sexta-feira, 1 de junho de 2012

Almir Pazzianotto Pinto: O STF e o mensalão

Publicado em 07/05/2012
Descrição: A história do Supremo Tribunal Federal (STF) - como sucede com toda instituição criada e operada por seres humanos - registra altos e baixos. Longos são os capítulos de grandeza e raras as manifestações desabonadoras. Não devemos ignorar, no entanto, a frase implacável de João Mangabeira, encontrada na obra Ruy: o Estadista da República: "O órgão que, desde 1892 até 1937, mais falhou à República não foi o Congresso. Foi o Supremo Tribunal Federal".
Leda Boechat Rodrigues e o ministro Edgard Costa estão entre os grandes historiadores da Suprema Corte. A primeira cuidou, em dois volumes, do período compreendido entre 1891 e 1910. O segundo, em quatro volumes, transcreve julgamentos ocorridos de 1892 a 1966. Entre tantos se destaca o mandado de segurança, cumulado com habeas corpus, em benefício de João Café Filho, afastado da Presidência da República pelo general Henrique Teixeira Lott, ministro da Guerra.
Não cabe aqui analisar os motivos de Lott. Vou-me ater ao voto do ministro Nelson Hungria, quando diz: "Contra uma insurreição pelas armas, coroada de êxito, somente uma contrainsurreição com maior força. E esta, positivamente, não poderia ser feita pelo Supremo, que não iria cometer a ingenuidade de, numa inócua declaração de princípios, expedir mandado para cessar a insurreição. Aí está o nó górdio que o Poder Judiciário não pode cortar, pois não dispõe da espada de Alexandre. O ilustre impetrante, ao que me parece, bateu em porta errada".
Não há paralelo entre essa causa e o "mensalão". Afinal, o País não se encontra às voltas com nenhuma insurreição armada. Tampouco se põe em questão o desassombro e a independência dos srs. ministros do STF. Além da complexidade da matéria, inexiste, contudo, dúvida quanto à estreita ligação política dos acusados com o governo federal da época. Não fosse por isso, seria apenas mais um dos feitos submetidos ao julgamento do Supremo, que, no caso, é foro único e privilegiado.
A causa tramita desde 2006, quando o então procurador-geral da República, dr. Antonio Fernando Barros e Silva de Souza, denunciou ao STF 40 acusados no maior escândalo político das últimas décadas.
A lentidão é inimiga pertinaz do Judiciário. Para certos magistrados, o tempo inexiste, ou não conta. É da morosidade, todavia, que o crime e a impunidade se alimentam. Ignora-se melhor fermento para a corrupção do que a certeza de que o tempo agirá como solvente e fará cair no esquecimento a conduta ilícita.
Algumas justificativas são apresentadas com o propósito de isentar de culpa os juízes vagarosos: a fadiga, o acúmulo de serviço, a impermeabilidade da magistratura a pressões externas. Convenhamos, porém, que dos integrantes do Poder Judiciário se espera disposição para tarefas que, ao se candidatarem ao cargo, sabiam extenuantes.
Quanto ao acúmulo, a morosidade é das maiores responsáveis, por se deixar para amanhã o que se deveria ter feito ontem. A Constituição da República de 1988 assegura, entre os direitos e garantias fundamentais, a razoável duração do processo. A carga mais pesada de trabalho, em qualquer julgamento, incumbe ao relator, cuja tarefa é suplementada pelo revisor. Compete-lhes submeter ao plenário do tribunal relatório que condensará as principais ocorrências registradas no andamento da causa, a fim de facilitar a proferição dos votos restantes.
A informatização facilitou a tarefa de julgar. Além do revisor, os membros do tribunal têm imediato acesso ao relatório, pela rede interna de comunicação. Considero excessivo o prazo de cinco anos, decorridos do recebimento da denúncia, em março de 2012. Não houve escassez de tempo para que os ministros da Suprema Corte se sentissem em condição de julgar.
O egrégio Supremo Tribunal Federal está sob pressão, mas voltado para o interesse geral no julgamento da causa. Pressão legítima, que resulta do sentimento coletivo de cidadania, rogando ao Supremo o cumprimento do dever de se pronunciar.
A nossa mais Alta Corte está farta de saber que não goza de imunidade diante do correr dos dias. Já se ouve dizer que o "mensalão" será julgado somente no segundo semestre deste ano, mas sem definição de data.
Ora, no segundo semestre haverá o recesso judiciário do mês de julho, paralisando os trabalhos da Corte. Em seguida virão as eleições em 5.564 municípios. Dois dos 11 ministros do Supremo Tribunal participam do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Com as atenções divididas entre o STF e o TSE, Suas Excelências terão tempo para se dedicar ao "mensalão"?
Não bastasse, o ministro Carlos Ayres Britto vai se aposentar em novembro, fato que exigirá do Supremo a escolha de novo presidente. Logo depois teremos o recesso de Natal e as férias de janeiro. Essas e outras circunstâncias somadas, não será improvável que o julgamento seja deixado para 2013.
Prescrição é contagem regressiva. A cada hora mais se avizinha o momento em que os acusados serão agraciados pela inércia. A denúncia formulada pela Procuradoria-Geral da República cairá, então, no vazio. Tornar-se-á inútil. Os acusados ficarão livres das acusações pela inexorável ação do tempo. E voltarão a ter ficha limpa, aptos a disputar mandato ou a exercer cargos de confiança.
Não é ao que aspira a Nação vigilante. O povo aguarda que irrecorrível decisão do STF identifique culpados e inocentes. É o mínimo a se esperar do órgão máximo do Poder Judiciário, sobretudo porque os réus o têm como foro único e privilegiado.
Neste momento histórico, os olhos dos brasileiros estão concentrados em três ministros: Ayres Britto, presidente, Joaquim Barbosa, relator, e Ricardo Lewandowski, revisor. Deles se espera que ingressem e permaneçam, com honras e glórias, na História do Poder Judiciário.
Almir Pazziantto Pinto é advogado, foi ministro do Trabalho e presidente
DO B. DO PPS

Lula e Haddad no Ratinho.

