segunda-feira, 20 de novembro de 2017

Toffoli suspende depoimento de procurador ligado a Janot na CPMI da JBS

  • 20/11/2017 17h57
  • Brasília - DA EBC AG.BRASIL
André Richter - Repórter da Agência Brasil
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Dias Toffoli decidiu hoje (20) suspender o depoimento presencial do procurador da República Eduardo Pelella, ex-chefe de gabinete do ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot, à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS. Pelella fez parte da equipe de Janot que fechou o acordo de delação premiada da empresa e está intimado a prestar depoimento na próxima quarta-feira (22). A decisão judicial ainda não foi divulgada.
A decisão de Toffoli foi motivada por um mandado de segurança protocolado pela procuradora-geral da República, Raquel Dodge.  No pedido, Raquel Dodge sustenta que a convocação do procurador como testemunha é ilegal, porque a real intenção da comissão é “buscar elementos para crimes e malfeitos funcionais”. Segundo a procuradora, membros do Ministério Público, assim como magistrados, não podem ser convocados para depor sobre fatos relacionados às suas atividades.
Na decisão, Toffoli afirmou que a convocação de um membro do Ministério Público ultrapassa o objeto da investigação da CPMI. Segundo o ministro, Pelella não pode depor sobre fatos relacionados ao seu trabalho.
“A convocação ou eventual investigação de membros do Ministério Público ou de magistrados por CPMI necessariamente deve observar os limites constitucionais a tanto traçados, sob pena de reconhecimento de sua inconstitucionalidade”, decidiu.
Instalada no início de setembro, a comissão tem como presidente o senador Ataídes (PSDB-TO) e como relator o deputado Carlos Marun (PMDB-MS). O foco da CPI Mista são as supostas irregularidades envolvendo as empresas JBS e J&F em operações realizadas com o BNDES e BNDESPar, ocorridas entre os anos de 2007 a 2016.
Edição: Davi Oliveira

Procurador da Lava Jato: ‘É totalmente desnecessária’ a opinião de Segóvia

Josias de Souza

Membro da força-tarefa de Curitiba, o procurador da República Carlos Fernando dos Santos Lima respondeu com rispidez às críticas feitas pelo novo diretor-geral da Polícia Federal às investigações que têm como alvo Michel Temer. “Sua opinião pessoal é totalmente desnecessária e sem relevância”, escreveu o procurador no Facebook, “ainda mais quando dada em plena coletiva após a posse que lhe foi dada pelo próprio denunciado.”
Depois de ser empossado no cargo em cerimônia com a presença de Temer, o delegado Segóvia levantou dúvidas sobre a investigação que resultou nas denúncias da Procuradoria contra o presidente por corrupção passiva, obstrução à Justiça e formação de organização criminosa.
''A gente acredita que, se fosse sob a égide da Polícia Federal, essa investigação teria de durar mais tempo”, afirmou o novo chefe da PF, “porque uma única mala talvez não desse toda a materialidade criminosa que a gente necessitaria para resolver se havia ou não crime, quem seriam os partícipes e se haveria ou não corrupção.''
“Começou bem!”, ironizou o procurador Carlos Fernando, antes de emendar: “Não cabe ao diretor-geral da Polícia Federal falar sobre investigações, pois não é responsável por elas, mas apenas o chefe administrativo da instituição. Não cabe à Polícia Federal falar sobre denúncias realizadas, pois a opinio delicti [opinião a respeito do delito] é exclusiva do Ministério Público.”
 Carlos Fernando dos Santos Lima 2 h ·
COMEÇOU BEM!
1. Não cabe ao Diretor Geral da Polícia Federal falar sobre investigações, pois não é responsável pelas elas, mas apenas o chefe administrativo da instituição.
2. Não cabe à Polícia Federal falar sobre denúncias realizadas, pois a opinio delicti é exclusiva do Ministério Público.
3. Sua opinião pessoal é totalmente desnecessária e sem relevância, ainda mais quando dada em plena coletiva após a posse que lhe foi dada pelo próprio denunciado.
https://noticias.uol.com.br/…/novo-diretor-da-pf-critica-in…
O novo diretor da Polícia Federal, Fernando Segovia, criticou nesta segunda-feira (20) a investigação da PGR (Procuradoria-Geral da República), então coman...
noticias.uol.com.br

