terça-feira, 16 de abril de 2019

ANPR vai ao STF para impedir depoimento de procuradores


A Associação Nacional dos Procuradores da República entrou com um novo pedido no STF para impedir que membros do Ministério Público Federal prestem depoimento no inquérito aberto por Dias Toffoli para apurar supostos ataques a ministros da Corte.
A entidade também pede a devolução de documentos e aparelhos apreendidos hoje com outros sete alvos da investigação, por postagens em redes sociais críticas à atuação do STF.
“Várias autoridades públicas, incluindo os associados da ANPR, e até mesmo cidadãos comuns, sofrem iminente risco de (ou foram alvos, no caso dos pacientes já identificados), sem conhecerem os motivos e sem qualquer chance de se defenderem, se tornarem investigados (se já não forem) em um processo inquisitorial e, por conseguinte, sofrerem buscas e apreensões de bens pessoais, terem limitados os seus acessos aos meios de comunicação, escancarada a sua intimidade e até mesmo ceifada a sua liberdade ambulatorial.”

Moraes insiste em investigação que será anulada pela PGR

Na manifestação de arquivamento, rejeitada por Alexandre de Moraes, a PGR deixa claro que as provas colhidas pelo STF serão imprestáveis a uma ação penal futura.
Seguir com o inquérito, sabendo que o material obtido pela investigação não será útil, apenas reforça o caráter de intimidação e perseguição.

Censura viola Convenção Interamericana de Direitos Humanos, diz relator


O relator sobre liberdade de expressão da Comissão Interamericana de Direitos Humanos, o uruguaio Edison Lanza, criticou a censura imposta pelo STF a Crusoé e O Antagonista, informa Janaína Figueiredo em O Globo.
Lanza vai além: segundo ele, a medida de Alexandre de Moraes viola a Convenção Interamericana de Direitos Humanos, de 1969, à qual o Brasil aderiu depois da redemocratização.
“O artigo 13 [da convenção] estabelece o direito à liberdade de expressão e protege de forma contundente o direito da sociedade a receber informação sobre temas de interesse público. (…) Em casos de controle e combate à corrupção, a proibição de censura é absoluta”, acrescenta o relator.

MORAES NEGA ARQUIVAMENTO DE INQUÉRITO DAS FAKE NEWS

Alexandre de Moraes rejeitou a recomendação da Procuradoria Geral da República e manteve o andamento do inquérito aberto por Dias Toffoli sobre supostos ataques ao Supremo Tribunal Federal.
Considerou que o STF pode conduzir investigações com a Polícia Federal, independentemente da participação do Ministério Público.
“Não se configura constitucional e legalmente lícito o pedido genérico de arquivamento da Procuradoria Geral da República, sob o argumento da titularidade da ação penal pública impedir qualquer investigação que não seja requisitada pelo Ministério Público”, escreveu o ministro, citando decisão semelhante da Segunda Turma do STF, de relatoria de Gilmar Mendes.

"Não vou me intimidar", diz jovem alvo de buscas da PF por críticas aos 'juízes' do Supremo

terça-feira, 16 de abril de 2019

"Não vou me intimidar", diz jovem alvo de buscas da PF por críticas aos 'juízes' do Supremo

