segunda-feira, 3 de julho de 2017

PF tem ordem para conduzir Geddel até Brasília

Josias de Souza


O ex-ministro Geddel Vieira Lima, aliado de Michel Temer, não ficará detido em Salvador. A Polícia Federal transporta o preso até Brasília, onde ele cumprirá a prisão preventiva determinada pelo juiz Vallisney de Souza Oliveira, da 10ª Vara Federal do DF.
Geddel foi preso a pedido da Polícia Federal. O Ministério Público Federal avalizou a providência. Ex-vice-presidente da Caixa Econômica sob Dilma Rousseff e ex-coordenador político da gestão Temer, Geddel foi acusado de tentar atrapalhar as investigações sobre corrupção no banco público.
Não houve busca e apreensão no apartamento de Geddel. Os agentes federais apreenderam apenas o celular do ex-ministro. Em nota oficial, a Procuradoria informou que o amigo e ex-auxiliar de Temer tentava evitar que o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha e o doleiro Lúcio Funaro firmassem acordos de delação premiada.
“Para isso, [Geddel] tem atuado no sentido de assegurar que ambos recebam vantagens indevidas, além de ‘monitorar’ o comportamento do doleiro para constrangê-lo a não fechar o acordo'', escreveu a Procuradoria em sua nota.
Ironicamente, a transferência de Geddel para Brasília submete o novo preso ao risco de ser encarcerado na Papuda, o mesmo presídio que hospeda Lúcio Funaro. O mandado de prisão expedido contra Geddel menciona dados fornecidos em depoimentos prestados por Funaro.
O doleiro revelou que o ex-ministro fez contato com sua mulher. Entregou mensagens de celular envidas por Geddel entre maio e junho.
Para os investigadores, ''os novos elementos deixam claro que Geddel continua agindo para obstruir a apuração dos crimes e ainda reforçam o perfil de alguém que reitera na prática criminosa.''
Embora não ignorasse o risco de prisão de Geddel, Michel Temer declarou-se surpreso em conversa com auxiliares. O presidente não fez nenhuma declaração em público.
A novidade chega num instante em que Temer articula na Câmara a rejeição da denúncia em que a Procuradoria-Geral da República o acusa de corrupção passiva.

Staff político de Temer é 100% feito de encrenca

Josias de Souza

As estatísticas comprovam que o sucesso do governo de Michel Temer tornou-se uma inviabilidade matemática. Noves fora o fato de que o próprio presidente foi denunciado por corrupção, seu staff político é 100% feito de encrencados —50% dos operadores de Temer estão presos. Os outros 50%, protegidos pelo escudo do foro privilegiado, aguardam na fila.
Detido nesta segunda-feira, o ex-ministro Geddel Vieira Lima passou a integrar a ala dos amigos do presidente que trocaram os jantares do Jaburu pela quentinha da cadeia. Antes dele foram encarcerados dois ex-presidentes da Câmara: Eduardo Cunha e Henrique Eduardo Alves. Ex-assessor de Temer, Rodrigo Rocha Loures, o homem da mala, também amargou seus dias de quentinha antes de migrar, no último final de semana, para a prisão domiciliar.
Agarrados ao foro especial do Supremo Tribunal Federal estão o senador e ex-ministro Romero Jucá e os ainda ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e Eliseu Padilha (Casa Civil).
Cercado de suspeição por todos os lados, Temer assegura ao país que sua presidência é uma ilha de moralidade. Flutuam ao redor Geddel, Cunha, Alves, Jucá, Moreira, Padilha e um enorme etcétera de aliados. Shakespeare devia estar pensando nisso quando disse: “Não há o que ecolher num saco de batatas podres.”

Fachin nega recursos de Lula, Cunha e Palocci na Lava-Jato

Ex-presidente apresentou pedido para suspender a ação que investiga o triplex


BRASÍLIA - O ministro Edson Fachin, do Supremo Tribunal Federal (STF), negou na última sexta-feira recursos de quatro investigados na Operação Lava-Jato ou em seus desdobramentos. Foi o último dia de trabalho da corte antes do recesso de julho. O ministro, que é o relator dos processos da operação, negou pedidos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, do ex-ministro Antonio Palocci e seu assessor Branislav Kontic, e do empresário Carlos Emanuel de Carvalho Miranda.

