quarta-feira, 4 de abril de 2018

Nossa resposta à Anistia Internacional é a seguinte:



A Organização Anistia Internacional fez o seguinte comentário sobre a declaração do Comandante do Exército Brasileiro, General Eduardo Villas Bôas:
A Anistia Internacional vem a público manifestar seu repúdio às declarações do Comandante do Exército General Villas Boas. As declarações do General são uma grave afronta à independência dos poderes, ao devido processo legal, uma ameaça ao Estado Democrático de Direito e sinalizam um desvio do papel das Forças Armadas no Brasil.
Nossa resposta à Anistia Internacional é a seguinte:
O povo brasileiro vem a público manifestar seu repúdio à declaração da Anistia Internacional, pois ela representa uma grave afronta à nossa soberania e à nossa independência, e constitui-se em uma ingerência indevida de um organismo internacional burocrático globalista que não possui legitimidade alguma para imiscuir-se em assuntos internos de estado soberanos.
A declaração dessa entidade não constitui-se em ameaça ao Estado Soberano Brasileiro pelo simples fato de que a Anistia Internacional é um órgão burocrático desprezível e materialmente irrelevante, cuja única função é promover guerra política e propagandística contra os estados soberanos nacionais com o objetivo de atender a uma agenda globalista comunista.
A entidade que agora comete a afronta de questionar a fala de uma legítima e inquestionável autoridade do Estado Brasileiro na figura do comandante do seu exército nacional, o faz com a mesma pateticidade de um rato que ruge, e é a mesma entidade que mantém-se calada quando membros do crime organizado protegidos pela esquerda, e por entidades como a própria Anistia Internacional, matam policiais ou impõem toques de recolher à população civil desarmada nas áreas controladas pelo crime.
A Anistia Internacional que comete a afronta julgar-se no direito de imiscuir-se em assuntos internos de uma nação soberana por meio de rugidos de um rato, é a mesma entidade que manteve-se calada quando o líder criminoso petista ameaçou provocar a desordem social no País convocando seu Exército de Stédile, a versão comunista-tupiniquim do Exército de Brancaleone. É a mesma Anistia Internacional que nunca emitiu uma linha sequer sobre as mortes até hoje não esclarecidas de Celso Daniel e Toninho do PT.
Os brasileiros repudiam a afirmação da Anistia Internacional, não porque essa entidade comunista-globalista tenha alguma relevância. Pelo contrário, repudiam justamente por ser essa entidade irrelevante e desprezível o bastante e, por conta de sua irrelevância, não poder em circunstância alguma arvorar-se no direito de achar que tem algo a dizer, ainda que seja por meio do rugido de um rato, sobre assuntos internos de um país soberano como Brasil. DO CRITICANACIONAL
Colaboração de Angélica Ca, editoria internacional. #CriticaNacional #TrueNews #RealNews

A hora escura do Supremo - EDITORIAL O ESTADÃO

quarta-feira, abril 04, 2018

ESTADÃO - 04/04
A concessão de um indulto não será apenas para Lula, mas para todos os condenados em crimes de corrupção