Quem está ajudando Bolsonaro a crescer nas pesquisas


Quem está ajudando Jair Bolsonaro a crescer nas intenções de voto não é só o antilulismo.
É quem acha que criminosos peemedebistas e tucanos devem escapar da Justiça que condenou petistas.
É quem vê na corrupção um problema menor e, no combate rigoroso a todos os corruptos, um “moralismo udenista”.
É quem usa a suposta defesa do Estado de Direito para proteger criminosos de colarinho branco com mandato e sem mandato.
É quem ataca diariamente a Lava Jato, acusando-a de cometer “exageros”.
É quem menospreza a criminalidade que assassina mais de 61 mil brasileiros por ano.
É quem, em nome do interesse exclusivamente pessoal, quer ser candidato do centro mesmo não tendo a menor chance de ser eleito.
É quem, com medos pessoais, hesita em ser candidato do centro mesmo tendo grande chance de ser eleito.
Bolsonaro, que está sabendo vender-se como o candidato anti-sistema, e não apenas antilulista, só tem a agradecer a essa gente.

PGR quer que Geddel continue na cadeia


A PGR mandou a Edson Fachin no Supremo um documento em que defende a manutenção da prisão preventiva de Geddel Vieira Lima.
No documento enviado na sexta, Luciano Maia, o vice de Raquel Dodge, disse que a eventual libertação de Geddel “coloca em grave risco a ordem pública e vulnera a garantia da aplicação da lei penal”.
Maia lembra que o ex-ministro de Lula e Temer é suspeito de ter ocultado num apartamento mais de R$ 51 milhões, na “maior apreensão de dinheiro vivo da história criminal brasileira”.

Torquato vai à Câmara explicar o que já está claro


Enfim, Torquato Jardim encontrou um espaço na sua agenda para ir ao Congresso explicar aquelas declarações de que a cúpula da segurança pública do Rio de Janeiro é sócia do crime organizado.
Se não mudar de ideia, o ministro da Justiça estará na quarta-feira na Comissão de Segurança Pública da Câmara. Os deputados da bancada do Rio estão preparando perguntas afiadas.

Cadeia Velha é que faz impunidade boa?


Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
Embora não seja uma unanimidade entre cozinheiros, alguns acham que “panela velha é que faz comida boa”. Fazendo um trocadilho infame, enquanto o Brasil tenta digerir o que o Crime Institucionalizado produziu de pior no Rio de Janeiro, pode-se garantir que a “Cadeia Velha” (a operação da Polícia Federal que prendeu a quadrilha chefiada pela cúpula do legislativo do RJ) consagrou uma impunidade nada boa, temperada por uma espécie de interpretação “suprema à cubana” da Constituição vilã de 1988 - que as pessoas honestas não conseguiram engolir até agora.
A libertação dos deputados Jorge Picciani, Paulo Mello e Edson Albertassi – decidida por seus pares da Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro – tem tudo para ser revertida. Certamente, o Supremo Tribunal Federal será acionado, e pode produzir mais uma polêmica interpretação. A tese que se desenha agora é que a regra sobre prisão ou soltura de parlamentares só vale para a Câmara dos Deputados e o Senado. A prerrogativa não pode beneficiar deputados estatuais ou vereadores. Assim que for acionado, é isto que o STF tende a proclamar.
Demorou um pouquinho e precisou que os deputados do esfrangalhado Estado do Rio de Janeiro dessem o mau exemplo que gerou repercussão negativa, para que, finalmente, a cúpula do Judiciário constatasse os efeitos desastrosos da suprema “interpretação” que atribuiu ao Poder Legislativo a decisão final sobre medidas cautelares contra parlamentares. Na onda da decisão que salvou Aécio Neves, assembléias legislativas e câmaras de vereadores correram para mandar soltar ou reintegrar os mandatos de seus corruptos parlamentares.
Aguardemos, então, por uma nova “interpretação” suprema da Constituição que precisa ser mudada e trocada por outra urgentemente. Enquanto o STF cozinha o galo, seguimos no enxugamento de gelo contra a corrupção brasileira – que não vai acabar tão cedo porque nossos bandidos sabem muito bem empregar o aparato legal para manter a Ditadura do Crime Institucionalizado. Agüentemos, até quando der, a indigesta impunidade.
Intervenção Bolsonaro
Do Jurista Antônio José Ribas Paiva, um comentário certeiro sobre o presidenciável Jair Bolsonaro:
“O Bolsonaro poderia usar sua liderança para conseguirmos a INTERVENÇÃO INSTITUCIONAL. Mesmo se fosse eleito, que poderia ele  fazer sozinho contra o sistema político criminoso, que nos massacra? Nada!!! Ou intervimos e afastamos o crime do Poder do Estado ou tudo continuará como sempre foi. Com ou sem Bolsonaro”.

