segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

PROCURADORIA DENUNCIA CERVERÓ FERNANDO BAIANO E OUTROS POR PROPINA NA PETROBRAS

A força-tarefa do Ministério Público Federal no Paraná apresentou nesta segunda-feira (15) denúncia criminal à Justiça contra o ex-diretor da área internacional da Petrobras Nestor Cerveró e o lobista Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano.
Baiano é suspeito de ser o operador do PMDB no esquema de desvios na Petrobras investigado na Operação Lava Jato. Eles foram denunciados pela prática dos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Também foram denunciados o doleiro Alberto Youssef e o executivo Júlio Camargo, da Toyo Setal, apontado como intermédiario do suborno.
Os procuradores pedem que os acusados sejam condenados ao pagamento de cerca de R$ 300 milhões a título de devolução do valor das propinas e de indenização pelos prejuízos causados à Petrobras. Caberá à Justiça Federal aceitar ou não a ação.
Até o momento, 15 acusações foram aceitas e serão julgadas por Sergio Moro, responsável pelo caso.
Segundo a acusação formal, Baiano era representante de Cerveró no esquema. A Procuradoria aponta que ambos receberam US$ 40 milhões de propina em 2006 e 2007 para viabilizar contratação de navios-sonda para perfuração em águas profundas na África e no México.

Sergio Lima - 2.dez.14/Folhapress
O ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, durante acareação na CPI da Petrobras
O ex-diretor da área internacional da Petrobras, Nestor Cerveró, durante acareação na CPI da Petrobras
De acordo com o MPF, em 2006, Cerveró –então diretor da área Internacional da Petrobras– e o lobista acertaram com Julio Camargo o pagamento de propinas no valor de US$ 15 milhões para que fosse viabilizada a contratação, pela estatal, do Navio-Sonda Petrobras 100000 com o estaleiro Samsung Heavy Industries, pelo valor de US$ 586 milhões.
Na versão da procuradoria, após as negociações, Cerveró adotou providências no âmbito de sua diretoria para que a contratação do navio-sonda fosse efetivada. A partir de então, Fernando Baiano passou a receber a propina combinada e a repassar uma parte dos valores para Cerveró.
Em um segundo momento, de acordo com a acusação, providenciou-se um sistema para lavar o dinheiro da corrupção, de crimes praticados por organização criminosa e contra o sistema financeiro.
Desse modo, o dinheiro chegaria "limpo" para os beneficiários. Para isso, foram realizadas operações como depósitos em contas bancárias no exterior, em nome de offshores e de pessoas interpostas; simulação de contratos de câmbio e de investimento; e a realização de empréstimos bancários fraudulentos.
Alberto Youssef foi, de acordo com a ação, o responsável por lavar parte desses valores.

Geraldo Bubniak/AGB/Folhapress
O empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, em visita ao IML
O empresário Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, em visita ao IML
ACUSAÇÕES
A Procuradoria também deverá protocolar nos próximos dias ações civis de improbidade contra ex-diretores da estatal, executivos de empreiteiras e as construtoras.
Além disso, poderá ocorrer a análise da Justiça Federal sobre quatro denúncias apresentadas na quinta (18) pelos procuradores contra executivos de empresas acusadas de formar cartel para fraudar licitações e corromper funcionários da Petrobras.
Os integrantes da força-tarefa trabalharam no sábado e no domingo para concluir a acusação contra o lobista Fernando Soares. O prazo para apresentação da denúncia termina nesta semana –há data limite porque ele está preso desde 18 de novembro.
Segundo depoimento do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que fechou acordo de delação premiada, Soares atuou no esquema como operador do PMDB. A sigla nega.
Os procuradores também buscam finalizar ações civis de improbidade que, diferentemente das denúncias criminais, podem ter as empreiteiras como rés, além das pessoas envolvidas nos delitos.
Essas ações devem trazer pedidos milionários de indenização e de multa contra as construtoras suspeitas.
Na área criminal, 24 executivos ligados a essas empresas já foram alvo de denúncias na semana passada. Uma delas já foi recebida pelo juiz federal Sérgio Moro, o que levou à abertura de ação contra nove acusados, parte deles da Engevix Engenharia.
Falta ainda apreciar as acusações formais que apontam crimes dos dirigentes das empreiteiras Camargo Corrêa, OAS, Mendes Júnior, Galvão Engenharia e UTC. DA FOLHA

