quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Texto apócrifo em página do PT chama Eduardo Campos de “tolo”

Em sua página no Facebook, o PT publicou um texto, sem assinatura, em que o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, é chamado de “tolo”. Segundo o PT, o pré-candidato do PSB à Presidência não tem “projeto, conteúdo nem compostura”.
O texto diz ainda que ele migrou “para a direita”, aliando-se a Marina Silva, tratada como o “ovo da serpente”. A agressão vai mais longe. Segundo os petistas, Campos é produto dos investimentos que o governo federal fez em Pernambuco. Depreende-se da leitura do libelo acusatório que o governador não tem mérito nenhum por liderar uma das gestões mais bem-avaliadas do Brasil. Tudo seria obra do PT e, muito especialmente, de Lula.
O artigo chama os investimentos federais em Pernambuco de “boa vontade dos governos do PT”. Até parece que o dinheiro não é público, mas propriedade do partido. Está na cara que o objetivo é colar em Campos a pecha de “traidor”.
O ataque é desfechado no momento em que crescem as possibilidades de que Marina Silva venha mesmo a ser a vice de Eduardo Campos. Os petistas não gostariam de ver a ex-ministra na disputa. Nas simulações de voto em que aparece como candidata do PSB, ela fica em segundo lugar.
O texto foi escrito para ser replicado na Internet e iniciar a campanha para desmoralizar o pré-candidato do PSB. Eis o PT. Revejam o vídeo abaixo. Lula aparece sobre o palanque em dois momentos. Em 2000, Roseana Sarney era apontada como pré-candidata do então PFL à Presidência. Ocupava o primeiro lugar nas pesquisas. O chefão petista a esculhambava impiedosamente, atacando também seu pai, José Sarney. O segundo momento se deu em 2006. Lula estava disputando a reeleição e fazia um comício no Maranhão, ao lado de Roseana, que já havia se aliado a ele em 2002. Aí a mulher já tinha virado heroína.

ex-inimiga Roseana acabou virando amiga do peito. Já o ex-amigo do peito Eduardo Campos acabou virando inimigo. Os petistas não dão a menor bola para a biografia de seus adversários ou de seus aliados, como bem sabe Paulo Maluf. O petismo classifica as pessoas em heroínas ou bandidas na exata medida em que servem ou não servem a seu projeto.
E é bom Eduardo Campos se preparar. A campanha mal começou. Já dei início aqui à contagem regressiva para que estoure um suposto grande escândalo no governo de Pernambuco. A esta altura, o mercado de dossiês apócrifos já está bastante agitado.
O PT não vê mal nenhum em enlamear a honra de ex-amigos e em funcionar como lavanderia de reputações de ex-inimigos.
Como vocês bem sabem, Eduardo Campos está longe de ser um político da minha predileção, mas o texto apócrifo é mistificador e covarde. Sem contar que parece ter restado a óbvia sugestão de que Lula premiava com dinheiro público a fidelidade de um aliado.
Leiam a íntegra:
A BALADA DE EDUARDO CAMPOS
Por um momento, desses que enchem os incautos de certezas, o governador Eduardo Campos, de Pernambuco, achou que era, enfim, o escolhido.
Beneficiário singular da boa vontade dos governos do PT, de quem se colocou, desde o governo Lula, como aliado preferencial, Campos transformou sua perspectiva de poder em desespero eleitoral, no fim do ano passado.
Estimulado pelos cães de guarda da mídia, decidiu que era hora de se apresentar como candidato a presidente da República –sem projeto, sem conteúdo e, agora se sabe, sem compostura política.
O velho Miguel Arraes, avô de Eduardo Campos, faz bem em já não estar entre nós, porque, ainda estivesse, morreria de desgosto.
E não se trata sequer da questão ideológica, já que a travessia da esquerda para a direita é uma espécie de doença infantil entre certa categoria de políticos brasileiros, um sarampo do oportunismo nacional. Não é isso.
