Josias de Souza
Michel
Temer e o ministro Henrique Meirelles, da Fazenda, bateram bumbo para
festejar a notícia de que a economia brasileira cresceu 0,2% no segundo
trimestre. O dado revela que “o Brasil está crescendo e se recuperando”,
alardeou Temer. Isso é uma meia verdade. A verdade inteira é que o país
cresce menos do que poderia e se recupera ainda deitado na maca. E o
que impede o PIB de florescer é precisamente o governo de Temer.
A recuperação da economia em níveis adequados depende basicamente de uma palavra: confiança. Sobra dinheiro no mundo. Não faltam investidores estrangeiros interessados em fazer negócios no Brasil. O empresariado nacional também não vê a hora de reacender as suas fornalhas. O que trava a retomada, impedindo que a recuperação seja vigorosa, é a crise política.
Deve-se o soluço do PIB sobretudo a uma elevação do consumo das famílias. Mas indicadores vitais, como a taxa de investimento, continuam negativos. O investidor olha para Brasília e enxerga: um presidente lutando para não cair, o Tesouro Nacional em ruínas e os congressistas preocupados em salvar o próprio pescoço, não as contas da Previdência. Nesse ambiente, a economia apenas soluça. Mas de uma coisa ninguém duvida: a mediocridade está bombando.
A recuperação da economia em níveis adequados depende basicamente de uma palavra: confiança. Sobra dinheiro no mundo. Não faltam investidores estrangeiros interessados em fazer negócios no Brasil. O empresariado nacional também não vê a hora de reacender as suas fornalhas. O que trava a retomada, impedindo que a recuperação seja vigorosa, é a crise política.
Deve-se o soluço do PIB sobretudo a uma elevação do consumo das famílias. Mas indicadores vitais, como a taxa de investimento, continuam negativos. O investidor olha para Brasília e enxerga: um presidente lutando para não cair, o Tesouro Nacional em ruínas e os congressistas preocupados em salvar o próprio pescoço, não as contas da Previdência. Nesse ambiente, a economia apenas soluça. Mas de uma coisa ninguém duvida: a mediocridade está bombando.
Macaco perguntará ao homem: ‘Valeu a pena?’
Josias de Souza
Estranho
país o Brasil! Aboliu as baforadas de cigarro nos salões dos
restaurantes chiques. Mas não consegue impedir que pervertidos ejaculem
na cara das mulheres em ônibus e trens urbanos.
Quem poderia imaginar que, no processo da evolução humana, o macho brasileiro se tornaria um bípede para poder abrir o zíper num transporte coletivo do século 21, colocar o pênis para fora, marturbar-se e espargir esperma em fêmeas indefesas?
Um King Kong enxergaria essa modalidade de sexo público como uma prática constrangedora. Em São Paulo, porém, chamado a julgar o caso do sujeito que ejaculou no pecoço de uma mulher dentro do ônibus, um juiz mandou soltá-lo com base na seguinte argumentação:
''Entendo que não houve constrangimento, tampouco violência ou grave ameaça, pois a vítima estava sentada em um banco de ônibus, quando foi surpreendida pela ejaculação do indiciado.''
Levando-se o raciocínio do doutor às útimas (in)consequências, a mulher ultrajada talvez devesse agradecer ao agressor pela civilidade do ataque. Mas a vítima, aos prantos, discordou: “Eu me senti um lixo. Para a Justiça, não fui constrangida!”
A decisão ajuda a explicar o comportamento do agressor. Não foi a primeira vez que ele meteu o pênis na cara de uma mulher. Acumula 13 passagens pela polícia por “ato obsceno e importunação ofensiva ao pudor” e três prisões, sendo duas por “estupro”.
O cobrador do ônibus evitou que o tarado fosse agredido. Segurou-o até a chegada da polícia. Lamentou que a prisão tenha sido relaxada no dia seguinte. Disse estar “decepcionado”.
O juiz escorou sua decisão em manifestação do promotor, também favorável à liberação do agressor, mediante pagamento de multa. Tais injustiças levam algumas pessoas a gritarem, de tempos em tempos: “Livrai-me da Justiça, que dos malfeitores me livro eu.”
Alguém já disse que a civilização é tudo o que sobra para ser desenterrado dez mil anos depois. Quando os arqueólogos desencavarem evidências de que os ataques sexuais eram comuns nos transportes coletivos brasileiros, tudo será esclarecido.
A comunidade científica concluirá que o macho brasileiro parou de evoluir por volta dos anos 2000, tomando o caminho de volta. Era bípede. Mas retrocedeu até ficar de quatro. Registros sonoros indicarão que o macaco voltou à cena para perguntar: “Acha que valeu a pena?”
Quem poderia imaginar que, no processo da evolução humana, o macho brasileiro se tornaria um bípede para poder abrir o zíper num transporte coletivo do século 21, colocar o pênis para fora, marturbar-se e espargir esperma em fêmeas indefesas?
Um King Kong enxergaria essa modalidade de sexo público como uma prática constrangedora. Em São Paulo, porém, chamado a julgar o caso do sujeito que ejaculou no pecoço de uma mulher dentro do ônibus, um juiz mandou soltá-lo com base na seguinte argumentação:
''Entendo que não houve constrangimento, tampouco violência ou grave ameaça, pois a vítima estava sentada em um banco de ônibus, quando foi surpreendida pela ejaculação do indiciado.''
Levando-se o raciocínio do doutor às útimas (in)consequências, a mulher ultrajada talvez devesse agradecer ao agressor pela civilidade do ataque. Mas a vítima, aos prantos, discordou: “Eu me senti um lixo. Para a Justiça, não fui constrangida!”
A decisão ajuda a explicar o comportamento do agressor. Não foi a primeira vez que ele meteu o pênis na cara de uma mulher. Acumula 13 passagens pela polícia por “ato obsceno e importunação ofensiva ao pudor” e três prisões, sendo duas por “estupro”.
O cobrador do ônibus evitou que o tarado fosse agredido. Segurou-o até a chegada da polícia. Lamentou que a prisão tenha sido relaxada no dia seguinte. Disse estar “decepcionado”.
O juiz escorou sua decisão em manifestação do promotor, também favorável à liberação do agressor, mediante pagamento de multa. Tais injustiças levam algumas pessoas a gritarem, de tempos em tempos: “Livrai-me da Justiça, que dos malfeitores me livro eu.”
Alguém já disse que a civilização é tudo o que sobra para ser desenterrado dez mil anos depois. Quando os arqueólogos desencavarem evidências de que os ataques sexuais eram comuns nos transportes coletivos brasileiros, tudo será esclarecido.
A comunidade científica concluirá que o macho brasileiro parou de evoluir por volta dos anos 2000, tomando o caminho de volta. Era bípede. Mas retrocedeu até ficar de quatro. Registros sonoros indicarão que o macaco voltou à cena para perguntar: “Acha que valeu a pena?”