Isabella Trevisani fez postagem depois da ação da PF Foto: Reprodução

Isabella Trevisani fez postagem depois da ação da PF Foto: Reprodução
Após ser alvo de mandado de busca e apreensão nesta terça-feira, por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), a jovem Isabella Sanches de Sousa Trevisani foi às redes sociais para dizer que não vai se intimidar. O ministro Alexandre de Moraes usou a Lei de Segurança Nacional, editada em 1983, durante a ditadura, para enquadrar a jovem de 22 anos e outros seis investigados por conta de ofensas contra a Corte.
Na manhã desta terça-feira, Isabella fez um live em seu perfil no Facebook para falar sobre a ação da Polícia Federal:
"Essa é a ditadura do Judiciário. Eles querem calar o povo brasileiro que luta contra eles nas ruas, eles querem impedir, censurar de todas as maneiras possíveis. Só tenho um recado a vocês: ministro Alexandre de Moraes, ministros do STF, a vez de vocês está chegando. Vou tacar mais ovos nos carros, nos prédios, onde eu conseguir. Podem me aguardar, não vou me calar, isso não vai me intimidar, não vai intimidar o povo brasileiro. Continuaremos nas ruas contra esse descaso, desrespeito e arbitrariedade que vêm fazendo contra nós."
Em seguida, ela disse que "o STF vai cair", lembrou o lema de campanha do presidente Jair Bolsonaro e pediu:
"Prisão desses bandidos, ladrões de toga já, fechamento do STF."
O vídeo é acompanhado das hashtags: #NãoVouMeIntimidar e#ForaDitaduraDoJudiciário . No texto, ela escreveu ainda "STF vergonha nacional, fora STF" e que Alexandre de Moraes está censurando a verdade.
A jovem afirmou que não estava em casa no momento em que a PF bateu a sua porta, mas disse que, se estivesse, teria servido café aos policiais. E criticou o ministro que determinou as buscas:
"Polícia Federal às 6hs da manhã cumpriu busca e apreensão, a pedido do ministro Alexandre de Moraes, vale ressaltar, ex-advogado do PCC, do meu computador. Eu não estava em casa, pois se estivesse teria recebido a PF com cafezinho e bolo.  #PoliciaFederalOrgulhoNacional ", escreveu.
Isabella afirmou que vai entrar com recurso "para derrubar essa decisão arbitrária", a qual chamou de censura.
"FECHEM O STF e CRIMINALIZEM os ministros corruptos, PL 4754 da Câmara dos Deputados que tipifica crime de responsabilidade dos ministros do STF. Após coloquem em prática a Pec 52/2015 de autoria do senador Reguffe que prevê fim de indicações políticas, aprovação dos ministros mediante concursos prestados e mandato limitado de 5 anos", concluiu ela, que é de Ferraz de Vasconcelos (SP).
Isabella fez uma live para falar sobre a operação Foto: Reprodução
Isabella fez uma live para falar sobre a operação Foto: Reprodução
Na decisão, o STF diz que a jovem postou nas redes sociais propaganda de processos ilegais para alteração da ordem política e social, como numa publicação de 23 de março, em que se lê: STF vergonha nacional! A vez de vocês está chegando. O ministro cita ainda que, em outro momento, ela atribuiu a um ministro da Corte fato definido como crime ou ofensivo à reputação: "Esta é a recepção para ministro ladrão de toga". Nesse vídeo, de 29 de março, ela exibe uma cesta de ovos.
O ministro determinou o bloqueio das contas nas redes sociais dos investigados. A jovem demonstrou preocupação e disse no vídeo ao vivo que quer falar antes que ocorra o bloqueio de seu perfil.
Isabella foi candidata a deputada estadual no ano passado pelo PRTB, partido do vice-presidente Hamilton Mourão, e recebeu 512 votos. Nas redes sociais, adota em algumas postagens o bordão "Brasil, ame-o ou deixe-o", frase que ficou conhecida como slogan do período da ditadura militar brasileira. Numa foto postada por um amigo, aparece com uma camisa em que está escrito "Ustra vive". Carlos Alberto Brilhante Ustra, que morreu em 2015, foi chefe do Doi-Codi do 2º Exército. A Arquidiocese de São Paulo, por meio do projeto Brasil Nunca Mais, denunciou mais de 500 casos de tortura cometidos dentro das dependências do Doi-Codi no período em que Ustra era o comandante, de 1970 a 1974. Juliana Castro, O Globo

Entidades repudiam ‘autoritarismo togado’