A presidente do Supremo Tribunal Federal, ministra Cármen Lúcia, veio a público, em pronunciamento anteontem na TV, para pedir “serenidade”. O apelo foi uma tentativa de acalmar os ânimos ante o clima de tensão envolvendo a sessão do Supremo que analisará, hoje, o pedido de habeas corpus do ex-presidente Lula da Silva. Embora louvável, a iniciativa da ministra Cármen Lúcia tende a ser tardia e inócua, pois quem quer que se sinta contrariado com a decisão do Supremo não reconhecerá a legitimidade do resultado. E isso só acontece porque o Supremo não vem se dando ao respeito, especialmente no que concerne ao caso do ex-presidente Lula.
De nada adianta a ministra Cármen Lúcia vir agora pedir que “as diferenças ideológicas não sejam fonte de desordem social” nem declarar que “problemas resolvem-se garantindo-se a observância da Constituição”, pois não é com platitudes como essas, por mais bem-intencionadas que sejam, que se desarmam espíritos exaltados nem muito menos se recobra a deferência perdida pelo Supremo. A máxima Corte do País está diante do grande desafio de recuperar a dignidade, arruinada desde que se acocorou perante Lula da Silva.
Não é uma tarefa trivial, pois esse tribunal vem se esforçando para dar ao País a impressão de que ali não vigora apenas uma Constituição, a do Brasil, mas sim 11 “constituições”, cada uma criada por um ministro. Para cada caso, a depender dos interesses em jogo, que pouco têm a ver com a seara do direito, inventa-se uma interpretação sob medida para aquele problema específico, desorientando os tribunais inferiores e induzindo seus juízes a tomar decisões não conforme uma jurisprudência – pois há poucas sentenças recentes do Supremo dignas desse nome –, mas sim segundo suas próprias convicções. Assim, o ativismo político do Supremo é replicado por todo o sistema, gerando enorme insegurança judiciária.
Há ministros do Supremo que enxergam essa Babel hermenêutica com laivos de estranho romantismo. Luís Roberto Barroso, por exemplo, manifestou recentemente a ideia de que cabe ao Judiciário, em geral, e ao Supremo, em particular, “empurrar a História” rumo a “avanços civilizatórios”. Discurso semelhante caracterizou as ideologias totalitárias do século 20, cujos líderes julgavam saber o que a História reservava à sociedade, cabendo a esta apenas aceitar as decisões desses iluminados profetas para acelerar o passo histórico na direção do futuro glorioso.
Barroso reconheceu que houve um “aumento da discricionariedade dos juízes”, mas isso se deu em razão do fato de que, segundo ele, “o Legislativo foi perdendo a capacidade de antever problemas da vida e dar soluções”. Portanto, segundo esse raciocínio, nada mais natural que os magistrados, de vez em quando, legislem – em respeito a sabe-se lá que interesses. Como resultado, o Supremo, a despeito do que o formalismo de suas sessões e a linguagem empolada de seus membros sugerem, tornou-se terra em que prevalece o grito de quem pode mais.
Num ambiente assim, é claro que tipos como o sr. Lula da Silva se sentem em casa. Matreiro como ele só, o demiurgo de Garanhuns parece intuir que a lei não serve para ele, pois sempre terá o Supremo para interpretá-la a seu favor – razão pela qual pode sair País afora a fazer comícios fora de época, a insultar juízes, promotores e a imprensa e a enxovalhar a imagem do Brasil no exterior sem que nada lhe aconteça.
Quando disse confiar nas “instâncias superiores”, Lula tinha certeza de que ali, no Supremo, seu caso teria tratamento político – porque, do ponto de vista jurídico, não cabiam mais dúvidas sobre sua culpa. Infelizmente, o petista pode ter razão.
Diante disso, a Nação espera não ter que assistir hoje a um espetáculo que no entanto todos temem – a concessão de um indulto não apenas para Lula, mas para todos os condenados e réus nos mais graves crimes de corrupção que avassalaram este país. Que tal maracutaia – que poderia receber o nome de “princípio Lula” – não seja o desfecho que sugerem obscuras conversas de bastidores de políticos sem voto.

Movimento suprapartidário tenta pegar carona no caso Lula para derrubar prisão a partir da 2ª instância



Um movimento suprapartidário ganhou força nos últimos dias para pegar carona no julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula e com isso criar uma repercussão geral para derrubar no Supremo Tribunal Federal a prisão a partir da condenação da 2ª instância.
Com a situação de vários políticos na mira da Lava Jato e de outras investigações, até mesmo partidos adversários ao PT passaram a defender o caso do ex-presidente, para forçar o STF a rever o entendimento firmado em 2018.
Diante disso, partidos do chamado centrão, como o PP, PR e PTB, e até mesmo o PMDB, passaram a apoiar o PT publicamente. Até recentemente, esses partidos ficaram em lados opostos durante o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff. Mas diante de uma aflição generalizada de investigados, o pragmatismo falou mais alto.
“O que está em jogo nesse momento é aquilo que a Constituição prevê. Nenhuma interpretação pode se sobrepor ao que está literalmente escrito na Carta”, defendeu o líder da minoria, senador Humberto Costa (PT-PE).
“Não é uma questão até de apoiar este ou aquele, o PT ou qualquer partido. É uma questão de legalidade e de constitucionalidade”, reforçou o líder do PTB, deputado Jovair Arantes (GO).
Mas esse movimento suprapartidário também causou forte reação de um setor do Congresso.
“Tem pessoas de todos os partidos envolvidas nas investigações que estão curso pela Lava Jato. Isso termina gerando essa articulação que será forte e duramente repudiada pela sociedade brasileira”, alertou o vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB).
Ao Blog, o decano da Câmara demonstrou preocupação com os desdobramentos da decisão do STF nesta quarta-feira.
“É preciso ter cuidado! O Lula pode ser um boi de piranha. “Ele pode estar sendo colocado nesse rio para passar a manada da impunidade. Essa é que é a questão”, ressaltou Miro.
Por Gerson Camarotti