EFEITO BOLSONARO FAZ CAIR A MÁSCARA DA GRANDE MÍDIA BRASILEIRA

segunda-feira, novembro 20, 2017

 

A grande mídia brasileira já estava viciada naquele joguinho sórdido de petralhas vs. tucanos, controlado pelo Fernando Henrique Cardoso. Sim, ele é e sempre foi o chefão da estratégia dos comunistas. Há pouco foi chamado por uma universidade norte-americana para palestrar. Na verdade, para apenas para cair de pau em Bolsonaro. E isso é o bastante para comprovar que o establishment tupiniquim está, como nunca antes neste país, em frangalhos procurando de salvar da surra que está levando. Até agora não conseguiu um só nome palatável ao eleitorado brasileiro como candidato presidencial.
Prova desse desespero é que de vez em quando (não se sabe quem paga....) sai um turbilhão de pesquisas apontando Lula em primeiro lugar. Entretanto, nem o FHC acredita nessa empulhação. Velho de guerra, por isso já pediu penico para a banda podre da política norte-americana e também uma ajuda de seus comparsas do The Economist britânico e do bundalelê esquerdista Le Monde, da França. Mas isto é só o começo. Vêm mais coisas por aí de todos os veículos da mainstream media.
Portanto, é de se indagar: mas o Lula que sempre foi teleguiado por FHC, afinal, não está em primeiro lugar nas tais "pesquisas"? Isto não é suficiente? Não! Não é, porque não reflete a verdade. Se fosse a realidade dos fatos FHC estaria desfrutando o otium cum dignitate. Entretanto, está com o pé na estrada, no comando, em busca de algum milagre, procurando um tonel de água benta capaz de purgar a ação pecaminosa de praticamente toda a classe política brasileira.
Ao seu lado e sob o seu comando estão as vivandeiras comunistas dos grandes veículos de mídia, especializadas em "fake news". Esses jagunços do esquerdismo ainda pensam que escrevem e falam sozinhos para o grande público. Esquecem as redes sociais, blogs e sites independentes. Tanto é que tradicionais empresas jornalísticas como Rede Globo, Veja e IstoÉ, - para citar as mais notórias - repetem a cada final de semana matérias ridículas como essas que se refere e comenta em sua página do Facebook o presidenciável Jair Bolsonaro, conforme o vídeo acima.
A revista Veja, por exemplo, tem perdido um enorme contigente de assinantes e continua perdendo diariamente. Por isso resolveu assediar seus ex-assinantes, como no caso a minha irmã que vem sendo abordada de forma insistente pelos esbirros do Civita e seus sequazes. Minha irmã já cansou de receber inúmeros telefonemas do marketing da Veja. Disse a eles que não deseja renovar de jeito nenhuma a assinatura.
Para sua surpresa, a Veja está enviando a revista outra vez, embora minha irmã não tenha mais assinatura da revista. Já disse para eles que não quer mais. Nem de graça! Afinal, só os idiotas e/ou áulicos do FHC continuam lendo aquela porcaria. Nossa família estuda o que fará para se livrar para sempre da maldição dos Civita e seus sequazes.
O que acabo de escrever dá uma pálida ideia da deplorável situação em que os camaradas de FHC mergulharam o Brasil. Além da penúria e a paralisação da economia não dá mais nem para ler jornais e revistas ou ver televisão. Talvez seja por isso que os esquerdistas não falam mais em "controle social da mídia". Nenhum esquerdista vocifera Fora Temer! O Lula manda esconder o ônibus de sua caravana no pátio de Quartel da Polícia Militar de Minas Gerais...
A bem da verdade, se há algo que tem mobilizado e animado milhares de brasileiros nos últimos tempos é a pré-campanha de Jair Bolsonaro. Haja vista que mais de 2 mil pessoas carregaram o pré-candidato nos ombros no aeroporto de Belém do Pará na véspera do último feriadão. E não foi só lá. Há muito tempo isso vem acontecendo em todos os Estados em que o presidenciável tem aparecido.
Jair Bolsonaro é, sob todos os aspectos, um fenômeno político mas, por incrível que pareça isto não é pauta para o jornalismo brasileiro. Pelo contrário. Além de ignorar um fato eminentemente jornalístico, a grande mídia ainda produz "fake news" e usa os recursos do Photoshop e programas assemelhados para distorcer a fisionomia de Bolsonaro nas fotos que publica.
E para finalizar, um lembrete: Alô, Alô, Civita! Por favor! Pare de encher o saco com marketing de Veja. E antes que me esqueça, é bom Jair se acostumando. DO A.AMORIM