 
Seis entidades –Instituto Não Aceito Corrupção, Movimento do Ministério Público Democrático, Vem Pra Rua, Contas Abertas, Livres e Transparência Brasil– divulgaram uma nota conjunta de repúdio à censura a Crusoé e O Antagonista.
Na nota, as entidades chamam a decisão de Alexandre Moraes, do STF, de “autoritarismo togado” e de “desrespeitosa aos direitos constitucionais e universais à liberdade de expressão e de acesso à informação”.
Segundo elas, o inquérito das “fake news” aberto por Dias Toffoli é “procedimento investigatório vago e genérico, sem objeto nem suspeitos precisos, que pode ser interpretado razoavelmente como uma ameaça geral ou uma gigante espada de Dâmocles apontada genericamente, algo não aceitável num sistema democrático”.
Leia abaixo a íntegra da nota:
***
AUTORITARISMO TOGADO
Entidades repudiam censura a veículos de imprensa.
A Constituição Federal de 1988 consagrou como dois de seus pilares fundamentais o direito à liberdade de expressão e o direito de acesso à informação, elementos fundamentais para a existência plena do Estado Democrático de Direito, o que se reforçou diante da assunção de responsabilidades do Brasil no plano internacional ao sermos signatários do Pacto de San José da Costa Rica em 1992 e ao integrarmos como membro-fundador a OGP em 2011.
Na contramão desta tendência internacional, no último dia 14 de março, o Presidente do Supremo Tribunal Federal editou a Portaria GP 69 por força da qual foi instaurado inquérito de motivações e objeto genérico para apurar notícias fraudulentas (fake news), denunciações caluniosas, ameaças e infrações revestidas de animus caluniandi, diffamandi ou injuriandi atentatórias à honorabilidade e segurança do STF.
Com base nos poderes nos quais foi investido por esta Portaria (sem distribuição nem sorteio), que mescla os papeis de acusadores e julgadores, a partir de provocação do Presidente do STF, o Ministro Relator determinou ontem a retirada do ar de reportagem incriminadora relacionada a atos de corrupção, publicada em desfavor do Presidente do STF, por suposto abuso jornalístico não definido nem especificado, que teria sido cometido pelos portais Crusoé e O Antagonista.
A Procuradoria Geral da República, na qualidade de titular da ação penal pública acaba de promover o arquivamento do inquérito em foco, além de informar ao Ministro Relator que as medidas autorizadas, inclusive de censura aos veículos já mencionadas não foram requeridas nem acompanhadas pelo Ministério Público.
A leitura da decisão preocupa porque não procurou aquele que se diz vítima pelo amparo da Justiça como qualquer mortal, valendo-se de seu poder para obter sumária decisão em seu favor, proferida por magistrado que ele escolheu para ser Relator, colocando em xeque o sistema de duplo grau de jurisdição bem como o princípio do juiz natural.
O despacho do Ministro Relator, que padece de fundamentação, classifica a matéria, baseada em documento disponível na internet, como fake news, sem que exista na legislação vigente qualquer espécie de parâmetro preciso de definição do respectivo conceito além de desconsiderar o fato de ter silenciado o Ministro Presidente ao ser procurado pela reportagem dos veículos em foco antes da publicação, para externar sua versão sobre os fatos.
Interpretamos a decisão tomada como desrespeitosa aos direitos constitucionais e universais à liberdade de expressão e de acesso à informação, no bojo de procedimento investigatório vago e genérico, sem objeto nem suspeitos precisos, que pode ser interpretado razoavelmente como uma ameaça geral ou uma gigante espada de Dâmocles apontada genericamente, algo não aceitável num sistema democrático.
Todos têm direito à informação bem como a selecionar, interpretar e julgar fatos sem censuras ou bloqueios, afigurando-se atitude que assume ares de intimidação judicial a determinação da retirada do ar de reportagem sumariamente desqualificada pelo atingido pelo fato de desagradá-lo. Se o jornalista publica algo indevido, que o prejudicado o processe, que se respeite o devido processo legal e, ao final, se for o caso, que o faltoso seja responsabilizado. Defendemos liberdade de imprensa, mas jamais apoiaremos irresponsabilidade de opinião.
A opacidade é aliada da corrupção, afigurando-se inaceitável decisão de Ministro do STF que tisna a imagem de nossa democracia no plano internacional neste momento em que pleiteamos assento junto à OCDE, pelo que o conclamamos o STF a reconsiderar o ato de censura determinado, restabelecendo a prevalência dos ditames da liberdade de expressão e acesso à informação.
Instituto Não Aceito Corrupção
Movimento do Ministério Público Democrático
Movimento VemPraRua
Associação Contas Abertas
Movimento Livres
Transparência Brasil

