sexta-feira, 17 de março de 2017

Nova proposta de reforma política é reação à Lava-Jato

Não se discute a necessidade imperiosa de uma reforma política, urgente há mais de década. Mas não esta que acaba de ser tirada do baú de políticos que se apressam a blindar-se diante da segunda lista de Rodrigo Janot, procurador-geral da República, enviada ao relator da Lava-Jato no Supremo, ministro Edson Fachin, na terça-feira. Trata-se de óbvia proposta de ocasião, feita sob encomenda.
Inexiste coincidência fortuita entre o encaminhamento ao Supremo de 83 pedidos de abertura de inquérito sobre deputados, senadores e ministros de Estado — é a segunda vez, durante a Lava-Jato, que Janot encaminha nomes à Corte com este objetivo — e o surgimento de um conjunto de medidas para alterar regras eleitorais, com a sugestiva ressurreição do sistema de voto em lista fechada. Pela qual ao eleitor cabe apenas avalizar uma relação de candidatos a deputado e a vereador montada autocraticamente pelas direções partidárias.
Sistema já rejeitado no Congresso, o método da lista fechada volta agora de carona com a percepção, surgida no decorrer da Lava-Jato, de que seria impossível financiar campanhas pela via legal. Ato contínuo, voltou-se a defender a estatização total das finanças político-eleitorais — já não fosse o bastante a pesada carga tributária no país —, depois de já terem elevado o Fundo Partidário de pouco menos de R$ 300 milhões para R$ 800 milhões. Será mais um abuso contra o contribuinte a criação de uma despesa adicional bilionária para gastos em campanhas, em que é seguro que o caixa 2 continuará em ação. Mesmo que haja alguma retração agora, na esteira da repercussão dos inquéritos abertos a partir das delações da Odebrecht.
Reuniram-se anteontem, no Planalto, com o presidente da República, Michel Temer, o ministro do STF, Gilmar Mendes, atual presidente do TSE, e os presidente da Câmara e do Senado, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) e senador Eunício Oliveira (PMDB-CE), dois listados por Janot. Na agenda, o tema óbvio.
Há enorme pressa, porque, para as mudanças valerem já no ano que vem, precisam ser avalizadas pelo Congresso até setembro. Justifica-se a lista fechada como para viabilizar o financiamento público total de campanha. Mas há um motivo forte, oculto: ao instituir a eleição por lista fechada de candidatos, o Legislativo não exporá nomes sob investigação no Supremo e mesmo já denunciados pela Procuradoria-Geral da República. Será um estrondoso estelionato eleitoral, cometido por vias legais. Com a suprema distorção de que, em muitos partidos, os caciques que escolherão os candidatos também farão parte da lista de Janot.
A ousada manobra em curso ajuda a ressaltar a necessidade de uma reforma mínima, que toque em poucos pontos-chave, como a instituição de cláusula de desempenho, para que apenas partidos que tenham uma determinada quantidade de votos consiga acesso ao Fundo Partidário, ao horário dito gratuito de propaganda política e a outras facilidades. Nada mais democrático.
Nem é preciso começar do zero, porque já tramita no Senado, aprovada no primeiro de dois turnos exigidos por lei, emenda à Constituição que institui a cláusula, comum em muitos países. Reforma de sistema eleitoral não pode se prestar a truques.DO O GLOBO

Lava Jato completa 3 anos e soma 198 prisões; 5 políticos se tornaram réus no STF

