quarta-feira, 15 de abril de 2015

Oposição dar um "SIM" para a pauta das ruas...

BRASÍLIA — Em um encontro comandado pelo presidente do PSDB, Aécio Neves, e dirigentes do DEM, PPS, PSB, PV e SD, os líderes da aliança que engloba 20 movimentos que levaram cerca de 3 milhões de pessoas as ruas nos últimos meses cobraram duramente dos partidos de oposição no Congresso uma posição concreta e imediata para viabilizar a pauta da mobilização popular que pede o impeachment da presidente Dilma Rousseff, afastamento do ministro do Supremo Tribunal Federal, Dias Toffoli e aprovação das 10 medidas de combate a corrupção apresentadas pelo Ministério público, entre outras.
Aécio e outros parlamentares tentaram argumentar que a oposição atuaria dentro de suas limitações de minoria, que já defende a maioria dos pleitos e que, no caso do impeachment, é preciso buscar um embasamento jurídico. Mas os representantes dos movimentos não se deram por satisfeitos e provocaram uma saia justa que levou Aécio a concordar, ao final, que as oposições unidas diriam “um sonoro sim” a pauta das ruas.
— Nossa ação não começa no dia 15 de março. Se não consegui vencer as eleições, ali começou um despertar da população. Vocês mantém essa chama e temos que continuar um diálogo em busca das convergências. As oposições reunidas já discutem abertamente se houve crime de responsabilidade da presidente Dilma — discursou Aécio para cerca de 50 pessoas que se reuniram na Comissão de Relações Exteriores do Senado.
O presidente do PPS, Roberto Freire (SP) lembrou que não havia maioria para o processo de impeachment do ex-presidente Collor, mas o Congresso se rendeu à pressão das ruas. E disse que o movimento das ruas tinha levado, hoje, a união dos seis partidos de oposição que estavam ali presentes, em bloco.
Coube a Rogério Chequer , do Movimento Vem pra Rua, encostar os parlamentares na parede, argumentando que agora o resultado das manifestações dependia do Congresso. Aécio voltou a ponderar que tinham que se encontrar nas convergências. O presidente do Democratas, José Agripino (RN) completou, dizendo que o processo avançava em etapas. Mais inflamado, o líder do Democratas, Ronaldo Caiado (GO) foi ovacionado ao protestar pela não inclusão da presidente Dilma Rousseff na lista do procurador geral da República, Rodrigo Janot.
— Essa luta começou lá atrás. Nunca capitulamos em momento algum e sofremos todo tipo de retaliação. Aqui vocês tem um grupo de resistência, princípios. Tivemos a coragem de dizer que o impeachment não era golpe, a presidente foi citada 11 vezes na Lava-jato. Vocês não vão se decepcionar conosco. Vamos respeitar as regras democráticas e fazer valer o sentimento das oposições e o peso da sociedade — disse Caiado, aplaudido.
Foi a vez do representante do movimento Instituto Democracia , Paulo Angelim, ser mais direto:
— Queremos que digam agora de forma clara: é sim ou não a nossa pauta?
— Essa já é uma pauta que defendemos há muito tempo, o fato novo é que a sociedade está dando eco ao que já defendíamos — respondeu Aécio.
— Mas é sim ou não! — insistiu Angelim, insuflando o plenário a cobrar, “sim ou não?”
Chequer respondeu que buscar convergências não era suficiente e era preciso agir de forma concreta já.
— Até a rua pode se organizar. Porque a oposição não pode se organizar? Chegamos ao nosso limite de organização, levamos 3 milhões de pessoas as ruas e o impensável aconteceu, fizemos isso sem ter uma vitrine quebrada. O que queremos agora é a demonstração de que o impossível pode ser feito também no Congresso Nacional — cobrou Chequer.
Diante do tom usado pelos manifestantes, Aécio subiu o tom e, mais assertivo, também acabou aplaudido ao afirmar que brigariam sim para dar consequência “ao nó que estava engasgado” na sociedade brasileira.
— Quero deixar claro que viemos aqui para dizer um sonoro sim para a pauta das ruas e queremos o apoio das redes sociais, dos movimentos, isso é o impulso que essa Casa precisa para fazer valer esse sentimento. Vocês tem o instrumento que nos faltava, que é o apoio popular. Então tenho a dizer, primeiro, que vamos atuar juntos sem preconceitos. E em segundo lugar quero dizer que nesse momento começamos a fazer história — concluiu Aécio, desta vez ovacionado por todo plenário.
DO O GLOBO