Manifestações por prisão de Lula ganham as ruas do País Atos mais numerosos foram realizados em São Paulo, no Rio e em Curitiba


O Estado de S.Paulo
03 Abril 2018 | 22h22
Protesto Lula
Em São Paulo, protesto contra HC para Lula se concentrou na Avenida Paulista e durou cerca de duas horas Foto: Nilton Fukuda/Estadão
Milhares de pessoas foram às ruas das principais cidades brasileiras para protestar contra a eventual a concessão do habeas corpus ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta terça-feira, véspera do julgamento do recurso no Supremo Tribunal Federal. Em menor número, militantes também realizaram atos em defesa da liberdade do ex-presidente. 
+ Veja como foi a cobertura das manifestações pelo País
As manifestações mais numerosas foram realizadas em São Paulo, no Rio e em Curitiba, sede da 13.ª Vara Federal, que condenou o petista por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no caso do apartamento triplex no Guarujá (SP). 
+ Comandante do Exército: ‘Quem está preocupado com interesses pessoais?’
Em São Paulo, o protesto, convocado por grupos que lideraram os atos de rua pelo impeachment da presidente cassada Dilma Rousseff, se concentrou na Avenida Paulista e durou cerca de duas horas. De verde e amarelo, enrolados na bandeira do Brasil e com “pixulecos” – bonecos infláveis que retratam Lula com roupa de presidiário – nas mãos, os manifestantes entoavam gritos de “Lula na cadeia” e “Moro, Moro”, em referência ao juiz Sérgio Moro. O ato obrigou a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) a fechar o tráfego nos dois sentidos em toda a extensão da avenida.
Integrantes do Movimento Brasil Livre disseram que irão pedir impeachment de ministros do STF se a Corte conceder habeas corpus ao ex-presidente. Em discurso no carro de som, a líder do Vem Pra Rua, Adelaide Oliveira, questionou: “Dona Rosa weber julgou 57 hcs e ela recusou todos. Será que ela vai ter a cara de pau de aceitar o do Lula?”. O ministro Gilmar Mendes foi alvo de ataques, “ele já conhecemos”, disse Adelaide, “muda conforme o réu”. 
+ Condenação de Lula 'mancha imagem do País', diz Gilmar Mendes
Manifestantes se reúnem na zona sul do Rio
Manifestantes se reúnem na zona sul do Rio Foto: Marcos Arcoverde/Estadão
No Rio, a chuva não impediu que centenas de pessoas se reunissem na Avenida Atlântica. Vestidos de verde e amarelo, os manifestantes entoaram músicas e gritos pedindo a prisão do petista, como “Lula na Papuda. O Brasil não é igual a Cuba” e “A nossa bandeira jamais será vermelha”. Uma bandeira verde-amarela gigante onde estava escrito “Lava Jato” foi estendida.
A manifestação foi convocada pelo movimento Vem Pra Rua e chegou a ocupar as duas pistas da orla entre as ruas Xavier da Silveira e Miguel Lemos. O trânsito foi interrompido até as 21h.  A manifestação de Copacabana não foi a única do Rio. Um outro ato reuniu cerca de mil pessoas, segundo a PM, em Icaraí, em Niteroi.
Em Curitiba, o grupo de manifestantes se reuniu em frente ao prédio da Justiça Federal. A manifestação também foi marcada por repetidas execuções do Hino Nacional, palmas para o juiz Sérgio Moro, pausas para orações e discursos nacionalistas.
Em Belo Horizonte, manifestantes a favor e contra a prisão de Lula realizaram protestos em duas praças distantes cerca de 800 metros uma da outra, ambas na região centro-sul da cidade. Na Praça da Liberdade, a manifestação foi realizada por grupos a favor da prisão de Lula. Já os apoiadores de Lula se concentraram na Praça Afonso Arinos. Os organizadores da manifestação não divulgaram estimativa de participantes.
+ Julgamento de HC de Lula sinalizará possível reorientação da Corte, entendem ministros
Em Porto Alegre, protestos também pediram a prisão do ex-presidente. Manifestantes entoaram cânticos contra os ministros do STF, como Gilmar Mendes por exemplo. Por outro lado, o juiz de Curitiba, Sérgio Moro foi louvado pelo público. 
Em Goiânia, o ponto de encontro das manifestações foi em frente à sede da Superintendência Regional da Polícia Federal, no Setor Pedro Ludovico, assim como se deu em mobilizações anteriores. Os participantes ostentavam, em sua maioria, cartazes, bandeiras do Brasil e camisas da seleção brasileira de futebol. “Estamos aqui brigando por Justiça. O Lula já foi condenado em duas instâncias”, argumentou a aposentada Marilene Gomes.
Em Fortaleza, a manifestação que pedia a prisão de Lula foi realizada na Praça Portugal, no centro. Em Manaus, a Avenida Djalma Batista, uma das principais da capital amazonense, foi fechada por manifestantes contra a concessão do habeas corpus a Lula. O ato foi marcado por críticas ao líder petista e clamor aos ministros do Supremo Tribunal Federal. Um dos manifestantes que tentou saudar o Regime Militar do alto do carro de som foi interrompido. Em Brasília, um temporal caiu na hora prevista para acontecer ato contra Lula. Nova manifestação está marcada para hoje.  / MARIANNA HOLANDA, DANIEL WETERMAN, ROBERTA JANSEN, JULIO CESAR LIMA, LEONARDO AUGUSTO, LUCIANO ANGEL e CARMEM POMPEU

