Daniel Bramatti, de O Estado de S. Paulo
As rodadas de pesquisas eleitorais de agosto mostram que
os partidos de oposição à presidente Dilma Rousseff (PT) lideram
disputas em oito capitais, três delas em importantes polos regionais do
Norte e do Nordeste: Manaus, Salvador e Fortaleza.
Em 2008, quando Luiz Inácio Lula da Silva era o presidente, prefeitos
de oposição foram eleitos em apenas cinco capitais - mas uma delas era
São Paulo, a maior do País, que ficou nas mãos de Gilberto Kassab (PDB,
aliado do tucano José Serra, então principal adversário do PT no âmbito
nacional.
É o DEM, partido que foi praticamente dizimado ao perder
parlamentares nas eleições de 2010 e com a criação do PSD de Gilberto
Kassab , em 2011, quem está à frente em duas capitais importantes,
Salvador e Fortaleza.
Na capital baiana, ACM Neto lidera com larga vantagem (veja quadro
abaixo) sobre o principal adversário, o petista Nelson Pelegrino, que
conta com o apoio do governador Jaques Wagner, também do PT.
Opositor. ACM Neto, que se notabilizou como um dos
parlamentares mais atuantes em Brasília durante o escândalo do mensalão
em 2005, se fortaleceu ao mesmo tempo que Jaques Wagner se desgastou com
as greves da Polícia Militar e dos professores da rede estadual baiana,
ocorridas neste ano, que tumultuaram o cotidiano da população.
Pelegrino, candidato à prefeitura pela quarta vez - derrotado em
1996, 2000 e 2004 - baseia sua campanha na ideia de que as boas relações
com outras esferas de poder são necessárias para se obter recursos para
obras. O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é figura constante nos
programas eleitorais do petista. Já apareceu até prometendo que
Pelegrino vai concluir as obras do metrô da cidade, que se arrastam há
12 anos.
Em Fortaleza, Moroni Torgan (DEM), ex-deputado federal, se propõe a
acabar com os oito anos de domínio do PT na prefeitura. Mas ele é
ameaçado principalmente por Roberto Cláudio (PSB), candidato apoiado
pelo governador Cid Gomes (PSB), e Elmano de Freitas (PT), apadrinhado
pela atual prefeita, Luizianne Lins (PT).
Assim como Torgan, Roberto Cláudio tem atacado Luizianne na campanha,
enquanto Elmano se atrela diariamente ao ex-presidente Lula no horário
de propaganda eleitoral.
Derrotado ao tentar se reeleger senador em 2010, quando teve o
poderio eleitoral de Lula como obstáculo, o tucano Arthur Virgílio
aparece bem posicionado na disputa pela prefeitura de Manaus. Mas sua
principal adversária é Vanessa Grazziotin (PC do B) - justamente quem o
tirou do Senado há dois anos.
No campo governista, o PSB dá sinais de avanço e disputa espaço com o
PT em diversas cidades. Além de Fortaleza, o partido pode acabar
desalojando os petistas da prefeitura de Recife - o candidato do
governador Eduardo Campos (PSB), Geraldo Júlio, deu um salto nas
pesquisas e empatou com Humberto Costa (PT), tido como favorito até
então.
Outros Estados. Fora do Nordeste, o partido de
Campos - que busca viabilizar uma candidatura presidencial em 2014 ou
2018 - também pode reeleger os prefeitos de Curitiba e Belo Horizonte,
além de conquistar Cuiabá, em Mato Grosso.
A dispersão partidária no Brasil fica evidente no quadro de pesquisas
publicado nesta página. Representantes de nada menos que 12 partidos
aparecem como favoritos nas capitais onde há levantamentos recentes dos
maiores institutos - Ibope, Datafolha e Vox Populi.
Nanicos. Há até quatro representantes de partidos
"nanicos" bem colocados. Em Belém, o ex-petista Edmílson Rodrigues pode
ser o primeiro prefeito eleito pelo PSOL em todo o País.
Em Curitiba, Ratinho Jr., do PSC, está empatado na liderança. O PV
pode emplacar Marcelo Lélis em Palmas, e o PRB, de Celso Russomanno,
está na frente na principal disputa do País: a capital paulista.