quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Você conhece o Rude?

O famoso Rude
Você já ouviu falar do cantor catarinense Rude? Pois é, ele conseguiu que o Ministério da Cultura aprovasse na semana passada um dos mais altos valores de captação de recursos de um projeto na área musical, via Lei Rouanet: 2,7 milhões de reais para fazer sua turnê de 36 shows, gravar um disco “para a divulgação do CD, DVD e da cultura brasileira”.
Por Lauro Jardim
REV VEJA

Dilma está desconstruindo sua imagem

Marta e Crivella ministros e apoio ostensivo a Haddad na TV…
….contrastam com reputação pública criada pela presidente
Imagem e credibilidade são difíceis de construir. Dilma Rousseff foi montando sua reputação, tijolo a tijolo, desde o início do governo Lula. Ela é durona, gosta de administrar, é intransigente com a politicagem. O episódio das demissões em série de ministros encrencados em 2011 conferiu à presidente a fama de ter comandado uma faxina ética no governo.
De maneira premeditada ou inadvertida, Dilma foi ficando como uma espécie de ponto de equilíbrio entre o que foram Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva. Nem é tão elitista e distante do povão como o tucano nem tão populista e condescendente com mazelas brasileiras como o petista. De repente, Dilma até virou personagem de programas de um curioso “humor a favor”, algo raríssimo na história política do país.
Estava indo tudo muito bem. Até que o processo eleitoral deste ano começou.
Uma romaria de políticos do PT passou a frequentar o ex-presidente Lula para reclamar de Dilma. “Ela não trata o PT como deveria” e “Dilma está se arriscando a perder apoio político ao não aceitar demandas dos aliados” são duas frases que sintetizam os resmungos no muro das lamentações do PT e adjacências. Sem contar o desgarramento virtual do PSB, do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, virtual candidato a presidente daqui a dois anos.
Candidata à reeleição em 2014, Dilma se sentiu premida pela conjuntura política adversa que se formava no seu entorno. Começou a tomar atitudes erráticas. Cede e depois age como se fosse para dizer: “Eu sou do PT, mas o PT não manda em mim”. É um risco. Sinais trocados podem desconstruir a imagem que criou para si própria desde sua posse no Planalto.
Eis 4 fatos que podem até ter contribuído para Dilma dar mais coesão política ao seu governo e melhorar sua relação com o PT, mas que contrastam com sua reputação pública:
1) Ministério da Pesca – depois de dizer no final de 2011 ao programa Fantástico, da TV Globo, que não fazia “toma lá dá cá” (vídeo e texto), a presidente convidou em março passado, para a pasta da Pesca, o senador Marcelo Crivella (PRB-RJ). O objetivo foi apenas político. O PRB tem fortes ligações com a Igreja Universal do Reino de Deus e com a TV Record.
Dilma deu um ministério para acalmar um grupo político-midiático relevante. Enfim, toma lá, dá cá.
2) Resposta a FHC em rede nacional de TV – o ex-presidente escreveu um artigo que teve pouca repercussão no dia de sua divulgação, no início de setembro. A presidente maximizou a crítica recebida do tucano e respondeu com nota oficial da Presidência da República. Não satisfeita, usou parte do seu discurso em comemoração ao 7 de Setembro para fazer um forte ataque às privatizações da administração de FHC. Segundo ela, o tucano “torrou patrimônio público para pagar dívida, e ainda terminou por gerar monopólios, privilégios, frete elevado e baixa eficiência”. Tudo em rede nacional de TV.
Não se trata aqui de negar ou confirmar os problemas das privatizações tucanas. O ponto é outro: convém a uma presidente da República usar uma rede nacional de TV para fazer política partidária? Afinal, Dilma poderia dizer tudo o que falou e muito mais no programa partidário semestral que o PT tem na TV.
