da corrupção na empresa.
Ao dizer que pedira à Polícia Federal acesso às confissões de Paulo
Roberto, e que isso lhe fora negado pela Procuradoria Geral da
República, Dilma mostrou-se inconformada. Foi quando cometeu a frase.
Quanta ignorância!
Nem Richard Nixon, o presidente dos Estados Unidos que renunciou ao
cargo por que mandara espionar um comitê do Partido Democrata em
Washington, disse uma barbaridade dessas.
Nem Fernando Collor, que culpa a imprensa por sua deposição em meio ao
mandato de presidente. Collor caiu porque seu governo era corrupto.
Jornalismo é investigação. Você não conta como ocorreu um acidente de
carro, por exemplo, sem ouvir eventuais vítimas, testemunhas e a
polícia, no mínimo. Se é assim com um mero acidente, quanto mais com um
escândalo de grande porte.
Um dos papéis da imprensa é vigiar os poderosos e denunciar seus
desmandos. Ela existe - ou deveria existir - para satisfazer os aflitos e
afligir os satisfeitos.
O sonho de Dilma, e não somente dela, seria ver a imprensa limitada a
publicar declarações e anúncios oficiais. Teve com quem aprender.
Em 2003, Lula, o mentor de Dilma, fez um desabafo que se tornou famoso. Disse:
- Eu não gostaria de ver notícia publicada. Gostaria de ver propaganda publicada.
Em outras palavras: Lula não gosta de jornalismo independente. Prefere
jornalismo servil. Ele, Dilma, Renan Calheiros, Collor, Eduardo Cunha et
caterva.
Quando quer agradar a imprensa, Dilma repete:
- Prefiro o barulho da democracia ao silêncio da ditadura.
Com o que disse hoje, fica claro que não é bem assim. Ela enxerga a imprensa com os mesmos óculos de Lula.
**Por Ricardo Noblat