quarta-feira, 9 de abril de 2014

Governo Dilma descendo a ladeira


Reduzida a previsão do PIB, ampliada a previsão de inflação, falta de fé na Copa e na própria presidente: 2014 se comprovando infernal para o petismo.

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A economia brasileira segue tropeçando e se complicando em 2014. Segundo matéria do Valor Econômico, os analistas do mercado financeiro elevaram suas expectativas para a inflação e reduziram o crescimento econômico do país, que seguirá sofrendo com o que a imprensa vem chamando de “pibinho”. Para 2015, os números também pioraram.
A mediana das projeções para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu pela quinta semana consecutiva, de 6,30% para 6,35%, um nível bem próximo do teto do intervalo da meta a ser perseguida pelo BC, de 6,5%. A projeção para 2015 também subiu, de 5,80% para 5,84%. Na leitura em 12 meses, a expectativa para o avanço do IPCA cedeu pela segunda semana, de 6,14% para 6,07%.
Fundo Monetário Internacional (FMI) também já reduziu pela metade a previsão de crescimento brasileiro em 2014. Em abril de 2013, apostava-se em um PIB de 4% para esse ano; doze meses depois, esse número caiu para 1,8%. A inflação também deve subir, ficando perto do teto estabelecido pelo governo.
De acordo com o fundo, a economia brasileira sofre com restrições de oferta doméstica, especialmente de infraestrutura, e com um contínuo baixo crescimento do investimento privado, que se reflete na perda de competitividade e na baixa confiança dos empresários.
A inflação deste ano, segundo o FMI, deve ficar em 6,2%, perto do teto da meta do governo. Pelo sistema de metas de inflação em vigor no Brasil, o indicador pode variar entre 2,5% e 6,5%. Já o desemprego deve ter uma pequena alta, passando dos 5,4% de 2013 para 5,6% este ano e para 5,8% em 2015.
Com a economia dando claros sinais de fracasso dia após dia, o jornal britânico Financial Times publicou um texto crítico ao governo Dilma, lembrando que a presidente orgulhava-se de sua “nova matriz” de política econômica – com juros baixos, câmbio depreciado e incentivos fiscais -, mas que o modelo acabou revelando-se um fiasco.
Credibilidade em xeque, crescimento frágil e o rebaixamento pela agência de classificação de risco Standard & Poor´s (S&P) também são lembrados pelo “FT”, que afirma: “a maioria dos economistas acredita que o governo começou a tropeçar em 2012, após o início da crise da zona do euro”.
O periódico britânico aponta que, a partir daquele momento, o governo brasileiro promoveu uma redução de juros sem precedentes — a taxa chegou ao piso histórico de 7,25% em 2012 — e adotou medidas heterodoxas de combate à inflação, como forçar a Petrobras a praticar internamente preços menores que os do mercado internacional e medidas para redução de tarifas de energia.
A confiança do mercado na presidente é tão baixa que, a cada queda sofrida por ela nas pesquisas eleitorais, as estatais se valorizam mais no Ibovespa. Na última segunda-feira (07), Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil chegaram a avançar 3,42%, 3,62% e 1,57% respectivamente com suas ações ordinárias.
Apesar dessa queda, a presidente ainda seria reeleita na disputa desse ano, mas as eleições caminham para uma indefinição cada vez maior. Além de todos os problemas econômicos causados pelo seu governo, Dilma nem sequer conseguiu cumprir uma de suas principais promessas eleitorais de 2010: a construção de 6.000 creches.
Quando iniciou seu quarto ano de mandato, em janeiro, Dilma havia inaugurado apenas 223 creches – 3,7% do total prometido. O total de obras listadas, mesmo as que ainda não saíram do papel, também estava abaixo do previsto: 5.257.
Os dados integram o amplo levantamento feito pelo site de VEJA e pela ONG Contas Abertas nos balanços oficiais do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2 disponibilizados pelo governo federal.
A Copa do Mundo também tende a ser um agravante para a popularidade da presidente. A pouco mais de dois meses da competição, mais da metade da população brasileira acredita que o evento trará mais prejuízos do que benefícios ao país. Com os muitos bilhões investidos em estádios e um legado cada vez mais reduzido, os brasileiros vêm se mostrando mais pessimistas.
“O brasileiro não é bobo. Mudou da água para o vinho o que foi prometido em 2007 [ano da eleição à sede]. Não se imaginava que teria tantos problemas com orçamento, com redução brutal do investimento com mobilidade urbana, por exemplo. Não há legado”, disse Fernando Ferreira, diretor da Pluri Consultoria, especializada em marketing esportivo.

