quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Quem cala... Consente!


quarta-feira, 1 de agosto de 2018

Artigo no Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Maynard Marques de Santa Rosa
O momento atual é espantoso, pela gama de fatos impensáveis que pululam nos noticiários, a toda a hora.
Submetida a bombardeio psicológico implacável, a sociedade retrai-se, paralisada pela perplexidade. É que o tempo de reação é sempre maior do que a velocidade com que evolui o cenário, o que ajuda a resguardar até mesmo evidências das mais insólitas anomalias.
Recentemente, uma revista eletrônica denunciou a existência de conta bancária em nome de um ministro da Corte Suprema, na agência de Brasília de um banco pouco conhecido, onde receberia depósito mensal de R$ 100 mil.
A falta de repercussão surpreende, e o silêncio da mídia é ensurdecedor. Sintomática, também, é a ausência do Ministério Público, órgão de pertinaz diligência ao revolver casos antigos, extintos pela Lei da Anistia. A única providência conhecida foi uma proposta precipitada de “impeachment”, feita por um parlamentar. Porém, o silêncio mais retumbante é o da parte interessada.
A omissão de resposta a uma acusação dessa gravidade leva a excluir as hipóteses de calúnia ou difamação. Afinal, está consagrado na consciência popular, que: “Quem cala, consente”.
A propósito, a palavra de ordem da grande mídia, que se acostumou a transformar informação em opinião, é de alerta geral contra as “fake news”, o que também ajuda a abafar o caso.
Desde que não há efeito sem causa, o assunto permanece em aberto, para reflexão. Como é possível, hoje em dia, evitar a orquestração de um escândalo?
Enquanto isso, rola na massa o outro ditado: “Onde há fumaça, há fogo”.
Maynard Marques de Santa Rosa é General de Exército, na reserva.
Reveja o artigo de Jorge Serrão: O Supremo Eclipse do Judiciário
Releia, também, a primeira edição: Sua dedada tem de eleger gente honesta!

Plano de Lula de unir esquerda na cadeia falhou

 
Faltam 67 dias para a eleição presidencial. E Lula ainda faz pose de presidenciável. Sabe que tropeçará na Lei da Ficha Limpa. Mas se finge de desentendido. Dispõe de um Plano B. Mas retarda o anúncio do nome do poste. A imobilidade da divindade petista produziu um primeiro estrago: a fragmentação da autoproclamada esquerda. Até o PCdoB, velho aliado do petismo, trocou a procissão que leva à cela especial de Curitiba pelo andor de Manuela D’Ávila, formalizando sua candidatura.
Por inércia e submissão, o PT acorrentou-se a Lula. Mas os aliados assustaram-se com a perspectiva de intoxicar o próprio futuro com o passado criminal que Lula tem pela frente. Além dos 12 anos e um mês de cadeia, vem aí a sentença do caso do sítio de Atibaia. Antes do PCdoB, o PDT já havia optado por Ciro Gomes. O PSOL lançara Guilherme Boulos. Do PSB, o máximo que o petismo conseguiu arrancar foi uma hipotética neutralidade neutralidade.
Se Lula tivesse anunciado seu apoio a Ciro, gravaria na testa do seu ex-ministro a marca do favoritismo, unindo a esquerda. Se tivesse levado um poste à vitrine, o PT já estaria com um pé no segundo turno. Se compartilhasse prestígio e poder, o xamã do PT dificultaria a trajetória dos rivais. Jogando sozinho, Lula transforma-se em cabo eleitoral da direita, tonificando a candidatura de Jair Bolsonaro.
O petismo tentou convencer os parceiros de que a união em torno da candidatura cenográfica de Lula evitaria a criminalização da política. O problema é que a política foi criminalizada por criminosos que violaram cofres públicos. E Lula se meteu na encrenca porque quis. Os aliados, mesmo os cúmplices, levaram sua solidariedade até a porta da cela. Mas preferiram permanecer do lado de fora. Dessa vez, a esquerda não se uniu nem na cadeia.
Josias de Souza