Sheherazade gera repercussão ao criticar Comissão da Verdade e lembrar crimes de grupo de Dilma


PETROBRAS ASSINOU CONTRATO EM BRANCO COM EMPRESA HOLANDESA


Ex-diretor de Serviço da Petrobras Renato Duque autorizou contrato em branco - Márcia Foletto / Agência O Globo
RIO — Bruno Chabas resolveu atualizar a correspondência quando viu um recado de Zoe Taylor-Jones, advogado da SBM, empresa holandesa que possui US$ 27,6 bilhões em contratos de navios e plataformas marítimas com a Petrobras. Eles lideravam a equipe que há meses revolvia os arquivos da diretoria recém-demitida. Rastreavam pagamentos de US$ 102,2 milhões em propinas a dirigentes da Petrobras, intermediados pelo agente da companhia no Brasil Julio Faerman.
“Cavalheiros, sinto muito, mas esta é a última cereja do bolo”, ele escreveu a Chabas, presidente da SBM, e a mais quatro diretores, acrescentando: “Nós pagamos também a conta de telefone e de internet de Faerman”. Anexou uma fatura pendente de R$ 1.207,00 da operadora Sky.
Era 1h35m da madrugada de terça-feira, 17 de abril de 2012. Com a agenda da manhã seguinte sobrecarregada pela auditoria, Chabas mandou uma resposta irônica antes de dormir: “Essa relação nunca pára de me surpreender”.
Mais surpreendidos ficaram, dias atrás, os auditores e advogados do Tribunal de Contas da União, da Receita Federal e do Banco Central que analisaram para o Congresso a documentação dos negócios da Petrobras com a SBM.
Comprovaram, por exemplo, que a diretoria da estatal subscreveu um contrato em branco para a construção do navio-plataforma P-57. Isso aconteceu na sexta-feira 1º de janeiro de 2008.
O contrato de construção da P-57 (nº 0801.0000032.07.2), que chegou à CPMI, não contém “informação expressa sobre seu valor”, relataram os técnicos, por escrito, à Comissão Parlamentar de Inquérito.
Na cláusula específica (“Quinta — Preço e Valor”), os campos simplesmente não foram preenchidos. Ficaram assim:
“5.1 O valor total estimado do presente CONTRATO é de R$ xxxxx (xxxx), compreendendo as seguintes parcelas:
5.1.1 R$ xxxxx (xxxx), correspondente aos serviços objeto do presente CONTRATO, sendo R$ _____ ( ) referente a serviços com mão-de-obra nacional e R$ _____ ( ), referente a serviços com mão de obra não residente;
5.1.2 R$ xxxxx (xxxx), correspondente aos reembolsos contratualmente previstos”.
QUASE UM ANO DEPOIS
Somente 207 dias depois — ou seja, passados sete meses — é que “esses valores foram ‘preenchidos’”, registraram os assessores da CPMI.
O “Aditivo nº 1” foi assinado na terça-feira 26 de agosto de 2008, mas ainda sem especificar os valores completos dos serviços nacionais e estrangeiros.
A plataforma P-57 foi vendida por US$ 1,2 bilhão à Petrobras. Por esse negócio, a SBM pagou US$ 36,3 milhões em propinas — o maior valor entre seus casos de corrupção no Brasil, como admitiu, em acordo de leniência com a promotoria da Holanda e o Departamento de Justiça dos EUA.
A empresa holandesa confessou ter distribuído US$ 102,2 milhões em subornos a dirigentes da Petrobras, entre 2005 e 2011. Assim, obteve 13 contratos de fornecimento de sistemas e serviços à estatal. Foram suas operações mais relevantes no país, durante os últimos cinco anos da administração Lula e no primeiro ano do governo Dilma Rousseff.
As propinas foram “para funcionários do governo brasileiro”, constataram a Receita e o Ministério Público da Holanda. Os pagamentos, segundo eles, fluíram a partir de empresas criadas pelo agente da SBM no Rio, Julio Faerman, no paraíso fiscal das Ilhas Virgens Britânicas. Faerman controlava três (Jandell Investiments Ltd., Journey Advisors Co. Ltd. e Bien Faire Inc.) e partilhava outra (Hades Production Inc.) com o sócio carioca Luis Eduardo Barbosa da Silva.
Quem assinou o contrato da P-57 foi Pedro José Barusco Filho, que, na época, era gerente executivo da Diretoria de Engenharia e Serviços, comandada por Renato de Souza Duque.
No mês passado, Barusco se apresentou à procuradoria federal. Entregou arquivos, contas bancárias e se comprometeu a fazer uma confissão completa em troca da atenuação de penalidades. Informou possuir US$ 97 milhões guardados no exterior, dos quais US$ 20 milhões na Suíça já estão bloqueados. Duque foi preso e depois liberado. Agora, enfrenta acusações de corrupção, lavagem de dinheiro e tráfico de influência com políticos do Partido dos Trabalhadores. Ele nega tudo.
Publicidade
A comissão parlamentar de inquérito identificou outros sete funcionários da Petrobras envolvidos no processo de compra da P-57. Eles são: Márcio Félix Carvalho de Bezerra; Luiz Robério Silva Ramos; Cornelius Franciscus Jozef Looman; Samir Passos Awad; Roberto Moro; José Luiz Marcusso e Osvaldo Kawakami.
Um ano depois da assinatura do contrato, a P-57 entrou no projeto de propaganda eleitoral do governo. Foi em outubro de 2009, quando Lula preparava Dilma Rousseff, chefe da Casa Civil, para disputar a eleição presidencial de 2010.
O então presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, que é filiado ao PT, formatou um calendário de eventos. Escolheu o período entre o primeiro e o segundo turnos, em outubro de 2010, para o “batismo” da plataforma, sob a justificativa do 57º aniversário da estatal.


