sexta-feira, 18 de abril de 2014

O governo foi para cima do TCU disposto a transformar um prontuário em ministro. Tropeçou na altivez de um gaúcho que não aceita a companhia de condenados

Augusto Nardes
Augusto Nardes
No meio da missa negra celebrada neste 8 de abril em intenção dos blogueiros estatizados, o chefe supremo ordenou o início da guerra nada santa: “Vamos para cima”, disse Lula a seus discípulos. Para cima da CPI que ameaça devassar as catacumbas da Petrobras. E para cima de qualquer indívíduo, partido ou entidade que insista na devassa das incontáveis delinquências que vêm tornando ainda mais complicada a reeleição de Dilma Rousseff.
Excitados pela palavra do mestre, sacerdotes companheiros e sacristãos alugados resolveram ampliar a ofensiva com a multiplicação das frentes de combate. A estratégia naufragou, informa o balanço dos confrontos. Pela primeira vez, líderes da oposição e descontentes em geral não renunciaram à troca de chumbo, e receberam o inesperado apoio de brasileiros convencidos de que é preciso impor limites a uma seita fora da lei. E o exército lulopetista acumulou fracassos suficientes para que o país soubesse que é dirigido por um punhado de generais da banda.
Enquanto senadores do PT e do PMDB iam para cima da CPI da Petrobras, adversários do governo recorreram ao Supremo Tribunal Federal para garantir a sobrevivência de um instrumento de investigação indispensável à democracia. Enquanto Dilma retomava a louvação do nacionalismo em barris, agentes da Polícia Federal invadiram a sede da empresa empunhando mandados de busca e apreensão. Como instrumento eleitoreiro, a estatal devastada pela necrose administrativa e moral hoje é tão valiosa quanto a sucata bilionária de Pasadena.
É possível que a CPI morra nos trabalhos de parto. Nem por isso Graça Foster escapou de comparecer ao Congresso para explicar a transformação de uma grande empresa petroleira em usina de negociatas. A essas derrotas somaram-se dois reveses produzidos por súditos mais realistas que o reizinho nu. A presidente do IBGE, Wasmália Bivar, por exemplo, resolveu ir para cima da PNAD contínua, que desmoralizou os índices ufanistas invocados para mascar a verdadeira taxa de desemprego real. Colidiu com diretores inconformados com a revogação do método que estende a centenas de municípios um levantamento até agora restrito a seis regiões administrativas.
Nenhum dos fracassos foi tão desconcertante para o Planalto quanto o ocorrido no Tribunal de Contas da União. Por exigir que o governo faça o que lei determina e deixa de fazer o que a lei proíbe, a instituição tem barrado o avanço de obras viciadas por grosseiras irregularidades e pela corrupção institucionalizada. Compreensivelmente, figura desde 2003 entre os alvos preferenciais dos donos do poder. Decidida a concretizar o sonho de Lula, Dilma resolveu encurtar o caminho com a remoção dos intermediários. E ordenou aos ministros Ricardo Berzoini e Aloizio Mercadante que fossem para cima do TCU com a candidatura do senador Gim Argello a uma vaga prestes a ser aberta.
A tropa reforçada pelo senador Renan Calheiros tropeçou na altivez do presidente do Tribunal, Augusto Nardes. Deputado federal pelo PP gaúcho de 1986 a 2005, Nardes sabe quem é quem em Brasília. E compreendeu que todos os limites seriam ultrapassados se um prontuário ambulante fosse promovido a juiz da gastança do patrão a quem presta vassalagem. “Reuni todos os ministros para tomarmos uma posição”, revelou em entrevista ao Estadão. “Propus que não deveríamos aceitar simplesmente a indicação, pelo fato de que estava se descumprindo a legislação brasileira.”
Com o aval dos colegas, Nardes divulgou uma nota aconselhando ao Senado “a observância dos requisitos constitucionais previstos para a posse de qualquer cidadão que venha a ser membro da corte”. Um dos requisitos é “reputação ilibada”. Em conversas reservadas com parlamentares governistas, Nardes avisou que o TCU “não podia aceitar um condenado”. Também revelou que, caso a afronta se consumasse, não daria posse a Gim Argello. O ultraje ao Tribunal de Contas da União morreu sem ter nascido.
As páginas reservadas ao noticiário político-policial confinaram em poucos centímetros um dos fatos mais relevantes desse começo de abril com cara de antigos agostos. O gesto de Nardes – endossado por todos os ministros do TCU, insista-se – demonstrou que o país em aparente decomposição pode recuperar a saúde se os brasileiros decentes reaprenderem a dizer não.
A pesquisa do Ibope prova que Lula teve uma péssima ideia. Ao ordenar que a turma fosse para cima, mandou Dilma para baixo.
DO AUGUSTONUNES