Ao descartar a aliança com o PT e vender a alma à oposição em troca de uma probabilidade distante –a de ser presidente da República–, Campos rifou não apenas sua credibilidade política, mas se mostrou, antes de tudo, um tolo.
Acreditou na mesma mídia que, até então, o tratava como um playboy mimado pelo “lulo-petismo”, essa expressão também infantilóide criada sob encomenda nas redações da imprensa brasileira.
Em meio ao entusiasmo, Campos foi levado a colocar dentro de seu ninho pernambucano o ovo da serpente chamado Marina Silva, este fenômeno da política nacional que, curiosamente, despreza a política fazendo o que de pior se faz em política: praticando o adesismo puro e simples.
Vaidosa e certa, como Campos, de que é a escolhida, Marina virou uma pedra no sapato do governador de Pernambuco, do PSB e da triste mídia reacionária que em torno da dupla pensou em montar uma cidadela.
Como até os tubarões de Boa Viagem sabem que o objetivo de Marina é se viabilizar como cabeça da chapa presidencial pretendia pelo PSB, é bem capaz que o governador esteja pensando com frequência na enrascada em que se meteu.
Eduardo Campos é o resultado de uma série de medidas que incluem a disposição de Lula em levar para Pernambuco a Refinaria Abreu e Lima, em parceria com a Venezuela, depois de uma luta de mais de 50 anos. Sem falar nas obras da transposição do Rio São Francisco e a Transnordestina. Ou do Estaleiro Atlântico Sul, fonte de empregos e prestígio que Campos usou tão bem em suas estratégias eleitorais.
Pernambuco recebeu 30 bilhões de reais do Programa de Aceleração do Crescimento, o PAC, do qual a presidenta Dilma Rousseff foi a principal idealizadora e gestora.
O estado também ganhou sete escolas técnicas federais, além de cinco campi da Universidade Federal Rural construídos para melhorar a vida do estudante do interior.
Eduardo Campos cresceu, politicamente, graças à expansão de programas como Projovem, Samu, Bolsa Família, Luz para Todos, Enem, ProUni e Sisu. Sem falar no Pronasci, que contribuiu para a diminuição da criminalidade no estado, por muito tempo um dos mais violentos do País.
Campos poderia ser grato a tudo isso e, mais à frente, com maturidade e honestidade política, tornar-se o sucessor de um projeto político voltado para o coletivo, e não para o próprio umbigo.
Arrisca-se, agora, a ser lembrado por ter mantido entre seus quadros um secretário de Segurança Pública, Wilson Damázio, que defendeu estupradores com o argumento de que as meninas pobres do Recife, obrigadas a fazer sexo oral com marginais da Polícia Militar, assim agiam por não resistirem ao charme da farda.
“Quem conhece Damázio, sabe que ele não tem esses valores”, lamentou Eduardo Campos.
Quem achava que conhecia o governador do PSB, ao que tudo indica, ainda vai ter muito o que lamentar.
Por Reinaldo Azevedo-Rev Veja

Os decapitados de Roseana também são os decapitados do PT. Ou: Ainda o silêncio vergonhoso de Maria do Rosário, José Eduardo Cardozo e… Dilma

Os decapitados da governadora Roseana Sarney também são os decapitados do PT, o que explica o silêncio vergonhoso de Maria do Rosário, Ministra dos Direitos Humanos, e José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça, a quem está subordinado o sistema penitenciário nacional.
Pouco destaque se dá ao fato, mas o PT elegeu o vice-governador na chapa encabeçada por Roseana. A composição foi uma imposição de Luiz Inácio Apedeuta da Silva. O petista Washington Luiz era o vice-governador até novembro do ano passado. Renunciou para assumir uma vaga no Tribunal de Constas do Estado. Deu-se bem: arrumou um emprego permanente até os 70 anos….
No Maranhão das decapitações, o PT é poder, o que explica o silêncio dos companheiros, inclusive da companheira Dilma Rousseff. Por muito menos, essa gente já falou pelos cotovelos. Lembremo-nos da gritaria quando se deu a tal desocupação do Pinheirinho, em São Paulo. A Polícia Militar cumpria uma decisão judicial. Os extremistas de esquerda infiltrados entre os moradores incitaram o confronto com a Polícia. Um assessor do ministro Gilberto Carvalho estava na turma.