Bem, pelo visto começou a campanha eleitoral na TV, mesmo sem o conhecimento do inútil TSE.
Ontem numa descarada troca de favores, onde o EX presidente O capo de tutti capi, Don Defuntone Sebentone, comprou em uma manobra das mais safadas da história desta pocilga, um banco quebrado do empresário Sílvio Santos, com o uso de dinheiro do contribuinte, onde o DESgoverno socializou o prejuízo e deixou o sorridente apresentador, ainda mais sorridente. Na verdade, gargalhando da nossa cara.
Mas, como era de se esperar o Sebento não faz favores a ninguém que não os possa devolve-los no futuro, veio a infame entrevista em horário nobre...Horário Nobre é força de expressão, pois em um horário em que está passando na TV um programa de quinta categoria como essa aberração do Ratinho, não tem nada de nobre.
Mas, enfim, o bigodudo apresentador atendendo a pedidos do patrão, e em um visível e odioso puxa saquismo rastaquera, meteu o Sebento e seu rebento o tal Haddad por quarenta minutos goela abaixo dos desdentados duplo neurônicos que assistem aquela merda.
Só o fato do Sebento estar na TV em um programa do SBT já era motivos para investigações sérias do MP, pois fica evidente a troca de favores entre o empresário e o EX presidente, e de quebra com o puxa saquismo tão em alta nos dias de hoje, todo aquele que lamber a bola esquerda do Sebento sem molhar a direita ganha benesses do estado das mais variadas. O Ratinho tem algumas concessões de rádio e TV.  Portanto aquela bocona de chupar ovos tem função definida.
O mais absurdo é ver que o Sebento mesmo nitidamente envelhecido a abatido pela doença que ele temporariamente venceu, fez tudo aquilo que sempre soube fazer com maestria, mentiu, atacou adversários, fez propaganda política fora de época, enfim, montou o seu bizarro circo de desrespeito as leis e as instituições. 
Mais uma vez o Sebento desafia os tribunais superiores eleitorais e no máximo vai ganhar uma multinha que será paga com dinheiro do caixa dois do PT, ou de alguma maracutaia das obras do PAC.
Sobre o Haddad nem farei comentários, pois ele não passa de outro desajeitado mamulengo criado para servir a seu mestre, assim como A presidANTA Dentuça, e a cambada de baba ovos e bandoleiros amontoados em todas as instâncias da máquina pública da pocilga.
O que eu espero é ver uma reação por parte da oposição para colocar fim a esses desmandos, essa prática odiosa que o Sebento mantém por acreditar que ele é o todo poderoso e a impunidade é sua marca tem que acabar, pelo bem da democracia. Pois a cada dia ele dá mais mostras de que caga e anda para a constituição e as leis. E diante de tamanha afronta e pela prepotência e arrogância em simplesmente detonar o estado de direito e desrespeitar as leis continuamente, é que chego a conclusão de que o Sinistro Gilmar Mendes não está mentindo no assunto do "abafa" mensalão.
O Sebento da provas continuas de que ele acredita estar acima do bem e do mal, e na pocilga ele é dono da boiada que pasta submissamente na estrutura do estado.
Para ele o que importa é o poder, sua megalomania é patológica, e conta com a ajuda de uma multidão de gente sem caráter que vive batendo palmas para maluco dançar.
Em um país sério, no mínimo a candidatura do Haddad seria cassada e o Sebento, assim como o Ratinho, processados.
Mas como vivemos no reino de Banânia, isto é só o começo. As eleições serão daqui cinco meses, preparem-se ainda veremos coisas inimagináveis.
E a oposição....Oras  phoda-se a oposição.
E PHODA-SE!!!!
DI B. O MASCATE

ApeDELTA, controle çoçial da mídia pra quê?

Depois de ver Lula no papel de Ratinho das instituições, da Lei Eleitoral, do decoro e do bom senso, eu me pergunto: por que os petistas e os “pogreçista” alimentados com o nosso dinheiro falam tanto em controle social — quero dizer, “çoçial” — da mídia, hein?
É preciso, sim, investigar o uso de dinheiro público na compra de elogios e, sobretudo, de ataques aos adversários do lulo-petismo. Quando essa gente fala em “controlar a mídia”, certamente não pensa nas emissoras de TV, nas revistas, nos sites e nos blogs que servem à causa, certo? Esses já estão devidamente “controlados”, certo?
O “jornalismo” de que Lula gosta é aquele feito pelos Ratinhos, no diminutivo, no neutro ou no aumentativo. Ontem, por exemplo, não ficaria bem o apresentador fazer perguntas ao ApeDELTA ou a Fernando Haddad sobre as greves nas universidades federais. Seria uma deselegância com os “convidados”.
Ao contrário: o Brasil de Lula que apareceu no programa do SBT não tem defeitos. O candidato à Prefeitura do partido o caracterizou como perfeito. Tudo o que há de bom no país, ele sustentou, foi criado nas gestões petistas. Os problemas são obra da oposição.
É dessa “imprença” que Lula gosta! É dessa “imprença” que Haddad gosta! Por isso a brincadeira de Ratinho, segundo a qual eles deveriam se unir para “bater nos jornalistas” soa tão natural, tão doce, tão aceitável.
Controle social? Quando pensam nessa expressão, têm em mente, por exemplo, a VEJA, a Rede Globo e mais uns três ou quatro veículos. O resto, de um modo ou de outro, já está devidamente “controlado”. O que eles querem, em suma, é censurar a independencia.
Por Reinaldo 
REV VEJA

