quarta-feira, 10 de maio de 2017

Moro interrompe Lula em depoimento: ‘Não é programa eleitoral’

No final do interrogatório que durou cinco horas, ex-presidente se queixou diretamente ao juiz de decisões tomadas na Lava Jato

Por Eduardo Gonçalves-REV VEJA

 
 Durante as suas declarações finais, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou praticamente todo o tempo para falar sobre suas conquistas políticas e se colocar como vítima de ataques da imprensa e dos procuradores que o denunciaram por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do tríplex no Guarujá (SP). Em pelo menos três momentos diferentes, o juiz Sergio Moro, que conduzia a audiência, interrompeu o petista para afirmar que aquele espaço não era destinado a palanque político.
“Presidente, só para esclarecer: não sei quanto tempo vai durar o pronunciamento, mas não é para fazer um apanhado do que [o senhor] fez no seu governo, não é programa eleitoral”, disse Moro. O petista logo reagiu: “É porque eu estou sendo julgado pelo que eu fiz no governo, pela construção de um Power Point mentiroso. Aquilo é ilação pura”.
Mais adiante, o magistrado tomou novamente a palavra para dizer que Lula estava “realmente fugindo da questão” e que ele tinha condições de fazer esse tipo de discurso em outros lugares. O petista insistiu — disse ter “orgulho” da Petrobras e do desafio que teve em assumir a presidência sendo um metalúrgico — e pediu ao juiz por paciência. “Eu sei que o senhor é muito jovem, jovem tem menos paciência que velho”, cutucou.
Na parte final, ocorreu o momento de maior tensão entre Lula e Moro — o petista se virou para o juiz e reclamou de duas decisões tomadas por ele na Lava Jato, a de liberar os áudios de conversas telefônicas entre ele e a mulher, Marisa Letícia, e a de decretar a sua condução coercitiva na 24ª fase da Operação.
“O senhor sem querer entrou nesse processo, porque o vazamento de conversas com a minha mulher e os meus filhos foi o senhor que autorizou. Eu não tinha o direito de ter a minha casa molestada, sem que eu fosse intimado para uma audiência. Ninguém nunca me convidou. De repente, eu vejo um pelotão da Polícia Federal, quando eu sai até levantaram até o colchão, achando que eu tinha dinheiro”, afirmou.
O ex-presidente prosseguiu, dizendo a Moro para tomar cuidado porque a imprensa também passaria a ataca-lo se percebesse que ele poderia absolve-lo. O juiz retrucou: “Senhor ex-presidente, eu já sou atacado por bastante gente, inclusive por blogs que supostamente patrocinam o senhor. Também padeço dos mesmos males em certa medida”.

O circo armado por Lula tem um culpado no picadeiro


O ex-presidente que, ao contrário de Vargas, saiu da história para cair na vida, não tem álibis nem atenuantes para os muitos crimes que cometeu
Por Augusto Nunes
Veja.com
Lula é recepcionado por militantes e apoiadores nos arredores da Justiça Federal em Curitiba antes de depoimento ao juiz Sergio Moro - 10/05/2017
(Vagner Rosário/VEJA.com)
É compreensível que Lula e sua trupe de bacharéis tenham feito o diabo para adiar até o fim dos tempos o primeiro encontro com Sérgio Moro. E foi tão previsível quanto a mudança das estações do ano a tentativa do bando, tão logo se consumou o fiasco da tentativa de fuga, de transformar Curitiba em picadeiro, tribunal em palanque e depoimento de réu culpado em discurseira de perseguido político de botequim.
O ex-presidente que, ao contrário de Getúlio Vargas, saiu da história para cair na vida, não tem álibis nem atenuantes para os muitos crimes que cometeu. Sobretudo por isso, o que está em curso nesta quarta-feira não pode ser reduzido a um duelo entre um defensor da Justiça e um fora da lei. O que se vê é o confronto entre dois brasis. De um lado, está escancarado o Brasil do passado, uma velharia agonizante que até agora só condenava os lulas à perpétua impunidade. Do outro lado se vislumbra o Brasil do futuro, que está nascendo graças à Lava Jato. Neste país em trabalhos de parto, todos são iguais perante a lei.
O circo armado por Lula para escapar de punições judiciais merecidíssimas transformou em certeza a suspeita que vinha crescendo entre jornalistas do mundo inteiro: o ex-presidente que se fantasia de pai dos pobres é o chefe do maior esquema corrupto da história. O depoimento de hoje vai aguçar, entre os que conhecem as duas ofensivas contra a impunidade institucionalizada, a sensação de que a Lava Jato tem tudo para ir muito além das fronteiras expandidas pela Operação Mãos Limpas.
A imprensa italiana, por exemplo, tem tratado como reprise de quinta categoria as reações desesperadas, patéticas ou apenas ridículas dos políticos envolvidos até o pescoço nas bandalheiras. É coisa de cobra mal matada. É medo de cadeia, hoje epidêmico entre a turma do foro privilegiado.
O que nenhum jornalista de qualquer país entende é a proteção oferecida por ministros do Supremo Tribunal Federal a bandidos de carteirinha. Por que, em vez de estender-lhes a mão, o STF não ajuda a manter algemados os pulsos dos ladrões irrecuperáveis? Essa é a pergunta que mais tenho ouvido na Itália. Essa é certamente a pergunta que se fazem neste momento milhões de brasileiros decentes. 10 maio 2017 - DO R.DEMOCRATICA

Ministro do STJ nega dois de três recursos da defesa de Lula

Magistrado nega suspensão de processo e gravação autônoma de depoimento do ex-presidente ao juiz Sérgio Moro.