aquisição de um triplex, no Guarujá, no litoral de São Paulo. O caso é conduzido pelo juiz Sérgio Moro, da 13ª Vara Federal de Curitiba, responsável pelos processos da Lava-Jato na primeira instância.
A defesa de Lula reclamava que Moro rejeitou pedido da defesa para ter acesso a informações sobre negociações de acordo de colaboração premiada entre os réus José Aldemário Pinheiro Filho, mais conhecido como Léo Pinheiro, e Agenor Franklin Magalhães Medeiros, ambos ligados à OAS. Isso porque tais informações poderiam influenciar diretamente a ação penal na qual ele é réu. Fachin, no entanto, em decisão tomada em 12 de junho, não viu nenhuma ilegalidade na decisão de Moro. A defesa recorreu, mas Fachin negou o pedido novamente.
Cunha, preso desde outubro em Curitiba por ordem de Moro, pediu que fosse concedida sua liberdade. Fachin, porém, negou a liminar. Antes disso, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), com sede em Porto Alegre e abrangência sobre os estados da Região Sul, e o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já haviam negado os pedidos.
Em 30 de março, Fachin negou pedido de Antonio Palocci e Branislav Kontic para suspender uma ação penal que está com Moro na qual eles respondem pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. Eles reclamavam não ter tido acesso às delações premiadas dos réus ligados à Odebrecht, que ainda estavam sob sigilo. Assim, diziam que a ação tinha que ficar suspensa até conseguirem isso.
Fachin argumentou que não havia como Moro conceder esse pedido, uma vez que não cabe ao juiz federal tomar decisões sobre as delações dos executivos e ex-executivos da Odebrecht. Isso caberia ao próprio Fachin. A defesa recorreu, mas, na última sexta, o ministro negou o pedido novamente.
O empresário Carlos Emanuel de Carvalho Miranda apresentou um habeas corpus na quarta-feira da semana passada pedindo para ser solto ou, pelo menos, que a prisão preventiva fosse transformada em medidas cautelares, como proibição de sair de casa e monitoramento eletrônico. Mas Fachin indeferiu o pedido. O empresário foi preso em novembro do ano passado por ordem do juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal ddo Rio de Janeiro, durante a Operação Calicute, um dos desdobramentos da Lava-Jato no estado. Ele é suspeito de ter repassado propina ao ex-governador Sérgio Cabral, que também se encontra preso. DO O GLOBO

Justiça inocenta engenheiros que denunciaram José Dirceu

Desembargadores da Primeira Câmara Criminal do Rio concluem que o ex-ministro da Casa Civil no governo Lula não conseguiu comprovar serviços de consultoria