Empreiteiras fizeram 63 doações ao PT, só em 2011

Partido mais rico do Pais, o PT arrecadou R$ 50,7 milhões em 2011, ano em que não houve eleições, sendo metade de empreiteiras que têm contratos com o governo.
Somente a Andrade Gutierrez doou R$ 4,6 milhões.
Houve doações também de pessoas físicas, 33 no total, mas, curiosamente, apenas duas em cheques.
Todas as demais foram em dinheiro.
As doações estão registradas na Justiça Eleitoral.

Dinheiro em caixa
O PT obteve 89,5% das doações a partidos em 2011. Seu adversário PSDB, R$ 2,3 milhões (4,3% do total), e o PMDB, R$ 2,8 milhões.
Saldo positivo
Pessoas físicas respondem por 33 doações ao PT, no ano de 2011, do total de 126. Empresas privadas doaram 93 vezes.

Sem queixas
O consultor e ex-ministro Antônio Palocci está mesmo bem de vida. Em 18 de agosto de 2011 presenteou o PT com um cheque de R$ 11.800.

Pergunta no banheiro
Depois de dólares na cueca, chegou a era da grana na calcinha, encontrada há dias na Câmara dos
Deputados?

Prefeito petista do Recife ignora Lula e mantém candidatura
Baixinho abusado, o prefeito do Recife, João da Costa (PT), resolveu enfrentar Lula e sua facção, que controlam a direção do PT, e reafirmou sua candidatura à reeleição. Ele venceu as prévias contra o lulista Mauricio Rands, secretário de Governo de Pernambuco, mas a direção do partido anulou a vitória. Na quarta (30), Rands desistiu, numa jogada para fazer do senador Humberto Costa (PT) o “tercius”.
Olho no Senado
O governador Eduardo Campos (PSB) quer Humberto Costa candidato. O suplente, Joaquim Francisco (PSB), poderia ser senador por 6 anos.

Lexotan
A aparente tranquilidade do governador Sérgio Cabral, em relação à Delta na CPMI, contrasta com o nervosismo de auxiliares próximos.

Nas nuvens
Do deputado Luiz Pitiman (PMDB-DF) sobre a quebra de sigilo da Delta nacional:
“Agora, o céu é o limite”.

Tentando outra vez
O secretário-geral da CUT-DF e ex-candidato a deputado Cícero Rôla já tentou antes, em 2008, o impeachment do ministro Gilmar Mendes, do STF, mas o processo foi arquivado no Senado.
Correndo por fora
O ex-prefeito do Rio Cesar Maia (DEM) descobriu “quase oculto no Diário Oficial” um termo aditivo no valor de R$ 16 milhões da prefeitura do Rio de Janeiro para uma obra da Delta.
Rio em obstrução
O relator do projeto que redistribui royalties do petróleo, Carlos Zarattini (PT-SP), fez acordo com estados não-produtores e com Espírito Santo e São Paulo. Já com o Rio de Janeiro, a negociação não sai do lugar.
Tempo de TV
Para o senador Sérgio Petecão (AC), a Justiça Eleitoral deve definir em breve o tempo do PSD na TV: “Agora que Lula brigou com homens da Suprema Corte, não sei se ele consegue adiar mais, não”.

Outras encrencas
O deputado Silvio Costa (PTB-PE), que xingou o senador Pedro Taques (PDT-MT) na CPI, já comprou encrenca com o deputado Miro Teixeira (PDT-RJ) e o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).
Destrambelhado
Após conversa desastrada entre o ex-presidente Lula e o ministro Gilmar Mendes, os deputados se divertem com uma piada: “Se, como metalúrgico, Lula perdeu o dedo, como advogado, perderia a cabeça”.

Bolsa-Ferrari
A fortuna dos ricos no chamado Bric (Brasil, Rússia, Índia e China) cresceu 18,5% em 2011, aponta pesquisa do Boston Consulting Group no jornal Libération. Na Europa e EUA, a riqueza estancou em 6,9%.
O dono do pedaço O presidente do PDT e ex-ministro Carlos Lupi mais uma vez rachou o partido: decidiu que o congresso da Juventude Socialista será no Ceará, terra do afilhado político, deputado André Figueiredo.

Pensando bem...

...com tanto mutismo dos depoentes, a CPMI do Cachoeira deveria ter um tradutor de sinais.
  DO R.DEMOCRATICA

Romário nega ser dono de calcinha perdida no Plenário

Procurada pela reportagem do piauí Herald, a modelo Lilian Ramos disse ter encontrado sua calcinha em 2010
Categoria: Brasil
The piauí Herald
LOJAS MARISA – Em pé e de mãos dadas, membros da oposição cantaram juntos o hino nacional para comemorar a coleta de assinaturas que instaurou a CPI mista e unissex da Calcinha no Plenário da Câmara. Sempre atento às movimentações da Casa, o deputado Romário antecipou-se às investigações e declarou inocência: “Essa não é minha, peixe". E arrematou: "Querem melar meu casamento”.
A calçola encontrada na Câmara tinha proporções avantajadas. Especula-se, por isso, que a peça íntima tenha ligações com a cueca usada para acomodar dólares pelo assessor do deputado José Guimarães, do PT. "Essa calcinha é um disfarce.
Está na cara que ela servia para carregar o caixa 2 do PT", discursou o senador tucano Álvaro Dias, fazendo questão de ressaltar que aquela não era a sua especialidade: "Não entendo nada de pagamento por fora", disse.
A Comissão da Verdade já estuda tomar o depoimento do irmão de Guimarães, José Genoino, porque acredita que pode esclarecer elos subterrâneos entre o sumiço da calcinha e os desaparecidos do Araguaia.