Era preciso, no entanto, garantir a entrega antecipada do equipamento. O diretor Duque e seu gerente Barusco recorreram ao agente da SBM no Rio. Faerman informou ser possível, mas a custos extras. Seguiu-se uma negociação com os funcionários Mario Nigri Klein, Ricardo Amador Serro, Antonio Francisco Fernandes Filho e Carlos José do Nascimento Travassos.
Em abril de 2010, Duque aprovou a despesa extraordinária pela antecipação da entrega da plataforma, apoiado por Barusco e outro gerente, José Antônio de Figueiredo.
Lula comandou o “batismo” da plataforma em comício em Angra dos Reis (RJ), na quinta-feira 7 de outubro. A antecipação da entrega para o evento, em meio à disputa presidencial, custou à Petrobras um extra de US$ 25 milhões. A SBM enviou US$ 750 mil líquidos para empresas de Faerman nas Ilhas Virgens Britânicas.
Tendo trabalhado por seis anos na estatal, nos anos 60, o agente da SBM no Rio conhecia como poucos os chefes, suas carreiras e as áreas de decisão na sede da Avenida Chile, no Centro. Mantinha encontros semanais com alguns.
Havia um padrão de abordagem, relata um engenheiro da Petrobras, evitando citar nomes. Iniciante na estatal, nos anos 90, passou a receber sucessivos elogios de um executivo da SBM no Rio, por seu desempenho nas avaliações dos projetos de afretamento de sondas e plataformas, etapa decisiva na rotina pré-contratual.
— Fiquei empolgado. Afinal, era um simples funcionário, estava começando e já recebia elogios de executivo de empresa de porte — contou. Um dia foi convidado para um jantar na Zona Sul.
A conversa suave, regada a vinho, derivou para seu trabalho na seção de custos de afretamentos. Depois de escolher o prato, o funcionário da Petrobras escutou uma proposta do representante, conhecido como o “homem forte” da SBM:
— Quero compartilhar com você parte da minha comissão — disse-lhe, apontando o dedo indicador para o alto, em alusão a eventuais lucros.
O incômodo à mesa é inesquecível:
— Não dormi naquela noite. Depois me convidaram várias vezes para trabalhar, até que desistiram.
No início de 2012, quando rastreava propinas pagas no Brasil, o advogado da empresa holandesa Zoe Taylor-Jones perguntou a Faerman sobre sua rotina de contatos, presentes e propinas a funcionários da Petrobras. Ele negou, dizendo que se limitava a “enviar cartões de Natal”.
É certo que o agente da SBM no Rio mantinha uma rede de informantes no centro de decisões da estatal. Em junho de 2009, enviou a um dos chefes da companhia holandesa o projeto da Petrobras para criação de estações de liquefação de gás em alto-mar. “É informação muito confidencial nesse estágio e tem implicações muito sérias se alguma coisa vazar”, advertiu.
A cúpula em Amsterdã recebeu, também, uma cópia do “Plano Diretor do Pré-Sal”, classificado como “confidencial”, um mês antes de sua aprovação pela diretoria-executiva da Petrobras. O documento foi copiado com a senha “SG9W”, pertencente a Jorge Zelada, diretor Internacional. Ele admitiu, em audiência no Congresso, a propriedade, mas negou o repasse do plano do pré-sal.
Publicidade
— A senha é como uma assinatura digital — lembrou o gerente de segurança da estatal, Pedro Aramis, em outra audiência.
Neste domingo, a Petrobras divulgou nota lembrando que, há dez meses, “tem se empenhado em apurar todas as relações entre representantes da empresa e representantes da SBM Offshore, buscando evidenciar eventuais desvios de conduta”. Acrescentou que, nesse período, “uma Comissão Interna investigou todos os empregados que tiveram participação direta ou indireta nos processos de contratação com a SBM, independente da posição gerencial ou técnica, passada ou presente, na companhia”.
“Mesmo sem encontrar evidências de suborno” — prossegue — recomendou-se a continuidade da apuração “de indícios de atos impróprios”. As informações obtidas “foram encaminhadas às autoridades”, conclui a Petrobras. DO O BLOBO