Felipe Moura Brasil: “Toffoli tenta fazer uma informação comprometedora a seu respeito parecer um ataque às instituições”

 
Em artigo publicado e lido na Jovem Pan, Felipe Moura Brasil diz que reportagem de Crusoé não tem qualquer ataque a Dias Toffoli e muito menos ao Supremo Tribunal Federal.
Ao pedir medidas contra a revista, o ministro “tenta fazer uma informação comprometedora a seu respeito parecer um ataque as instituições brasileiras”, diz o jornalista.
“Encobrir fatos específicos com generalidades, rotulando tudo e todos que trazem à tona informações incômodas, tem sido expediente comum entre pessoas citadas na Lava Jato, algumas das quais depois são consideradas culpadas e recebem condenação da Justiça.”
“O padrão retórico de Toffoli, portanto, só traz mais desconfiança sobre a natureza de suas decisões judiciais e curiosidade sobre a documentação que elas buscam enterrar. Com a censura, [Alexandre de] Moraes ampliou a divulgação de uma reportagem antes pouco repercutida em veículos concorrentes, agora unidos em defesa da liberdade de imprensa.”

URGENTE: PGR ARQUIVA INQUÉRITO DAS ‘FAKE NEWS’ DO STF



A Procuradoria Geral da República anunciou o arquivamento do inquérito aberto por Dias Toffoli para apurar supostos ataques ao STF.
O órgão informou que enviou manifestação ao relator, Alexandre de Moraes, afirmando que as medidas já autorizadas — que incluem a censura à Crusoé e a O Antagonista –, não foram pedidas nem acompanhadas pelo Ministério Público.
Por isso, esclareceu que “nenhum elemento de convicção ou prova de natureza cautelar produzida será considerada pelo titular da ação penal ao formar sua opinio delicti. Também como consequência do arquivamento, todas as decisões proferidas estão automaticamente prejudicadas”.
Como o Ministério Público é responsável por eventual apresentação de denúncia, qualquer acusação contra os alvos do inquérito se inviabiliza quando o órgão considera que as provas foram colhidas de forma irregular.
“A providência tem como fundamento o respeito ao devido processo legal e ao sistema penal acusatório estabelecido na Constituição de 1988, segundo o qual o Ministério Público é o titular exclusivo da ação penal, fato que provoca efeitos diretos na forma e na condução da investigação criminal.”
Leia AQUI a íntegra do documento.

Janaina: Ainda falta democracia. Leia a

Ligado a FHC - o cara que entregou o ministério da Justiça a Renan Calheiros - e indicado ao STF por Temer, Alexandre de Moraes vê ‘subversão da ordem’ e ordena bloqueio das redes sociais de investigados por fake news