3) Vídeo pró-Haddad – pressionada por Lula, a presidente aceitou que gravar e deixar divulgar já um vídeo no qual defende Fernando Haddad, o candidato do PT a prefeito de São Paulo.
Dilma havia procurado o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), há alguns meses e disse que não faria campanha para ninguém no primeiro turno destas eleições. Ou seja, falou uma coisa e fez outra.
Pior um pouco foi o tom e o palavreado usado por Dilma. A presidente foi além de recomendar o voto no PT em São Paulo –o que seria compreensível. Ela fez uma ameaça velada aos eleitores paulistanos ao dizer que Haddad é “a pessoa certa” para a cidade “consolidar projetos fundamentais do governo federal”. Com Haddad, os paulistanos terão “muitas creches” e “novas moradias”.
Ou seja, contrário senso, se Haddad é “a pessoa certa”, as outras pessoas na disputa são as erradas. Em outras palavras, se Haddad não for eleito, São Paulo não vai “consolidar projetos” com dinheiro federal para ter “muitas creches” e “novas moradias”.
4) Marta Suplicy na Cultura – esse é outro exemplo explícito de toma lá, dá cá. A senadora pelo PT de São Paulo, Marta Suplicy, ficou emburrada por vários meses por ter sido alijada da disputa pela Prefeitura de São Paulo. Recusava-se a participar da campanha de Fernando Haddad, uma escolha pessoal de Lula.
Aí Marta Suplicy se acertou com Dilma Rousseff e Lula: iria virar ministra até o final do ano. Entrou então na campanha de Haddad. Só que a nomeação de Marta como ministra da Cultura explicitou um certo de descontrole no gerenciamento político de Dilma. O cargo estava acertado, mas seria dado oficialmente após a eventual eleição de Haddad –o custo político seria assim mitigado.
Ocorre que a notícia foi publicada na internet na manhã de 11.set.2012  por Valdo Cruz e Natuza Nery. Por volta de meio-dia, a notícia foi ampliada pela repórter Cátia Seabra. Dilma Rousseff resolveu então antecipar o fato.
Por quê? A presidente detesta quando informações reservadas de seu governo chegam à imprensa sem sua permissão. Nessas ocasiões, há sempre reações intempestivas –como não avaliar com mais vagar a relação custo-benefício de uma ação subsequente.
Dilma poderia muito bem ter segurado a nomeação para depois do período eleitoral, mas não quis mais postergar porque se sentiu traída pela informação ter sido publicada sem o seu consentimento.
Aliás, essa relação de Dilma com a mídia, de desejar controlar 100% do que é publicado sobre seu governo, é assunto para uma outra análise.
—- * —-
Quais sinais são emitidos por esses 4 fatos acima?
Para a maioria dos brasileiros é comum políticos se atacarem e presidentes nomearem ministros por indicação partidária. Sem problemas. Esses episódios fazem parte da paisagem.
Ocorre que parcelas da classe média e dos eleitores mais instruídos estavam encantadas com o primeiro ano do governo Dilma e as atitudes “low profile” da presidente.
Enfim estava no Palácio do Planalto uma pessoa de hábitos mais republicanos. Dilma podia ser até meio áspera e ríspida no contato com as pessoas em geral, mas esse traço era até visto como um predicado e não um defeito.
Agora, aos poucos, a presidente vai cedendo aos vícios da micropolítica. O PRB quer um ministério? Eis aqui o da Pesca, não importando se quem vai ocupá-lo não entende nada de peixes. O PT está em apuros em São Paulo com o candidato de Lula que empacou nas pesquisas? Olhem aqui Dilma dando uma ordem aos eleitores paulistanos na TV. O político aposentado FHC faz uma crítica em jornal impresso ao governo Lula? Sem problemas: Dilma convoca uma cadeia nacional de TV para falar do 7 de Setembro e sentar a pua no tucano.
Essas atitudes são (com o perdão pelo uso do clichê) como as ondas produzidas pela pedra jogada no lago. Aos poucos, as ondas se espalham e chegam à margem.
Pior ainda quando são várias pedras jogadas no mesmo lago.
DO  FERNANDO RODRIGUES
UOL