O petista Eduardo Suplicy, que já desfilou com uma sunga de super-herói pelo Congresso ao lado de Sabrina Sato, foi logo colocado na lista dos suspeitos. "Não fui eu.
A minha era igual à do Batman", disse o senador, em discurso de três horas e 17 minutos na tribuna.
Ao final, fez questão de homenagear o cantor Wando, morto este ano, e entoou versos de "Amor gostoso é bicho perigoso".

No departamento de achados & perdidos do Congresso, a PF encontrou apenas 263 caixas de Viagra e 187 de Cialis, além de 92 vidros de óleo de peroba e 35 espingardas.
Não foi confirmada a informação de que havia maços de dólares de proprietário não identificado no local.
A calcinha teria sido incinerada. Sabe-se apenas que ela era branca e vermelha, grande e de algodão. "São as cores da bandeira do PT", acusou Álvaro Dias. "As minhas são púrpura, sintéticas, tamanho P", reagiu Marta Suplicy em nota oficial, em que grifa a letra "P".

Ao saber do ocorrido, Gilmar Mendes entrou em novo transe e vociferou: “Essa calcinha foi planatada para desviar as atenções do mensalão.
Qualquer bestalhão ignorante idiota débil mental otário estúpido cretino apedeuta imbecil com um neurônio sabe disso".

Anthony Garotinho divulgou novas fotos de Sérgio Cabral e Cavendish jantando em Paris com calcinhas na cabeça.
  31/05/2012

DO R.DEMOCRATICA

Lula e Haddad no Ratinho: crime que compensa


Não é verdade que o crime não compensa. É que, quando compensa, muda de nome. Na seara eleitoral, por exemplo, chama-se esperteza. Na noite passada, Lula e Fernando Haddad pisotearam a lei no Programa do Ratinho (aqui e aqui). E daí? Nada. Reza a jurisprudência do TSE que a propaganda eleitoral antecipada é um dos crimes que compensam no Brasil.
No papel, a lei é clara: antes de 6 de julho, nada de campanha. A partir dessa data, a propaganda estará parcialmente liberada –na internet e em carros de som, por exemplo. No rádio e na tevê, só a partir de 21 de agosto. O que torna o crime eleitoral compensatório é a pena: multas de R$ 5 mil a R$ 25 mil. Coisa risível.
Uma das graças da sucessão presidencial de 2010 foram as multas do TSE. Nunca os candidatos se portaram mal tão bem. Dilma Rousseff e José Serra, os dois principais contendores, travaram uma gincana. Na pele de cabo eleitoral, Lula tornou-se um colecionador de multas, desequilibrando o jogo. E daí? Nada.
Uma passagem de março de 2010 dá uma ideia da piada. Lula discursava num pa©mício realizado na cidade de Osasco. Falava para uma multidão, atraída pela entrega das chaves de apartamentos populares. Exibia Dilma a tiracolo. A Alturas tantas, fez troça de uma multa que o TSE lhe impusera na semana anterior.
“Não adianta vocês gritarem nome porque eu já fui multado pela Justiça Eleitoral, R$ 5 mil, porque eles disseram que eu falei o nome de uma pessoa. Pra mim não tem nome aqui”, disse Lula. A platéia, que até então não pronunciara nome nenhum, pôs-se a gritar: “Dilma, Dilma, Dilma…” E Lula, entre risos: “Se eu for multado, vou trazer a conta pra vocês. Quem é que vai pagar a minha multa? Levanta a mão aí”.
Nessa época, presidia o TSE o ministro Ricardo Lewandowski. Instado a comentar o surto criminoso que tisnou 2010, ele tirou o corpo do tribunal fora: “Aplicamos rigorosamente as multas que estejam previstas na lei eleitoral. Não cabe nos pronunciarmos sobre a eficácia das multas, se poderia ser maior ou menor. Foi o Congresso que fixou os valores”.
Meia-verdade. As multas, que já eram ridículas, haviam sido abrandadas pelos congressistas numa minireforma eleitoral aprovada no ano anterior. Mas o TSE, na hora de julgar os “delitos”, exibiu uma jucunda preferência pela cifra mixuruca de R$ 5 mil, a pena mínima.
Pela lei, a reiteração do crime eleitoral sujeita o candidato à cassação do registro. Se eleito, pode não ser diplomado. A presença de Dilma no Palácio do Planalto é prova de que o crime, quando chamado de esperteza, compensa. O melhor a fazer é revogar a hipocrisia, liberando a propaganda. Na média, o eleitor brasileiro já está suficientemente maduro. Já não é todo composto de ingenuidade.