Supremo favoreceu Aécio sabendo que precedente seria usado por assembleias

Josias de Souza

Ao lavar as mãos no caso de Aécio Neves, autorizando o Senado a anular sanções judiciais impostas ao senador tucano, o Supremo Tribunal Federal tinha absoluta convicção de que abriria um precedente que seria aproveitado por Assembleias Legislativas de todo país para blindar deputados estaduais às voltas com inquéritos criminais. Isso ficou evidente nos debates travados no plenário da Suprema Corte. O blog selecionou no site do próprio Supremo trechos que não deixam dúvida (confira nos vídeos que ilustram este post).
Graças ao 'Efeito Aécio', um deputado estadual do Mato Grosso ganhou a liberdade e dois parlamentares afastados recuperaram os mandatos no Rio Grande do Norte. Na última sexta-feira, a Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro jogou lenha na fogueira em que arde o prestígio do Supremo ao abrir a cela onde estavam presos três deputados estaduais do PMDB fluminense, restituindo-lhes os mandatos que haviam sido suspensos por decisão do Tribunal Regional Federal da 2ª Região.
Um dos ministros do Supremo, Marco Aurélio Mello, declarou: “Não sei como surgiu essa ideia de que nossa decisão abrangeria deputados estaduais, e quem sabe até vereadores. Eu fiquei pasmo.” Outro ministro, Alexandre de Moraes, mandou divulgar o resumo da decisão do julgamento que favoreceu Aécio. Chamado tecnicamente de acórdão, o documento pode ser lido aqui. Faz referência explícita a “parlamentares federais”. Algo que contrasta com o que ficou decidido no julgamento, como será demonstrado a seguir.
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Protesto e confronto marcam votação sobre prisão de deputados no Rio12 fotos

