domingo, 10 de fevereiro de 2019
CPI Lava Toga só sai com muita pressão popular
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Membro do Comitê Executivo do
Movimento Avança Brasil
É mais fácil um integrante do STF passar pelo buraco de uma agulha que o
Senado reunir assinaturas suficientes para a instauração da CPI Lava Toga. No
entanto, é recomendável não subestimar o grau de insatisfação da população
brasileira com o Judiciário. A bronca pode gerar uma pressão tão grande que acabe
forçando os parlamentares e partirem para uma “retaliação” contra os
integrantes dos tribunais superiores (STF e STJ).
No texto do requerimento que pede a abertura da CPI, o senador Delegado
Alessandro Vieira toca em um ponto que junta a insatisfação popular com a dos
políticos (ultimamente alvos fáceis da máquina judasciária - polícia judiciária,
ministério público e magistratura): “Não deveria haver lugares para ideologias,
paixões ou vontades no Judiciário, contudo, fato é que o País tem testemunhado
com preocupante frequência a prevalência de decisões judiciais movidas por
indisfarçável ativismo político, muitas vezes ao arrepio da própria Constituição”.
O risco da CPI deve ter devolvido o ministro Dias Toffoli ao seu plano
inicial antes da posse de Jair Bolsonaro. A intenção dele era intermediar um
pacto nacional republicano com os chefes dos demais poderes para construir um
caminho que garanta a aprovação de reformas. O pacto também reduziria a tensão na guerra de todos
contra todos os poderes. O plano pareceu interrompido por uma vacilada na
judicialização que ajudaria a eleger Renan Calheiros presidente do Senado. Como
deu tudo errado, agora Toffoli tenta retomar o caminho inicial...
O Mecanismo não quer a CPI Lava Toga. Dificilmente, ela sairá. Porém,
ficou a forte ameaça. Os 11 do STF e os 33 do STJ, se não estão apavorados, ao
menos parecem apreensivos. Afinal, vale aquela máxima de que CPI todo mundo
sabe como começa, mas nunca se consegue prever de que jeito (geralmente
desastroso) pode terminar. É justamente por isso que a maioria dos 44 ministros
dos tribunais superiores farão o que puderem, nos bastidores, para a idéia nascer
morta.
Teremos pressão popular suficiente para forçar a CPI? Por enquanto, a
resposta mais provável é: Não... Um Não rotundo... No entanto, até outro dia,
quem poderia imaginar que Renan Calheiros (favorito dos picaretas e quase
tolerado por alguns membros do governo) seria forçado a retirar sua candidatura
à Presidência do Senado? As coisas andam imprevisíveis na Repúbliqueta
Capimunista de Bruzundanga.
O Alerta Total insiste na tese elementar. Não dá para viver em um
País sem Justiça. Por isso, não se deve avacalhar com o Judiciário. No entanto,
se tal poder não se der ao respeito e só agir na base do rigor ou do perdão
seletivos, ele só será classificado, pejorativamente, como Judasciário.
Isto não interessa ao Brasil que votou por mudanças estruturais e reformas na
eleição passada.