ROLETA RUSSA ENTREVISTA DO BOLSONARO NO RODA VIVA


Marina se apresenta como opção sem pesticida


Numa sucessão marcada pela intoxicação ideológica, Marina Silva tenta se apresentar ao eleitor como uma opção sem pesticida. Prega a “união do país”. Abomina “bravatas” e “soluções mirabolantes”. Sem menções na Lava Jato, sustenta que “a lei é para todos”. Declara que “o centrão não pode substituir a população”. E conclui que a interrupção do ''retrocesso'' é uma tarefa que, no processo eleitoral, está “entregue aos 200 milhões de brasileiros”
Numa entrevista à Globonews, Marina tirou o pó do discurso que exibiu nas duas campanhas anteriores. Ajustou a retórica às circunstâncias, sem alterar sua essência. Continua oferecendo esperança. O problema é que suas boas intenções não conseguiram convencer nem os correligionários que migraram da Rede para outras legendas, deixando-a falando sozinha.
“É parte da democracia”, alegou Marina, antes de engatar um tipo de raciocínio que faz lembrar a mixórdia argumentativa que impediu a ampliação de sua base eleitoral em 2014: “Eu acredito num partido-movimento. Não é necessariamente o partido, como já se pensou no passado, que vai homogeneizar, dominar a sociedade como um todo. Hoje, a ideia de partido está mudando no mundo.”
Na Rede, as divergências não são dissolvidas por meio do voto. Debate-se cada encrenca por tempo indefinido, até que a exaustão produza o que Marina chama de “consenso progressivo”. Na costura das alianças estaduais, faltou consenso. E os correligionários de Marina celebraram acordos regionais com legendas tóxicas.
Quem ouve as manifestações de Marina e observa o nanismo caótico da Rede, talvez fique tentado a perguntar para os seus botões: se a candidata virar presidente, como vai governar? “Com os melhores”, diz ela. Serão recrutados “nos partidos e na sociedade”. O diabo é que, na montagem da campanha, o poder de sedução de Marina não funcionou. Ela revive um paradoxo.
Sem os agrotóxicos do centrão, Marina apresenta-se ao eleitorado como farinha de outro pacote. Mas seu talento para o recrutamento dos “melhores” ainda lhe rendeu nenhum aliado. Por isso, dispõe de míseros 8 segundos no horário eleitoral. Tenta atenuar o nanismo eletrônico firmando uma parceria de última hora com o PV. Ofereceu o posto de vice ao amigo verde Eduardo Jorge.
Nas pesquisas, Marina enxerga Jair Bolsonaro no para-brisa. Atribui a liderança do rival ao fato de que “as pessoas estão indignadas e decepcionadas”. Desapontaram-se com a “centro-esquerda” petista e com a “centro-direita” tucana. “O primeiro grito é de indignação”, afirma Marina. Logo virá a “reflexão”, ela acredita, embalada pelo “debate de ideias e propostas.”
Para Marina, Bolsonaro esgrime “ideias retrogradas em relação à democracia, aos direitos humanos, à segurança pública e à gestão pública. São ideias avessas a tudo que já avançamos nesse país.”
“As pessoas vão começar a pensar”, declara Marina. Avalia que “não é razoável” o brasileiro “eleger um presidente da República, pagar mais de 34% de impostos para o Estado, para que o eleito diga depois ao cidadão: ‘Agora, defenda-se você, com sua família.’ Vai chegar um momento em que a sociedade vai parar para pensar e dizer: ‘Quero uma policia que funcione, tecnologia para investigar de forma efetiva, proteção das fronteiras para acabar com o tráfico de drogas e de armas. Não quero que os bandidos continuem governando de dentro dos presídios’.”
Ao apontar a falta de miolos do pedaço da sociedade que idolatra Bolsonaro, Marina estende o tapete para os órfãos de Lula e para os desalentados do centro. Seu discurso por vezes transita em cima do muro. Não vai revogar a reforma trabalhista. Mas planeja rever os “pontos draconianos.” Defende a reforma da Previdência. Contudo, esquiva-se de dizer qual seria a idade mínima para que mulheres e homens vistam o pijama. Pode segurar reajustes do funcionalismo, desde que a lâmina fiscal alcance também a mamata do Refis e os anabolizantes fiscais do empresariado.
Herdeira natural de parte do eleitorado de Lula, Marina referiu-se à prisão do ex-correligionário petista nos seguintes termos: “Eu acho que nenhum brasileiro fica feliz com um ex-presidente com a trajetória que ele teve e estar onde está. Mas a lei é para todos. E não se pode ter dois pesos e duas medidas. É triste o que está acontecendo? É. Mas é a lei e tem que ser cumprida.”
Na sucessão de 2014, Marina substituiu o presidenciável Eduardo Campos, que morreu num acidente aéreo. Cavalgando a estrutura do PSB e a coligação costurada pelo morto, ela chegou a ultrapassar Aécio Neves nas pesquisas. Quando abriu dez pontos sobre Dilma Rousseff nas simulações do segundo turno, foi moída no triturador de marketing que João Santana montou com verbas sujas da Odebrecht.
Nessa ocasião, Dilma ocupava no horário eleitoral um latifúndio de 12 minutos. Usando apenas uma fração desse tempo, o PT levou ao ar manipulações que Marina não conseguiu desmontar nos dois minutos de que dispunha. Agora, com uma vitrine eletrônica bem menor, a candidata da Rede está, novamente, espremida entre adversários.
Com um patrimônio presumido de 20 milhões de votos, Marina tenta polarizar com Bolsonaro e, simultaneamente, reza para não ser ultrapassada por Ciro Gomes, por Geraldo Alckmin ou pelo poste que Lula tentará eletrificar depois que for barrado pela Justiça Eleitoral. Não é uma tarefa simples. Na política, as coisas às vezes só melhoram quando os que se consideram bons exibem suficiente maldade para impor sua bondade. Sem pesticida é mais difícil.
Josias de Souza