Delator diz que trocou ‘crédito’ de propina com tesoureiro do PT



Pedro Barusco, ex-gerente da Petrobrás, diz que procurou João Vaccari para que ele recebesse valores da Schahin; em troca ele ficaria com propina que petista tinha a receber de outra empresa

Por Ricardo Brandt, enviado especial a Curitiba, e Fausto Macedo
O ex-gerente executivo de Engenharia da Petrobrás Pedro Barusco Filho disse em delação premiada à força-tarefa da Operação Lava Jato que fez uma “troca de propinas” com o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto.
Barusco afirmou que possuía um “crédito” da empreiteira Schahin Engenharia, gigante que atua também nas áreas de petróleo e gás, mas estava encontrando dificuldades em receber o dinheiro, segundo ele, relativo ao empreendimento de reforma e ampliação do Centro de Pesquisas da Petrobrás (Cenpes), no Rio de Janeiro, complexo de laboratórios na Ilha do Fundão.
O ex-gerente disse que procurou Vaccari porque, conforme diz, o petista “tem uma boa relação com a Schahin”. A diretoria de Serviços da Petrobrás, unidade estratégica da estatal, era cota do PT. Por ela passam todos os procedimentos de licitações e contratação da estatal.
Vaccari, segundo afirmou Barusco, também era credor de uma propina de uma outra empresa, que atua no ramo de óleo e gás , de módulos para o Pré- Sal. e que participou da montagem de Angra I e Angra II. O delator não citou valores.
Barusco e o tesoureiro do partido teriam feito, então, uma permuta. Segundo o ex-gerente, Vaccari também era credor de uma outra empresa. No cruzamento de propinas, o “crédito” do petista ficou para Barusco e Vaccari “herdou” a propina da Schahin.
A delação de Barusco foi homologada pela Justiça Federal no Paraná há uma semana. Em uma cláusula do contrato que firmou com a força tarefa do Ministério Público Federal, o ex-gerente comprometeu-se a devolver ao Tesouro US$ 97 milhões que mantêm no exterior e mais R$ 6 milhões no Brasil. Ele confessou que essa fortuna teve origem em atos “ilícitos”.
O grau de colaboração do ex-gerente impressiona os investigadores. Ele demonstrou grande senso de organização e disciplina ao fazer uma metódica contabilidade dos repasses de propinas, apontando todos os negócios onde correu dinheiro por fora. Tudo registrava em um arquivo pessoal.
Barusco passou números de contas bancárias e nomes de beneficiários de comissões. Afirmou que ele e Renato Duque, ex-diretor de Serviços da estatal petrolífera, dividiram propinas em “mais de 70 contratos” da Petrobrás entre 2005 e 201o.
Ele declarou que fornecedores e empreiteiros não desembolsavam recursos por “exigência”, mas porque o pagamento de propinas na Petrobrás era “algo endêmico, institucionalizado”.