DO B. DO JOSIAS DE SOUZA

PARA RELAXAR-TUTTY-HUMOR

 Assim não dá!
Não sei se você reparou, mas o ministro Gilmar Mendes gritou “pega ladrão” em Brasília e ninguém correu!
Desse jeito fica difícil pegar os caras!
 Coisa de tarado
 o deputado que deixou cair de seu bolso no plenário da Câmara uma calcinha vermelha e branca GG é até agora o único suspeito de envolvimento no roubo de um vibrador de ouro de R$ 8 mil levado de uma sex shop em Brasília.
Claro que, mais até que qualquer outro no Congresso, o suspeito tem o direito constitucional de ficar calado.
Especialista
Praticamente esgotada sua missão na Síria, Kofi Annan já tem novo plano de paz fadado ao fracasso.
O ex-secretário-geral da ONU deve trocar Damasco por Brasília nos próximos dias.
Coisas de doido
A rapaziada está confusa! Afinal de contas, o cara que no futuro cultivar maconha para consumo próprio valendo-se das mudanças no Código Penal poderá ser multado com base no novo Código Florestal quando cismar de queimar toda a plantação numa social com amigos?
Por dúvida das vias, já tem maconheiro politicamente correto por aí – os da USP e do Posto 9 de Ipanema, em especial – reservando parte da gaveta onde pretende plantar sua ervinha particular para implantação das chamadas Áreas de Preservação Permanente (APPs) com pés de orégano, manjericão, alecrim e outras espécies nativas da horta.
Não deve ser fácil para quem fuma esse troço – ô, raça! – acompanhar o debate legislativo frenético em curso no Congresso, com todas essas questões discutidas simultaneamente ao bate-boca político em destaque no noticiário.
Se careta já é difícil entender, imagina chapado!
O suposto conflito de códigos aqui relatado não faz, evidentemente, qualquer sentido, mas também não parece nada tão absurdo de se imaginar quanto o último encontro entre Lula e Gilmar Mendes em Brasília. Acho que estamos todos ficando doidos!
Sorte de quem consegue esquecer, né não?
DO ESTADÃO

Num país sério, os estupradores da lei eleitoral sairiam algemados do SBT


Foi um comício ilegal estrelado por um pecador sem remédio nem limites, permanentemente empenhado em desmoralizar as normas que regem eleições no Brasil.
A captura do achacador de juízes do Supremo libertou o atropelador da legislação eleitoral. Nesta quinta-feira, com a cumplicidade militante do apresentador do Programa do Ratinho, Lula deixou em casa o chantagista a serviço da quadrilha do mensalão para incorporar num estúdio do SBT, durante 40 minutos, o animador de palanque a serviço de si próprio e de companheiros do PT. O que se viu na tela foi mais que propaganda eleitoral antecipada. Foi um comício ilegal estrelado por um pecador sem remédio nem limites, permanentemente empenhado em desmoralizar as normas que regem eleições no Brasil.
Na primeira parte da afronta transmitida ao vivo, o protagonista do espetáculo do deboche deixou claro que transforma até câncer em instrumento de caça ao voto. O relato da temporada no hospital foi enfeitado por um fundo musical de teatrão, mensagens açucaradas, cenas do filme “Lula, o Filho do Brasil”, depoimentos lacrimosos e reportagens pautadas pela sabujice. “Ele foi um grande presidente para nós brasileiros, que o adoramos, o amamos”, derramou-se, por exemplo, o ex-jogador Ronaldo. Há poucos anos, o Fenômeno aposentado só achava que “ele bebe pra caramba”.
Num dos vídeos que escancararam o crime premeditado, a locutora caprichou no fecho glorioso, ilustrado por imagens do herói que acabara de nocautear a doença: “Parecia a fênix renascendo das cinzas. O homem está de volta. E com a corda toda”. Ratinho deu-lhe mais corda ainda: por que a saúde não é tão boa?, quis saber o anfitrião da farra eleitoreira. Por culpa da oposição, garantiu Lula sem ficar ruborizado. Se o imposto do cheque não tivesse acabado, mentiu, os pacientes do Sírio Libanês hoje estariam morrendo de inveja dos fregueses do SUS.
Animado com a sintonia da dupla, Ratinho fez a proposta ao vivo: “Vamo montá um programa de entrevistas, Lula? Teve um monte de jornalista que bateu em você, vamo dá o troco neles”. O convidado gostou da ideia. ”Um dia desses vocês vão se surpriendê, que eu vou vir aqui trabalhá com o Ratinho”, ameaçou, olhando para a plateia. Foi a senha para o início da segunda parte do show repulsivo, concebida para resgatar Fernando Haddad do buraco dos 3% nas pesquisas.
“Por que você escolheu o Haddad?”, cochichou Ratinho. Close no ex-ministro da Educação, risonho na fila do gargarejo. “Acho que São Paulo precisa do Haddad”, comunicou o palanque ambulante. Outro close na salvação dos paulistanos. “Vem pra cá, Haddad”, ordenou Ratinho, que retomou o tema que o preocupa enquanto o candidato se ajeitava na poltrona: o que pode fazer um prefeito para melhorar a saúde?
“As coisas que dependem do ex-presidente Lula e da presidenta Dilma, que é gerar emprego e distribuição de renda, isso está sendo feito”, declamou Haddad. Na maior cidade brasileira, ensinou, a saúde só não é de primeiro mundo porque o prefeito é do PSD e o governador é do PSDB. O padrinho aparteou o afilhado para jurar que nunca antes neste país houve um ministro da Educação tão competente. Quem construiu uma escola por dia é capaz de inaugurar um hospital por mês já no primeiro ano de governo.
Liquidada a questão municipal, começou a sucessão presidencial. Lula será candidato em 2014?, passou a bola Ratinho. “A única hipótese de eu sê candidato é a Dilma não querê se candidatá, eu não vô deixá que um tucano dirija esse país”, devolveu Lula. “O Zé Serra tá ralado”, chutou Ratinho de bico. Só na prorrogação o apresentador pareceu lembrar que andou lendo alguma coisa sobre Lula e Gilmar Mendes. O que houve mesmo?, perguntou.
“Quem inventou a história que prove a história”, cortou o lobista dos mensaleiros. Ratinho completou de canela: “”Quem gosta de você, gosta de você. Quem não gosta de você, não gosta de você. Quem é indiferente, vai ser indiferente”. Tradução: quem tem chefe não pode deixar de aplaudi-lo mesmo que apareça nu no Parque do Ibirapuera, com uma carabina engatilhada e avisando aos berros que vai liquidar a tiros a herança maldita legada por FHC. Lula, é verdade, não fez isso. Fez coisas piores.
Num país sério, a dupla sairia algemada do SBT por determinação da Justiça eleitoral. Nestes trêfegos trópicos, o ex-presidente continua fazendo impunemente o que quer. A apresentação de Lula e Ratinho começou com todo mundo cantando o hino do Corinthians. Deveria terminar com a chegada de um batalhão da polícia. Como isto é o País do Carnaval, só não terminou com a entrada de um batalhão de mulatas por falha da produção.
DO MOVCC

