PAZ AMOR E VIDA NA TERRA
" De tanto ver triunfar as nulidades,
De tanto ver crescer as injustiças,
De tanto ver agigantarem-se os poderes
nas mãos dos maus, o homem chega
a desanimar-se da virtude,
a rir-se da honra,
a ter vergonha de ser honesto".
[Ruy Barbosa]
O site Conjur noticiou na noite desta
sexta-feira que o ministro Ricardo Lewandowski, do STF, concedeu habeas
corpus ao ex-vereador de Goiânia Amarildo Pereira, condenado em segunda
instância a 7 anos de prisão por peculato.
“Como se sabe, a nossa Constituição não é uma mera folha de papel,
que pode ser rasgada sempre que contrarie as forças políticas do
momento”, escreveu o ministro.
Lewandowski disse que não há na Constituição qualquer menção à execução antecipada de pena.
A Constituição só pode ser rasgada por ministros do Supremo.
Confira aqui a íntegra da decisão, da última quarta-feira.
Em
vídeos divulgados pelo jornal 'Folha de S.Paulo', doleiro fez acusações
contra Michel Temer, Eduardo Cunha e peemedebistas. José Yunes nega e
diz que vai processar Funaro.
Por Vladimir Netto, TV Globo, Brasília
Foram divulgados nesta sexta-feira (13) trechos das gravações dos depoimentos de delação premiada do doleiro Lúcio Funaro
à Procuradoria Geral da República. Em um deles, o operador financeiro
faz acusações sobre a existência de um suposto esquema de propina
envolvendo o presidente Michel Temer, aliados dele e o deputado cassado
Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Os vídeos foram divulgados no site do jornal "Folha de S.Paulo".
Neles, Funaro, apontado como operador do PMDB, conta os motivos de ter
ido ao escritório do advogado José Yunes, amigo de longa data e
ex-assessor do presidente Temer, para pegar R$ 1 milhão, que teriam de
ser entregues ao ex-ministro Geddel Vieira Lima, em Salvador (BA).
"O que eu soube, pelos fatos que vivenciei, foi que em 2014, o Geddel
me ligou e me informou que tinha um dinheiro que ele precisava retirar
em São Paulo, oriundo da Odebrecht. E que precisava que esse dinheiro
fosse levado pra Salvador. E me perguntou se eu podia fazer esse favor
pra ele. E eu respondi que podia fazer esse favor pra ele, que não teria
problema nenhum", disse o doleiro à PGR.
A história veio a público pela primeira vez, na época em que foi divulgada a delação da construtora Odebrecht, em abril. O ex-executivo da empresa Cláudio Mello Filho foi o primeiro a envolver Yunes na entrega de dinheiro ao PMDB.
Após a delação se tornar conhecida, Yunes foi exonerado do cargo de assessor especial da Presidência e prestou um depoimento voluntário sobre esse episódio,
no qual disse que o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, pediu
a ele em 2014 para receber um "documento" em seu escritório.
"Na verdade, eu fui um 'mula' involuntário. Por quê? Eu contei a
história que é a minha versão dos fatos e real. O Padilha em 2014 pediu
se poderia uma pessoa entregar um documento no meu escritório que uma
outra pessoa iria pegar. Falei: 'sem problema nenhum'. Foi o que
ocorreu. Agora, quem levou o documento, que eu não conhecia a pessoa, é o
tal de Lúcio Funaro. Ele levou o documento. Eu não o conhecia. Ele
deixou lá envelope e falou: 'uma outra pessoa vai falar em nome do Lúcio
e vai pegar o documento'. Uma pessoa foi no escritório e pegou o
documento que era um envelope, né? Essa é a realidade dos fatos", disse
Yunes ao Ministério Público.
Funaro, porém, disse em sua delação premiada ter "certeza" de que José Uunes sabia que se tratava de uma entrega de dinheiro.
"Mas que ele tinha certeza que era dinheiro, ele sabia que era
dinheiro. Tanto que ele perguntou se o meu carro estava na garagem.
Porque ele não queria que eu corresse o risco de sair com a caixa pra
rua. E até pelo próprio peso da caixa, né?", afirmou.
"Para um volume de R$ 1 milhão, é uma caixa bem pesada", complementou Funaro.
No mês passado, a TV Globo teve acesso ao depoimento de funaro em que
ele também contava como pegou essa caixa de dinheiro com Yunes e a fez
chegar em Salvador. Para Funaro, não há como Jose Yunes dizer que foi
apenas um "mula" e que não sabia de nada.