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17.nov.2017 - Manifestante pega bomba de gás lacrimogênio do chão e revida ataque aos policiais durante a confusão nas redondezas da Alerj (Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro) VEJA MAIS > Imagem: jose lucena/Futura Press/Folhapress
Para entender a encrenca, é preciso rememorar dois julgamentos. Num, realizado em 5 de maio de 2016, os 11 ministros que integram o plenário do Supremo decidiram, por unanimidade, afastar o então deputado Eduardo Cunha da presidência da Câmara e do exercício do mandato. Noutro, ocorrido no último dia 17 de outubro, os ministros julgaram uma ação movida por três partidos aliados de Cunha: PP, PSC e Solidariedade. Na ação, as legendas sustentavam que a suspensão do mandato de um parlamentar deveria ser submetida à apreciação da respectiva Casa Legislativa.
Ignorada por mais de um ano, a ação dos aliados de Cunha foi desengavetada pela ministra Cármen Lúcia, presidente do Supremo, por pressão do Senado, que ameaçava descumprir decisão judicial imposta a Aécio Neves. Gravado numa conversa vadia com o delator Joesley Batista, na qual achacava o dono da JBS em R$ 2 milhões, o senador tucano teve o mandato suspenso pela Primeira Turma do STF, que ordenou também, entre outras providências, o seu recolhimento domiciliar noturno.
Numa sessão constrangedora, os ministros do Supremo recuaram da decisão que haviam tomado em relação a Cunha. Para beneficar Aécio, decidiram, por 6 votos a 5, que sanções cautelares contra parlamentares deveriam ser submetidas ao aval da respectiva Casa Legislativa em 24 horas. Coube ao ministro Edson Fachin relatar a ação desengavetada para acudir Aécio. Num voto cirúrgico, Fachin ressaltou que não havia dúvidas quanto aos poderes do Supremo para decretar medidas cautelares contra congressistas. Lembrou que a causa já fora decidida quando Cunha teve o mandato de deputado suspenso por decisão unânime do Supremo. Por que mudar o entendimento?
Fachin leu trechos do voto do relator do caso Cunha, o ministro Teori Zavaschi, morto em acidente aéreo. Incluiu na sua leitura um trecho no qual Zavaschi citara um voto antológico da ministra Cármen Lúcia. Foi proferido em 22 de agosto de 2006. Neste voto, a atual presidente do Supremo havia indeferido o pedido de liberdade de um deputado estadual de Rondônia acusado de corrupção. Para manter o parlamentar atrás das grades, Cármen Lúcia desconsiderou sua imunidade.
A posição da ministra prevaleceu na Primeira Turma do Supremo por 3 votos a 2. E o então deputado rondoniense, acusado de comandar uma quadrilha que desviara R$ 50 milhões dos cofres estaduais, ficou preso. A Assembléia de Rondônia, apinhada de cúmplices do preso, foi impedida de anular a ordem de prisão. No vídeo abaixo, você assiste ao trecho do voto de Zavascki no caso Cunha, que Fachin fez questão de injetar no julgamento que favoreceu Aécio, demonstrando que, do ponto de vista penal, os mandatos federais e estaduais estão sujeitos às mesmas tormentas.
Ao recordar o voto de Zavascki sobre Cunha, Fachin realçou também os trechos em que o colega morto dera ênfase a duas “competências” que a Constituição reserva ao Legislativo. Fachin abriu aspas para Zavascki: “Primeiro, a competência para resolver sobre a prisão de seus membros caso tenham sido eles detidos em flagrante por crime inafiançável e, segundo, para sustar o andamento de ação penal que porventura tenha sido recebida contra senador ou deputado por crime ocorrido após a diplomação.”
Fachin prosseguiu na citação: “Fora dessas hipóteses, acrescentou o ministro Teori Zavascki, no que foi seguido por todos nós, as investigações em processos criminais deflagrados contra parlamentares haverão de transcorrer ordinariamente, sem qualquer interferência do Poder Legislativo, inclusive quanto à execução das demais medidas cautelares previstas no ordenamento…”
Ao endossar a posição de Zavascki, o ministro Dias Toffoli disse que cogitara afastar Eduardo Cunha apenas da presidência da Câmara, preservando o seu mandato. Rendeu-se, porém, aos argumentos do relator. Mas fez questão de anotar a ''excepcionalidade'' do fato. Ao mencionar as consequências da decisão, deixou ainda mais explícita a vinculação do veredicto com os Estados e até com os municípios. Evocou o colega Marco Aurélio.
Disse Toffoli: “Como sempre lembra o ministro Marco Aurélio, um espirro desta Corte cria e verbaliza (sic) em todo um país. Nós temos mais de 5.500 municípios, 5.500 câmaras de vereadores, 26 Assembleias Legislativas, uma Câmara Legislativa no Distrito Federal. Essa atuação de suspender o mandato popular por circunstâncias fundamentadas há de ocorrer em circunstâncias que sejam realmente as mais necessárias…”. Veja a manifestação de Toffoli abaixo:
O artigo 53 da Constituição determina que deputados e senadores só podem ser presos “em flagrante de crime inafiançável.” Nessa hipótese, o processo tem de ser enviado ao Senado ou à Câmara em 24 horas. Deputados e senadores têm a prerrogativa de confirmar ou revogar a prisão. As constituições dos Estados reproduzem esta norma, estendendo a mesma proteção aos deputados estaduais.