O ministro Félix Fischer, do Superior Tribunal de Justiça, negou nesta quarta-feira (10) dois de três recursos da defesa de Luiz Inácio Lula da Silva em processo contra o ex-presindete na Justiça Federal em Curitiba..
Um dos recursos pedia para suspender por 90 dias o processo.
Também foi negada a gravação da audiência em imagem e áudio de forma autônoma. Quanto ao terceiro habeas corpus, que pede o sobrestamento da ação penal, ainda não houve decisão.

Como será o depoimento de Lula ao juiz Sérgio Moro sobre o tríplex no Guarujá (SP)


Início: 14h, sem transmissão ao vivo

Ordem das perguntas:
Juiz Sérgio Moro
Ministério Público Federal
advogados de defesa

Ações, investigações

Ações na Justiça

Tríplex
É réu na Justiça do Paraná por suposto recebimento de vantagem de R$ 2,4 milhões 
da OAS, materializada no tríplex do Guarujá

Instituto Lula
Acusado de receber R$ 12 milhões da Odebrecht por meio da compra da nova sede do Instituto Lula, imóvel que jamais foi usado

Obstrução de Justiça
É acusado de pressionar o ex-senador Delcídio do Amaral para comprar o silêncio do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró. Para isso, a família de Cerveró teria recebido dinheiro, entregue pelo filho do pecuarista José Carlos Bumlai

Tráfico de influência
Lula teria ajudado na liberação de recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). E também intermediado a contratação de seu sobrinho Taiguara Rodrigues para prestar serviços da Odebrecht em Angola

Operação Zelotes
O MPF sustenta que Luís Cláudio, filho de Lula, recebeu R$ 2,5 milhões para o ex-presidente influenciar decisões do governo Dilma, como a prorrogação de incentivos fiscais
Investigações

Organização criminosa
Atuação em cobrança de propinas em contratos de várias áreas do governo

Sítio de Atibaia
Suspeitas de que o sítio, reformado pela OAS e pela Odebrecht, seja do ex-presidente

Sete Brasil
Suspeita de cobrança de propina para a fabricação de sondas para a exploração do pré-sal

Leniência
Possível negociação com Emílio Odebrecht para a edição de medida provisória para que acordos de leniência fossem firmados sem a participação do Ministério Público

Petroquímica
Suspeitas de irregularidades para beneficiar a Odebrecht e a Braskem, uma das subsidiárias da empresa

BNDES
Lula teria ajudado na liberação de empréstimo para a Odebrecht em Angola

Palestras
MP quer saber se as remunerações, pela Odebrecht, das palestras feitas pelo ex-presidente foram pagamentos de serviços anteriores prestados pelo petista - DO C.BRASILIENSE

Moro e Lula: o Brasil decente interroga o país que apodreceu

O depoimento em Curitiba vai colocar frente a frente a verdade e a mentira

O juiz Sérgio Moro e o ex-presidente Lula
O audiência em Curitiba que colocará frente a frente Sérgio Moro e Lula será mais que um duelo entre o juiz federal decidido a cumprir a lei e o demagogo amoral que até outro dia se julgava condenado à perpétua impunidade. O encontro de 10 de maio vai escancarar o contraste entre o país revigorado pela Operação Lava Jato e um Brasil que estrebucha com o que Nelson Rodrigues comparava a arrancos de cachorro atropelado.
Uma sala de tribunal na capital paranaense servirá de cenário para o confronto entre a luz e a treva, a bravura e a bravata, a razão e o delírio, a verdade e a mentira. Para saber-se quem está certo, basta contemplar atentamente ─ e, sobretudo, tentar ouvir ─ o olhar de cada um. Só os olhos de quem mente falam. E confessam em estridente silêncio o que a voz tenta em vão esconder.

#SanatórioGeral: Guerrilheiro de festim

José Dirceu ainda não teve coragem de sair na rua

 “Dirceu guerreiro do povo brasileiro”. (Militantes do PT, gritando por José Dirceu durante o 6º Congresso do PT, realizado em São Paulo, enquanto o guerrilheiro de festim permanecia confinado num apartamento em Brasília, apavorado com a proximidade do dia em que tirará a tornozeleira eletrônica para voltar para a cela em Curitiba) DO A.NUNES