Russomanno, Ratinho, a Era Lula e os Candidatos Acima da Lei

por Arthurius Maximus
Uma das maiores contribuições do ex-presidente Lula para nossa vida política foi levá-la de volta às práticas do século XIX e início do XX. Coisas como o caudilhismo, o coronelismo, o voto de cabresto e o desprezo pelas leis eleitorais, pelo Judiciário e pela ética durante as campanhas políticas – que vinham caindo no escárnio popular até então – de repente, voltaram com força total e se disseminaram pelo país, diante da incapacidade punitiva dos organismos criados para ordenar nosso sistema eleitoral e da apática cumplicidade da maioria do eleitorado apanhado no engodo da validade da Lei de Gérson.
Com os valores irrisórios das multas impostas pelos tribunais eleitorais para partidos e candidatos (principalmente para os partidos que ocupam o poder no momento da eleição e têm acesso livre aos cofres públicos), a resistência em se punir pesadamente os atos ilícitos e cassar rápida e sumariamente os candidatos que violem com frequência os dispositivos eleitorais – levando muitas vezes anos e anos para tomar uma decisão – os tribunais eleitorais brasileiros acabaram criando a figura do candidato acima da lei.
Vendo que as violações constantes das leis eleitorais, praticadas pelo ex-presidente Lula, em nada prejudicaram a ele, seus candidatos e seu partido; candidatos dotados de “bolsos largos” e dispostos a cobrir os custos das multas impostas pelos tribunais, passaram a gozar de uma imunidade relativa para violarem a lei eleitoral quando quiserem e, assim, vale mais garantir um benefício imediato junto ao eleitorado do que uma possível punição branda ou distante por isso.
A cada eleição a coisa vem se agravando e tornando as disputas cada vez mais desiguais. Na última eleição presidencial, tivemos as famosas caravanas de inauguração em que Lula e o PT disponibilizavam ônibus, refeições e bebidas para a população de uma determinada localidade participar das inaugurações de obras que patrocinavam a candidata Dilma. Lula fez campanha antecipada (em vários meses), usou a máquina estatal a seu bel prazer e impôs sua vontade sobre os tribunais eleitorais com extrema facilidade sem nunca ser incomodado.
Agora, nas eleições municipais, em inúmeras candidaturas vemos práticas semelhantes. Em São Paulo, bancado pela Igreja Universal, Celso Russomanno faz campanha e – paralelamente – distribui panfletos de uma ONG (mantida por ele e por seu irmão) dizendo que resolverá todos os problemas e reclamações dos consumidores paulistas numa clara tentativa de compra de votos. Tudo feito abertamente, nas barbas da justiça eleitoral, sem que o candidato e seu partido sejam sequer incomodados.
Em Curitiba, mesmo proibido pela justiça eleitoral de participar da campanha de seu filho Ratinho Junior (PSC) – candidato à prefeitura – Ratinho (pai) violou abertamente a decisão judicial e subiu no palanque para gritar a favor de seu filho e cuspir na cara do Judiciário.
No Rio de Janeiro o prefeito Eduardo Paes (candidato a reeleição) usa e abusa da máquina, utilizando-se de qualquer oportunidade oficial para fazer campanha e ligar a sua imagem a eventos de grande apelo popular – notadamente os ligados ao futebol – burlando descaradamente a lei e legitimando uma conduta criminosa.
E, pelo Brasil a fora as mesmas práticas (ou até piores) se repetem e se intensificam de forma avassaladora sem que a Justiça eleitoral e, principalmente, o eleitor cumpram o seu papel de punir aqueles que desrespeitam as leis.
Quando digo caber principalmente ao eleitor a responsabilidade de compreender que um candidato disposto a violar uma determinação judicial ou simplesmente ignorar o cumprimento das leis, buscando unicamente o seu favorecimento eleitoral e se colocando acima de qualquer norma social; refiro-me ao fato de que é vital compreender a mensagem clara, deixada por ele, de que não está comprometido com o bem-estar de ninguém a não ser o dele mesmo; estando disposto a tudo para satisfazer seus interesses particulares (lícitos ou não). Afinal de contas, bastará que algo vá de encontro a sua vontade para fazer com que ele viole leis e use o seu mandato em causa própria.
Portanto, o eleitor consciente deve entender que se o candidato viola leis, e isso antes de assumir o poder; fará muito pior depois de empossado e ter acesso ao poder e aos cofres públicos. Pois, se ele é incapaz de obedecer as regras do jogo, o desfecho lógico é de que sua participação sempre será regida pela trapaça, pelo jeitinho e pela maldita Lei de Gérson.
Pense nisso.
DO MUJAHDIN CUCARACHA