O agravante é que, se 2014 está sendo difícil, com ou sem reeleição, 2015 tem tudo para ser mais complicado ainda
DO IMPLICANTE

Deputada denuncia Gilberto Carvalho como arrecadador de propina: " você era conhecido como o homem do carro preto". Petista teria extorquido pai da deputada.





A deputada federal Mara Gabrilli (PSDB-SP) afirmou nesta quarta-feira (9), durante audiência pública na Comissão de Segurança da Câmara, que o atual ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, recolhia dinheiro de propina em Santo André durante o governo do ex-prefeito da cidade Celso Daniel, assassinado em 2002.

Carvalho estava presente à audiência, para a qual foi convocado pelos deputados da comissão. Mara Gabrilli disse que o próprio pai teria sido extorquido e que Carvalho era conhecido como o "homem do carro preto". "O senhor sempre foi conhecido como o homem do carro preto, e eu não falo isso porque eu li, eu falo isso porque eu vi. O homem do carro preto era o homem que pegava os recursos extorquidos de empresários e levava para o [ex-presidente do PT] José Dirceu", disse a deputada.
Gilberto Carvalho rechaçou de imediato as acusações e negou envolvimento em um suposto esquema. "A senhora nunca me viu num carro preto, a senhora nunca presenciou nada, eu não a conhecia. Eu conheci a sua irmã, Rosângela, que foi falar na prefeitura, depois da  morte do Celso. A senhora não pode afirmar isso", contestou Carvalho.
O ministro foi convocado pela Comissão de Segurança para falar sobre acusações do ex-secretário-nacional de Justiça, Romeu Tuma Júnior. No livro "Assassinato de  Reputações", lançado recentemente, ele diz que Carvalho chegou a confessar a ele, Tuma Júnior, que era responsável por recolher propina de um esquema de corrupção em Santo André a fim de abastecer campanhas eleitorais do PT.
O assassinato de Celso Daniel em 2002 levou o Ministério Público de São Paulo a concluir que a morte foi encomendada após descoberta do suposto esquema de corrupção. A Polícia de São Paulo, no entanto, concluiu que houve um crime comum.
Na audiência da Câmara, Mara Gabrilli cobrou explicações do ministro sobre o caso. "O senhor é um ministro de estado e o senhor não fala disso? Isso não incomoda o senhor, que era braço direito desse prefeito?", questionou a deputada. A deputada também perguntou por que Carvalho não pediu ao Supremo Tribunal Federal que acelerasse o processo que investiga Sérgio Sombra, suposto coordenador do esquema. "A senhora conhece uma coisa chamada independência entre os poderes?", questionou Gilberto Carvalho.
O ministro afirmou que a morte de Celso Daniel faz doer "muito a alma". Disse também que que, à época do assassinato, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi a Brasília para conversar com o então presidente Fernando Henrique Cardoso, para solicitar a entrada da Polícia Federal no caso. Relatou também ter procurado o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, para pedir uma investigação isenta.