José Dirceu é paparicado por Lula em festa do PT
O ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu não conseguiu, nos últimos seis anos, comprovar na Justiça que tenha prestado serviços de “consultoria” à Delta Engenharia, do empresário Fernando Cavendish. Em 2011, os engenheiros José Quintella e Romênio Machado, da Sigma Engenharia, empresa que havia sido comprada pela Delta, denunciaram que Dirceu recebia dinheiro da empresa sem prestar serviços. A reportagem “O Segredo do sucesso”, publicada por VEJA, mostrava como Dirceu recebia dinheiro para fazer tráfico de influência, abrindo as portas da Petrobras para a empresa de Cavendish.
No dia 13 de junho, os desembargadores da Primeira Câmara Criminal do TJ julgaram improcedente o recurso de Dirceu, por considerarem que os dois engenheiros não tiveram o propósito de ofender a honra do ex-ministro. No ano passado, o TJ do Rio já havia negado provimento à acusação de Dirceu, que se dizia caluniado, e inocentou José Quintella e Romênio Machado, na primeira instância. O TJ do Rio concluiu que os dois engenheiros não agiram com a intenção de macular a honra do ex-ministro. Mas José Dirceu recorreu à segunda instância.
“Vale ressaltar que o querelante (Dirceu) não apresentou a mínima prova de ter prestado serviços de consultoria à empresa Sigma, de modo a demonstrar que a afirmação dos querelados era falsa”, diz trecho do relatório da desembargadora Katya Maria de Paula Menezes Monnerat, relatora do processo. “Em contrapartida, os querelados (Quintella e Romênio) juntaram aos autos as notas fiscais (…) por ‘serviços prestados’ pela empresa JD Assessoria”, continua o relatório da desembargadora.
Romênio Machado e José Quintella
Romênio Machado e José Quintella: Eles se recusaram a pagar José Dirceu por serviços não prestados de “consultoria” (Eduardo Martinho / Documentography/VEJA)
Após a publicação da reportagem de VEJA, que já mostrava a fórmula encontrada pelos petistas para vender facilidades a empresários interessados em contratos fraudulentos com o poder público, a vida de Dirceu sofreu um revés. A força-tarefa da Operação Lava Jato quebrou o sigilo e descobriu que a empresa do ex-ministro, a JD Assessoria e Consultoria, recebeu 39 milhões de reais entre 2006 e 2013.  Estão na lista de pagadores a Delta Engenharia e Montagem, novo nome da Sigma, e várias empresas que compunham o cartel do petrolão, como as construtoras Camargo Corrêa, UTC, OAS, Engevix, Galvão Engenharia e Serveng.
José Dirceu recebeu duas condenações na Operação Lava Jato, que somam 31 anos de prisão, por corrupção passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Em maio, a Segunda Turma do Supremo Tribunal Federal mandou soltar o ex-ministro, por entender que ele deve aguardar o julgamento em segunda instância fora da cadeia. O Tribunal Regional Federal da 4ª Região, em Porto Alegre, que revisa as sentenças da Justiça Federal em Curitiba, ainda não tem data para o julgamento. O ex-ministro foi condenado a sete anos e onze meses no processo do mensalão, por corrupção passiva, mas o ministro Luis Roberto Barroso concedeu o perdão da pena, no ano passado.
Os dois engenheiros que denunciaram Dirceu disseram que foram muito prejudicados no episódio da contratação-fantasma de Cavendish. Eles tinham vendido a Sigma para a Delta, mas continuavam na gestão do grupo, quando depararam com as notas para pagar o ex-ministro, o que prontamente se recusaram a fazer, pois viram que se tratava de corrupção. José Quintella conta que eles não receberam 45 milhões de reais que Cavendish lhes deve pela Sigma. Os dois engenheiros perderam a empresa e hoje trabalham como empregados. “Eu e Romênio estamos passando dificuldades financeiras até hoje. Nossa vida está difícil”, diz Quintella. DA VEJA.COM

Sob Temer, até decisão comezinha vira um parto

Josias de Souza

A crise moral fez de Michel Temer uma interrogação com faixa presidencial. Num instante em que não sabe nem se conseguirá terminar o mandato, o inquilino do Planalto hesita em tormar decisões tão comezinhas quanto realizar ou não uma viagem.
Até a semana passada, estava entendido que Temer representaria o Brasil na reunião do G-20, que acontecerá na Alemanha na sexta-feira e no sábado. O Planalto já investira dinheiro público na preparação da viagem, que exige o envio prévio de equipes administrativas e de segurança.
Na semana passada, entretanto, Temer mandou dizer à imprensa que desistira de embarcar. Ficaria no Brasil para articular na Câmara derrubada da denúncia em que a Procuradoria-Geral da República o acusa de corrupção passiva.
Nesta segunda-feira, a assessoria do Planalto informou que Temer desistiu da desistência. Resolveu voar para a Alemanha. Talvez se abstenha de jantar com a anfitriã Angela Merkel, como estava previsto. Mas faz questão de ir ao encontro do G-20.
A exemplo de Temer, o brasileiro também fica em dúvida quanto à conveniência da viagem presidencial. A última aventura internacional do presidente, na Rússia a na Noruega, resultou num festival de vexames.
A essa altura, o ‘nada’ talvez representasse melhor o Brasil na reunião do G-20 do que um presidente processado por corrupção. A sorte é que ainda faltam três dias para o embarque. Até lá, Temer pode ter a presença de espírito de reconhecer que o melhor talvez seja assegurar sua ausência de corpo.