Dizendo ser marido de Dilma, mulher tenta subir rampa do Palácio do Planalto

Parece que Dilma está machucando o coração da mulherada. Talvez por ela andar envolvida com movimentos gays, fazendo doações para as marchas desses movimentos, apoiando kits gays e kits anti-homofobia entre outros. Na realidade, deve estar sendo confundida como uma adepta desse movimento, até porque ela não tem marido e já deve estar sendo sondada por algumas interessadas. Não que eu seja contra dela amar outras mulheres ou ser amada por outras tantas, mas o fato é que pela posição que ocupa, aspirando uma nova eleição, não poderá sair do armário se esse for o caso. Pois os Catolicos, Evangélicos, homofóbicos, certos Bolsonaros da vida  e conservadores, cairão com o PAU em cima dela e ela nem como porteiro de motel será empregado, digo, empregada.

FLÁVIA FOREQUE
DE BRASÍLIA
"Eu sou marido da Dilma Vana Rousseff!" Foi assim que Edmeire Celestino da Silva, 29 anos, justificou sua iniciativa de subir a rampa do Palácio do Planalto na noite desta terça-feira (11).
Soldados do Batalhão da Guarda Presidencial deram tiros de borracha no chão para contê-la. A ação foi em vão.
Silva se atirou sobre um soldado e foi imobilizado por seguranças do Palácio. Disse que a intenção não era ferir a presidente - ela não estava armada. "Eu quero sequestrar ela para meu cativeiro: meu coração."
Seguranças e jornalistas acharam se tratar de um homem --na verdade, Edmeire é uma mulher. A identidade foi confirmada posteriormente pelo hospital em que ela foi atendida. A Folha chegou a publicar que se tratava de um homem inicialmente, mas corrigiu a informação após o hospital confirmar tratar-se de uma mulher.

Alan Marques/Folhapress
Edmeire Celestino da Silva é imobilizado por seguranças da Presidência após tentar invadir Palácio do Planalto
Edmeire Celestino da Silva é imobilizado por seguranças da Presidência após tentar invadir Palácio do Planalto
Apesar de inicialmente se dizer marido de Dilma, Silva afirmou em seguida: "Eu queria falar pra Dilma Vana Rousseff: você aceita se casar comigo, meu amor?".
Nascida em Campinas, Silva não soube dizer seu próprio nome nem onde morava. Quando questionada de onde era, afirmou: "Sou da morte".
Segundo seguranças da Presidência, Silva foi vista nos últimos dois dias rondando o palácio. Após o episódio, ela foi levada a um hospital de Brasília.
Esta é a sexta tentativa de invasão durante o mandato de Dilma Rousseff --a presidente ainda trabalhava no palácio quando houve a tentativa.
Se depender do movimento gay, esse será o nosso fim.
DO #PROTESTABRASIL

Cadê o ‘efeito Lula’?