terça-feira, 16 de abril de 2019

Foto: Barry Huang/Reuters
O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), mandou bloquear as redes sociais de sete investigados no inquérito sobre as supostas fake news contra seus colegas da Corte. São alvo de buscas da Polícia Federal nesta terça-feira, 16, o general da reserva Paulo Chagas, o membro da Polícia Civil de Goiás Omar Rocha Fagundes, Isabella Sanches de Sousa Trevisani, Carlos Antonio dos Santos, Erminio Aparecido Nadini, Gustavo de Carvalho e Silva e Sergio Barbosa de Barros.
Na decisão, Alexandre afirmou que documentos e informações coletados pela investigação apontam ‘sérios indícios da prática de crimes’. Segundo o ministro, as postagens em redes sociais contêm ‘graves ofensas a esta Corte e seus integrantes, com conteúdo de ódio e de subversão da ordem’.
O ministro mandou bloquear contas no Facebook, no WhatsApp, no Twitter e no Instagram. “Autorizo desde logo o acesso, pela autoridade policial, aos documentos e dados armazenados em arquivos eletrônicos apreendidos nos locais de busca, contidos em quaisquer dispositivos”, ordenou Alexandre. “Após a realização das diligências, todos os envolvidos deverão prestar depoimentos.”
Segundo Alexandre, as mensagens escritas por Paulo Chagas são ‘propaganda de processos violentos ou ilegais para alteração da ordem política e social com grande repercussão entre seguidores’. O ministro destacou que ’em pelo menos uma ocasião, o investigado defendeu a criação de um Tribunal de Exceção para julgamento dos ministros do STF ou mesmo para substitui-los’.
Omar Rocha Fagundes, de acordo com Alexandre, publicou uma mensagem em 14 de março de 2019 com a frase ‘O nosso STF é bolivariano, todos alinhados com narcotraficantes  e corruptos do País’. O ministro destacou que Omar anda ‘constantemente armado’.
“Em outra postagem, incita a população a impedir o livre exercício dos Poderes da União, afirmando que ‘O Peru fechou a corte suprema do país. Nós também podemos! Pressão total contra o STF (publicação de 16 de março de 2019)”, citou Alexandre.
O ministro apontou também uma mensagem escrita por Isabella Sanches de Sousa Trevisani em 23 de março. “STF Vergonha Nacional! A vez de vocês está chegando.”
Carlos Antonio dos Santos, segundo Alexandre, incitou a população ‘a impedir o livre exercício dos Poderes da União, afirmando que ‘É desanimador o fato de tantos brasileiros ficarem alheios ao que a Quadrilha STF vem fazendo contra a nação’. A mensagem foi escrita em 14 de março.
De acordo com o ministro, Erminio Aparecido Nadin também propagou ‘alteração da ordem política e social, compartilhando publicações como a de 21 de março’. “Não tem negociação com quem se vendeu para o mecanismo. Destituição e prisão. Fora STF”, escreveu o investigado, segundo a decisão.
Alexandre destaca ainda que Erminio Aparecido Nadin imputou ‘fato ofensivo à reputação dos ministros’. “Máfia do STF: empunha papeis e canetas, protege criminosos, cobra propina  de proteção de corruptos, manipula a lei, mata pessoas.”

O que diz Paulo Chagas

“Escrevo sobre o STF há muito tempo. Evito falar mal da Corte, Mas não de atos de pessoas da Corte. Estou em Campinas. Minha reação é de achar graça”, disse.
“Não tenho nada para esconder. Tudo o que faço e falo coloco no meu blog.”
Paulo Chagas afirmou que não ligou para o presidente Jair Bolsonaro ou alguém do Planalto.
“Não é assunto para tratar com presidente da República”, declarou o general.
Pelo Twitter, Paulo Chagas comentou o mandado de busca e apreensão.
“Caros amigos, acabo de ser honrado com a visita da Polícia Federal em minha residência, com mandato de busca e apreensão expedido por ninguém menos do que ministro Alexandre de Moraes”, afirmou.
“Quanta honra! Lamentei estar fora de Brasília e não poder recebe-los pessoalmente.”
Em seu Twitter, Paulo Chagas costuma fazer críticas ao Supremo. No dia 16 de março, o general escreveu. “A pressão popular sobre os ministros do STF está surtindo efeito. Se quem não deve não teme, por que Gilmar Mendes e Toffolli estão tão agressivos? O desespero indica que estamos no caminho da verdade! “Sustentar o fogo porque a vitória é nossa”.”