GEDDEL VIEIRA LIMA É PRESO PELA POICIA FEDERAL

Pedro Ladeira/Folhapress
O ex-ministro Geddel Vieira Lima, que foi preso nesta segunda pela Polícia Federal na Bahia
O ex-ministro Geddel Vieira Lima foi preso nesta segunda (3) pela Polícia Federal. A prisão ocorreu na Bahia.
A prisão é preventiva, ou seja, sem tempo determinado de duração.
A Polícia Federal deflagrou em janeiro a operação Cui Bono? ("A quem beneficia?", em latim), que mirava Geddel e sua gestão na vice-presidência de pessoa jurídica na Caixa Econômica Federal, entre 2011 e 2013.
A PF suspeita de esquema de fraudes na liberação de créditos no período.
A investigação começou a partir de elementos colhidos em um antigo celular do ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Em 15 de dezembro de 2015, a PF realizou buscas na casa de Cunha e apreendeu o telefone no qual estavam armazenadas mensagens trocadas com Geddel.
Também fazem parte do esquema, segundo a investigação, empresários e dirigentes de empresas dos ramos de frigoríficos, de concessionárias de administração de rodovias, de empreendimentos imobiliários, além de Lúcio Bolonha Funaro, operador do mercado financeiro. Os investigadores suspeitam que o grupo tenha praticado crimes de corrupção, quadrilha e lavagem de dinheiro.
A investigação corria no STF (Supremo Tribunal Federal), mas quando Geddel perdeu o cargo de ministro o caso passou a tramitar na primeira instância.
O mandado de prisão foi assinado pelo juiz Vallisney Oliveira, da 10ª Vara da Justiça Federal no Distrito Federal. A ordem foi cumprida na tarde desta segunda segundo a Procuradoria no DF
03/07/2017 16h29

‘Temer governa para apenas 200 brasileiros’, diz vice do Senado

Presidente precisa de 171 votos na Câmara para denúncia contra ele ser rejeitada

A insatisfação de parte do PSDB com Michel Temer anda esquentando a língua dos tucanos. Cássio Cunha Lima (PB), vice-presidente do Senado, é conciso ao afirmar que, nas atuais circunstâncias, o presidente foca todas as suas energias para convencer a Câmara a não aceitar a denúncia da PGR contra ele.
“O país tem pouco mais de 200 milhões brasileiros, hoje, Temer governa para apenas para 200 deles”, critica Cássio.
Para livrar-se da acusação de Rodrigo Janot e evitar o afastamento do mandato, o presidente precisa dos votos de 171 deputados.

Operação Ponto Final: joias, relógios e maços de dinheiro

Apreensões foram feitas na manhã desta segunda (3)

A Polícia Federal divulgou, na tarde desta segunda (3), as apreensões feitas pela Operação Ponto Final, que investiga esquemas de corrupção no sistema de ônibus do Rio de Janeiro.
Entre as apreensões estão relógios, joias e maços de dinheiro, que ainda estão sendo contabilizados.
A operação, que é um novo desdobramento da Lava-Jato, também cumpriu dez mandatos de prisão. Entre os alvos estão Lélis Teixeira, presidente da Fetranspor, suspeito de receber R$ 1,57 milhão  em propina, Rogério Onofre, ex-presidente do Detro, e José Carlos Reis Lavoura, conselheiro da Fetranspor. 
(Divulgação/Divulgação)
(divulgação/Divulgação)
(Divulgação/Divulgação) DO RADAR

Fernando Gabeira: Conversa num barco encalhado

Embora às vezes a gente se sinta perdido na complexidade da crise brasileira, é possível achar um rumo. Ele passará pela sociedade e pelo Congresso