No Datafolha divulgado hoje há algumas informações que não estão explícitas, mas ainda assim chamam a atenção dos leitores mais atentos. A primeira delas diz respeito à situação eleitoral de Fernando Haddad. Apesar de o PT e o governo já terem colocado todas as suas fichas na mesa — leia-se Lula, Dilma e Marta Suplicy — , o escolhido de Lula para enfrentar a eleição paulistana não conseguiu, a esta altura, sequer ser alçado ao patamar histórico de votos do partido em São Paulo.
No pleito de 2008, Marta Suplicy obteve 33,06% dos votos válidos no primeiro turno. Quatro anos antes, em 2004, obteve 35,82%. Perdeu depois para José Serra.
Neste momento, a três semanas da eleição, o candidato petista Fernando Haddad se encontra praticamente estacionado em um patamar muito inferior, de 17%, que representa, grosso modo, apenas metade do potencial de votos destinados tradicionalmente à legenda.
Quatro anos atrás, no começo de setembro de 2008, Marta Suplicy era considerada imbatível. Os números do Datafolha revelam que a ex-prefeita tinha 40% das intenções de voto. Kassab e Alckmin disputavam a segunda vaga com uma diferença de apenas 4% entre ambos, mas ainda assim com menos de metade das intenções de voto atribuídas à cabeça-de-chapa do PT.
Oito anos atrás, na mesma altura do processo eleitoral, a diferença entre Marta, que tinha 33% das intenções de voto, e Serra, que liderava e terminou por vencer o pleito, era de apenas 4 pontos percentuais. Marta tinha os 33% historicamente reservados a seu partido. Um terço dos votos.
Este ano, Fernando Haddad patinou no patamar dos nanicos até se descolar deles com o início da campanha pelo rádio e televisão. Mas, pelo que mostram as três últimas sondagens, a curva das preferências já aponta para uma acomodação. Num ponto de inflexão que não é bom para o postulante do Partido dos Trabalhadores — o terceiro lugar.
O que se prevê de agora em diante é um disputa renhida entre tucanos e petistas pela chance de disputar o segundo turno com o azarão Celso Russomanno, que parece ter consolidado sua condição de favorito neste primeiro turno. E a despeito da situação de empate técnico, que torna o resultado virtualmente impossível de se prever, é de se notar que ainda há uma diferença de 3 pontos percentuais em favor de José Serra.
O esforço para dar viabilidade a Haddad é notável. A seu favor estão a máquina federal (com a engajamento de Dilma Rousseff) e o prestígio pessoal de Lula, o patrono do candidato. O uso da máquina fica claro na compensação oferecida a Marta Suplicy por seu engajamento na campanha. Preterida por Lula na escolha do candidato, a ex-prefeita teve que ser agraciada com um cargo no primeiro escalão para subir ao palanque de Haddad. Uma ajuda e tanto — que, não obstante, não se mostrou capaz ainda de vitaminar a chapa petista na medida que se esperava.
Mas é fato que o que se esperava nos meses que decorreram entre o lançamento da candidatura e o início da propaganda eletrônica não aconteceu. Nem o prestígio de Lula, nem o reforço de Marta, nem a forcinha de Dilma foram capazes de devolver ao Partido dos Trabalhadores os votos que historicamente lhe eram destinados.
O que mais intriga no comportamento do eleitor é a ausência de resposta ao esforço de Lula para dar viabilidade eleitoral ao mais importante candidato apresentado por seu partido às eleições deste ano.
O que a maioria dos analistas antevia era que Lula conseguisse não apenas reaver os votos tradicionais da legenda, mas incrementar o cacife do partido com a popularidade que faria dele o grande eleitor deste pleito. E isso, de fato, está longe de acontecer.
Resta, portanto, saber o que foi que aconteceu com a popularidade de Lula. Não há nenhuma dúvida de que ela é enorme. Assim como não restam dúvidas de que, como cabo eleitoral, Lula não tem funcionado como se supunha que funcionaria. A rigor, todo o esforço empreendido em favor de Haddad não agregou, pelo menos até agora, mais que 10 pontos percentuais ao postulanente do PT. E ainda faltam quase 20 pontos percentuais para que a legenda ascenda novamente ao patamar dos 33%.
É claro que ainda é cedo para cravar uma aposta no resultado do primeiro turno. Assim como é improvável que, haja o que houver na campanha, surja ainda um milagre capaz de alterar radicalmente o quadro. A partir de agora, com a consolidação das intenções de voto, o que se espera são pequenas oscilações, inclusive com a possibilidade de inversão dos candidatos que disputam o segundo e terceiro lugares na preferência do eleitorado.
A tese que vem sendo defendida por 10 entre 10 analistas é a de que não há transferência de prestígio — ou a tradução do prestígio em votos — a não ser entre candidaturas análogas. Por esse raciocínio, Lula poderia, sem dificuldade, eleger um poste Presidente da República. Foi o que aconteceu com Dilma Rousseff, a desconhecida auxiliar alçada por ele ao posto de primeira-mandatária brasileira dois anos atrás. Mas não tem como influenciar o eleitor paulistano, que termina por definir seu voto com base em uma cesta de propostas e um menu de candidatos vinculados exclusivamente à seara da comunidade.
Seria, desta forma, um santo milagreiro que só tem poder para promover grandes milagres. Dos pequenos, o eleitor mesmo prefere cuidar, sem a interferência nem o cabresto de quem quer que seja.
O que pouco gente se arrisca a dizer, com medo de errar o prognóstico que vai se desenhando, é que talvez os poderes atribuídos ao ex-presidente não passem de um exagero retórico que vem sendo construído pela reiteração de certos dogmas — especialmente o de que Lula pode tudo. Pelo que se viu até agora, não pode.
Talvez não possa por causa do desgaste sofrido pelo PT desde que a legenda foi associada à corrupção descarada e às piores práticas políticas, agora materializadas com as primeira  condenações de mensaleiros, e à perspectiva de prisão de gente como João Paulo Cunha, José Genoíno, José Dirceu e Delúbio Soares. É claro que o espetáculo propiciado pelo maior julgamento da história do País produz efeitos no eleitor. O que não se sabe, até agora, é qual o tamanho do estrago.
Caso Haddad seja derrotado neste primeiro turno, muitas serão as tentativas de explicar o fracasso. Alguns dirão que o PT está pagando o preço de ter sido colocado por seus próprios dirigentes entre as legendas que protegem criminosos e incentivam a gatunagem em seu próprio proveito. Mas isso não seria suficiente para explicar o malogro.
Outros irão dizer que a escolha de Haddad foi infeliz, que a vitória com alguém já testado como Marta Suplicy seria pule de dez. Mas aí o erro seria de Lula, e não convém atribuir erros a santos.
E sempre haverá quem diga que, quando o santo não produz o milagre, não é por falta de santidade — é por falta de fé do devoto.
DO HORACIOCB