Entenda o inquérito das fake news

Em março, o presidente do Supremo, Dias Toffoli, mandou abrir um inquérito contra ‘notícias fraudulentas (fake news), denunciações caluniosas, ameaças e infrações revestidas de animus caluniandi, diffamandi ou injuriandi, que atingem a honorabilidade e a segurança do Supremo Tribunal Federal, de seus membros e familiares, extrapolando a liberdade de expressão’. Na ocasião, o ministro citou um artigo do regimento interno do STF, segundo o qual, ‘ocorrendo infração à lei penal na sede ou dependência do Tribunal, o Presidente instaurará inquérito, se envolver autoridade ou pessoa sujeita à sua jurisdição’.
Nas três páginas de manifestação, o presidente da Corte também aproveitou para frisar que o inquérito não investiga apenas ações criminosas “isoladamente praticadas”, mas também busca identificar associações de pessoas que tenham como objetivo “perpetrar, de forma sistemática, ilícitos que vão de encontro aos bens jurídicos em questão”.
Nesta segunda-feira, 15, no âmbito do inquérito, o ministro determinou à revista ‘Crusoé’ e ao site ‘O Antagonista’ que retirassem do ar imediatamente a reportagemintitulada ‘amigo do amigo de meu pai’, que cita o presidente da Corte, Dias Toffoli. A revista repudiou a decisão e denunciou o caso como censura. Alexandre impôs ainda uma multa diária de R$ 100 mil em caso de desobediência.
“Determino que o site O Antagonista e a revista Crusoé retirem, imediatamente, dos respectivos ambientes virtuais a matéria intitulada ‘O amigo do amigo de meu pai’ e todas as postagens subsequentes que tratem sobre o assunto, sob pena de multa diária de R$ 100 mil, cujo prazo será contado a partir da intimação dos responsáveis. A Polícia Federal deverá intimar os responsáveis pelo site O Antagonista e pela Revista Crusoé para que prestem depoimentos no prazo de 72 horas”, ordenou.
O ministro não fez nenhuma declaração sobre sua decisão, mas a interlocutores próximos ressaltou que não impôs censura às publicações. Na avaliação de Alexandre, ‘liberdade de imprensa impede a censura prévia, mas não responsabilização posterior’.
O ministro ressaltou que ‘a notícia se baseou na PGR, que a desmentiu, mesmo assim insistiram na fake news’. “Isso está claro na decisão.”
A reportagem está tentando localizar as defesas de todos os citados. O espaço está aberto para manifestação. DO J.TOMAZ
Tânia Monteiro, Julia Affonso e Fausto Macedo, O Estado de São Paulo

