Não faz nem um mês, o governador do Ceará, Cid Gomes (PSB), declarou, por conta da atual greve de professores que exigem melhoria salarial em seu estado, que “Quem quer dar aula faz isso por gosto, e não pelo salário. Se quer ganhar melhor, pede demissão e vai para o ensino privado”. Bem sintomático!
No dia 1º de maio de 2008, depois de estourar escândalo em uma das muitas viagens do chefe do Executivo cearense à Europa (em jatinho pago com dinheiro do contribuinte), toda a mídia nacional veiculou absurdos praticados por sua excelência. O jornal O Estado do Paraná apontou, em editorial, a prática nefasta de ilegalidades:
“O governador do Ceará, Cid Gomes, filiado ao PSB como seu irmão e provável candidato à Presidência da República Ciro Gomes, gosta de viajar pelo Brasil e pelo mundo em jatinhos alugados, levando consigo secretários de Estado, outros auxiliares e também suas esposas. Na viagem que fez à Europa, durante o carnaval, levou também a sogra.”
No Ceará, Estado que propicia o “dolce far niente” da mais alta autoridade local, os professores estão agora apanhando da polícia por não quererem dar aula por gosto e exigirem remuneração digna que lhes permita pagar as contas pessoais e cuidarem de suas famílias. Dinheiro existe, o problema é que as “autoridades” carregam tudo.
O Estado brasileiro caminha para catástrofe! Qualquer dia a insatisfação deverá explodir nas ruas. Mesmo com um povo tão manipulado (de forma nenhuma poderá se chamar de “dócil” uma sociedade que assassina cerca de cem mil pessoas por ano), manietado por novelas, pornografia e futebol, a coisa toda tem limite.
E o limite será aquele promovido pelo colapso econômico. Quando faltar comida para a maioria, o pau vai quebrar, ora se vai! Mesmo dentro de estrutura administrativa dominada por larápios e assaltantes dos cofres públicos que carregam tudo de forma escancarada. Quem denuncia corre o risco de amanhecer com a boca cheia de formigas.
A desmoralização atravessa todos os poderes. Recentemente, a juíza Patrícia Acioli foi assassinada no Rio de Janeiro e o ex-comandante de Batalhão da PM foi preso, acusado de mandante do crime. A juíza foi eliminada por PMs que se encontram presos, flagrados por câmeras em investigação detalhada.
A Corregedora Nacional de Justiça, ministra Eliana Calmon, está sendo açoitada pelo fato de ter dito o que todos sabem e comentam, depois da prisão e afastamento de alguns juízes, entre eles o Nicolau dos Santos Neto, Lalau, e Paulo Medina, este último afastado compulsoriamente com salário integral.
Mas o pior de tudo mesmo, na semana que passou, foi saber que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, juntamente com a mãe, Ana Arraes, “já pagaram cerca de R$ 300 mil em verbas públicas a uma locadora de automóveis de uma filiada ao PSB”. Sem contar o dinheiro pago pela representação do Estado em Brasília.
Ana Arraes foi eleita para o TCU – Tribunal de Contas da União -, para cuidar de quê? Do dinheiro público! Além de filiada ao partido do governador e de sua mãe, a dona da locadora é filha de um ex-motorista do falecido pai da deputada, Miguel Arraes. A locadora não dispõe de site na internet, telefone para contatos nem veículos.
O mais impressionante de tudo é que no cabeçalho das mensagens enviadas pelo fax da locadora aparece o nome “Eduardo Campos”. Em qualquer país com um mínimo de vergonha, que tivesse um povo, em vez dessa massa amorfa manipulada, o governador seria afastado e a indicação de Ana Arraes para o TCU seria anulada.
Mas como nada disso vai acontecer, a nova eleita irá cuidar do dinheiro público. O que se sabe é que um dia, tudo isso irá acabar muito mal. Não resta dúvida.
Márcio Accioly é Jornalista.
DO B. ALERTA TOTAL