Supremo decide seu próprio futuro, não o de Lula


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Atos pró e contra a prisão de Lula22 fotos

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3.abr.2018 - Manifestantes protestam contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na avenida Paulista, em São Paulo, na véspera do julgamento do habeas corpus que vai definir se o petista pode ser ou não preso. Há carros de som de diversos movimentos, entre eles o Endireita Brasil, o MBL (Movimento Brasil Livre) e o Vem Pra Rua VEJA MAIS > Imagem: Nelson Antoine/Estadão Conteúdo
Um tribunal chamado Supremo tem o mesmo problema de uma mulher chamada Rosa. A qualquer momento, seu compamento pode desmentir o seu nome. A supremacia do Supremo convive com a ameaça constante de uma notícia inusitada —como essa de que a prisão na segunda instância, aprovada no plenário da Corte três vezes em 2016, precisa ser revista porque a Lava Jato foi longe demais e não convém colocar o Lula atrás das grades. Afinal, como Gilmar Mendes fez o favor de lembrar, ''se alguém torce para prisão de A, precisa lembrar que depois vêm B e C''.
Ironicamente, a integridade institucional do Supremo depende da Rosa. Os corruptos já farejam no voto da ministra Rosa Weber a fragrância da impunidade. Contudo, Rosa poderia fazer história nesta quarta-feira se convertesse seu voto num espinho. É a primeira vez que a ministra participa de um julgamento na condição de protagonista. Sua posição tende a definir a parada. Rosa não precisaria fazer muito para restaurar a supremacia do Supremo. Bastaria manter a coerência.
Em 2016, Rosa votou contra a prisão na segunda instância. Para ela, a pena só pode ser executada depois de esgotadas todas as possibilidades de recurso nas quatro instâncias do Judiciário brasileiro, incluindo o STJ e o STF. Desde então, a ministra participou do julgamento de 58 habeas corpus. Em 57, sua decisão foi contrária à libertação dos condenados. Para Rosa, se a maioria do plenário tomou uma decisão, ela aplica. Mesmo que prefira o caminho oposto.
Rosa age assim por acreditar que o respeito às decisões da maioria confere segurança jurídica aos processos e reforça a autoridade do Supremo. Pois bem. No caso de Lula, vale a jurisprudência de 2016. E o habeas corpus não é ferramenta adequada para alterá-la. Serve apenas para aplicá-la. Assim, se Lula foi condenado em segunda instância e não existem ilegalidades no processo, não há o que fazer senão permitir que Sergio Moro emita a ordem de prisão.
O caminho para modificar a regra da prisão em segunda instância é a ação direta de constitucionalidade. Há duas tramitando no Supremo. Relator de ambas, Marco Aurélio Mello liberou-as para julgamento em dezembro. Mas Cármen Lúcia, a presidente da Corte, decidiu não inclui-las na pauta. Disse que a jurisprudência é recente e, portanto, sua rediscussão não é prioritária. Sustentou, de resto, que, diante do caso concreto de Lula, alterar a regra da prisão seria “apequenar” o Supremo.
Há duas semanas, não podendo elevar a própria estatura, a maioria dos ministros do Supremo —6 votos a 5— concedeu a Lula um deixa-pra-lá-preventivo. Nessa votação, Rosa foi 100% pétalas, ajudando a compor a maioria. Trama-se agora uma manobra jurídica para transformar o habeas corpus de Lula num degrau para alcançar um deixa-pra-lá amplo, geral, irrestrito e permanente. Isso apequenaria o Supremo de tal maneira que sua supremacia caberia numa caixa de fósforos.
Em memorial enviado ao Supremo nesta terça-feira (3), a procuradora-geral da República Raquel Dogde apostou suas fichas nos espinhos de Rosa. Sustentou que a revisão da jurisprudência do tribunal só faria sentido se a prisão na segunda instância tivesse se revelado algo “errado, injusto e obsoleto, agredindo o sentimento de justiça do cidadão comum.”
