terça-feira, 26 de julho de 2016

PF indicia Paulo Bernardo por organização criminosa e corrupção


  • André Dusek - 23.jun.2016/Estdão Conteúdo
    Paulo Bernardo (de jaqueta clara), ex-ministro do Planejamento e Comunicações nos governos Lula e Dilma, após ser preso
    Paulo Bernardo (de jaqueta clara), ex-ministro do Planejamento e Comunicações nos governos Lula e Dilma, após ser preso
A Polícia Federal indiciou criminalmente o ex-ministro Paulo Bernardo (Planejamento do governo Lula) na Operação Custo Brasil - investigação sobre suposto desvio de R$ 100 milhões de empréstimos consignados no âmbito do Planejamento, entre 2010 e 2015. A PF enquadrou Paulo Bernardo por integrar organização criminosa e corrupção passiva.
O inquérito da Custo Brasil foi relatado pela PF na sexta-feira (22) e enviado à Justiça Federal. Agora, o Ministério Público Federal vai analisar o inquérito para denunciar ou não o ex-ministro e outros envolvidos na Custo Brasil, entre eles o ex-tesoureiro do PT, Paulo Ferreira.
Paulo Bernardo foi preso na Operação Custo Brasil no dia 23 de junho, sob suspeita de recebimento de propinas de R$ 7,1 milhões do esquema Consist, empresa de software contratada em sua gestão em 2010 para administrar contratos de consignados com entidades de bancos e previdência - Associação Brasileira de Bancos Comerciais e para o Sindicato das Entidades de Previdência Privada. A Consist teria cobrado uma taxa em valor quatro vezes superior ao de mercado.
A Custo Brasil é um desdobramento da Pixuleco II que, em agosto de 2015, descobriu o esquema dos consignados. Um dos alvos da Pixuleco II, o advogado Alexandre Romano, o Chambinho, fez delação premiada e revelou os bastidores do caso Consist. Valores obtidos ilicitamente teriam abastecido a campanha de Gleisi Hoffmann (PT-PR), mulher de Paulo Bernardo, ao Senado em 2010.
A Custo Brasil prendeu também o advogado Guilherme Gonçalves, de Curitiba, que teria realizado repasses do esquema Consist para o ex-ministro e para bancar despesas eleitorais de Gleisi. Gonçalves nega elo com o esquema.
Seis dias depois de sua prisão - decretada pelo juiz Paulo Bueno de Azevedo, da 6.ª Vara Criminal Federal em São Paulo -, o ex-ministro de Lula e também de Dilma (Comunicações) foi solto por ordem do ministro Dias Toffoli, do Supremo Tribunal Federal.
Na semana passada, Paulo Bernardo foi ouvido na PF e negou ter recebido propinas do esquema dos consignados. Ele afirma que não existe contrato da Consist com o Ministério que dirigiu. "O Ministério do Planejamento nunca contratou a Consist."

Defesa

Em nota, a advogada Verônica Abdalla Sterman afirmou: "O ex-ministro Paulo Bernardo reitera que não participou ou teve qualquer ingerência na celebração ou manutenção do acordo de cooperação técnica celebrado autonomamente entre a Secretaria de Recursos Humanos do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão e as associações de Bancos e Previdência (ABBC e SINAPP). Também reitera que não recebeu qualquer quantia da Consist, direta ou indiretamente." 
De São Paulo

O lado bom (para ele) da prisão de Suplicy



Eduardo Suplicy tem pelo menos seis motivos para obrigar-se a enxergar o lado bom da prisão determinada por um oficial de Justiça e executada por soldados da PM. Ele foi para a gaiola por tentar impedir que se cumprisse a ordem de reintegração de posse de um terreno pertencente à prefeitura de São Paulo. Saiu no lucro, atestam meia dúzia de constatações:
1. Pela primeira vez em muitíssimos anos, o ex-senador foi carregado nos braços do povo ─ representado, no caso, por soldados da Polícia Militar.
2. Teve três horas para expor ao delegado e a um punhado de policiais as maravilhas do programa Renda Mínima. Foi a maior plateia reunida por Suplicy desde a descoberta do remédio capaz de curar todos os males do Brasil.
3. O espaço que lhe reservou o noticiário jornalístico pode igualar o que conseguiu ao fantasiar-se de Super-Homem num corredor do Congresso.
4. Muita gente que não sabia por onde andava a figurinha carimbada ficou sabendo que abandonou o emprego de secretário municipal de Direitos Humanos para candidatar-se a vereador.
5. Como já sabe que a PM apenas cumpria uma ordem de reintegração de posse solicitada por Fernando Haddad, não precisa mais deitar-se no meio da rua. Basta visitar o companheiro prefeito e convencê-lo a doar o terreno aos invasores.
6. Pelo que disse ao sair da cadeia, foi muito bem tratado pelos carcereiros. “Fomos conversando numa boa”, revelou ao lhe perguntarem o que aconteceu entre o momento da prisão e a chegada à delegacia, onde o clima amistoso foi mantido.
Suplicy precisa dizer isso a Lula, que anda com medo de cadeia. O chefe talvez se sinta menos angustiado com a aproximação da decolagem rumo à República de Curitiba.