Crise se agrava, Temer cogita deixar articulação e PT se pergunta: como recompor o governo?
Publicado no Globo
Na semana passada nosso barco encalhou perto da Baía dos Pinheiros, no litoral sul do Paraná. A maré baixou rápido e ficamos mais ou menos perdidos: só tínhamos as coordenadas e um rádio. Não havia o que fazer, exceto esperar a maré subir. Alguém me provocou: nosso barco está encalhado como o país.
Nessas horas de espera a gente alonga a conversa. Disse que de uma certa forma só voltaríamos a flutuar quando viessem as eleições de 2018. Até lá estaremos encalhados de uma forma diferente do pequeno barco colado na lama do fundo do mar. Haveria muita turbulência e, como estamos no final de uma grande investigação, muitas situações repetidas.
A de Temer, por exemplo, afirmando que não há provas, dizendo-se vítima de uma perseguição. Quem não ouviu essa fala em outros atores da grande série político-policial?
Embora às vezes a gente se sinta perdido na complexidade da crise brasileira, é possível achar um rumo. Ele passará pela sociedade e pelo Congresso. Vamos entrar num período eleitoral, e a sociedade costuma ter mais peso nessas épocas. O Congresso torna-se mais sensível às pressões populares. De memória, lembro-me apenas de uma grande exceção: a derrota na emenda Dante de Oliveira.
Enquanto o barco não sai do lugar, movido pelos ventos da legitimidade, há muito o que fazer na espera. Num barco, temos de distribuir as bananas, agasalhar a garganta do sudeste frio que sopra no litoral. Num país é preciso saber o que se quer enquanto estamos à espera de voltar a navegar. Fora Temer, ou fica Temer.
A Câmara terá que decidir isto. Mas não o fará sozinha. Se a pressão social a levar a aceitar a denúncia contra Temer, é o fim para ele. Só restará, depois de visitar a União Soviética, passar umas férias no Império Austro-Húngaro.
Começaria aí uma nova etapa, a escolha do novo presidente. É preciso algumas precauções básicas, pois não é possível derrubar presidentes com tanta frequência.
Entregue a si próprio, o Congresso tende a escolher alguém que o proteja da Lava-Jato. Mas não existe mais possibilidade de tomar as decisões nas madrugadas. Uma vigilância social pode conter os passos do escolhido para a transição.
O que se espera de um presidente de país encalhado é principalmente tocar a administração. Quando a maré subir, com eleitos no poder, tomam-se as grandes decisões.
Alguém me lembra que isso é não é uma situação sonhada. Mas a que a realidade nos coloca. Mesmo as eleições de 2018, embora tragam mais legitimidade aos eleitos, não devem ser vistas na categoria de sonho, mas sim de uma oportunidade, depois de tudo o que pessoas viram e ouviram sobre o sistema político partidário.
Na rua ouvem-se muito os nomes de Lula e Bolsonaro. Potencialmente pode surgir uma força de equilíbrio que suplante as duas. Não creio que aconteça o mesmo que aconteceu na França, onde houve uma ampla renovação, da presidência ao Congresso.
Mas alguma coisa vai acontecer. Enquanto a maré não sobe, há muito o que fazer no barco encalhado. É preciso que o essencial funcione.
No momento em que escrevo ouço os helicópteros da PM sobrevoando o morro. Uma dezena de tiroteios por dia, uma onda de roubos de carga, imagens de crianças deitadas no chão da escola enquanto os tiros ecoam.
Temer chegou a anunciar um plano de segurança para o Rio. Era pura agenda positiva, esse tipo de ação que fazem quando a barra está muito pesada e é preciso mudar de assunto. A dimensão da crise no cotidiano, a existência de 14 milhões de desempregados, esse pano de fundo inquietante torna a tarefa mais difícil. Quando governantes já caídos se apegam ao poder, na verdade colocam seu destino acima do destino nacional. Os reflexos na economia são sempre negativos.
Encalhamos um pouco mais.
A compreensão do momento vai exigir da sociedade evitar que o barco encalhado torne-se um barco naufragado. Será preciso um amplo entendimento entre todos que reconhecem a gravidade da crise, para que cheguemos em condições razoáveis em 2018.
Esta semana faltaram passaportes na Polícia Federal. É um sintoma. Se não houver o mínimo de energia na administração, daqui a pouco não faltarão apenas passaportes mas as próprias saídas.
Não é nada agradável se desfazer de dois presidentes num curto espaço de tempo. Mas o roteiro, de uma certa forma, estava escrito. Retirado o PT do governo, restaram em seu lugar os companheiros de uma viagem suja pelos cofres públicos brasileiros.
A investigação chegou a eles e à própria oposição. Não importa qual o desfecho jurídico desse imenso esforço, ele serviu para desvendar para a sociedade um gigantesco esquema de corrupção e um decadente sistema político partidário.
Daí pra frente a bola está com a sociedade. DO A.NUNES

Deputados começam a ser pressionados a aprovar denúncia a Temer

Eleitores ligam para os gabinetes e cobram parlamentares a aceitarem acusação contra o presidente

Presidente Michel Temer
Nos últimos dias de Dilma Rousseff no Palácio do Planalto, os deputados diziam-se encurralados pelos pedidos dos eleitores para que eles votassem pelo impeachment da então presidente. Agora, a história se repete.
Cidadãos comuns já começaram a entrar em contato com os parlamentares para avisar que estão de olho.
João Arruda, do PMDB do Paraná, recebeu um telefonema de um agricultor lembrando que trabalhou pela campanha dele.
O sujeito avisou ter uma lista de eleitores que votaram em Arruda a pedido dele e que o deputado não deve cogitar votar contra a admissibilidade da denúncia a Michel Temer. Caso contrário, a fatura chegará no final de 2018, por meio das urnas.
O pedido do agricultor paranaense é só uma mostra do que acontecerá nos 513 gabinetes da Câmara. DO RADAR

