Empresário do RJ foi preso
novamente no mês passado, mas Gilmar Mendes mandou soltá-lo, pela 3ª
vez. Dodge argumenta que Barata Filho descumpriu medidas cautelares
impostas em outro caso.
A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, pediu nesta
segunda-feira (4) ao Supremo Tribunal Federal (STF) que restabeleça a
prisão do empresário Jacob Barata Filho. A informação foi divulgada pela
assessoria da PGR.
Barata Filho havia sido
preso novamente no mês passado, no âmbito da Operação Cadeia Velha, mas a defesa dele recorreu ao STF, e o ministro
Gilmar Mendes mandou soltá-lo.
A
operação apura os crimes de corrupção, associação criminosa, lavagem de
dinheiro e evasão de divisas na Assembleia Legislativa do Rio de
Janeiro (Alerj).
Em julho deste ano, Barata Filho
já havia sido preso no âmbito da Operação Ponto Final, um desdobramento da Lava Jato no RJ.
Na ocasião, Gilmar Mendes
mandou soltá-lo, mas um juiz
mandou prender o empresário novamente. O ministro do Supremo, então,
determinou mais uma vez que Barata Filho fosse solto.
O que diz Raquel Dodge
Segundo
a nota divulgada pela PGR, Raquel Dodge argumenta, por exemplo, que a
decisão de soltar o empresário não cabia a Gilmar Mendes, mas, sim, ao
ministro Dias Toffoli.
Os pedidos para repassar o caso a Toffoli e
restabelecer a prisão serão analisados por Gilmar Mendes. O ministro,
no entanto, pode levar o caso à análise de Segunda Turma da Corte,
formada pelos ministros Celso de Mello, Ricardo Lewandowski e Edson
Fachin.
A procuradora-geral alega, também, que Barata Filho
descumpriu as medidas cautelares impostas a ele em outro caso em que ele
havia sido preso e libertado.
No pedido ao STF, Raquel Dodge
ressaltou, ainda, que Jacob Barata Filho foi preso novamente em novembro
porque foram encontrados documentos no apartamento dele que
comprovariam atuação do empre´sário no setor de transportes,
descumprindo o afastamento imposto pelo STF quando ele foi solto.
Nos
papéis, acrescenta a PGR, havia relatórios gerenciais, balancetes
financeiros, relação de pessoal e situação de frota. Os documentos foram
anexados por Raquel Dodge.
"Esse cenário permite concluir que o
empresário não se desligou de suas funções na administração das empresas
de transportes coletivos e continua exercendo tais atividades, em
absoluto descumprimento da medida cautelar imposta pelo Supremo Tribunal
Federal em substituição à prisão preventiva decretada nestes autos",
diz o pedido da PGR.
Dodge também chamou a atenção para a
"ousadia" de Barata Filho, que, segundo ela, teria continuado a cometer
crimes mesmo depois de solto pelo STF.
"Está mais do que
evidenciado que apenas a segregação preventiva tem o condão de
interromper a longínqua e substancial carreira criminosa do paciente,
que, no caldo de cultura de corrupção instalado no Rio de Janeiro nos
últimos anos, formou seu vasto patrimônio."
Polêmica com Gilmar Mendes
Em julho deste ano, o Ministério Público Federal do Rio de Janeiro encaminhou à Procuradoria Geral da República (PGR) um
pedido de suspeição de Gilmar Mendes no caso envolvendo a prisão de Jacob Barata Filho.
O
MPF-RJ argumentou à época que o ministro é padrinho de casamento da
filha do empresário. O Ministério Público também disse, na ocasião, que
um dos advogados de Jacob Barata Filho também é advogado de Gilmar
Mendes.
A PGR, então, analisou o caso e pediu ao Supremo Tribunal Federal que
declare suspeita a autação de Gilmar Mendes
no caso. Na ocasião, o então procurador-geral, Rodrigo Janot, pediu
ainda que todas as decisões tomadas pelo ministro fossem anuladas.
O que diz o ministro
Quando o pedido do MPF-RJ se tornou público, Gilmar Mendes respondeu, em nota:
"As
regras de impedimento e suspeição às quais os magistrados estão
submetidos estão previstas no artigo 252 do CPP, cujos requisitos não
estão preenchidos no caso".
Sobre o fato de ter sido padrinho de
casamento da filha de Jacob Barata Filho, o ministro fez a seguinte
indagação a jornalistas que o questionaram sobre o assunto:
"
Vocês acham que ser padrinho de casamento impede alguém de julgar um caso? Vocês acham que isto é relação íntima, como a lei diz? Não precisa responder."
Por G1, Brasília
04/12/2017 17h58 Atualizado há 40 minutos