Exatos três anos após deflagrar a primeira fase, a Operação Lava Jato chega a um momento crucial com os 83 pedidos de inquérito apresentados pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, ao Supremo Tribunal Federal (STF), para investigar políticos supostamente envolvidos com crimes de corrupção e lavagem de dinheiro (leia mais sobre o início da Lava Jato ao final desta reportagem).
Ao todo, já foram 38 fases da Lava Jato durante os três anos de investigação.
Desde o início das investigações, houve 198 prisões, entre temporárias e preventivas, de acordo com números da Justiça Federal do Paraná e do Ministério Público Federal. Em alguns casos, uma pessoa foi presa e, depois de ter sido liberada, foi presa novamente em outra fase da Lava Jato.
Atualmente, 23 pessoas permanecem detidas em presídios. Entre elas, estão o deputado cassado e ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu (PT-SP), o ex-governador do Rio de Janeiro Sérgio Cabral (PMDB-RJ) e o ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil Antônio Palocci (PT-SP).
Há, ainda, outras 24 pessoas que deixaram a cadeia mas que continuam monitoradas por meio de tornozeleira eletrônica. Entre elas, há investigados mantidos em prisão domiciliar.
Veja abaixo quem permanece preso, segundo a Justiça Federal do Paraná:
  • Jorge Antônio da Luz - operador financeiro ligado ao PMDB
  • Bruno Gonçalves da Luz - operador financeiro ligado ao PMDB
  • Sergio Cabral - ex-governador do Rio de Janeiro
  • Carlos Emanuel de Carvalho Miranda - sócio de Cabral, apontado como operador financeiro
  • Rodrigo Tacla Duran - advogado, apontado como "operador de offshores"
  • Adir Assad - empresário e lobista
  • Eduardo Cunha - deputado cassado e ex-presidente da Câmara
  • Antônio Palocci - ex-ministro da Fazenda e da Casa Civil nos governos do PT
  • Jose Aldemário Pinheiro Filho - ex-presidente da OAS
  • Eduardo Aparecido de Meira - empresário ligado a José Dirceu
  • Flavio Henrique de Oliveira Macedo - empresário ligado a José Dirceu
  • João Cláudio Genu - ex-assessor parlamentar e ex-tesoureiro do PP
  • Gim Argello - ex-senador
  • José Antunes Sobrinho - sócio da empreiteira Engevix
  • João Augusto Rezende Henriques - lobista
  • Fernando Antonio F. Gourneaux de Moura - lobista
  • José Dirceu - ex-ministro da Casa Civil de Lula e ex-deputado
  • Jorge Luiz Zelada - ex-diretor da Petrobras
  • Marcelo Odebrecht - ex-presidente da Odebrecht
  • João Vaccari Neto - ex-tesoureiro do PT
  • André Vargas - deputado cassado
  • Pedro Correa - ex-deputado e ex-presidente do PP
  • Luiz Argolo - ex-deputado
  • Zwi Skornicki (prisão domiciliar) - engenheiro e operador financeiro
  • José Carlos Bumlai (prisão domiciliar) - empresário e pecuarista
  • Raul Schmidt Felipe Júnior (preso em Portugal aguardando extradição) - operador financeiro
  • Branislav Kontic (monitorado por tornozeleira eletrônica) - ex-assessor de Antônio Palloci
  • Idelfonso Colares Filho (prisão domiciliar) - ex-presidente da Queiroz Galvão
  • Othon Zanoide de Moraes Filho (prisão domiciliar) - ex-diretor da Queiroz Galvão
  • Ronan Maria Pinto (monitorado por tornozeleira eletrônica) - empresário
  • Hilberto Mascarenhas Alves da Silva Filho (prisão domiciliar) - ex-executivo da Odebrecht
  • Alexandre Correa de Oliveira Romano (prisão domiciliar) - ex-vereador do PT
  • Othon Luiz Pinheiro da Silva (prisão domiciliar) - ex-presidente da Eletronuclear
  • Otavio Marques de Azevedo (prisão domiciliar) - ex-presidente da Andrade Gutierrez
  • Elton Negrão de Azevedo Junior (prisão domiciliar) - ex-diretor da Andrade Gutierrez
  • Marcio Faria da Silva (prisão domiciliar) - ex-executivo da Odebrecht
  • Rogerio Santos de Araújo (prisão domiciliar) - ex-executivo da Odebrecht
  • Milton Pascowitch (monitorado por tornozeleira eletrônica) - empresário e lobista
  • Dario Queiroz Galvão Filho (prisão domiciliar - sócio da Galvão Engenharia
  • Mario Frederico Mendonça Goes (prisão domiciliar) - lobista
  • Nestor Cerveró (prisão domiciliar) - ex-diretor da Petrobras
  • Fernando "Baiano" Soares (prisão domiciliar) - lobista e operador financeiro
  • Eduardo Hermelino Leite (prisão domiciliar) - ex-vice-presidente da Camargo Corrêa
  • Dalton dos Santos Avancini (prisão domiciliar) - presidente do Conselho de Administração da Camargo Corrêa
  • João Procópio de Almeira Prado (monitorado por tornozeleira eletrônica) - operador de contas no exterior de Alberto Youssef
  • Alberto Youssef (prisão domiciliar) - doleiro
  • Nelma Kodama (prisão domiciliar) - doleira ligada a Youssef
  • Iara Galdino da Silva (monitorada por tornozeleira eletrônica) - doleira ligada a Youssef
  • Arte sobre os resultados dos três anos da Operação Lava Jato (Foto: Arte/G1)

Valores recuperados

De acordo com o Ministério Público, entre multas a empresas e pessoas investigadas, indenizações e recursos que eram mantidos no exterior, foram recuperados ou estão em fase de recuperação R$ 10,1 bilhões.
Além desse valor, atualmente encontram-se bloqueados por determinação judicial mais de R$ 3,2 bilhões em bens de pessoas investigadas.
O MPF, porém, pediu, desde o início das investigações, o ressarcimento aos cofres públicos de R$ 38,1 bilhões.
Um dos instrumentos utilizados para a recuperação de recursos desviados no esquema foram os acordos de delação premiada (leia mais ao final desta reportagem) e acordos de leniência.
No acordo de leniência, as empresas e as pessoas jurídicas envolvidas assumem a participação em um determinado crime e se comprometem a colaborar com as investigações, além de pagar multas, em troca de redução de punições.
Desde o início da Lava Jato, pelo menos 16 empresas firmaram acordos de leniência – nove com o Ministério Público Federal (MPF) e sete com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Outro instrumento utilizado foram os acordos de cooperação com outros países em que foram cometidos crimes relacionados à investigação.
Ao todo, segundo o MPF, 18 países pediram ajuda do Ministério Público Federal brasileiro para conduzir investigações relacionadas à Lava Jato. Além disso, o Brasil solicitou cooperação com outros 31 países.
Prédio da Petrobras, estatal no centro das investigações da Operação Lava Jato (Foto: AFP) Prédio da Petrobras, estatal no centro das investigações da Operação Lava Jato (Foto: AFP)