No Ratinho, Lula rói a Lei Eleitoral, os fatos, as instituições, o decoro, o bom senso… É o passado que insiste em não passar; é a rabada privada paga com a rabada pública!

Caros, o texto ficou longo (grande novidade!!!), mas acho que dá conta de quase todos os aspectos daquele grotesco espetáculo de ontem à noite. Avaliem. Se gostarem, espalhem.
*
Há dias a transgressão à Lei Eleitoral estava anunciada. Lula daria a sua primeira entrevista depois de deixar a Presidência da República ao Programa do Ratinho, do SBT. O SBT é a emissora do empresário e ex-banqueiro Silvio Santos, cujo banco, o Panamericano, quebrou, deixando um rombo de R$ 4,3 bilhões na praça. Isso deveria lhe ter custado o patrimônio pessoal e empresarial. Mas saiu ileso, sem gastar um centavo. O então presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, deu um jeitinho. Foi um dos maiores escândalos financeiros do país. Voltarei ao ponto mais abaixo. Pois bem: os petistas anunciavam, e a imprensa noticiava: a “entrevista” ao apresentador Ratinho será a primeira de uma série de aparições do ex-presidente em programas de TV para tentar catapultar a candidatura de Fernando Haddad (PT) à Prefeitura de São Paulo. Ou por outra: o desrespeito à Lei Eleitoral estava sendo, por espantoso que pareça, anunciado. Fazia-se a crônica do crime antes mesmo de ele acontecer. E assim se deu. Só não se esperava que pudessem ir tão longe — aposta sempre perdida quando se trata de Lula. E foram! Haddad, em pessoa, apareceu a tiracolo, para ter suas virtudes exaltadas por Lula e para tentar, ele mesmo, com peculiar ruindade, vender o seu peixe. Um escracho! Um acinte! Um deboche! A maracataia que livrou a cara e o bolso de Silvio Santos vivia ali mais um capítulo das compensações, da política do “é dando que se recebe”.
Ataque boçal e antidemocrático
Lula — com o concurso do SBT, é evidente! — não foi além do aceitável apenas quando apareceu com seu candidat, um notável desajeitado, que mal escondia a condição de boneco de mamulengo. A certa altura do programa, Ratinho perguntou — com aquela falsa espontaneidade que, admita-se, o apresentador encarna muito bem — se o petista admitia voltar a se candidatar à Presidência da República. Depois de afirmar, obviamente, que Dilma tentará a reeleição, que está fazendo um trabalho extraordinário, não se conteve: “Se ela não quiser ser candidata, vou ser. Não vou permitir que um tucano volte a ser presidente do Brasil”. Ainda que a resposta pareça banal na sua boca e, até certo ponto, esperada, é bom que se destaque: não há democracia respeitável no mundo que aceite uma intervenção como essa. Lula transforma um dos partidos de oposição numa anátema, como se, na Presidência, tivesse feito um mal ao Brasil. É essa abordagem verdadeiramente criminosa que o petismo tem da política que me causa — a mim e a quantos possam prezar o regime democrático — repúdio. Ratinho, com Haddad ali presente, numa programa que tinha justamente o objetivo de tirá-lo da obscuridade eleitoral, não perdeu tempo. Olhou para as câmeras e disparou:
— Zé Serra, cê tá ralado!
O empresário Ratinho, dono de concessões de emissoras de televisão, de tonto só tem o andado e o jeitão. É espertíssimo. Sabe que o tucano José Serra é candidato à Prefeitura de São Paulo e, pois, adversário de Haddad, não à Presidência. Mas estava ali prestando um serviço. Lula havia dado a Silvio Santos, afinal, quando fez a maracataia do Panamericano, bem mais do que aquilo. A dívida, aliás, é impagável!
Pagando a rabada de Ratinho com a rabada do povo
Lula está com a aparência doentia, ainda bastante inchado e rouco, mas o caráter, o que ele tem, já está cem por cento. Nos primeiros instantes de programa, contou que havia prometido a entrevista ao apresentador porque eram amigos pessoais: “Já comi rabada na casa do Ratinho, e o Ratinho comeu rabada na Granja do Torto”. O valor de uma e de outra é certamente irrisório, mas não o simbolismo. O apresentador pagou a iguaria que ofereceu a Lula com seu próprio dinheiro, e Lula pagou a que ofereceu a seu amigo com o nosso. Mutatais mutandis (e põe uma montanha de “mutandis” aí…), o acordão do Panamericano foi uma rabada pública de dimensões pantraguélicas! Mas ainda não é a hora de falar disso. Sigamos.
O país de Lula é assim, fraterno, feito de amizades, compadrios, arranjos, acertos, conversas ao pé do ouvido, transgressões legais, artimanhas, manhas, arranjos à socapa, ilegalidades à sorrelfa, cochichos… À guisa ainda do troca-troca de rabadas, repetiu uma das divisas da República da Companheirada:
“Eu costumo dizer que um irmão nem sempre é um grande companheiro, mas que um companheiro é sempre um grande irmão”.
Na plateia, o irmão Luiz Marinho, prefeito de São Bernardo (com os cabelos tingidos, mais negros do que as asas da graúna) e, claro!, Haddad, que logo seria chamado para uma das cadeiras dos entrevistados.