No caso de Rondônia, relatado por Cármen Lúcia, o deputado fora encaminhado ao xadrez por ordem do Superior Tribunal de Justiça. Pedira ao Supremo que revogasse a prisão sob dois argumentos: 1) não ocorrera o flagrante; e 2) a ordem de prisão não havia sido apreciada pela Assembleia rondoniense. Cármen Lúcia dera de ombros. Alegara que o caso era excepcional, pois o esquema de corrupção envolvia 23 dos 24 deputados estaduais com assento na Assembleia.
Ao engrossar o coro contra Cunha, também os ministros Gilmar Mendes e Celso de Mello citaram questões locais. Gilmar adicionou à encrenca de Rondônia o exemplo do escândalo que envolveu o ex-governador José Roberto Arruda e a Câmara Distrital de Brasília. O decano Celso disse que afastamentos de governadores, prefeitos e parlamentares estaduais tornaram-se corriqueiros.
O ministro Ricardo Lewandowski, que presidia o Supremo quando Cunha foi afastado, ecoou Celso de Mello: “Eu trouxe aqui uma extensa lista de afastamentos de presidentes de assembleias legislativas, de prefeitos, em sede de ações penais, que eu tenho examinado quando sou instado a, eventualmente, suspender a liminar.” Absteve-se de enumerar todos os casos “devido ao adiantado da hora”. Repare no vídeo abaixo:
A despeito do esforço de Fachin para tentar demonstrar aos colegas que uma mudança de posição não soaria bem, o Supremo optou por lavar as mãos no caso de Aécio. E o Senado, com a rapidez de um raio, devolveu o mandato ao senador tucano, livrando-o do recolhimento domiciliar noturno. O placar da votação foi de 44 a 26, apenas três votos além do mínimo necessário. Ficou entendido que, insatisfeitos com o foro privilegiado, os congressistas almejam a blindagem absoluta. E o Supremo auxilia no esforço para ''estancar a sangria''.
Coube a uma constrangida Cármen Lúcia dar o voto de desempate na sessão em que o Supremo concedeu a Aécio um tratamento que sonegara a Cunha. Ao votar, a presidente do Supremo soou desconexa. A suspensão do mandato do parlamentar precisa ser apreciada pela Casa Legislativa, disse ela. O mesmo não se aplica às outras sanções cautelares previstas no Código Penal —entre elas o recolhimento domiciliar noturno.
A manifestação de Cármen Lúcia acirrou os ânimos da banda pró-Aécio. Autor do primeiro voto que divergira do relator Fachin, o ministro Alexandre de Moraes afirmou que o recolhimento noturno afetaria o exercício do mandato. Em nova evidência de que a decisão do Supremo teria reflexos nos Estados, o ministro Marco Aurélio foi ao microfone para enfatizar: “A nossa decisão vai repercutir nos tribunais de Justiça quanto ao julgamento dos estaduais.'' Veja a intervenção de Marco Aurélio no vídeo abaixo:
As observações de Marco Aurélio destoam da declaração feita por ele sobre o desdobramento do caso Aécio no Rio de Janeiro. “Não sei como surgiu essa ideia de que nossa decisão abrangeria deputados estaduais, e quem sabe até vereadores. Eu fiquei pasmo.” A surpresa do ministro não orna com o que se passou na sessão do Supremo. Em meio a uma atmosfera de feira livre, o decano Celso de Mello interveio para sugerir os termos da proclamação de um resultado que consolidasse a maioria de 6 a 5 em favor da tese que interessava a Aécio.
Em condições normais, caberia a Cármen Lúcia, na condição de presidente, ditar o resultado da votação. Mas como o impasse já se prolongava por quase uma hora, Celso de Mello tomou, por assim dizer, as rédeas da sessão. A certa altura, em nova evidência de que os ministros do Supremo não ignoravam os reflexos que a decisão teria nos Estados, o ministro Luiz Fux interveio para recordar o que dissera Marco Aurélio minutos antes. Fux sugeriu a Celso de Mello uma redação genérica para o acórdão do Supremo. Nessa versão, medidas cautelares que interferissem direta ou indiretamente no exercício dos mandatos deveriam ser submetidas ''à Casa legislativa correspondente'', não à Câmara ou ao Senado. Desse modo, declarou Fux, ''vai valer pra tudo.'' Assista abaixo:
Ficou combinado que a proclamação rabiscada por Celso de Mello em cima da bancada seria passada a limpo após a sessão e entregue a Alexandre de Moraes. Primeiro magistrado a proferir um voto divergente da posição do relator Fachin, caberia a Moraes elaborar o acórdão. Nesse vaivém, brotou no texto uma expressão que não fora ouvida no plenário: ''parlamentares federais.'' Não é preciso ser um jurisconsulto para prever que a blindagem dos caciques do PMDB na Assembleia do Rio chegará Supremo.
A Associação de Magistrados Brasileiros já anunciou que recorrer ao STF para tentar derrubar os escudos estaduais. Será divertido acompanhar o julgamento pela TV Justiça. Conforme já comentado aqui, o Supremo virou ex-Supremo ao evoluir do rigor contra Cunha para a suavidade com Aécio (relembre o contorcionismo dos ministros no vídeo do rodapé). Os ministros terão de fazer mágica para construir uma terceira jurisprudência para diferenciar os corruptos estaduais. Tirar coelhos da cartola talvez não seja o bastante. Será preciso tirar cartolas de dentro do coelho.