Primeira instância

A Lava Jato é inédita também pelo número de denúncias e condenações em primeira instância. Desde março de 2015, foram apresentadas 57 denúncias contra 260 pessoas. Desse número, o juiz federal Sérgio Moro, responsável pela operação, aceitou 23 denúncias, que tornaram réus centenas de investigados na Lava Jato.
89 pessoas foram condenadas por Moro, algumas delas por mais de um crime. No total, o juiz aplicou 123 sentenças a investigados na operação. Desse número, apenas quatro pessoas conseguiram reverter a condenação na segunda instância da Justiça, o que representa 4,5% do total de condenados por Moro.
Em outros estados, outros juízes condenaram mais 16 pessoas por crimes relacionados aos investigados pela Lava Jato. No total, 105 investigados foram condenados em primeira instância.
O juiz Federal Sérgio Moro, um dos principais personagens da Operação Lava Jato (Foto: Rodolfo Buhrer/Fotoarena/Estadão Conteúdo) O juiz Federal Sérgio Moro, um dos principais personagens da Operação Lava Jato (Foto: Rodolfo Buhrer/Fotoarena/Estadão Conteúdo) 

Supremo

Se na primeira instância há diversas denúncias apresentadas e sentenças proferidas, no Supremo Tribunal Federal a situação é diferente.
Apesar de 38 inquéritos terem sido abertos para investigar 111 pessoas (entre elas 29 deputados federais e 12 senadores), há apenas cinco políticos com mandato que se tornaram réus na Corte.
São eles:
  • Gleisi Hoffmann (PT-PR) - senadora
  • Valdir Raupp (PMDB-RO) - senador
  • Aníbal Gomes (PMDB-CE) - deputado federal
  • Nelson Meurer (PP-PR) - deputado federal
  • Vander Loubet (PT-MS) - deputado federal
Além deles, outras nove pessoas sem foro respondem a ação penal no Supremo por estarem investigadas no mesmo processo dos políticos que se tornaram réus.
Outras duas denúncias foram recebidas pelo STF mas, por envolverem o deputado cassado Eduardo Cunha, que perdeu a prerrogativa de foro perante o Supremo, foram remetidas à Justiça Federal.
Há, ainda, 11 denúncias contra parlamentares pendentes de decisão no STF, que deve decidir se os torna réus ou se recusam a denúncia feita pela Procuradoria-Geral.
Foram denunciados e aguardam decisão do STF:
  • Arthur de Lira (PP-AL) - deputado federal
  • Eduardo da Fonte (PP-PE) - deputado federal
  • José Otávio Germano (PP-RS) - deputado federal
  • Luiz Fernando Faria (PP-MG) - deputado federal
  • Mario Negromonte Junior (PP-BA) - deputado federal
  • Roberto Britto (PP-BA) - deputado federal
  • Benedito de Lira (PP-AL) - senador
  • Ciro Nogueira (PP-PI) - senador
  • Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE) - senador
  • Fernando Collor de Mello (PTC-AL) - senador
  • Renan Calheiros (PMDB-AL) - senador

Odebrecht

O mundo político, porém, aguarda a divulgação do conteúdo das delações da Odebrecht e dos 83 pedidos de inquérito enviados por Janot ao Supremo na última terça (14). Estima-se que tenham sido citados pelo menos 170 pessoas, entre as quais políticos com foro e sem foro privilegiado.
Após a morte em janeiro do ministro Teori Zavascki, então relator da Lava Jato no STF, a presidente da Corte, ministra Cármen Lúcia, homologou os acordos de delação. Desde então, há a expectativa entre os políticos para a divulgação da lista com os nomes de quem será investigado pela PGR.
Caberá ao ministro Edson Fachin, escolhido por sorteio como novo relator do caso, autorizar ou não os inquéritos e a queda do sigilo de parte das delações, como solicitado pelo procurador-geral da República.
A TV Globo confirmou com várias fontes que a PGR solicitou que o STF autorize abertura de investigações de pelo menos cinco ministros, seis senadores, um deputado e ex-integrantes dos governos Lula e Dilma, inclusive os dois ex-presidentes. Os nomes revelados até o momento são os seguintes:
  • Aloysio Nunes (PSDB-SP), ministro de Relações Exteriores
  • Eliseu Padilha (PMDB-RS), ministro da Casa Civil
  • Moreira Franco (PMDB-RJ), ministro da Secretaria-Geral da Presidência
  • Gilberto Kassab (PSD-SP), ministro de Ciência e Tecnologia
  • Bruno Araújo (PSDB-PE), ministro das Cidades
  • Marcos Pereira (PRB-RJ), ministro da Indústria, Comércio Exterior e Serviços
  • Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara
  • Eunício Oliveira (PMDB-CE), presidente do Senado
  • Marco Maia (PT-RS), deputado
  • Andres Sanchez (PT-SP), deputado
  • Lúcio Vieira Lima (PMDB-BA), deputado
  • José Carlos Aleluia (DEM-BA), deputado
  • Paes Landim (PTB-PI), deputado
  • Edison Lobão (PMDB-MA), senador
  • José Serra (PSDB-SP), senador
  • Aécio Neves (PSDB-MG), senador
  • Romero Jucá (PMDB-RR), senador
  • Renan Calheiros (PMDB-AL), senador
  • Lindbergh Farias (PT-RJ), senador
  • Jorge Viana (PT-AC), senador
  • Marta Suplicy (PMDB-SP), senadora
  • LÍdice da Mata (PSB-BA), senadora
Para o Superior Tribunal de Justiça, foram pedidos inquéritos para investigar os governadores:
  • Renan Filho (PMDB), de Alagoas
  • Luiz Fernando Pezão (PMDB), do Rio de Janeiro
  • Fernando Pimentel (PT), de Minas Gerais
  • Tião Viana (PT), do Acre
  • Beto Richa (PSDB), do Paraná
Para a primeira instância da Justiça, os pedidos de inquérito são para os ex-presidentes:
  • Luiz Inácio Lula da Silva (PT)
  • Dilma Rousseff (PT)
E para os ex-ministros
  • Antonio Palocci (PT), ex-ministro dos governos Dilma e Lula
  • Guido Mantega (PT), ex-ministro dos governos Dilma e Lula
  • Geddel Vieira Lima (PMDB-BA), ex-ministro do governo Temer
Além dos seguintes políticos sem foro privilegiado:
  • Sergio Cabral (PMDB-RJ), ex-governador do Rio de Janeiro, atualmente preso
  • Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ex-presidente da Câmara, atualmente preso.
  • Duarte Nogueira (PSDB-SP), prefeito de Ribeirão Preto
  • Paulo Skaf (PMDB-SP), candidato derrotado a governador de São Paulo em 2014
  • Edinho Silva (PT-SP), ex-tesoureiro da campanha de Dilma Rousseff, atual prefeito de Araraquara
  • Anderson Dornelles, ex-assessor direto da ex-presidente Dilma Rousseff
As acusações, de modo geral, são as seguintes: corrupção passiva, corrupção ativa, lavagem, fraude a licitação, formação de cartel e artigo 350 do Código Eleitoral, que é prestar falsas informações à Justiça Eleitoral.