Antes de atuar na gerência, subordinado a Duque, ele ocupou os cargos de gerente de tecnologia na Diretoria de Exploração e Produção e de diretor de Operações da empresa Sete Brasil, que tem na Petrobrás um de seus investidores.
Pedro Barusco afirmou que “na divisão de propinas” Duque ficava “com a maior parte”, na margem de 60% para o ex-diretor de Serviços e de 40% para ele.
Entregou uma planilha de contratos onde teria corrido suborno e os valores que o esquema girou. Os contratos são de praticamente todas as áreas estratégicas da Petrobrás. Ele citou Gás e Energia, Exploração e Produção e Serviços. Revelou outros operadores da trama de corrupção na Petrobrás. Além do doleiro Alberto Youssef e do lobista do PMDB, Fernando Soares, o Fernando Baiano, Barusco apontou outros nomes.
Falou sobre o suposto pagamento de propinas envolvendo a Schahin no âmbito do Cenps/RJ e a troca que teria realizado com o tesoureiro do PT.
A Schahin não está entre as empreiteiras acusadas no primeiro lote de denúncias que o Ministério Público Federal apresentou à Justiça Federal na semana passada.
Mas a Schahin já havia sido citada em interceptações telefônicas da Polícia Federal. A máquina de grampos da Operação Lava Jato interceptou telefonemas do doleiro Youssef em que ele e um empresário que fornece materiais para a Petrobrás conversam sobre quem “pagou em dia” e “quem estava atrasado” no repasse de dinheiro.
Trecho delação Pedro Barusco
trecho barusco 2
COM A PALAVRA, A DEFESA
João Vaccari Neto
A Secretaria Nacional de Finanças do PT informou em nota que João Vaccari Neto “desconhece a suposta operação citada em delação premiada pelo sr. (Pedro) Barusco”. O partido reafirmou que “todas as doações recebidas pelo PT são feitas na forma da lei e declaradas aos órgãos competentes”. O partido tem rechaçado categoricamente todas as suspeitas lançadas sobre a origem de valores em seu caixa, desde que a Operação Lava Jato foi desencadeada.
Schahin Engenharia
A Schahin Engenharia, citada na delação de Pedro Barusco, refutou veementemente o que classificou de “fantasiosa afirmação”. Por meio de sua assessoria de imprensa, a empresa destacou que “não tem qualquer vínculo com a Operação Lava Jato”.
Renato Duque
O ex-diretor da Petrobrás Renato Duque nega atos ilícitos e recebimento de propinas.
Petrobrás
A Petrobrás não respondeu aos questionamentos da reportagem sobre quantos contratos mantém com a Schahin e quais os valores globais de pagamentos realizados. Também não se manifestou sobre o critério adotado para contratação do consórcio do qual fez parte a Schahin para as obras do Cenpes e se o ex-gerente Pedro Barusco teve alguma participação efetiva nesse empreendimento.
Pedro Barusco
A criminalista Beatriz Catta Preta, constituída por Pedro Barusco, não se manifestou sobre os termos da delação do ex-gerente da Petrobrás. DO ESTADÃO-14 dezembro 2014 | 23:59