Dossiês

Durante a audiência, Carvalho também negou que tivesse participado da elaboração de dossiês, durante o governo Lula, para atingir adversários políticos. Em seu livro, Tuma Júnior relata que materiais com falsas acusações eram produzidos pelo Ministério da Justiça e Polícia Federal, com aval do Planalto, para desmoralizar quem desagradasse ao governo. Um dos alvos teria sido o atual governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
"Quero que ele prove se eu tive alguma conversa com ele falando alguma coisa de dossiê. Vai ter que provar. Porque não é assim, não posso chegar e dizer que tal pessoa pediu isso se ela não pediu. Não pedi nunca ao senhor Tuma e a ninguém que fosse produzido dossiê, até porque não considero isso uma forma adequada de luta política", afirmou o ministro.
Ele afirmou que não leu o livro de Tuma Júnior, mas voltou a dizer que irá processar o ex-secretário. "A meu juízo, ele combina fatos reais com uma série de inverdades, para dar validade a essas inverdades. Mas o que eu quero dizer é que eu nego peremptoriamente, e vamos nos encontrar no momento adequado, que eu julgar adequado, na Justiça", declarou. Ele disse que ainda não moveu uma ação judicial por considerar que não chegou o momento adequado. (G1)

Renan frauda conteúdo de acórdão do STF sobre CPI para tentar impedir que se investigue a Petrobras. Ou: O método de pensamento que prova não haver diferença entre Schopenhauer, Gabrielli e um jegue


As disputas políticas são normais. A baixaria não! é preciso que uma coisa fique clara, sem meios tons: o governo esta tentando acabar com a CPI como um instrumento de investigação de atos inerentes ao poder público. É uma prerrogativa do Congresso que está indo para o lixo. Os partidos de oposição e senadores independentes resolveram recorrer ao Supremo para garantir a instalação da CPI exclusiva da Petrobras. Já escrevi a respeito do assunto às 17h41 de ontem e expus a jurisprudência do Supremo. E é justamente a esse assunto que quero voltar. Renan Calheiros (PMDB-AL), presidente do Senado, fraudou, não sei se de forma culposa ou dolosa, trecho do acórdão do habeas corpus 71.039-5 — de que foi relator o então ministro Paulo Brossard — que trata justamente da natureza da CPI, de sua abrangência e da inclusão de temas que não estão no requerimento original.
É evidente que a única decisão constitucional de Renan era mandar instalar a CPI e pronto! É uma garantia constitucional. Mas ele decidiu fazer feitiçaria e enviar a questão para a decisão da CCJ. Ao acatar os argumentos da CPI governista, aquela do fim do mundo, que quer investigar tudo o que se mexe no mundo oposicionista, Renan escreveu (o que vai abaixo é imagem do documento):
documento Renan
Trata-se, lamento!, de uma fraude do conteúdo do acórdão. Renan está tentando editar o que escreveu Paulo Brossard. Comparem o que vai em itálico (acima) com o que Brossard realmente escreveu:
Acórdão sobre CPI 1
 Acórdão sobre CPI2
Como se nota, em nenhum momento, o texto de Brossard autoriza que se vá pendurando qualquer coisa num requerimento de CPI. Ao contrário: a redação do acórdão deixa clara justamente a necessidade de haver o fato determinado e repudia que uma CPI seja pau para toda obra. Se, no curso da investigação, aparecerem outros fatos, que se somem — mas serão necessariamente conexos.
É preciso que se tenha claro que se está fraudando o conteúdo de um documento público. O argumento de que se podem meter no mesmo balaio a Petrobras e eventuais irregularidades em São Paulo, Minas e Pernambuco porque, afinal, tudo é dinheiro público é o mesmo mecanismo pelo qual se conclui não haver diferença entre a Sharon Stone de “Instinto Selvagem” (está internada em São Paulo, tadinha!) e, deixem-me ver, André Vargas tentando explicar as suas relações com Alberto Youssef: afinal, ambos pertencem à raça humana, têm um coração, dois rins e são animais aeróbios — além de mamíferos, como os porcos e os morcegos. A depender do critério que se escolha, não existe diferença entre Schopenhauer, José Sérgio Gabrielli e um jegue.
O que o STF vai decidir é se a CPI, prevista na Constituição como prerrogativa do Poder Legislativo, pode ser cassada por uma maioria parlamentar de ocasião. Se o Supremo decidir que sim, uma hora alguém cismará de cassar uma prerrogativa do próprio tribunal. Já houve gente tentada a fazê-lo, não é mesmo?
Por Reinaldo Azevedo