O início

Tida por muitos investigadores e até mesmo por políticos como a maior operação de combate à corrupção da história do país, a Lava Jato investigava, inicialmente, a atuação de doleiros no país.
A operação passou a investigar o esquema de corrupção que atuava na Petrobras e que envolvia, além de doleiros, políticos e diretores e ex-diretores da estatal, quando descobriu que o doleiro Alberto Youssef (um dos primeiros delatores do esquema) havia comprado um carro de luxo, no valor de R$ 300 mil, para o ex-diretor de Abastecimento da empresa Paulo Roberto Costa, o primeiro diretor investigado da Petrobras a firmar acordo de delação premiada.
Preso três dias após a primeira fase da operação, batizada de Lava Jato (e como as demais operações ficaram conhecidas) e deflagrada em 17 de março de 2015, Paulo Roberto Costa contou, em depoimentos de delação premiada, como funcionava o esquema de corrupção.
Ele narrou que havia diretorias na Petrobras comandadas por três partidos (PT, PMDB e PP), que recolhiam propinas de 3% de todos os contratos. O ex-dirigente explicou como funcionava a divisão da propina entre as legendas partidárias (relembre aqui).
As delações de Costa e de Alberto Yousseff foram o centro dos primeiros pedidos de investigação sobre políticos enviados pela Procuradoria-Geral ao STF.
Foi por meio das delações premiadas, inclusive, que os investigadores chegaram a empresários, operadores de propina, políticos de outros partidos e ex-dirigentes da Petrobras. Segundo dados da PGR e do STF, foram 127 acordos de delação homologados pelo Supremo desde o início da operação.
Se, no início da operação, havia apenas três investigadores, atualmente, a Lava Jato conta com a atuação exclusiva de cerca de 30 procuradores no Paraná, no Rio de Janeiro e na Procuradoria-Geral da República.
Além disso, no acordo de delação dos 77 executivos e ex-executivos da Odebrecht, 116 procuradores atuaram para colher depoimentos e analisar o material contido nos acordos.
De acordo com a Polícia Federal, cerca de 4 mil policiais estiveram envolvidos em pelo menos uma fase da Lava Jato.
A PF informou ainda que, até janeiro deste ano, já haviam passado por perícia mais de 1,2 mil pendrives; 805 celulares e 738 discos rígidos de computadores.DO G1

PF deflagra Carne Fraca contra corrupção na Agricultura

Foto: Reprodução/Sindicato dos Delegados da Polícia Federal
Foto: Reprodução/Sindicato dos Delegados da Polícia Federal
A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira, 17, a Operação Carne Fraca para combater corrupção de agentes públicos federais e crimes contra Saúde Pública. Executivos do frigorífico JBS foram presos. A empresa BRF Brasil também é alvo da operação.
A Justiça mandou bloquear até R$ 1 bilhão dos investigados.

