Membro do Comitê Executivo do
Movimento Avança Brasil
Pesquisa do
Ibope, encomendada pela Confederação Nacional da Indústria e que ouviu duas mil
pessoas, indica que 75% avaliam que Jair Bolsonaro está no caminho certo. Só
14% acham o contrário, e 11% sequer souberam responder. Dos ouvidos, 25% apostam
em um governo ótimo, 39% esperam um governo bom e 14% regular. Apenas 4%
apostam no ruim e 10% numa gestão péssima.
O otimismo é
natural. No entanto, só vai se sustentar se tudo correr bem na economia. Com
toda certeza, Bolsonaro não fará uma gestão temerária como a de Temer – que conseguiu
ser menos ruim que a da Dilma (recém operada do coração). O novo governo
dependerá, como sempre, da melhora econômica no quadro externo. A subida nas
cotações das commodities (que independe da qualidade e capacidade de governo)
salvou a pele de Temer – que bateu recordes de impopularidade, certamente
porque ninguém se esqueceu de que ele foi vice, sustentáculo e derrubador da
Dilma, em dois mandatos.
Bolsonaro e
Mourão têm tudo para acertar, ao mesmo tempo em que o confiante eleitorado não
lhes dá margem para errar. A pressão por resultados será imensa e imediatista.
Por isso, logo no começo da gestão, medidas populares terão de ser mais
impactantes que muitas medidas impopulares inadiáveis. Por isso, é recomendável
não exagerar demais na “urgência-urgentíssima” da reforma da Previdência. O povão
interpreta mal tal mensagem insistida pela mídia sem noção e pelos banqueiros
que desejam faturar alto com o futuro regime de capitalização.
Bolsonaro
já deixou claro que investirá na barata comunicação direta com a população via
redes sociais da internet. A medida, positiva, desagrada à mídia
estadodependente – sobretudo o Grupo Globo. Os concorrentes, como o Bispo Edir
Macedo da RecordTV e Sílvio Santos do SBT insistem que o Governo Federal tem de
promover uma revisão na tradicional política de propaganda e publicidade que
sempre beneficiou os globais com a fatia mais gorda das verbas.
Aliás,
depois de um almoço de duas horas de duração na mansão de Silvio Santos no
Morumbi, Bolsonaro deve ter ouvido uma reclamação do Homem do Baú sobre a Caixa
que rendeu uma “twittada”. Bolsonaro classificou de absurdo os gastos de R$ 2,5
bilhões com publicidade do banco federal. Por isso, Bolsonaro avisou que irá
rever os contratos publicitários da Caixa, Banco do Brasil, BNDES, Secretaria
de Comunicação e “outros” (sobretudo Petrobras e Eletrobrás)...
Além de
administrar melhor a verba oficial de publicidade e propaganda, Bolsonaro também
deve mandar seu superministro Paulo Guedes ficar de olho gordo na habitual e
imensa sonegação de impostos praticada pelos maiores veículos de comunicação
brasileiros. Aliás, nossa mídia aparece nas listas de grandes sonegadores da
Previdência – aquele que desejam reformar por causa dos “rombos”. Aliás,
novamente, seria interessante uma política de transparência total acerca dos “sonegadores”...
Curiosamente,
na transição, o time de Bolsonaro enfrenta a maior oposição do órgão responsável
por cobranças na dívida ativa da União Federal. A turma da Procuradoria Geral
da Fazenda Nacional não aceita que alguém de fora do órgão seja nomeado para
comandá-lo. A PGFN também representa os interesses do governo na negativação de
quem deixa de pagar os impostos em dia.
Aliás, pela
terceira vez, Bolsonaro, Mourão e Paulo Guedes terão de resolver o dilema máximo
do futuro governo: como reduzir gastos e não aumentar impostos para financiar a
gigantesca e voraz máquina estatal. Se demorarem demais para reduzir a carga
tributária, que inviabiliza a sobrevivência de pessoas e empresas, o índice de
otimismo vai para o saco em alta velocidade.
É melhor
Paulo Guedes acelerar ou se preparar fisicamente, para não correr o risco de
ser punido com pagamento de flexões de braço pelos erros que cometer ou pelos
acertos que não praticar. O sucesso do futuro governo depende, demais, do bom
desempenho econômico. O bolso do eleitor está mais sensível que nunca...
Dúvida
Michel
Temer vai extraditar Cesare Battisti para a Itália ou vai deixar a decisão para
Jair Bolsonaro?