Quanto mais Lewandowsky intriga e demora, mais sangram o PT e Lula

- Muitos jornalistas, advogados e políticos ligados à oposição, reclamam da demora do julgamento do Mensalão. Há demora, sim, como nunca aconteceu antes neste País, mas também nunca um julgamento colocou nos bancos dos réus tantos potentados da república - e com viés de condenações em massa. O editor não considera que a demora no julgamento é proposital e visa beneficiar os réus. É até possível que o ministro Ricardo Lewandowsky obtenha êxito nas suas já manjadas tentativas de beneficiar os réus petistas, sobretudo Zé Dirceu, procrastinando o quanto pode o julgamento, criando intrigas com o relator, sabotando o trabalho da Corte, mas a cada dia que passa, mais sangram o PT e Lula, o que é um benefício político sem precedentes, já que eles são expostos à execração pública todos os dias, algo fatal em período de campanha eleitoral, como demonstram as pesquisas. A seguir, leia uma análise dos novos incidentes produzidos ontem no STF pelo melífluo ministro Lewandowsky, o amigo in pectore de Lula e do PT.
* Clipping O Globo
O revisor heterodoxo
Graças à reação imediata do relator Joaquim Barbosa, não prosperou ontem a insinuação do revisor Ricardo Lewandowski de que o julgamento do mensalão estaria se desenrolando de uma maneira “pouco ortodoxa”.
Como se sabe, essa é a nova versão que os petistas ligados ao ex-ministro José Dirceu estão espalhando, já para justificar uma condenação que ele próprio parece estar aguardando, segundo reportagem da “Folha de S.Paulo”.
Ironicamente, foi o próprio Lewandowski que introduziu no julgamento prova hetedoroxa para justificar sua decisão de absolver a ré Geiza Dias dos Santos: uma entrevista recente do delegado Luís Flávio Zampronha, que presidiu o inquérito policial que resultou na Ação Penal 470.
Joaquim Barbosa irritou-se, chamando de “bizarra” a situação, afirmando que o delegado deveria ter sido “suspenso”. E o ministro Gilmar Mendes disse que existiam provas suficientes nos autos para formar convencimento “sem que seja preciso avocar ‘provas’ em entrevistas à imprensa”. Ambos classificaram de “heterodoxa” a posição do revisor.
Foi então que Lewandowski comentou que “este não é o julgamento mais ortodoxo já realizado nesta Corte”. O novo bate-boca teve origem, portanto, em uma provocação de Lewandowski, que, não recebendo apoio de qualquer dos membros do plenário, tratou de recuar e voltou aos seus longos votos, que ele insiste que está reduzindo.
DO POLIBIO BRAGA