Documento

Documento

O esquema seria liderado por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio. Segundo a PF, a operação detectou em quase dois anos de investigação que as Superintendências Regionais do Ministério da Pesca e Agricultura do Estado do Paraná, Minas Gerais e Goiás ‘atuavam diretamente para proteger grupos empresariais em detrimento do interesse público’.
Em nota, a PF informou que aproximadamente 1100 policiais federais estão cumprindo 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão em residências e locais de trabalho dos investigados e em empresas supostamente ligadas ao esquema.
“Os agentes públicos, utilizando-se do poder fiscalizatório do cargo, mediante pagamento de propina, atuavam para facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva.
Dentre as ilegalidades praticadas no âmbito do setor público, denota-se a remoção de agentes públicos com desvio de finalidade para atender interesses dos grupos empresariais. Tal conduta permitia a continuidade delitiva de frigoríficos e empresas do ramo alimentício que operavam em total desrespeito à legislação vigente”, diz a nota da PF.
As ordens judiciais foram expedidas pela 14ª Vara da Justiça Federal de Curitiba/PR e estão sendo cumpridas em 7 estados federativos: São Paulo, Distrito Federal, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goias.
O nome da operação faz alusão à conhecida expressão popular em sintonia com a própria qualidade dos alimentos fornecidos ao consumidor por grandes grupos corporativos do ramo alimentício. A expressão popular demonstra uma fragilidade moral de agentes públicos federais que deveriam zelar e fiscalizar a qualidade dos alimentos fornecidos a sociedade.
A reportagem entrou em contato com a JBS e com a BRF Brasil. O espaço está aberto para manifestação.
ALVOS DE MANDADO DE PRISÃO PREVENTIVA
1. CARLOS CESAR 285.657.389-49
2. DANIEL GONÇALVES FILHO 240.236.809-82
3. ERALDO CAVALCANTI SOBRINHO 147.460.189-87
4. FABIO ZANON SIMÃO 004.855.239-90
5. FLAVIO EVERS CASSOU 274.744.109-15
6. GERCIO LUIZ BONESI 280.948.839-87
7. GIL BUENO DE MAGALHÃES 139.185.089-00
8. IDAIR ANTONIO PICCIN 385.728.340-87
9. JOSÉ EDUARDO NOGALLI GIANNETTI 061.220.369-78
10. JOSENEI MANOEL PINTO 178.236.259-20
11. JUAREZ JOSÉ DE SANTANA 362.418.069-04
12. LUIZ CARLOS ZANON JUNIOR 084.118.914-53
13. MARIA DO ROCIO NASCIMENTO 299.582.379-20
14. NAIR KLEIN PICCIN 588.280.100-10
15. NILSON ALVES RIBEIRO 110.854.993-34
16. NILSON UMBERTO SACCHELI RIBEIRO 005.467.139-63
17 NORMÉLIO PECCIN FILHO 569.967.560-49
18. PAULO ROGÉRIO SPOSITO 107.683.568-65
19. RENATO MENON 567.272.089-72
20. ROBERTO BRASILIANO DA SILVA 445.188.899-91
21. RONEY NOGUEIRA DOS SANTOS 019.854.899-02
22. SEBASTIÃO MACHADO FERREIRA 324.920.499-49
23. SERGIO ANTONIO DE BASSI PIANARO 354.322.489-87
24. TARCÍSIO ALMEIDA DE FREITAS 771.766.858-00
25. ANDRÉ LUIS BALDISSERA 007.005.439-88
26. DINIS LOURENÇO DA SILVA 067.562.551
ALVOS DE PRISÃO TEMPORÁRIA
1. ALICE MITICO NOJIRI GONÇALVES 486.788.309-30
2. BRANDÍZIO DARIO JUNIOR 479.843.929-00
3. CELSO DITTERT DE CAMARGO 404.672.019-00
4. LEOMAR JOSÉ SARTI 675.598.249-00
5. LUIZ ALBERTO PATZER 210.677.599-72
6. MARCELO TURSI TOLEDO 619.382.119-87
7. OSVALDO JOSÉ ANTONIASSI 080.134.549-91
8. RAFAEL NOJIRI GONÇALVES 041.480.529-10
9. SIDIOMAR DE CAMPOS 362.892.649-15
10. ANTONIO GARCEZ DA LUZ 340.614.799-20
11. MARIANA BERTIPAGLIA DE SANTANA 058.852.099-36
MANDADOS DE CONDUÇÃO COERCITIVA
1. EDYMILSON PENA DOS SANTOS 669.275.449-68
2. JOSÉ NILSON SACCHELLI RIBEIRO 005.467.149-35
3. LAIS NOJIRI GONÇALVES 041.477.919-30
4. MARA RUBIA MAYORKA 922.839.189-87
5. MARCELO ZANON SIMÃO 849.135.689-49
