Debilitado por problemas cardíaco e pulmonar, ex-médico cumpre há uma semana pena em regime domiciliar. MP contestou decisão e pediu que detento voltasse à prisão.
O Tribunal de Justiça acolheu nesta sexta-feira (30) o pedido do Ministério Público
e determinou que o ex-médico Roger Abdelmassih, de 74 anos, volte para
prisão. Ele cumpre pena em regime domiciliar há uma semana, monitorado por tornozeleira eletrônica.
Com a decisão, o detento condenado a 181 anos de prisão por 48 estupros
de 37 pacientes, deve retornar à penitenciária de Tremembé (SP). Ele
sofre de problemas cardíaco e pulmonar.
A prisão domiciliar a Abdelmassih foi concedida na última quarta (21) depois da Justiça negar o indulto humintário - que é o perdão da pena. O benefício é concedido apenas à presos com problemas graves e permanentes de saúde.
No entanto, o MP contestou a decisão da Justiça.
O promotor Luiz Marcelo Negrini afirma que o ex-médico não "cumpriu
pena suficiente para qualquer espécies de progressão de regime", diz
trecho do recurso.
A promotoria afirma também que um laudo médico realizado por um perito
nomeado pela Justiça não demonstrou que ele precisava deixar o presídio
para receber o atendimento médico que precisa.
Para Negrini, a decisão desta sexta reestabelece a justiça."O tribunal
reestabeleceu a justiça com a decisão que proferiu. Espero que essa
determinação seja cumprida imediatamente", disse.
O advogado que defende Abdelmassih, José Luís Oliveira Lima, foi
procurado pela reportagem, mas não atendeu, nem retornou as ligações.
O G1
apurou que até a última atualização desta reportagem, a Secretaria da
Administração Penitenciária (SAP) não havia sido notificada da decisão. A
pasta deve ser comunicada para dar cumprimento à determinação.
Histórico
Roger, que era considerado um dos principais especialistas em
reprodução humana no Brasil, foi condenado a 278 anos de reclusão em
novembro de 2010. Abdelmassih não foi preso logo após ter sido condenado
porque um habeas corpus do Superior Tribunal de Justiça (STJ) dava a
ele o direito de responder em liberdade.
O habeas corpus foi revogado pela Justiça em janeiro de 2011, quando
ex-médico tentou renovar seu passaporte, o que sugeria a possibilidade
de que ele tentaria sair do Brasil. Como a prisão foi decretada e ele
deixou de se apresentar, passou a ser procurado pela polícia.
Em 24 de maio de 2011, o Conselho Regional de Medicina de São Paulo
(Cremesp) cassou o registro profissional de ex-médico de Abdelmassih.
Após três anos foragido, quando chegou a ser considerado o criminoso
mais procurado de São Paulo, Abdelmassih foi preso no Paraguai pela
Polícia Federal (PF), em 19 de agosto de 2014. Em outubro daquele ano, a
pena dele foi reduzida para 181 anos, 11 meses e 12 dias, por decisão
judicial. Entretanto, pela lei brasileira, nenhuma pessoa pode ficar
presa por mais de 30 anos.DO G1