Senador afastado do PT disse em seus depoimentos que Dilma buscou aparelhar o Judiciário pela liberdade de empreiteiros presos pela Operação Lava Jato
O ministro Teori Zavascki, relator dos
processos do petrolão no Supremo Tribunal Federal (STF), homologou o
acordo de delação premiada do ex-líder do governo no Senado Delcídio do
Amaral (afastado do PT-MS). Entre as revelações feitas pelo senador nos
depoimentos de colaboração com a justiça estão a de que a presidente
Dilma Rousseff teria aparelhado o Poder Judiciário, com a nomeação do
ministro Marcelo Navarro Ribeiro Dantas para o Superior Tribunal de
Justiça (STJ), para libertar empreiteiros enrolados no petrolão, e a de
que a petista tinha completo conhecimento da inviabilidade e teria feito
ingerência para a compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos.
Ao homologar a delação, Zavascki atesta a
validade dos depoimentos e confirma que o senador prestou informações
espontaneamente às autoridades, sem coação de qualquer natureza. Com a
confirmação pelo STF, deve ser suspenso o sigilo dos depoimentos feitos
pelo parlamentar.
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O atestado da legalidade da delação do
senador ocorre às vésperas de o STF julgar recursos sobre o rito de
impeachment contra a presidente Dilma Rousseff. O levantamento do sigilo
dos depoimentos prestados por Delcídio do Amaral deve ampliar a pressão
política contra a petista e contra senadores citados pelo congressista,
entre eles o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
A homologação do acordo de colaboração
com a Justiça acontece também em meio às articulações para que o
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva se torne ministro no governo
Dilma e, com isso, adquira foro privilegiado e consiga remeter o
processo que o investiga na Operação Lava Jato para o Supremo. Nos
depoimentos que prestou no início do ano, o ex-líder do governo no
Senado implicou Lula ao afirmar que ele tinha pleno conhecimento do
propinoduto instalado na Petrobras e de que atuou diretamente como o
mandante do pagamento de dinheiro para calar testemunhas. Não é a
primeira vez que o ex-presidente é citado como o articulador para o
silêncio de pessoas que poderiam o implicar. Delcídio também revelou que
Lula e o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil, Antonio Palocci,
atuaram em 2006 para pagar o operador do mensalão, o notório Marcos
Valério, em troca do silêncio dele sobre o esquema de pagamento a
parlamentares para a formação da base governista no primeiro mandato do
PT no Palácio do Planalto.