6. SONIA MARA NASCIMENTO 450.327.009-59
7. FABÍOLA BUENO DE MAGALHÃES LAMERS 027.392.149-52
8. GABRIELA BERTIPAGLIA DE SANTANA 058.852.189-27
9. NATALIA BERTIPAGLIA DE SANTANA 058.852.029-23
10. ALESSANDRA KLASS GUIMARÃES MARTINS 038.595.909-52
11. ALEXANDRE PAVIN 036.290.879-65
12. ALMIR JORGE BOMBONATTO 097.759.949-34
13. ANDRÉ DOMINGOS BERNARDI PARRA 090.452.109-59
14. ANDRÉ JANSEN DE MELLO DE SANTANA 021.186.819-17
15. BERNADETE BUSATO POLLI 964.031.959-72
16. CELIA REGINA NASCIMENTO 299.582.029-72
17. CLAUDIA YURIKO SAKAI 015.705.169-28
18. DANIEL RICARDO DOS SANTOS 025.604.939-42
19. DOMINGOS MARTINS 005.388.509-06
20. EDSON LUIZ ASSUNÇÃO 538.954.879-53
21. EGLAIR DE MARI AMARAL 318.482.909-00
22. EDUARDO VILELA MAGALHÃES 497.757.829-53
23. FABIANA RASSWEILER DE SOUZA 016.662.999-52
24. FABIULA DE OLIVEIRA AMEIDA 320.516.848-80
25. FELISBERTO LUIS DE ANDRADE 307.730.249-72
26. FERNANDO POLLI 005.719.259-60
27. FREDERICO AUGUSTO DE AZEVEDO LIMA 847.696.701-25
28. GUILHERME BIRON BURGARDT 573.877.029-34
29. HENRIQUE FELIX ERICK BREYER 202.432.789-34
30. HEULER IURI MARTINS 009.952.039-70
31. INES LEMES POMPEU DA SILVA 574.676.099-49
32. ISAAC CORREIA DANTAS 003.556.339-73
33. ISMAEL LEACHI 086.340.929-68
34. JACKSON LUIZ PAVIN 254.497.539-34
35. JOSÉ ANTONIO DIANA MAPELLI 177.913.948-98
36. JOSÉ ROBERTO PERNOMIAN RODRIGUES 058.787.588-73
37. JOSÉ RUBENS DE SOUZA 323.389.299-34
38. JOSÉ TEIXEIRA FILHO 142.909.799-04
29. JULIO CESAR CARNEIRO 168.274.651-87
40. KELLI REGINA MARCOS 056.310.649-28
41. LIEGE MARIA SALAZAR 035.512.339-85
42. LUCIMARA HONORIO CARVALHO 020.439.949-13
43. LUIZ FERNANDO GUARANA MENEZES 347.883.808-89
44. LUIZ SANTAMARIA NETO 359.092.189-72
45. MARCIA CRISTINA NONNEMACHER SANTOS 017.668.419-02
46. MARCOS CESAR ARTACHO 521.468.049-04
47. NAZARETH AGUIAR MAGALHÃES 715.275.836-00
48. NELSON LEMES DE MOURA 172.660.092-00
49. ORESTES ALVARES SOLDORIO 349.949.049-87
50. PÉRICLES PESSOA SALAZAR 018.752.119-00
51. PERITO GARCIA 532.755.009-53
52. ROBERTO BORBA COELHO JUNIOR 043.103.809-05
53. ROBERTO MÜLBERT 661.720.559-68
54. RONALDO SOUSA TRONCHA 339.648.311-15
55. SIDNEI DONIZETE BOTTAZZARI 364.665.499-68
56. SILVIA MARIA MUFFO 012.275.688-60
57. SYLVIO RICARDO D’ALMAS 654.569.559-20
58. VALDECIO ANTONIO BOMBONATO 335.683.759-15
59. VINICIUS EDUARDO COSTA DE SOUZA 005.268.799-63
60. WELMAN PAIXÃO SILVA OLIVEIRA 794.666.485-00
61. ZELIA MARIA BUSATO PAVIN 859.573.569-72
62. ANA LUCIA TEIXEIRA 052.843.389-01
63. FRANCISCO CARLOS DE ASSIS 166.557.961-72
64. VALDECIR BELANCON 023.219.689-31
65. FLÁVIO RIBAS CASSOU 073.545.229-61
66. CLÉBIO HENRIQUE POLVANI MARQUES 045.054.479-60
67. SOLANGE LINARES MACARI NOJIRI 628.848.089-49
68. MARCO AURÉLIO RODRIGUES BINOTTI 024.721.429-94
69. ROBERTO BORBA COELHO 358.803.849-34
70. IDEFRED KONIG 491.766.849-20
71. SUELI TEREZINHA FARIA PIANARO 955.953.509-97
72. FABIO MURILO PIANARO 047.423.459-24
73. ELIAS PEREIRA BARBOSA 016.593.119-18
74. ROBERTO PELLE 219.775.349-53
75. NELSON GUERRA DA SILVA 895.394.439-20
76. VICENTE CLAUDIO DAMIÃO LARA 365.895.199-0
77. DANILO LUCIANO 055.719.299-44
78. CLÉBIO HENRIQUE POLVANI MARQUES 045.054.479-60
79. VALDECIR BELACON 023.219.689-31
80 CARLOS AUGUSTO GOETZKE 231.972.509-15
81. SERGIO RICARDO ZANON 880.047.089-00
MANDADOS DE BUSCA E APREENSÃO
1. ATEFFA
2. BALABAN & GONÇALVES ADVOGADOS
3. BG CONSULTORIA EMPRESARIAL LTDA. ME
4. BIG FRANGO INDUSTRIA E COM. DE ALIMENTOS LTDA.
5. BIO-TEE SUL AM. IND. DE PROD. QUÍM E OP. LTDA
6. BRF – BRASIL FOODS/ BRF S.A.
7. BRF – BRASIL FOODS/BRF S.A.
8. BRF – BRASIL FOODS/BRF S.A. 01.838.723/0102-70
9. BRF – BRASIL FOODS/BRF S.A. 01.838.723/0304-68
