Aécio Neves (PSDB-MG) foi o primeiro a criticar o discurso de
auto-elogio de Dilma Rousseff, no momento em que o país passa por dramas
como as cheias e sérios problemas econômicos. Os economistas fizeram
coro e dizem que faltou auto-crítica no discurso da presidente. Veja
abaixo matéria de O Globo.
Economistas viram o
pronunciamento da presidente Dilma Rousseff com ceticismo e pouco efeito
prático sobre a retomada do investimento. As críticas giraram em torno da fala
de Dilma sobre a razão para a falta de confiança de empresários, atribuída pela
presidente a uma "guerra psicológica".
Para o economista Alexandre
Schwartsman, ex-diretor do Banco Central (BC), o governo mostra resistência em perceber
que é o causador da falta de confiança por empresários, fruto, segundo ele, da piora
do desempenho fiscal, da manutenção da inflação em patamar alto e das frequentes
mudanças de regras. - Se há uma guerra
psicológica, foi o governo quem a começou - diz Schwartsman.
O economista e professor da UFRJ
Luiz Carlos Prado adota um tom mais moderado, mas também enxerga
problemas: - Existe um debate em relação
às estratégias econômicas do governo, que deve se acirrar em 2014, que é um ano
eleitoral. A gestão da economia do governo nos últimos dois anos teve
problemas, como ocorreu na ênfase dada ao consumo e que foi criticada por
pessoas de diversos vieses econômicos.
Segundo o diretor de pesquisa
econômica para América Latina do banco americano Goldman Sachs, Alberto Ramos,
a maior crítica dos agentes econômicos se dá em relação ao modelo econômico
adotado ao governo e a uma tolerância grande com a inflação. - Com crescimento
baixo, inflação alta, câmbio desalinhado e ativismos cambial e fiscal, esse é
um quadro que não inspira a confiança do empresário. De onde vem esse negativismo?
Dessa realidade. A economia brasileira perdeu competitividade externa e os
custos trabalhistas aumentaram. É preciso credibilidade. É preciso um ajuste da
política macroeconômica. Um discurso demasiadamente otimista não ajuda a
destravar os investimentos. O que ajuda é mostrar isso de maneira crível -
afirma.
O economista Silvio Campos Neto, da Tendências Consultoria,
vê no discurso de Dilma um recado a economistas que projetam um crescimento
baixo para a economia brasileira em 2014, em torno de 2%. - Não é uma guerra
psicológica, mas reação a um ambiente adverso. O que define o interesse da
empresa é um horizonte de médio e longo prazo. Quanto maior a
imprevisibilidade, maior a tendência de os empresários continuarem contraídos.
A falta de autocrítica também
mereceu críticas do professor da UFRJ Reinaldo Gonçalves: - Quando (Dilma) diz
que o problema é dos outros e não assume a responsabilidade sobre a piora nas
contas externas, as intervenções no câmbio, ela faz um discurso alegórico, que
só piora a confiança.
DO CELEAKS