A pior ditadura é a da burrice

terça-feira, 16 de abril de 2019


Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Perdão, mas Ruy Barbosa estava errado quando proclamou que “a pior ditadura é a do Poder Judiciário”. Não é... A pior ditadura é a da burrice. Censura prévia é inconstitucional. Porém, censura a posteriori é cabível – se comprovado que o fato noticiado é falso, mentiroso, calunioso, injurioso ou difamador. O probleminha prático: tal censura é burra, ineficaz, e pode expor não só o abuso mas também o desespero da autoridade que a decreta. O Supremo Tribunal Federal caiu nesta “pegadinha” autoritária.
Foi surreal a censura determinada por ordem do presidente do STF, José Dias Toffol. O executor é o ministro Alexandre de Moraes. O mérito da decisão vai muito além da censura a posteriori. O ato revela mais uma distorção do papel da mais alta Corte brasileira. Os supremos magistrados agem, ao mesmo tempo, como julgadores e investigadores. O vice-Presidente da República, Hamilton Mourão, chamou atenção para tamanha aberração institucional. Este é um dos fatos mais graves da longa guerra de todos contra todos os poderes.
Alexandre Moraes baseou sua decisão no polêmico inquérito aberto por Dias Toffoli, em 14 de março, conforme Portaria 69 do Gabinete da Presidência do STF. A investigação resulta de uma interpretação do artigo 43 do Regimento Interno da Corte. Moraes foi escalado para apurar a existência de notícias fraudulentas (fake news), denunciações caluniosas, ameaças e infrações revestidas de animus caluniandi, diffamandi ou injuriandi que atingem a honorabilidade e a segurança do Supremo Tribunal Federal, de seus membros e familiares, “extrapolando a liberdade de expressão”.
A censura burra foi anunciada quase no mesmo momento em que todas as atenções do mundo se voltaram para o incêndio que devastou a catedral de Notre-Dame, no marco zero de Paris. Oito séculos de História, em 500 toneladas de madeira, viraram cinzas... A igreja resistiu à Revolução Francesa e a duas Guerras Mundiais... Será que vamos perder um dos mais importantes monumentos da História da Humanidade e da Cristandade? Duas torres principais resistiram... Pelo menos foram salvos, antes do fogo, a Coroa de Espinhos de Cristo, a túnica de São Luiz e mais alguns tesouros... O presidente Emmanuel Macron prometeu reconstruir o monumento... Minha Nossa Senhora!... Que Semana Santa...
Mas voltemos ao fogo infernal da nossa guerra entre poderosos profanos... O ministro Alexandre de Morais alegou “claro abuso no conteúdo da matéria veiculada” para ordenar que o grupo que edita o site O Antagonista e a Revista Crusoé tirasse do ar, imediatamente, a reportagem “O amigo do amigo de meu Pai”. O texto de 14 páginas cita supostas acusações do empreiteiro Marcelo Odebrecht, em delação premiada, atingindo a honra do supremo magistrado José Antônio Dias Toffoli.
A estória esquisita deve chamuscar muita gente poderosa, com queimaduras políticas de altos graus. A insuspeita TV Globo confirmou que a delação de Odebrecht de fato foi anexada aos autos da Lava Jato, no dia 9 de abril. A apuração da Globo confirma que seu conteúdo é o que a revista descreve. A Globo informa, no entanto, que o documento não chegou à Procuradoria Geral da República. Dias Toffoli se apegou em tal fato: a PGR informou que não recebeu o material...
Tem mais: Nesta segunda-feira (5), a TV Globo verificou que o documento não mais consta dos autos. Em 12 de abril, um dia após a publicação da reportagem da Cruzoé, o juiz da 13ª Vara Federal em Curitiba, Luiz Antônio Bonat, intimou a Polícia Federal e o Ministério Público Federal a se manifestarem. No mesmo dia, o documento foi retirado do processo. Não se sabe as razões... Seria bom descobrir... Diz a lenda que não estava assinado por Marcelo Odebrecht, mas pelos advogados dele... O troço faz referência a um e-mail da sexta-feria 13 de julho de 2007 no qual Marcelo indaga a um diretor: “Afinal, vocês fecharam com o amigo do amigo do meu pai?”...
Agora investigados – e já julgados previamente por um ministro do STF -, os editores da revista reagem: “Crusoé reiteira o teor da reportagem, baseada em documento, e registra o contorcionismo da decisão, que se apega a uma nota da Procuradoria Geral da República sobre um detalhe lateral e a utiliza para tratar como fake news uma informação absolutamente verídica, que consta dos autos da Lava Jato. Importa lembrar, ainda, que, embora tenha solicitado providências ao colega Alexandre de Moraes ainda na sexta-feira, o ministro Dias Toffoli não respondeu às perguntas que lhe foram enviadas antes da publicação da reportagem agora censurada”.
  
Dias Toffoli e Alexandre de Moraes, em nome do STF, tacaram mais combustível na guerra de todos contra todos. A repercussão da censura a posteriori consegue ser maior que a repercussão da própria reportagem que, depois de impedida judicialmente de ser veiculada, viralizou em arquivo pdf, por e-mail e nos aplicativos tipo “zap”... Crusoé sustanta que seu teor é verdadeiro. Toffoli garante que é falso, e manda punir a publicação, além de convocar seus jornalistas para depoimentos na Polícia Federal.
O Caso Crusoé não é isolado. Recentemente, assistimos à condenação de um famoso humorista, Danilo Gentili, por crime de opinião. Foi uma vitória parcial do arbítrio ideológico que contamina a magistratura aparelhada pela esquerdice. Também cresce o plano maléfico, entre alguns juízes, para investigar parlamentares que exageram na dose verbal em defesa da CPI da Toga e afins.
É fogo! A fogueira das vaidades ganha dimensão dantesca. O Brasil aprofunda a ditadura da burrice e do crime institucionalizado. Judiciário e Judasciário, mais uma vez, se confundem... Ambos acham que podem tudo!  O momento é delicadíssimo... A Segurança do Direito (leia-se, Regime Democrático) é posta à prova...
Por isso, se torna bem cabível a provocação do livre pensador Thomas Korontai, Federalista da gema: “Quando o próprio STF, que deveria garantir a CF/88, impõe terror e censura, não estaria na hora do artigo 142?”...
Resumundo a ópera: Censurar depois do estrago pode... Só que a conta desta burrice vem em seguida...