Por uma cabeça! - RICARDO NOBLAT

O GLOBO - 15/12
O que o PT tem a dizer sobre a roubalheira na Petrobras? Afinal, ele sempre disse que a Petrobras seria privatizada se o PSDB, um dia, conseguisse voltar ao poder. Pois a empresa foi corrompida pelo PT, desmoralizada pelo PT e empurrada buraco abaixo pelo PT. Hoje, o PT é uma camiseta puída com cheiro de suor, uma estrela guardada no fundo de uma gaveta, uma bandeira vermelha coberta de vergonha.
NA PETROBRAS, É FATO, o roubo existe desde meados do governo José Sarney. Passou pelos governos Fernando Collor, Itamar Franco e Fernando Henrique. Mas foi no governo Luiz Inácio Lula da Silva que alcançou escala gigantesca, segundo investigação da Polícia Federal. Surpreso com a herança maldita, caberia ao governo Dilma livrar-se dela. Certo? Errado.
VOCÊ É INGÊNUO o bastante a ponto de acreditar que Dilma ignorasse o que se passava com a Petrobras? Dilma foi ministra das Minas e Energia. A Petrobras era subordinada a ela. Foi chefe da Casa Civil da Presidência da República, o segundo posto mais importante do governo. Acumulou o cargo com a presidência do Conselho Administrativo da Petrobras.
NADA SE FEZ ou se faz na Petrobras sem a aprovação do Conselho. Da compra de uma refinaria, como a de Pasadena, por exemplo, a aditivos a contratos bilionários. A Petrobras é a empresa campeã no Brasil em contratos firmados sem licitação. Comprada de um grupo belga, Pasadena representou um prejuízo enorme para a Petrobras. Para os belgas, foi o "negócio do século".
UMA VEZ ELEITA para suceder a Lula, Dilma nomeou para o Ministério das Minas e Energia um nome indicado por Sarney - o do senador Edison Lobão. E para a presidência da Petrobras uma de suas amigas de fé, irmãs, camaradas, Graça Foster. Lobão foi ministro de faz de conta - quem mandava no ministério era Dilma. Quanto a Graça... Mandou na Petrobras consultando Dilma para tudo.
EM DEPOIMENTO à CPI da Petrobras em junho último, Graça afirmou que jamais ouvira falar antes de corrupção na empresa. "Só com a suspeita, nós ficamos muito envergonhados", disse, e em seguida choramingou. Comovente! Mas pura lorota como se sabe hoje. Graça ouvira falar de corrupção, sim. E, no mínimo, três vezes. Vamos a elas.
POUCO ANTES de comparecer à CPI, Graça fora informada pelo Ministério Público holandês sobre propinas pagas pela empresa holandesa SBM na venda à Petrobras de um navio-plataforma. A SBM ainda recebeu US$ 25 milhões extras pela antecipação da entrega do navio. Lula queria inaugurá-lo às vésperas da possível eleição de Dilma a presidente em 2010. E assim foi.
NO FINAL DE 2009, em e-mail enviado a Graça, Venina Fonseca, então gerente da Petrobras, alertou-a sobre o aumento de gastos com a refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco. De US$ 4 bilhões, o negócio passara a custar US$ 18 bilhões. Em outro email, de 2011, Venina confessou a Graça que o "imenso orgulho" que tinha de trabalhar na Petrobras dera lugar à "vergonha". Ofereceu-se para lhe contar o que sabia. Não obteve resposta.
DEMITIR OU não demitir Graça? Eis a questão que tira o sono de Dilma desde que o Procurador Geral da República cobrou a demissão da diretoria da Petrobras. Graça serve de escudo a Dilma contra o mar de lama que se acumula ao pé da rampa do Palácio do Planalto. Lula entregou a cabeça de José Dirceu e salvou a sua, ameaçada pelo escândalo do mensalão. Dilma acabará entregando a de Graça. Resta ver se será o suficiente.

