sábado, 15 de agosto de 2020

Quem cansa não vence a luta


sábado, 15 de agosto de 2020


 
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
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Coelho não compra carne na sorveteria. Foi estranha a manchete da Folha de S. Paulo: “Bolsonaro tem aprovação recorde; rejeição cai 10 pontos”. O cético Negão da Chatuba indagou: Por que um jornal a serviço da oposição covarde ao Presidente da República, de repente, destaca uma notícia tão favorável ao “inimigo”?
A FSP escreveu no editorial intitulado “Bolsonaro em alta”: “Em que pese o avanço ainda acelerado da Covid 19, que já resultou em mais de 100 mil mortes no País, a imagem do governo melhorou em todas as faixas de renda. Entre os mais pobres, com renda dois salários mínimos, a aprovação agora supera a rejeição (35% a 31%). A reprovação é mais elevada entre os mais ricos e escolarizados, mas caiu na faixa de 52% e 53% em junho para 47% agora”.
Na mesma sexta-feira esquisita – na qual o super Barcelona apanhou de 8 a 2 para o Hiper Bayern -, houve várias manifestações pessimistas dos deuses do mercado financeiro, aparentemente desconsiderando a “boa notícia” sobre a popularidade de Bolsonaro. Circularam, freneticamente, versões de uma colisão entre o Presidente e sua equipe econômica. Falou-se, abertamente, na saída do ministro Paulo Guedes.
Mais grave: a eventual saída de Guedes foi atribuída ao fato de o Presidente, em suas articulações políticas, ter se rendido ao populismo do Centrão. Na versão pessimista que se intensificou, “o governo Bolsonaro teria acabado” porque “desistiu das privatizações” e porque “as reformas não vão acontecer”. A impressão foi acentuada ou justificada com a saída do empresário Sallim Mattar do governo.
O que parece pode não ser verdadeiro. Tem muita narrativa e versão infectando as interpretações mercadológicas. O ministro Paulo Guedes segue tão forte que ganhou uma blindagem judiciária. O desembargador federal Ney Bello suspendeu as investigações contra Paulo Guedes no âmbito da Operação Greenfield – que apura fraudes contra fundos de pensão.
O establishment não derruba (na verdade, preserva) quem tem poder de verdade. Guedes fora perdoado pela Comissão de Valores Mobiliários – a CVM que, em tese é independente, porém é autarquia especial do Ministério da Economia. No tempo em que Guido Mantega foi ministro da Fazenda, nenhuma acusação o incomodou. O petrolão passou e o petista continua livrinho da silva. Nada de anormal no Brasil...  
Guedes não está fraco. Guedes não pretende deixar o Ministério da Economia. Guedes não vai cair. O ministro vai liderar as privatizações e reformas (mesmo que sejam meia-boca, ou aquém do esperado pelo governo e pelo mercado). O governo não acabou. Pelo contrário, conforme o sinal dado pela manchete da folha inimiga, Bolsonaro mantém popularidade e reaglutina forças políticas. Desponta como franco favorito para uma reeleição. Goste ou não goste dele.
Por isso, não é hora para pessimismo. A corrida é longa, de resistência e resiliência. Demanda preparo físico e muita força psicológica. A Turma do Mecanismo segue firme e forte, se reinventando. Bolsonaro se rearticulou politicamente, e os resultados positivos começam a aparecer. Os inimigos e adversários começam a ceder, porque não dá para brigar, por longo prazo, com quem tem a poderosa caneta esferográfica do Diário Oficial. A guerra contra Bolsonaro foi longe demais. Ele não venceu, porém não caiu nos golpes.
Quem cansa não vence a luta. É uma lição básica das artes marciais. O ex-atleta militar Bolsonaro parece incansável. O tempo dirá como terminará a batalha. A luta continua. O luto (causado pelo Kung Flu, e não pelo Presidente), também. Aparentemente, guerras de narrativa não vão tirar Bolsonaro do poder.