Antes de citar Rosa, Raquel Dodge acrescentou: “…a incongruência do precedente [sobre a prisão na segunda instância] deve ser robusta o suficiente a ponto de justificar o sacrifício dos valores que a preservação de precedentes vinculantes visa a proteger, ou seja, a estabilidade, unidade e previsibilidade do sistema jurídico correspondente. Trata-se, aqui, de ponderar se os benefícios possivelmente decorrentes da eventual revogação do precedente vinculante superam os custos que isso causará ao sistema.”
Nesse ponto, a procuradora-geral apontou para o espinho que poderia espetar os corruptos na sessão desta quarta. Raquel Dodge reproduziu um trecho do voto de Rosa Weber no julgamento de fevereiro de 2016, no qual a tese da prisão em segunda instância prevaleceu pela primeira vez no plenário do Supremo sobre o entendimento de que um réu só poderia ser preso depois que seus recursos percorressem as quatro instâncias do Judiciário.
De mulher para mulher, Raquel Dodge escreveu: “Caem como uma luva, aqui, as lúcidas palavras da ministra Rosa Weber, colhidas de seu voto proferido […] nos autos do HC núnmero 126.292/SP, cujo julgamento, em fevereiro de 2016, deu início à virada jurisprudencial. […] Naquela ocasião, a ministra, instada a se afastar da jurisprudência até então dominante no STF [contrária à execução das penas na segunda instância], expressou seu critério de julgamento em situações desse jaez.”
A procuradora-geral fez questão de reproduzir, entre aspas, um pedaço do voto de Rosa: “Ocorre que tenho adotado, como critério de julgamento, a manutenção da jurisprudência da Casa. Penso que o princípio da segurança jurídica, sobretudo quando esta Suprema Corte enfrenta questões constitucionais, é muito caro à sociedade, e há de ser prestigiado. Tenho procurado seguir nessa linha. Nada impede que a jurisprudência seja revista, por óbvio. A vida é dinâmica, e a Constituição comporta leitura atualizada, à medida em que os fatos e a própria realidade evoluem. Tenho alguma dificuldade na revisão da jurisprudência pela só alteração dos integrantes da Corte. Para a sociedade, existe o Poder Judiciário, a instituição, no caso o Supremo Tribunal Federal”.
Do mesmo modo, concluiu Raquel Dodge, a revisão da recentíssima regra que autoriza a imediata execução de penas como a que o TRF-4 impôs a Lula “deve ser feita com cautela e parcimônia, apenas quando o precedente já não mais corresponder à lei e ao sentimento de justiça da sociedade, ou seja, e nas palavras da ministra Rosa Weber, ‘à medida em que os fatos e a própria realidade’ evoluírem.” Desde 2016 nada se alterou além da composição do Supremo e da redução da taxa de impunidade no Brasil, anotou a procuradora-geral.
As manchetes anunciam que o Supremo decidirá nesta quarta-feira o futuro de Lula. Engano. Os 11 ministros votarão para decidir o futuro do próprio Supremo. É antigo e muito bem-sucedido no Brasil o sistema de conveniências que protege os corruptos. Mesmo os culpados mais evidentes só são punidos no Brasil com um voto de desempate, nos pênaltis. A esse ponto chegamos. O plenário está dividido ao meio: cinco votos para livar Lula da cadeia e instituir uma espécie de deixa-pra-laísmo penal. Cinco votos pelo envio do grão-mestre do PT para o xilindró.
Não havendo surpresas, o lance decisivo será o voto da Rosa. Às vezes, o escândalo é tão escancarado que é impossível não reagir. Mas entre o escárnio e a reação existe uma imensa área de manobras. A Lava Jato fez o brasileiro pensar que finalmente a nação daria um jeito nos seus rapinadores. Resta saber de que forma Rosa decidiu descer ao verbete da enciclopédia.
O longo hábito de descrer indispõe a plateia para as boas expectativas. Num país como o Brasil, em que a apuração dos escândalos só prosperam enquanto não ameaçam o consenso maior, um tribunal chamado Supremo flerta com o risco constante de se tornar ridículo. Sacrifica sua supremacia em nome de uma cumplicidade quase carinhosa. Quem torce pela “prisão de A” nunca esquece que “depois vêm B e C”. Nesse contexto, o espinho da Rosa seria uma grata surpresa.
Josias de Souza