10 BRF – BRASIL FOODS/BRF S.A. 01.838.723/0182-55
11. BR ORGAN FERTILIZANTES DO BRASIL LTDA. 15.621.509/0001-29
12. CODAPAR/CLASPAR (EADI/FOZ) 76.494.459/0081-35
13. DAGRANJA AGROINDUSTRIAL LTDA./DAGRANJA S/A AGROINDUSTRIAL 59.966.879/0026-21
14. DALCHEN GESTÃO EMPRESARIAL LTDA. 10.597.190/0001-20
15. DINÂMICA IMP. EXP. IND. COM. ALIMENTOS LTDA. 04.755.950/0001-87
16. DOGGATO CLINICA VETERINÁRIA LTDA.ME 05.822.910/0001-73
17. E.H. CONSTANTINO 07.912.350/0001-73
18. ESCRITÓRIO CENTRAL SUBWAY BRASIL / SUBWAY SYSTEMS DO BRASIL LTDA 02.891.567/0002-01
19. MAPA – Esplanada dos Ministérios, BL. D, 8º Andar, sala 847 Brasilia/DF
20. FENIX FERTILIZANTES LTDA./PORTAL OPERAÇÕES PORTUÁRIAS 01.304.503/0001-13
21. FORTESOLO SERVIÇOS INTEGRADOS LTDA. 80.276.314/0001-50
22. FRANGO A GOSTO 19.483.501/0001-02
23. FRATELLI COMERCIO DE MASSAS, FRIOS E LATICINIOS LTDA. ME 07.197.112/0001-23
24. FRIGOBETO FRIGORÍFICOS E COMERCIO DE ALIMENTOS LTDA. 16.956.194/0001-33
25. FRIGOMAX- FRIGORÍFICO E COMERCIO DE CARNES LTDA. 04.209.149/0001-36
26. FRIGORÍFICO 3D 05.958.440/0001-70
27. FRIGORÍFICO ARGUS LTDA. 81.304.552/0001-95
28 FRIGORÍFICO LARISSA LTDA. 00.283.996/0001-90
29. FRIGORIFICO OREGON S.A. 11.410.219/0001-85
30. FRIGORÍFICO RAINHA DA PAZ 03.990.431/0001-30
31. FRIGORÍFICO SOUZA RAMOS LTDA. 82.345.315/0001-35
32. INDUSTRIA DE LATICINIOS S.S.P.M.A. LTDA. 05.150.262/0001-56
33. JBS S/A 03.853.896.0001-40
34. LARA CONSULTORIA EMPRESARIAL LTDA. 20.274.224/0001-07
35 LABORAN ANÁLISES CLINICAS LTDA. – EPP 76.652.122/0001-24
36. MASTERCARNES
37 MC ARTACHO CIA LTDA. 04.976.126/0001-57
38. MEDEIROS, EMERICK & ADVOGADOS ASSOCIADOS 10.890.129/0001-76
39. MORAR ASSESSORIA E EMPREENDIMENTOS 78.973.641/0001-10
40. NOVILHO NOBRE INDUSTRIA E COMERCIO DE CARNES LTDA.
41. PAVIN FERTIL INDUSTRIA E TRANSPORTE LTDA. / AJX TRANSPORTES LTDA. 05.762.689/0001-05
42. PECCIN AGRO INDUSTRIAL LTDA. / ITALLI ALIMENTOS 09.237.048/0001-92
43. PRIMOCAL IND. E COM. DE FERTILIZANTES LTDA. 77.518.439/0001-35
44. PRIMOR BEEF – JJZ ALIMENTOS S.A. 18.740.458/0002-23
45. RADIO CASTRO LTDA. 76.106.772/0001-74
46. SANTA ANA COMERCIO DE ALIMENTOS LTDA. 17.622.097/0001-77
47. SEARA ALIMENTOS LTDA. 02.914.460/0130-58
48. SIMÃO SOCIEDADE DE ADVOGADOS LTDA. 09.601.896/0001-39
49. SMARTMEAL COMERCIO DE ALIMENTOS LTDA. 07.782.913/0001-56
50. SUB ROYAL COMERCIO DE ALIMENTOS LTDA. 19.412.845/0001-12
51. SUPERINTENDENCIA FEDERAL DE AGRICULTURA EM MINAS GERAIS
52. SUPERINTENDENCIA FEDERAL DE AGRICULTURA EM GOIAS
53. SUPERINTENDENCIA FEDERAL DE AGRICULTURA NO PARANÁ
54. SERVIÇO DE VIGILÂNCIA AGROPECUÁRIA NA FRONTEIRA DE FOZ DO IGUAÇU SVA/PR
55. SERVIÇO DE VIGILÂNCIA AGROPECUÁRIA EM PARANAGUÁ – SVA/PR
56. UNIDADE TÉCNICA REGIONAL AGRÍCOLA DE LONDRINA – UTRA/PR
57. UNIDADE DE VIGILÂNCIA AGROPECUÁRIA ADUANA ESPECIAL DE MARINGÁ – UVAGRO/PR
58. UNIDOS COMERCIO DE ALIMENTOS LTDA. 16.588.374/0001-00
59. UNIFRANGOS AGROINDUSTRIAL S.A. / COMPANHIA INTERNACIONAL DE LOGISTICA
04.883.352/0001-93
60. BREYER E CIA LTDA. 75.130.245/0001-32
61. FABRICA DE FARINHA DE CARNE CASTRO LTDA. EPP 77.720.076/0001-16
62. LOGISTICA DISTRIBUIDORA LTDA. (INTEGRACAO LOGISTICA, DISTRIBUICAO LTDA) 06.962.645/0001-91
63. TRANSFRIOS TRANSPORTE LTDA. 80.654.387/0001-39
64. PECIN AGROINDUSTRIAL LTDA. ME 09.237.048/0001-92
65. CENTRAL DE CARNES PARANAENSE 73.368.151/0001-70
66. WEGMED – CAMINHOS MEDICINAIS LTDA. 11.933.999/0001-48
67. ARTACHO CASINGS
68. INDUSTRIA E COMERCIO DE COUROS BRITALI LTDA.
07.419.292/0001-40
69. MORRETES AGUA MINERAL LTDA. 12.445.182/0001-93
70. BRF – BRASIL FOODS/BRF S.A. em Mineiros/GO
71 MAPA – Esplanada dos Ministérios
DO ESTADÃO

