sexta-feira, 4 de abril de 2014

Dez das 98 internações de André Vargas mostram que o amigo de doleiro a jato deve esperar o camburão no Sanatório Geral



O caso do jatinho emprestado por um doleiro engaiolado já garantiu a André Vargas a mais longa permanência no Sanatório Geral. O alentado prontuário do cliente informa que a primeira internação ocorreu em 8 de junho de 2010. De lá para cá, o deputado do PT paranaense  foi recolhido  98 vezes à instituição especializada na localização e captura de gente que não fala coisa com coisa, mitômanos, enganadores compulsivos, portadores de miopia conveniente, bestas quadradas, cretinos fundamentais, bajuladores patológicos, vigaristas de variado calibre e mentirosos em geral.
A pedido da coluna, a junta médica que cuida de Vargas emitiu um curtíssimo parecer sobre o paciente: INCURÁVEL. E anexou ao diagnóstico, para justificá-lo, dez fichas que registram a causa da internação e o comentário dos profissionais do Sanatório:
“O povo não quer um grande debatedor. Quer um Brasil melhor”
(Em 4 de agosto de 2010, explicando que o eleitor deveria votar em Dilma Rousseff mesmo sem entender o que dizia a candidata)
“Nós só podemos receber doação de quem tem dinheiro”
(Em 5 de dezembro de 2010, sobre a bolada de R$ 1,5 milhão doada por Daniel Dantas ao diretório nacional do PT, deixando claro que receberá com muita honra eventuais contribuições dos companheiros Fernandinho Beira-Mar e Marcola)
“Os grandes jornais não compreendem o tipo de país que se está construindo”
(Em 11 de dezembro de 2011, informando que só os pequenos pequenos jornais já entenderam que, no tipo de país que a companheirada e a base alugada estão construindo, a imprensa deve elogiar o governo, ensinar aos leitores que pecado é virtude, defender a liberdade dos bandidos de estimação, louvar o patriotismo dos corruptos, fingir que entende o que diz Dilma Rousseff e canonizar São Lula)
“Boa noite. Vou dormir çedo, porque saio çedinho para São Paulo”
(Em 18 de janeiro de 2012, caprichando no uso da cedilha para confirmar, pelo Twitter, que a idiotia está no poder)
“Suçesso total na audiênçia com o ministro!”
(Em 23 de janeiro de 2012, ainda em campanha para tornar-se nacionalmente conhecido como O Açaçino da Çedilha)
“Ministro do Supremo não é para ficar sendo aplaudido em restaurante por decisão contra o PT”
(Em 9 de junho de 2012, apavorado com a notícia de que o julgamento dos mensaleiros começaria em 1° de agosto, admitindo que, no Brasil da corrupção institucionalizada, juízes que cumprem a lei viram heróis nacionais)
“Eu só tenho a lamentar, e muito, a decisão do Supremo”
(Em 31 de agosto de 2012, sobre a condenação de João Paulo Cunha, com cara de quem percebeu tarde demais que a luz no fim do túnel era um trem)
“O partido do presidente Lula, que governou esse país transformando o Brasil de uma nação submissa aos interesses americanos e dos países ricos a um país que tem iniciativa, que tem postura, que melhorou a vida dos brasileiros, diminuiu a pobreza e agora tem continuidade no governo da presidenta Dilma”
(Em 25 de setembro de 2012, ensinando num dialeto ainda não identificado que o presidente Lula proclamou a independência do Brasil, criou a República e inaugurou Dilma Rousseff)
“Quero dar a minha contribuição. As pessoas não podem pagar. Conheço Genoino, Dirceu e Delúbio. São pessoas que têm os bens que foram capazes de adquirir com o suor do trabalho. Nunca puseram um centavo no bolso”
(Em 16 de novembro de 2012, sobre a vaquinha planejada para ajudar os companheiros condenados no processo do mensalão no pagamento das multas impostas pelo STF, reforçando a suspeita de que todo o dinheiro movimentado pelo alto comando da quadrilha foi destinado a creches, asilos e santas casas de misericórdia)
“É cassação sumária”
(Em 5 de fevereiro de 2013, ao criticar a decisão do STF de cassar o mandato dos parlamentares condenados no julgamento do mensalão, ensinando que, enquanto esperam o começo da temporada na cadeia, os companheiros gatunos merecem desfrutar da companhia dos colegas de ofício hospedados num gabinete da Câmara, mais conhecida como Casa dos Horrores)
No Sanatório, André Vargas se sente em casa. Merece ficar por lá até a chegada do camburão.
DO  A. NUNES-REV VEJA 

REINALDO AZEVEDO: O SAMBA-DA-PRESIDENTA-DOIDA.



