— Nossa ação não começa no dia 15 de março. Se não consegui vencer as eleições, ali começou um despertar da população. Vocês mantém essa chama e temos que continuar um diálogo em busca das convergências. As oposições reunidas já discutem abertamente se houve crime de responsabilidade da presidente Dilma — discursou Aécio para cerca de 50 pessoas que se reuniram na Comissão de Relações Exteriores do Senado.
O presidente do PPS, Roberto Freire (SP) lembrou que não havia maioria para o processo de impeachment do ex-presidente Collor, mas o Congresso se rendeu à pressão das ruas. E disse que o movimento das ruas tinha levado, hoje, a união dos seis partidos de oposição que estavam ali presentes, em bloco.
Coube a Rogério Chequer , do Movimento Vem pra Rua, encostar
os parlamentares na parede, argumentando que agora o resultado das
manifestações dependia do Congresso. Aécio voltou a ponderar que tinham
que se encontrar nas convergências. O presidente do Democratas, José
Agripino (RN) completou, dizendo que o processo avançava em etapas. Mais
inflamado, o líder do Democratas, Ronaldo Caiado (GO) foi ovacionado ao
protestar pela não inclusão da presidente Dilma Rousseff na lista do
procurador geral da República, Rodrigo Janot.
Foi a vez do representante do movimento Instituto Democracia , Paulo Angelim, ser mais direto:
— Queremos que digam agora de forma clara: é sim ou não a nossa pauta?
— Essa já é uma pauta que defendemos há muito tempo, o fato novo é que a sociedade está dando eco ao que já defendíamos — respondeu Aécio.
— Mas é sim ou não! — insistiu Angelim, insuflando o plenário a cobrar, “sim ou não?”
Chequer respondeu que buscar convergências não era suficiente e era preciso agir de forma concreta já.
— Até a rua pode se organizar. Porque a oposição não pode se organizar? Chegamos ao nosso limite de organização, levamos 3 milhões de pessoas as ruas e o impensável aconteceu, fizemos isso sem ter uma vitrine quebrada. O que queremos agora é a demonstração de que o impossível pode ser feito também no Congresso Nacional — cobrou Chequer.
Diante do tom usado pelos manifestantes, Aécio subiu o tom e, mais assertivo, também acabou aplaudido ao afirmar que brigariam sim para dar consequência “ao nó que estava engasgado” na sociedade brasileira.
— Quero deixar claro que viemos aqui para dizer um sonoro sim para a pauta das ruas e queremos o apoio das redes sociais, dos movimentos, isso é o impulso que essa Casa precisa para fazer valer esse sentimento. Vocês tem o instrumento que nos faltava, que é o apoio popular. Então tenho a dizer, primeiro, que vamos atuar juntos sem preconceitos. E em segundo lugar quero dizer que nesse momento começamos a fazer história — concluiu Aécio, desta vez ovacionado por todo plenário.
DO O GLOBO