Em meio ao lodo, Temer cogita criar um Ministério do Saneamento para o PMDB

O silêncio do governo de Michel Temer diante da crise moral diz muito sobre o momento que o Brasil atravessa. O Planalto reage ao terremoto se escondendo em baixo da mesa. Finge-se de morto. E celebra o fato de que a Odebrecht jogou escombros na cabeça de tanta gente que ficou difícil distinguir um corrupto do outro. Assim, Temer sente-se mais à vontade para manter os seus suspeitos nos ministérios. E como há males que vêm para pior, o presidente pensa em criar um novo ministério para abrir outra frente de suspeição. Vem aí o Ministério do Saneamento Básico.
Há três semanas, o vice-presidente da Câmara, deputado Fábio Ramalho, do PMDB de Minas Gerais, subiu à tribuna para anunciar: ''Estou rompendo com o governo. Se Minas Gerais não tem ninguém capacitado para ser ministro, não devemos apoiar esse governo.” O correligionário de Temer disse que trabalharia para derrotar o governo em tudo, inclusive na estratégica reforma da Previdência. Foi uma cena de chantagem explícita. E parece ter funcionado.
Temer cogita entregar a nova pasta para a bancada do PMDB de Minas, a mesma que controlava a diretoria Internacional da Petrobras, um dos tumore$ lancetados pela Lava Jato. Fará isso para apagar um foco de descontentamento que ameaça a reforma da Previdência. É espantoso que Temer queira criar o Ministério do Seneamento num instante em que a Odebrecht expõe o lodo da corrupção a céu aberto. Apelar para o fisiologismo numa hora dessas é um atentado à inteligência. Vai ficando claro que, depois do déficit moral, o maior déficit do país localiza-se entre as orelhas dos governantes e de seus apoiadores. DO J.DESOUZA

STF...Suprema lentidão


A atuação do STF em relação a procedimentos penais contra pessoas com foro privilegiado anda em ritmo de tartaruga, diz editorial do Estadão:
Há quem tenha a expectativa de que os pedidos de investigação, feitos recentemente pela Procuradoria-Geral da República (PGR) ao Supremo Tribunal Federal (STF) e que envolvem políticos com foro privilegiado, possam contribuir para uma maior lisura do processo eleitoral de 2018. De acordo com essa linha de raciocínio, a maior moralidade na política seria um efeito concreto e positivo das 78 delações premiadas dos executivos da empreiteira Odebrecht. O desenrolar da história seria o seguinte: quem sabia falou, a Justiça fez sua parte e a política pôde se tornar um pouco menos corrupta.
Tal roteiro não leva em conta, no entanto, um sério problema. A atuação do STF em relação a procedimentos penais contra pessoas com foro privilegiado tem sido bastante lenta e nada faz crer, até o momento, que o grande volume de investigações recentemente solicitadas terá um destino mais promissor.
Ao todo, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, encaminhou, na terça-feira passada, 320 pedidos ao ministro Luiz Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF, sendo 83 de abertura de inquéritos. Em março de 2015, houve uma situação semelhante. Com base nas investigações da Operação Lava Jato, o procurador-geral pediu à Suprema Corte autorização para abrir 28 inquéritos. Desses pedidos, apenas 20 transformaram-se em denúncias. E até agora o STF aceitou apenas 12, segundo informações do jornal O Globo. Ou seja, mesmo com um volume de procedimentos substancialmente menor, o STF é lento.
O processo penal já é longo, com suas várias fases: inquérito, denúncia, aceitação da denúncia, julgamento da ação. Agora, foi pedida autorização para a abertura de inquérito. Deu-se, assim, o primeiro passo de um longo caminho, que não costuma ser percorrido pelo STF com presteza.
Tal lentidão faz com que o foro especial ganhe contornos de privilégio para os políticos. Não deveria ser assim. Justamente por julgar quem está no topo da hierarquia do poder público, o STF deveria ser mais célere que a primeira instância, investigando e esclarecendo com prontidão as denúncias e suspeitas que pairam contra as autoridades máximas da República.
Causa um grande mal ao País essa demora na elucidação das suspeitas. Em decisão recente, o ministro Celso de Mello lembrou que “prerrogativa de foro (...) não importa em obstrução e, muito menos, em paralisação dos atos de investigação criminal ou de persecução penal”. Que as coisas aconteçam como disse o ministro é uma urgente demanda da sociedade, que até agora tem visto uma realidade um tanto diferente.
Na primeira instância, a média de duração de um processo tem sido de 450 dias. Já os processos contra réus com foro privilegiado no STF são bem mais longevos. Em média, duram cinco anos. Recente levantamento da FGV Direito Rio indicou que, de janeiro de 2011 a março de 2016, apenas 5,8% dos inquéritos no STF resultaram em abertura da ação penal. No período analisado pela pesquisa, de um total de 404 ações penais, apenas em 3 casos a acusação saiu vencedora (0,7%). A defesa obteve sucesso em 71 casos (17,5%) e outros 276 prescreveram ou foram enviados a instâncias inferiores (68,3%). Noutras 34 ações houve decisões favoráveis em fase de recurso (8,4%) e 20 continuam em segredo de justiça (4,9%).
As investigações da Lava Jato envolvendo políticos são prioritárias para o País. É um despautério que, entra ano, sai ano, haja escândalos, delações, suspeitas, e as coisas continuem sem um desfecho no Judiciário. Não se trata de presumir que todos os políticos citados nas investigações são corruptos, exigindo-se, portanto, uma condenação geral. É justamente a necessidade de diferenciar os políticos culpados dos inocentes que aconselha diligência na condução dos procedimentos penais.
Diante do ritmo processual que se tem observado no STF, seria preciso uma radical mudança para que todas as investigações estivessem devidamente esclarecidas nas eleições de 2018. Não se pode negar, no entanto, que tal feito faria um grande bem ao País. A população, ao votar, deveria saber quem é corrupto com atestado passado em cartório e quem não é. Talvez assim votasse em políticos honestos e competentes. DO O.TAMBOSI