Com Vaccari, PT atinge fase do sonambulismo


O PT teve três oportunidades para afastar João Vaccari Neto de sua tesouraria. A primeira foi quando o nome do coletor de verbas começou a saltar dos lábios dos delatores da Operação Lava Jato. Quando a Procuradoria da República denunciou Vaccari, o partido perdeu sua segunda oportunidade. No instante em que o juiz Sérgio Moro converteu o denunciado em réu, ficou entendido que o PT já não perde oportunidade de perder oportunidades.
A inação do partido converteu-o numa oportunidade que o doutor Moro aproveitou. No despacho em que ordenou o encarceramento do tesoureiro, o juiz da Lava Jato anotou que “a manutenção dele em liberdade ainda oferece um risco especial pois as informações disponíveis na data desta decisão são no sentido de que João Vaccari Neto, mesmo após o oferecimento contra ele de ação penal pelo Ministério Público Federal […], remanesce no cargo de tesoureiro do Partido dos Trabalhadores.”
“Em tal posição de poder e de influência política”, acrescentou o magistrado, Vaccari “poderá persistir na prática de crimes ou mesmo perturbar as investigações e a instrução da ação penal.''
Vaccari é o segundo tesoureiro petista a conhecer o xilindró por dentro. O primeiro, Delúbio Soares, teve de protagonizar uma expulsão cenográfica da legenda antes mesmo de ser formalmente acusado pelo Ministério Público Federal. O que há de diferente em relação a Vaccari é que, hoje, o PT não é apenas cúmplice e beneficiário da ação delituosa de um tesoureiro. O partido é também mais cínico.
Antes, o PT falava de ética e moral para recriminar os outros. Hoje, quando um petista abre a boca é para dizer que o PT não faz nada que outras legendas também não façam. Sintomaticamente, ao depor na CPI da Petrobras, na semana passada, Vaccari utilizou sua exposição inicial para realçar que as verbas das empreiteiras da Lava Jato foram borrifadas também nas arcas do PSDB e do PMDB.
O PT tropeça quase que diariamente nas suas próprias perversões. Se ainda tivesse alguma noção do que é ética, a legenda teria de mudar integralmente o seu estilo de vida. Mas está de tal modo rendido aos maus costumes que já não age, apenas reage. O partido evoluiu da cumplicidade para o sonambulismo. Vive naquele estado fisiológico em que o sujeito caminha durante o sono e repete movimentos adquiridos pelo hábito. Com Vaccari, a legenda corre o risco de se atirar pela janela de olhos fechados. DO JOSIADESOUZA-UOL

Tesoureiro do PT é preso na 12ª etapa da Operação Lava Jato


O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, é ouvido na CPI da Petrobras, na Câmara dos Deputados, em Brasília (Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados)O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi ouvido na
CPI da Petrobras, na Câmara dos Deputados, na
semana passada(Foto: Luis Macedo/
Câmara dos Deputados)
O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, foi preso nesta quarta-feira (15) na 12ª etapa da Operação Lava Jato, de acordo com informações da Polícia Federal, que realizou a prisão. Ele é investigado por suspeita de receber propina em esquema de corrupção na Petrobras. O mandado contra Vaccari é de prisão preventiva e ele foi detido em casa, em São Paulo.
A polícia prendeu também a cunhada de Vaccari, Marice Correa. O mandado dela  é de prisão temporária. Marice também aparece em investigações sobre o pagamento de propina no esquema da Petrobras.
Além da prisão de Vaccari e da cunhada, a PF executa mandado de condução coercitiva contra a mulher dele, que está sendo ouvida pelos policias em casa. Na condução coercitiva, a pessoa presta depoimento e é liberada.
Desde que surgiram as denúncias, no ano passado, Vaccari tem negado a participação dele e da cunhada no esquema.
O G1 entrou em contato com a assessoria de imprensa do PT, que informou que o partido ainda não tem um posicionamento sobre a prisão do tesoureiro.
A atual fase da Lava Jato, além dos dois mandados de prisão e do de condução coercitiva, executa um de busca e apreensão, também na cidade de São Paulo.
Todos os presos serão levados para a superintendência da PF em Curitiba.
Denúncias
Vaccari já é réu em processo na Justiça Federal do Paraná que investiga as denúncias da Lava Jato. Ele é suspeito de ter recebido propina em esquema de corrupção que atuou dentro da Petrobras.
O ex-gerente da estatal Pedro Barusco, que também é investigado pela Justiça, afirmou em delação premiada que Vaccari recebeu cerca de R$ 200 milhões em nome do PT no esquema investigado pela Lava Jato. As apurações da PF apontam que as propinas eram pagas por empreiteiras que firmavam contratos com a petroleira.
O tesoureiro também aparece em depoimentos de outro delator da Lava Jato, o doleiro Alberto Youssef, apontado como um dos operadores da propina. Ele disse que chegou a enviar um funcionário para a frente da sede do PT em São Paulo com R$ 400 mil para serem entregues a Vaccari.
CPI
Na semana passada, Vaccari deu depoimento à CPI da Petrobras, na Câmara. Em uma sessão longa, negou que tivesse participação no esquema.
Indagado sobre as acusações feitas por Barusco e Youssef, o tesoureiro do PT repetiu reiteradas vezes que os termos dos depoimentos de delação premiada dos dois delatores "não são verdadeiros".
A insistência nessa resposta gerou irritação em alguns integrantes da comissão.
O depoimento de Vaccari na CPI também ficou marcado por um protesto em que um funcionário da Câmara soltou roedores na sala, causando tumulto.
Quando questionado sobre se sua cunhada Marice Correa Lima recebeu R$ 110 mil de Youssef, como o doleiro declarou à Polícia Federal, Vaccari continuou insistindo que os termos das delações não são verdadeiros e que a relação com a cunhada é estreitamente "familiar".  Do G1, em Brasília, e do G1 PR