PSDB e PPS pediram nesta terça-feira (6) à PGR (Procuradoria Geral da
República) a abertura de inquérito para investigar se o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva teve participação no esquema do mensalão. Os
dois partidos afirmam, na representação protocolada nesta terça-feira
(6) na PGR, que as recentes revelações do publicitário Marcos Valério,
apontado pelo STF (Supremo Tribunal Federal) como operador do mensalão,
justificam a abertura de uma nova ação penal que tenha Lula como foco.
"À época dos fatos, existia uma íntima ligação política e pessoal entre o
representado e o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, entendido como
o chefe da quadrilha pelo STF. Nesta perspectiva, indaga-se: a teoria
do domínio do fato, que foi utilizada para a condenação de José Dirceu,
não poderia ser aplicada - e com muito mais razão - ao chefe do próprio
José Dirceu?", questiona a oposição.
Na representação, os dois partidos citam reportagens da revista Veja em
que Valério teria afirmado que Lula seria o chefe do esquema criminoso e
que o publicitário teria pago propina, a pedido do PT, para silenciar
pessoas ligadas ao assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel,
em 2002.
PSDB e PPS também citam memorial encaminhado pelo advogado de Valério ao
STF, Marcelo Leonardo, em que afirma que o "mero operador do
intermediário seja a pessoa púnica de forma mais severa nesta ação
penal, ao lado do tratamento brando que se pretende dar aos verdadeiros
chefes políticos e interessados diretos no esquema".
Segundo a oposição, a própria defesa de Valério "traz elementos que
colocam em dúvida a frase que reiteradamente foi repetida pelo
ex-presidente, no sentido de que ele não sabia de nada".Na
representação, PSDB e PPS pedem que o procurador inste a revista Veja a
apresentar os indícios do envolvimento de Lula, citados nas matérias
publicadas.
Os dois partidos afirmam que estavam dispostos a formular a
representação desde o mês de agosto, mas decidiram esperar o fim do
julgamento para não "tumultuar" a análise da ação penal pelo Supremo.
"Agora que a fase de reconhecimento da culpabilidade se encerrou,
restando apenas a fixação das penas, nada mais impede que os fatos sejam
rigorosamente apurados", afirmam os partidos.
O DEM, que também assinaria originalmente o pedido de investigações,
manteve a decisão de não apoiar a representação. O partido acha mais
"prudente" aguardar a manifestação do Ministério Público sobre o
depoimento de Valério, uma vez que o publicitário prestou depoimento ao
procurador.
A representação é assinada pelo presidente do PPS, Roberto Freire (SP), o
líder do partido na Câmara, Rubens Bueno (PR), além dos senadores
Álvaro Dias (PSDB-PR), Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) e o deputado
Mendes Thame (PSDB-SP).
Dias decidiu assinar o pedido por considerar que é "dever" da sigla
pedir a investigação - uma vez que o publicitário Marcos Valério fez
novas revelações do esquema em depoimento sigiloso prestado à
procuradoria. Depois de submeter sua decisão à bancada do PSDB no
Senado, teve o apoio de outros colegas do partido.
Apesar da decisão, Dias não consultou formalmente o comando do PSDB para aderir à representação. A Folha
apurou que, como o presidente do PSDB, Sérgio Guerra, está em
tratamento médico, o líder decidiu assinar a representação sem uma
decisão formal da sigla. (Folha Poder)
DO CELEAKS