Num país sério, Gilmar Mendes faria companhia a Lula no xilindró

quarta-feira, 4 de abril de 2018

A declaração mais escandalosa e vergonhosa destes dias foi pronunciada por Gilmar Mendes: 'Ter um ex-presidente condenado é muito ruim para a imagem do Brasil'.
Só faltava essa!
Lula é um condenado a 12,1 anos no xilindró. Só num dos muitos processos que corre na Justiça. Algo como meia dúzia.
E vem um ministro do Supremo Tribunal Federal declarar que a condenação do marginal 'mancha a imagem do país'.
Que diabo de tribunal é esse que separa cidadãos por categoria?
Então, o fato de o meliante ter sido presidente lhe autoriza roubar impunemente?
Num país sério, Gilmar seria, no mínimo, expelido da mais alta corte do país por quebra de decoro.
E num país sério, Gilmar Mendes faria companhia a Lula no xilindró
Mas, no Brasil tivemos nestes anos tenebrosos dois presidente da República (Collor e Dilma) submetidos a processos de impeachment, o presidente atual (Temer) denunciado por corrupção, e um ex-presidente (Lula) condenado a mofar no xadrez.
Imaginem o caráter desses senhores juízes que os tais 'presidentes' indicaram para o STF! DO J.TOMAZ

‘Efeito xilindró’ aproximou Lula e Michel Temer

Ninguém entendeu quando, no início de março, Lula elogiou Michel Temer numa entrevista por ter resistido ao que chamou de “tentativa de golpe” no escândalo provocado pelo grampo do Jaburu. Mas a proximidade entre Lula é Temer é, hoje, maior do que muitos imaginam.
Na noite de segunda-feira, em ato no Rio de Janeiro, Lula declarou que não vai aceitar “a ditadura do Moro e do Ministério Público.” Nesta terça, em artigo no Estadão, Temer escreveu que resistirá a hipotéticas violações constitucionais na investigação do caso dos portos. Coisa, segundo ele, “incompatível com os postulados básicos do Estado Democrático de Direito.”
O velho Ulysses Guimarães costumava dizer que, em política, o sujeito não pode estar tão próximo que amanhã não possa estar distante, nem tão distante que amanhã não possa se aproximar. Mas mesmo os brasileiros que não entendem nada de política conseguem enxergar certas politicagens. E a unidade que se estabelece entre Temer e Lula é um exemplo da mais genuína politicagem.
Onde Lula e Temer enxergam “ditadura” e “violações” à democracia o que há é uma novidade com a qual ambos não estavam habituados: os criminosos do poder começaram a ser investigados e condenados. O que aproxima Lula e Temer é o ‘efeito xilindró’. Um já está condenado à cadeia. Outro aguarda na fila.
Os dois logo estarão mais calmos, porque o Supremo Tribunal Federal, ao julgar o habeas corpus de Lula, deve fulminar a regra que permite a prisão de condenados em segunda instância. No Brasil, quem tem conselheiros e companheiros de toga não sofre de insônia por muito tempo.
Josias de Souza