O câncer e o ataque a quem tem plano de saúde privado
Aí chegou a hora da exploração eleitoreira do câncer. Lula fez digressões sobre a sua boa saúde até então, sem tomar remédios — no máximo, disse, ingeria uns Engovs para minimizar os efeitos da “marvada pinga” —, até que recebeu a notícia da doença. Fez um resumo até bem-humorado das dificuldades para, ora se não faria isto!, atacar aqueles que votaram contra a CPMF e, pasmem!, os brasileiros que têm plano privado de saúde! O homem que se tratou num dos hospitais mais equipados e caros do mundo — teria sido tudo pago por seu plano de saúde??? — tem clara noção do contraste entre o tratamento que ele recebe e aquele dispensado por seu governo à população pobre, certo? Quem é o responsável por isso? Ora, os que votaram contra a CPMF! “Se a gente quiser que o povo tenha o tipo de tratamento que eu tive, tem de ter dinheiro”. Não! Lula não foi se tratar no SUS — que ele chegou a declarar “perto da perfeição” e a oferecer como modelo a Obama. Preferiu o Sírio-Libanês. E afirmou, de modo um tanto oblíquo, que o conjunto dos brasileiros só não tem um Sírio-Libanês para chamar de seu por culpa dos adversários.
A mentira escandalosa sobre os planos de saúde
Está, sim, um tanto alquebrado, mas, afirmei, o caráter continua o mesmo. É o que sempre digo: doença não é categoria de pensamento, não melhora ninguém. Aproveitou, ainda, para fazer caricatura dos brasileiros que pagam plano privado de saúde, que seriam uns reclamões injustos: “Quem paga o plano de saúde dele? É o estado brasileiro, que não recebe imposto!” Trata-se de uma falsificação grosseira da verdade. Lula sabe muito bem o que é Imposto de Renda e como funciona — o governo petista bate sucessivos recordes de arrecadação. Quando o contribuinte declara os gastos de saúde está apenas — atenção! — deixando de ser tributado sobre aquele valor, mas é mentira que o estado esteja pagando alguma coisa! O coitado está efetivamente tirando um dinheiro do bolso para financiar a sua saúde e a da família. A afirmação é uma mentira, uma vigarice! Terá a oposição prestado atenção que o petista hostilizou, com essa afirmação, milhões de brasileiros obrigados a aderir à saúde privada para fugir do “sistema quase perfeito” de Lula? Se fosse ágil, estaria amanhã nas redes sociais fazendo esse debate. Mas até acordar do sono eterno…
Aí chegou a hora de Haddad
Aí chegou a hora de Haddad. Como quem não quer nada, como se a pergunta tivesse acabado de lhe ocorrer, Ratinho indagou por que ele escolhera o ex-ministro da Educação como candidato à Prefeitura de São Paulo. E o ApeDELTA explicou que queria alguém com uma cara nova, que tinha criado o ProUni e 14 universidades federais (mais um número mentiroso!). O candidato, então, foi chamado a integrar a mesa, como entrevistado. Tudo estava tão organizado, que havia até uma “reportagem” com uma estudante do quarto ano de medicina, financiada pelo ProUni. Ela, claro, estava gratíssima aos dois petistas. Setenta por cento das universidades federais estão em greve. Algumas delas não contam nem com sistema de esgoto. Aulas estão sendo ministradas em barracões e prédios improvisados. E isso é apenas um fato. Em 2010, formaram-se menos estudantes em universidades públicas do quem em 2004!
Exibindo notável falta de treino, um tanto desenxabido, Haddad engrolou ali um discurso segundo o qual os críticos do Bolsa Família (???) acusavam o programa de assistencialista — o que, atenção!, é falso! Lula roubou o programa do governo FHC, como já provei aqui. Antes de adotá-lo como seu, quem dizia que programas de bolsa deixava o pobre preguiçoso, “sem vontade de plantar macaxeira”, era o próprio Lula. E já estava na Presidência da República. Indagado por que quer ser prefeito, Haddad afirmou que pretende melhorar a vida das pessoas do portão para fora — tarefa que seria da Prefeitura — porque, do portão para dentro, tudo o que aconteceu de bom aos brasileiros é obra de Lula e, vá lá, de Dilma. E teve a cara de pau de falar justamente sobre  saúde, como se o governo do PT não administrasse o país, estados e cidades em que a área vive em petição de miséria. O atendimento na rede municipal de São Paulo é muito superior àquele dispensado pelo governo federal.
Lula retomou a palavra. Pelo visto, está disposto a ressuscitar a sua pantomima do arranca-rabo de classes — justo o homem que comandou o arranjo de mais de R$ 4 bilhões do Panamericano… Já chego lá! “Muita gente diz que o Lula só cuida dos pobres”… Meus Deus! Que calúnia! Muita gente diz que eu me pareço com o Brad Pitt, e eu não me ofendo… Ora, quem diz isso? Desconheço. Eu acho que o Lula cuida é mal dos pobres. O ProUni, por exemplo, com raras exceções, é o quê? Faculdade ruim, paga com dinheiro público, para os… pobres! Os ricos vão para as universidades públicas. Mas isso fica para outra hora.