ROUBALHEIRA DO PT DESTRÓI PETROBRAS Estatal perdeu R$610 bilhões desde 2003. O valor pagaria 25 anos de Bolsa Família.


Em 2013, foram gastos R$ 24,5 bilhões com a Bolsa Família. O valor perdido pela Petrobras pagaria 25 anos do benefício.
Por O EDITOR
Blog do Coronel

Estadão

Abalada pelas investigações de corrupção e, mais recentemente, pela queda da cotação do petróleo, a Petrobras não para de sofrer os efeitos no preço de suas ações. Sua cotação afundou tanto que na sexta-feira passou a valer na Bolsa de Valores o mesmo que no primeiro ano do governo Lula, como se estivesse paralisada há 11 anos.
A estatal brasileira vale hoje menos do que antes do anúncio das descobertas do pré-sal. Para os investidores do mercado financeiro, é como se as reservas gigantes de petróleo, anunciadas em novembro de 2007, tivessem perdido todo o valor.
No auge da cotação da empresa, em 21 de maio de 2008, seu valor a preços de hoje, já considerando a inflação, era de R$ 737 bilhões. De lá para cá, queimou-se no mercado R$ 610 bilhões. Para se ter uma ideia da dinheirama, é como se a companhia tivesse perdido toda a produção anual de Portugal.Ou quatro vezes o Produto Interno Bruto (PIB) do Uruguai.

Em seu auge, em maio de 2008, a estatal chegou a ser cotada a R$ 737 bilhões, em valores corrigidos pela inflação, mas sofreu com a crise global, com a falta de reajuste da gasolina e com os escândalos de corrupção e hoje é avaliada em R$ 127 bilhões
Toda essa perda não se deve apenas ao inferno astral do momento. As perdas começaram logo em 2008, por causa da crise financeira global. No ano passado, a Petrobras teve outra grande perda porque não pôde reajustar os preços da gasolina para não pressionar a inflação. Em 2014, a cotação estava começando a se recuperar, quando as notícias de corrupção atingiram a empresa. Foi assim que na sexta-feira a estatal passou a valer R$ 127 bilhões.
Os números já ajustados pela inflação foram compilados pela consultoria Economática, a pedido do Estado. Aplicar a inflação é importante porque traz o passado para os preços de hoje, como diz o gerente da consultoria, Einar Rivero. Dá o real poder de compra do dinheiro. “O dólar hoje está caro ou está barato? Eu digo que está barato porque vale R$ 2,60. Olhando o dólar de 2002 e aplicando a inflação do período eu teria de ter R$ 8,25 de hoje para comprar dólares. Está barato.”
No caso das ações da Petrobras, não há quem arrisque dizer se o papel está caro ou barato. São muitas as incertezas em relação à empresa, que ainda podem jogar os preços mais para baixo. Não se sabe, por exemplo, o impacto no balanço da companhia quando reconhecer – se reconhecer – as propinas pagas e denunciadas por ex-diretores. Nem sequer o balanço auditado do terceiro trimestre foi publicado e, se isso não for feito até 31 de janeiro, alguns bilhões em dívidas terão de ser pagos antecipadamente.
A empresa ainda enfrenta uma ação movida por acionistas minoritários que pedem indenizações milionárias na Justiça americana. Para complicar, os preços do petróleo estão em níveis que, no curto prazo, ajudam o caixa da companhia, mas se permanecerem por muito tem. DO R.DEMOCRATICA