A fúria de Lula não poupa nem Frei Betto. Ou: Braveza de ex-presidente vale como medalha de honra ao mérito para os ministros do STF



Luiz Inácio Lula da Silva agora faz saber aos seus que está mexendo os pauzinhos para evitar que os mensaleiros condenados sejam presos
Por Reinaldo Azevedo
Fiquei cá a pensar com quais instrumentos opera esse mago, e não consegui ver nenhum que não seja uma interferência indevida, ilegal e subterrânea no Supremo.
Como não dispõe de instrumentos institucionais para fazer essa pressão, de quais outros disporia? Quando tentou intimidar Gilmar Mendes, com uma chantagem sem lastro, deu-se mal. Teria ele condições de se dar bem com outros? Com quais armas?
Lula não se conforma com o fato de o Brasil ser uma República. Considera-se o quarto Poder — acima dos outros Três, claro! — e vai, assim, metendo os pés pelas mãos.
Fiquei sabendo de algo espantoso. O Apedeuta está bravo até com… Frei Betto! Sim, está em litígio afetivo com esse notável pensador, que, à guisa de imaginar o cruzamento entre o catolicismo e o comunismo, também delirou com uma transa (falo sério!) entre Santa Tereza D’Ávila e Che Guevara, o “Porco Fedorento”. E por que a zanga com Frei Betto? Porque foi o primeiro que lhe falou de um certo Joaquim Barbosa para o Supremo.
Lula não estava em busca de um ministro propriamente, mas de um elemento de propaganda. O fato de Barbosa ser negro se lhe afigurou mais importante do que o de ter credenciais, como tem, para assumir o posto. O Apedeuta esperava “fidelidade” daqueles que foram por ele indicados para o STF. E esperava ainda mais de Barbosa. No íntimo, deve achar que fez uma grande concessão.
Ou por outra: o Babalorixá de Banânia não indicou um negro por “zelo de justiça”, como escreveu Padre Vieira, mas por concupiscência politicamente correta. O próprio ministro percebeu isso e afirmou, certa feita, numa entrevista, que esperavam na corte um “negro submisso”. Indaguei, então, a quem estava se referindo; incitei-o a dar o nome desse sujeito indeterminado. Agora já sei.

A própria figura de Barbosa, já apontei aqui, passou por uma drástica mudança naquele submundo da Internet alimentado com dinheiro público. De herói, passou a vilão; de primeiro negro a chegar ao Supremo como evidência da superioridade moral do PT, passou a ser o “negão ingrato”, que cospe na mão de que lhe garantiu tão alta distinção. Sob o pretexto de combater o racismo, esperava-se um… negro submisso!!! Barbosa, convenha-se, está dando uma resposta e tanto à má consciência.
Já discordei muitas vezes do ministro — e o arquivo está aí para prová-lo. Mas nunca ataquei a sua altivez. Altivez que deve ter não porque negro (essa qualidade não tem cor), mas porque ministro do Supremo. Lula também está bravo com outros. Não julgava estar indicando ministros, mas vassalos; não escolhia nomes para a mais alta corte do país, mas procuradores de um projeto de poder. Por isso anda por aí dando murro na mesa, inconformado com a “ingratidão”.
Em meio a tantos males, o mensalão fez ao menos um grande bem ao país: despertou-nos para a existência de uma corte suprema. Os deputados são 513. Os senadores são 81. Ministros de estado, especialmente na era petista, os há a perder de vista. Mas só 11 homens e mulheres na República podem sentar naquelas cadeiras.
Agora, a sociedade já os descobriu. E espera que façam justiça. Um deles, dia desses, foi vaiado por um grupo num aeroporto. Não era uma horda de militantes fardados, de camisas-negras ou de camisas-vermelhas. Eram brasileiros que trabalham, que estudam, que repassam ao Estado, também à Justiça, boa parte dos seus rendimentos. E que cobram dos ministros decoro, decência e coerência.
Lula está bravo com Joaquim e com outros “ingratos”? Vale por uma medalha de honra ao mérito.

13/09/2012
DO R.DEMOCRATICA