"Agora, se ele recebeu só a parte do Geddel ou se ele recebeu mais
dinheiro, eu não posso afirmar. Mas ele recebeu esse R$ 1 milhão e
depois repassou esse dinheiro pra mim. E ele afirmar que foi feito de
'mula' pelo ministro Padilha, que ele não sabia que dentro da caixa
tinha dinheiro, é impossível, porque nenhum doleiro vai entregar R$ 1
milhão no escritório de ninguém sem segurança e ninguém vai mandar
entregar um dinheiro, R$ 1 milhão, sem avisar que está mandando entregar
valores, porque senão a pessoa pode pegar a caixa e deixar jogada em
algum lugar, ter um assalto, ter alguma coisa. O escritório dele não era
em um prédio, era em casa. Então., é uma coisa que não existe, né?",
afirmou o doleiro.
Cunha
Em outro depoimento, também em vídeo, Funaro fala sobre a atuação do
deputado cassado Eduardo Cunha, a quem era muito ligado. Funaro conta
que o peemedebista era uma espécie de "banco" para os corruptos.
"Que eu saiba, eu, o Eduardo e Geddel. Mas como tudo que chegava no
Eduardo redistribuía, o Eduardo ele funciova com se fosse um banco de
corrupção e de políticos. Ou seja, todo mundo que precisava de recursos
pedia pra ele e ele cedia os recursos, e em troca mandava no mandato do
cara, era assim que funcionava", afirmou.
Funaro também contou que era ele quem conseguia dinheiro vivo de
empresários, como Joesley Batista, para entregar ao que chamou de
"bancada do Eduardo Cunha". E citou até o nome do presidente Michel
Temer, que à época era vice-presidente da República.
“Ou era da Viscaia ou da Araguaia e ai eu pagava boletos de
supermercados ou boletos de contas que um doleiro que chama Toni me
mandava, e ele me cobrava um percentual e me entregava em dinheiro vivo.
O dinheiro vivo chegando em minha mão, eu distribuía pra quem eu tinha
que pagar. E nesse caso, era o Eduardo Cunha que fazia o repasse para
quem era de direito dentro do PMDB, que eram as pessoas que apoiavam ele
dentro do PMDB", afirmou o doleiro.
Ao ser questionado sobre quem seriam essas pessoas, respondeu: "
Henrique Alves, Michel Temer, todas as pessoas, a bancada, que a gente
chamava de bancada do Eduardo Cunha".
O que disseram os citados
A assessoria do Palácio do Planalto declarou que o presidente Michel Temer não fazia parte da bancada de ninguém, e que toda e qualquer afirmação nesse sentido é falsa.
O advogado de José Yunes disse em nota que "Lúcio Funaro já faltou com a verdade em inúmeras oportunidades".
"José Yunes, ao contrário de Funaro, goza de credibilidade. Tão logo
esses fatos ficaram públicos procurou a PGR e prestou todos os
esclarecimentos devidos. "Yunes teve seus argumentos acolhidos pelo
Ministério Público tanto que jamais foi denunciado, mas sim arrolado
como testemunha de acusação. É importante registrar que Funaro será
processado por denunciação caluniosa pelo meu cliente", disse a defesa
de Yunes.
A defesa de Eduardo Cunha disse que, em busca de benefícios, Funaro atribui a outros a participação e cumplicidade em seus atos ilícitos.
A defesa de Geddel Vieira Lima
disse que não se manifesta sobre o que não teve acesso, "sobretudo de
réus delatores que são inexplicavelmente soltos quando começam a
mentir".
A defesa de Henrique Alves não quis se manifestar.
A reportagem não obteve retorno de Eliseu Padilha.
Sábado, 14/10/2017, às 08:16,
por Gerson Camarotti
A divulgação dos vídeos gravados da delação do depoimento do doleiro
Lúcio Funaro à Procuradoria Geral da República (PGR) acendeu o sinal
amarelo no Palácio do Planalto. A avaliação no governo é de que, apesar
do conteúdo já ter sido usado para a elaboração da segunda denúncia
contra o presidente Michel Temer, a imagem de Funaro relatando o esquema
da cúpula do PMDB da Câmara terá impacto na opinião pública e será
explorado pela oposição na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). No
depoimento, Funaro apresenta detalhes de um suposto esquema de propina
que envolveria todo o grupo do deputado cassado Eduardo Cunha. A
expectativa inicial no Palácio do Planalto era de que o debate na CCJ
seria morno na próxima semana. O governo havia comemorado o relatório
favorável do deputado tucano Bonifácio de Andrada, mas sofreu um revés
logo depois do feriado de Aparecida. “O problema é que a oposição ganhou um novo combustível para atacar Temer na CCJ”, disse ao Blog um interlocutor de Temer. Agora,
a estratégia do governo é tentar diluir ao longo da próxima semana o
impacto das imagens do depoimento de Funaro para que na semana do dia 24
de outubro o tema já tenha sido esvaziado, quando há previsão do tema
ser apreciado em plenário.