Maria do Rosário falou.
José Eduardo Cardozo falou.
Gilberto Carvalho falou.
Dilma falou — achou a desocupação uma “barbárie”.
Felizmente, ao contrário do que alardearam petistas e afins, não morreu ninguém na operação. Denúncias de maus-tratos e espancamentos vieram a se provar falsas. Em Pedrinhas, no entanto, é tudo verdade. Os petistas não disseram um “a”. Dilma não deve achar aquilo… barbárie!
O governo do Maranhão comentou, sim, o vídeo que exibe as decapitações. Por incrível que pareça, numa nota que espanca o bom senso e a língua, preferiu criticar a divulgação das imagens. Numa nota, disparou o seguinte:
“Divulgar esse tipo de gravação é repudiante, pois só corrobora com uma ação no mínimo criminosa, com apelo sensacionalista e que fere todos os preceitos dos direitos humanos e as leis de proteção ao cidadão e à família [dos detentos mortos], que se vê novamente diante de uma exposição brutal”.
Repudiante? O valente que redigiu esse troço pode ter querido dizer “repugnante”.
O Maranhão desafia a lógica e o bom senso. Há estiagens, sim, no Estado — neste ano, inclusive, 81 municípios sofrem com a falta de chuvas. Mas não há a seca propriamente. Não obstante, como demonstrou reportagem da VEJA.com, está em penúltimo lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano. Só ganha de Alagoas. E tem, atenção!, a menor renda per capita do país: apenas R$ 348 reais. Só 4,5% dos 217 municípios do estado contam com rede de esgoto. Segundo o IBGE, 20,8% dos maranhenses são analfabetos.
Por que evocar esses dados num texto que trata da decapitação de detentos? Porque tanto esse show de horrores como os dados sociais do estado remetem a uma mesma questão: a verdadeira tragédia do Maranhão não está na geografia; a verdadeira tragédia do Maranhão não está no clima; a verdadeira tragédia do Maranhão não está na natureza. O mal do Maranhão muda de prenome, mas não muda de sobrenome. Chama-se Sarney.
O homem está no poder, no Estado, pessoalmente ou por intermédio de prepostos, desde 1966. Só a ditadura dos Irmãos Castro, em Cuba, é mais longeva, Sarney também construiu a sua ilha de atraso. Nestes 48 anos em que o Estado está sob a gestão da família, sucessivos governos se encarregaram de transformar a vida da população numa rotina de pobreza e desesperança.
Mas vocês não precisam acreditar em mim. Acreditem na voz do patriarca. Em dezembro, ele concedeu uma entrevista à Rádio Mirante, que pertence à sua família. Em um ano, 59 detentos já haviam sido assassinados. O homem disse esta preciosidade: “Aqui no Maranhão, nós conseguimos que a violência não saísse dos presídios para a rua”.
Graaande pensador! Como se nota, ele conseguia ver algo de positivo naquelas ocorrências trágicas. Os detentos devem ter ouvido a sua ladainha macabra e ordenaram aos “companheiros” que estavam nas ruas que botassem o terror na população. A menina Ana Clara Santos Souza, de 6 anos, morreu às 6h45 de segunda-feira no Hospital Estadual Infantil Juvêncio Matos, em São Luís. Ela teve 95% do corpo queimado em um ataque a um ônibus ocorrido no dia 3. A ordem para atacar os ônibus saiu… dos presídios para as ruas.
Não creio que Dilma tenha telefonado para a mãe de Ana Clara.
Não creio que Maria do Rosário tenha telefonado para a mãe de Ana Clara.
Não creio que José Eduardo Cardozo tenha telefonado para a mãe de Ana Clara.
Não creio que Gilberto Carvalho tenha telefonado para a mãe de Ana Clara.
Os petistas só são defensores fanáticos dos direitos humanos no quintal dos adversários
Por Reinaldo Azevedo