O artigo de Reinaldo Azevedo, na Folha de S. Paulo desta sexta-feira, está excelente. Consegue resumir com humor cáustico, o festival de estupidez encenado por um bando de psicopatas que tomou conta do Brasil. O pior é que essa psicopatia, que é a marca registrada do PT e seus acólitos, se espraia pelas redações da grande mídia brasileira.
Tem razão o articulista, portanto, quando observa que quem ousa remar contra a maré vermelha colocam imediatamente na boca do sapo, por meio de crônicas e artigos em que  exibem orgulhosa ignorância. Leiam:
Existe a revisão virtuosa da história. À medida que se descobrem novos documentos, que se apela a saberes não convencionais para as ciências humanas, que se estudam fontes de narrativas antes consideradas fidedignas, o passado pode ganhar novo contorno em benefício da precisão. É o oposto do que está em curso nestes dias, nos 50 anos do golpe militar de 1964. A memória histórica foi abolida em benefício da memória criativa e judiciosa. Dilma se tornou a personagem-símbolo desse saber que se erige como nova moral. Na solenidade de privatização do aeroporto do Galeão, resolveu apelar a Tom Jobim e citou o "Samba do Avião". Segundo disse, a música ligava o Brasil de hoje ao do passado ao "descrever" a chegada ao país dos brasileiros que voltavam do exílio, depois da anistia, "após 21 anos".
É o samba-da-presidenta-doida. A música é de 1962, o golpe foi desferido em 1964, e a Lei da Anistia é de 1979, quando os exilados, então, começaram a voltar --15 anos, portanto, depois do golpe, não 21. A canção faz uma evocação lírica do Rio; nada a ver com protesto. Ao contrário até: o narrador revela aquele doce descompromisso bossa-novista: "Este samba é só porque/ Rio, eu gosto de você"... Não havia nada de programático a ser interpretado: "A morena vai sambar" queria dizer que a morena iria sambar. Sugiro um estudo aos teóricos do Complexo Pucusp: o mal que o golpe fez à cultura metafórica brasileira.
Na semana passada, lembrei que, em 1987, em vez de reciclar os ódios ao Estado Novo, inaugurado em 1937, o Brasil cuidava do futuro e vivia o processo constituinte, aprovado pela Emenda nº 26, de 1985, que tinha a anistia de 1979 como pressuposto. "Anistia" que, por fatalidade da língua, tem a mesma raiz de "amnésia" e significa, para todos os efeitos da política e do direito, "esquecimento". Por óbvio, isso não impede que se procure a verdade, coisa que não cabe a um ente do Estado. Por natureza, ele irá justificar a ordem de compromissos que o instituiu.
Assim, uma comissão oficial da verdade, lamento!, é mentirosa "ab ovo". Nem o governo negro da África do Sul se negou a apurar atos protagonizados por adversários do apartheid. A do Brasil, contrariando a lei que a instituiu, já deixou claro que sua vocação é demonstrar que o Lobo Mau era mau e que os Chapeuzinhos Vermelhos eram bons.
Num pequeno discurso, Dilma reconheceu, oblíqua e envergonhadamente, a Lei da Anistia e, de novo, elogiou os que tombaram. Na sua lista não estão as 120 pessoas (no mínimo) assassinadas por grupos terroristas, inclusive os de que ela fez parte. Ai de quem se atrever a lembrar, no entanto, os crimes sinistros de poetas da morte como Lamarca e Marighella! Passa a ser tratado por alguns cronistas --que têm de opinião arrogante o que exibem de orgulhosa ignorância-- como sócio e partícipe da tortura. Transformam supostos adversários em caricaturas para que fique fácil vencê-los --no boteco ao menos. Fazem com a história o que Dilma fez com o "Samba do Avião". Como responder? Jogando no seu colo o corpo despedaçado de Mário Kozel Filho ou o crânio esmagado de Alberto Mendes Júnior? Nem sabem do que falo. Não dá para entrar nesse jogo rasteiro.
Não pretendo voltar ao golpe neste espaço --a menos que ache necessário. O que hoje desperta o meu interesse é essa esquerda que se ancora numa falsa gesta do passado para assaltar o futuro, como evidenciam as lambanças na Petrobras e o esforço suarento do petista André Vargas para explicar o lobby no Ministério da Saúde em favor de um doleiro --assunto que vai se tornar ainda mais rechonchudo. O que me mobiliza é fazer a sociologia dessa "burguesia do capital alheio", ainda a minha melhor expressão para definir essa gente. Na quarta, um desenhinho animado da presidente, em sua página oficial no Facebook, dava "um beijinho no ombro" para "us inimigo". Uma "Dilma Popozuda" é evidência de arrogância e descolamento da realidade, não de graça. Dilma Bolada está no comando.
DO A. AMORIM