Pesquisa do IBGE derruba três mitos do governo Dilma sobre o emprego

Por Dinheiro Público & Cia
18/04/14 11:45
Suspensa de maneira de controversa, a pesquisa ampliada do IBGE sobre o mercado de trabalho tem o potencial de derrubar mitos propagados pelo governo Dilma Rousseff sobre o emprego no país.
Apurados em todo o país, os números mostram que o cenário atual é, sim, favorável -mas não a ponto de autorizar afirmações de tom épico como as mostradas abaixo, retiradas de discursos da presidente.
1) “Nós hoje, no Brasil, vivemos uma situação especial. Nós vivemos uma situação de pleno emprego.” (Dilma, 29/01/13)
O mito revisto: “Nós chegamos próximos do pleno emprego.” (Dilma, 17/07/13)
Os dados: A tese do (quase) pleno emprego se amparou nos resultados da pesquisa mais tradicional do IBGE, limitada a seis regiões metropolitanas, que mostra desemprego na casa dos 5%.
A pesquisa ampliada que começou a ser divulgada neste ano mostra taxa mais alta, de 7,1% na média de 2013, e, sobretudo, desigualdades regionais: no Nordeste, o desemprego médio do ano ficou em 9,5%.
 2) “O Brasil, hoje, é um país que, em meio à crise econômica das mais graves, talvez a mais grave desde 1929, é um país que tem a menor taxa de desemprego do mundo.” (Dilma, 14/06/13)
O mito revisto: “Hoje nós temos uma das menores taxas de desemprego do mundo. (Dilma, no mesmo discurso)
Os dados: Em comparação com o resto do mundo, não há nada de muito especial na taxa brasileira. É semelhante, por exemplo, à dos Estados Unidos (6,7% em março), que ainda se recuperam de uma das mais graves crises de sua história.
O desemprego no Brasil é menor que o de importantes países europeus, mas supera o de emergentes como Coreia do Sul (3,9%), China, (4,1%,), México (4,7%) e Rússia (5,6%), além de ricos como Japão (3,6%), Noruega (3,5%) e Suíça (3,2%).
3) “Temos o menor desemprego da história.” (Dilma, 23/12/12)
O mito não foi revisto.
Os dados: A base da afirmação é que a taxa apurada em apenas seis metrópoles é a menor apurada pela atual metodologia, iniciada em 2001. Já foram apuradas no passado, com outros critérios, taxas iguais ou mais baixas.
A pesquisa ampliada permite comparações com taxas apuradas no passado por amostras de domicílios. Dados do Ipea mostram que o desemprego atual é semelhante, por exemplo, ao medido na primeira metade nos anos 90.
DA FOLHA DE SP

Ibope: mais gente REPROVA (48%) do que APROVA (47%) o modo como Dilma governa o país; boato de queda significativa de petista anima de novo os mercados

O Ibope divulgou nesta quinta uma pesquisa de intenção de voto par a Presidência da República. Os números são compatíveis com o levantamento mais recente do Datafolha. Quando Dilma é confrontada apenas com os principais oponentes, ela cai dos 43% que tinha em março para 39%; o tucano Aécio Neves oscilou de 15% para 16%, e Eduardo Campos, do PSD, passa de 7% para 8%. Quando entram os candidatos de pequenas legendas, Dilma marca 37%; Aécio, 14%, e Campos 6%. Nesse caso, as candidaturas nanicas, somadas, passaram de 1% para 3%. Num eventual segundo turno contra o tucano, a petista caiu de 47% em março para 43% agora, e ele passou de 20% para 22%; contra o peessebista, ela vai de 47% para 44%, e ele, de 16% para 17%. A esta altura, no entanto, esses são os números e os fatos menos importantes.
Pesquisa Ibope Abril
Importante mesmo é outro dado: segundo o Ibope, mais gente desaprova o jeito de Dilma governar (passaram de 43% em março para 48% agora) do que aprovam (de 51% para 47%). Observem: em um mês, há aí uma movimentação de 9 pontos contra a petista: ela tinha um saldo positivo de 8 e, agora, tem um saldo negativo de 1. Pode-se dizer, é verdade, que o eleitorado ainda descobre muito timidamente os candidatos de oposição, mas a queda de prestígio de Dilma é evidente. E não é menos verdade que essa desaprovação está começando a corroer os seus votos.
De novo, euforia
Ontem, circulou forte o boato de que uma pesquisa do Ibope indicaria uma queda significativa de Dilma. Mais uma vez, a reação foi de euforia. O Ibovespa reagiu. Na máxima, o índice chegou a subir 2,22%. No fechamento, a alta foi de 1,78%, aos 52.111 pontos. O giro financeiro foi de R$ 5,8 bilhões.
Agora é assim: mesmo quando Dilma cai muito no boato, o mercado sobe de fato. É curiosa a reação. A sensação evidente é mesmo a de que o governo, este governo, atrapalha o país. Que coisa, né? A simples perspectiva de que Dilma não se reeleja enche o Brasil de um ânimo novo. Por que será?
Por Reinaldo Azevedo