Descolar da corrupção não é fácil


Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Sabe quem era a advogada/consultora do cartel que pagou pelo menos R$   260 milhões em propina a políticos e funcionários públicos para impedir que empresas de ônibus fossem alvos de fiscalização? O nome dela é Adriana Alcelmo, ex-primeira-dama do Estado do Rio de Janeiro, que tem chance de deixar sua confortável prisão domiciliar de luxo. A versão carioca da Operação Lava Jato aperta o cerco ao esquema em que o ex-governador Sérgio Cabral Filho (alvo de 12 processos) desponta como “poderoso chefão”.
A operação “Ponto Final” mira na cúpula do setor de transportes intermunicipais no Rio de Janeiro. Atinge em cheio a “empresa” que reúne os principais sindicatos patronais de empresas de ônibus: a Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro (Fetranpor). Também mexe com a autarquia estadual que sempre facilitou, por ação ou omissão, a corrupção milionária no setor: o Departamento de Transportes Rodoviários do Estado do Rio de Janeiro (Detro).
O esquema foi dedurado pelo ex-presidente do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, Jonas Lopes, e pelo doleiro Álvaro Novis. O esquema de empresários de ônibus é investigado pela Polícia Federal por ter pago centenas de milhões em propinas ao grupo liderado pelo ex-governador Cabral. A contrapartida de propinas eram vantagens ilícitas, como reajustes injustificados de tarifas, retenção irregular de créditos do Riocard e prevaricação dos agentes encarregados de fiscalizar o setor que fingiam não ver nada de errado nas empresas e suas operações.
A conta da corrupção era indiretamente paga pelos cidadãos - quase 2 milhões de passageiros, em média, transportados diariamente por uma frota de 9,5 mil veículos, distribuída por 1.212 linhas e operada por 90 empresas. Os empresários de ônibus recebem mensalmente R$ 28,3 milhões em subsídios do falido governo fluminense. As empresas operavam em regime precário, na condição de permissionários de serviço, porque nunca se fazia licitação porque o cartel impedia, distribuindo propinas a rodo.
O juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal no Rio de Janeiro, determinou a prisão dos empresários Jacob Barata Filho, José Carlos Reis Lavouras, Amaury Andrade, Marcelo Traça Gonçalves, Lélis Marcos Teixeira (presidente da Federação das Empresas de Transportes de Passageiros do Estado do Rio de Janeiro - Fetranspor), e Rogério Onofre (presidente do Departamento de Transportes Rodoviários do Rio de Janeiro - Detro).
Nos bastidores da politicagem do Rio de Janeiro, já se dá como certo que a operação Ponto Final também pode render problemas para os ex-governadores Antony Garotinho e Rosinha Garotinho – que também seriam alvos de investigações pela versão carioca da Lava Jato. Outro alvo é o presidente da Assembléia Legislativa, Jorge Picciani, apontado como organizador dos pagamentos de propinas pelo ex-conselheiro Jonas Lopes.
Embora o alvo seja o setor intermunicipal, o cartel do ônibus também controla as empresas de ônibus da cidade do Rio de Janeiro e de outros municípios, o que pode dar dor de cabeça para muitos prefeitos ou ex-prefeitos e seus filhos ilustres. Agora presos, os empresários (conhecidos como “os portugueses”) terão muito a revelar.
Meu avô Nilton Machado - que sempre tentou, sem sucesso, denunciar falcatruas no setor de transportes do Rio de Janeiro – deve estar lavando a alma lá no céu, com esta operação “Ponto final”...
É por isso que quem está próximo de corruptos deve tentar se distanciar... O problema é se a Polícia Federal vai deixar...
Retrato Fatal
Lula e a falecida Marisa, donos do sítio que não era deles, posam para uma foto com os empregados, que não eram deles. Cozinheira, copeira, motorista usam uniformes, seguindo normas de casas das "Elites opressoras" que ambos diziam combater.

Releia o artigo de sábado: Crime Institucionalizado mata Lava Jato

Reveja o de domingo: Enquanto houver bambu, a rima é outra...

Terrorismo político
Privilégio
Unidos venceremos