SBT X Record e os evangélicos
Ali pelo fim da entrevista, algo curioso se deu. Ratinho anunciou que o Ibope do seu programa estava maior do que “o da emissora do bispo”, referindo-se à Record, de Edir Macedo, que concorre com o SBT no esforço de puxar o saco de Lula e do PT. E disse ao ApeDELTA: “Eu estive com o apóstolo Valdomiro [na verdade, é "Valdemiro"], e ele te mandou um abraço. E Lula: “Eu quero falar com ele!” Ratinho responde: “Posso marcar?” O petista disse que sim.
Pois é… Haddad é amplamente rejeitado, por enquanto, pelos cristãos, tanto católicos como evangélicos, por causa do kit gay preparado para as escolas e da defesa fanática que o PT faz da descriminação do aborto. Valdemiro, originalmente um desgarrado da Igreja Universal do Reino de Deus, de Macedo, é dono da Igreja Mundial do Poder, uma das pentecostais que mais crescem. E esse crescimento tem-se dado justamente sobre a Universal, tomando-lhe fiéis e pastores. Os dois donos de igreja travam uma batalha feroz, com pesadas acusações mútuas. Macedo já pôs o, por assim dizer, “jornalismo” da Record para atacar o adversário do mercado da fé. É bem possível que Lula queira falar com o concorrente de seu amigo Macedo para promover a paz religiosa… O dono da Universal também é proprietário (!) de um partido político, o PRB, que tem, por enquanto, um candidato à prefeitura de São Paulo: Celso Russomano. Nada, certamente, que o Babalorixá de Banânia não possa resolver.
Agora o Panamericano
Em 2008, o Banco Panamericano já estava quebrado. Mesmo assim, em 2010, a Caixa Econômica Federal comprou 49% das ações da instituição. Um ano depois, estava quebrado, com um rombo de R$ 4,3 bilhões. A única saída seria Silvio Santos arcar, conforme a lei, com os seus bens pessoais e os das suas empresas. A menos que aparecesse um super-Lula no meio do caminho, como apareceu. O Fundo Garantidor de Créditos (FGC) ficou com o espeto. Luiz Sandoval, ex-presidente do Grupo Silvio Santos, contou tudo à Folha numa entrevista no dia 11 de março. A história de que o FGC é só dinheiro privado é conversa para boi dormir. A “sociedade” com a CEF rendeu a ignominiosa reportagem da “bolina de papel” em 2010, lembram-se? A operação salva-Sílvio, rende agora a campanha eleitoral arreganhada para Haddad. Dado o tamanho do socorro — R$ 4,3 bilhões —, vem mais coisa por aí.
Os truques
É quase certo que a patranha desta quinta será lavada com convites aos demais candidatos à Prefeitura. Aposto que Serra e alguns outros serão convidados, sob o pretexto de garantir condições iguais a todos. Eles irão, claro! Mas se trata de um truque. Não haveria nada de errado em Lula conceder uma entrevista e elogiar fartamente as gestões petistas. Do mesmo modo, o candidato Haddad poderia ter sido entrevistado (outros teriam a sua chance). A malandragem está na operação casada, no uso de um programa de TV para que Lula faça proselitismo em favor do outro, transformando uma suposta entrevista em horário eleitoral gratuito. Ratinho e o SBT puseram um programa da emissora a serviço do lançamento de uma candidatura. A propósito: caso os demais candidatos sejam convidados, devem exigir da produção “reportagens” com pessoas gratas à sua atuação pública.
“Vamos bater nos jornalistas”
Ratinho encerrou o programa fazendo um gracejo, convidando Lula para um programa em conjunto, na televisão. Seria o certo. Finalmente, a vocação de animador de auditório! O apresentador emendou: “Tem muito jornalista que bateu em você; vamos bater neles”. E Lula respondeu: “Vamos entrevistá-los“. Trata-se de um gracejo revelador, a exemplo do troca-troca das rabadas. Políticos não entrevistam jornalistas porque estes, na sua profissão, não se candidatam a cargos públicos nem são sustentados pelo povo — há alguns que são, mas não são jornalistas, e sim paus-mandados. Lula nunca entendeu direito o trabalho da imprensa, não é? Daí que se dedique, com frequência, a tentativas de censura e intimidação.
Indagado, finalmente, e de forma indireta, sobre o caso Gilmar Mendes, o petista afirmou que não falaria a respeito se limitou a dizer: “Quem acusou que prove”! Pois é! Só se Gilmar Mendes estivesse com um microfone na lapela. O relevante é que todo mundo sabe o que aconteceu. Não estivesse Lula ali a roer a Lei Eleitoral, os fatos, as instituições, o decoro e o bom senso, talvez um ou outro ainda pudessem ter direito à dúvida. Mas como duvidar?
Como acreditar num Lula que se dizia respeitador da lei enquanto a desrespeitava uma vez mais? O passado não quer passar. O passado quer ficar. A tradição de todas as gerações mortas insiste em oprimir como um pesadelo o cérebro dos vivos, como disse aquele…
Ave, Lula! As instituições, que hão de sobreviver, o espreitam! 
Texto publicado originalmente às 5h10
Por Reinaldo Azevedo
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