Câmara dos Deputados | |
O então deputado Bruno Araújo durante a votação do processo de impeachment na Câmara |
BRUNO FÁVERO
REYNALDO TUROLLO JR.
Folha de São Paulo
REYNALDO TUROLLO JR.
Folha de São Paulo
O ministro das Cidades, Bruno Araújo (PSDB-PE), revogou nesta
terça-feira (17) uma portaria editada pelo governo Dilma Rousseff que
autorizava a Caixa Federal a contratar a construção de até 11.250
unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida.
A medida havia sido publicada no Diário Oficial no último dia 11, na véspera do afastamento de Dilma, como parte de uma estratégia do governo para antecipar medidas de apelo popular antes da decisão do Senado sobre o processo de impeachment.
As obras previstas seriam administradas por entidades escolhidas pelo
governo e destinadas à faixa 1 do programa, que atende famílias com
renda mensal de até R$ 1.800.
Logo que assumiu o ministério, na última quinta-feira (12), Bruno Araújo afirmou que
faria uma "auditoria em todos os números da pasta" para "libertar as
amarras ideológicas e a burocracia que dificultam a execução das obras".
Parte das entidades que seriam contempladas com as unidades
habitacionais são contra o impeachment da presidente afastada Dilma
Rousseff.
Também foi revogada uma portaria que regulamentava o modelo do Minha Casa, Minha Vida voltado para entidades.
Em seu primeiro discurso como
presidente interino, Temer garantiu que manteria os programas sociais
"que dão certo" –como, segundo ele, o Minha Casa, Minha Vida–, mas disse
que iria "aprimorar a gestão". Segundo ele, nenhuma reforma iria
alterar "os direitos adquiridos pelos cidadãos brasileiros".
O ministro Bruno Araújo afirmou à Folha que não há recursos para
executar a quantidade de unidades prevista anteriormente e que o número
será reavaliado levando-se em conta a capacidade orçamentária do
governo. Segundo o ministro, a portaria foi publicada "no apagar das
luzes do governo Dilma" e teve fins políticos.
Araújo ainda afirmou que a regulamentação do modelo de unidades voltados
para entidades foi revogada "por cautela" e será analisada pelo corpo
técnico do ministério. Ele ressaltou que a modalidade representa apenas
1,5% do total de construções do Minha Casa, Minha Vida e que o programa
como um todo está mantido e é "intocável"