O candidato à Presidência da República pela Coligação Muda Brasil, Aécio
Neves, anunciou neste sábado (2) em Curitiba que um dos carros-chefes
de seu governo será o programa “Família Brasileira”. O programa voltado a
pessoas em situação de extrema vulnerabilidade tem o formato semelhante
ao “Família Paranaense”, que integra ações de diversas áreas não apenas
para transferir renda, como também capacitar de acordo com as carências
específicas.
O anúncio foi feito em Curitiba, no início de caminhada que reuniu cerca
de 3.000 pessoas. Ele estava acompanhado do governador do Paraná, Beto
Richa, que concorre à reeleição, e do senador Alvaro Dias (PSDB-PR),
também candidato a novo mandato.
“Nós vamos, ao longo da campanha, detalhar o projeto que nós chamaremos
Família Brasileira, em que vamos classificar a precariedade e as
demandas das famílias”, afirmou o candidato à Presidência da República.
Em seguida, Aécio acrescentou que: “Na nossa visão, a pobreza não pode
ser analisada e cuidada apenas na vertente da privação da renda. Temos
que falar da privação de serviços de qualidade e da privação de
oportunidades. Portanto, é um avanço em relação às políticas sociais
propostas”.
Inspiração
O presidenciável disse que se inspirou na experiência bem sucedida do
Paraná, adotada inicialmente em Curitiba, em 2009, quando Beto Richa foi
prefeito da cidade.
O programa “Família Paranaense” atende atualmente a 99 mil famílias em
situação de extrema vulnerabilidade, por meio de ações de 17 secretarias
estaduais nas áreas de saúde, educação, habitação, assistência social,
trabalho, agricultura, justiça e cidadania e esportes.
O plano de ações é estabelecido a partir de um diagnóstico sobre as
necessidades específicas, e cada secretaria faz um monitoramento das
atividades durante dois anos para detectar a evolução.
Fim à discriminação
O candidato à Presidência afirmou que acabará com a discriminação a que o
governo do Paraná está submetido sob a administração federal petista.
“Eu vou reconciliar o Paraná com o governo federal. Não é justo, não é
digno o que fizeram ao longo desses últimos anos. O Paraná é o quinto
Estado que mais contribui em receitas para a União e é apenas o 23º a
receber de volta o fruto do trabalho paranaense”, ressaltou.
Aécio Neves lamentou os dados recentes sobre o declínio da atividade na
indústria brasileira. “Tivemos uma perda, no último ano, de 36% na
indústria automotiva no Brasil. Em julho deste ano, comparado ao mesmo
mês do ano passado, a queda na atividade industrial no Brasil, no geral,
chega a 7%. Portanto, temos um caos na indústria brasileira. O Brasil é
o país que menos cresce em toda a nossa região”, destacou.
O presidenciável lembrou que o país vive novamente “o fantasma da
inflação” e que “o clima de pessimismo ronda todos os setores da
economia e também da sociedade brasileira”.
Aécio acrescentou que: “Não é justo para com os brasileiros que tenhamos
mais quatro anos de desgoverno, de descontrole inflacionário, de
políticas sociais que não permitem a superação.”
Caminhada
Em um trajeto de pouco mais de um quilômetro, em clima tranquilo, Aécio
Neves, Beto Richa e Alvaro Dias cumprimentaram pessoas, acenaram para
comerciários e moradores de prédios e foram abraçados por eleitores.
Cerca de 3.000 pessoas participaram da caminhada, onde havia também
candidatos a deputado federal e estadual, militantes da Juventude do
PSDB, representantes de associações de bairro, líderes sindicais,
correligionários e simpatizantes.
Presente desde o início, a artesã Pedrina Maria dos Santos, 57,
conselheira da unidade de saúde do Sítio Cercado, um dos bairros mais
violentos de Curitiba, mostrou-se convicta da necessidade de mudança na
condução política do país.
“Saúde e segurança devem ser prioridades. Falta remédio, falta médico,
falta muita coisa. Tem bandido solto, enquanto gente honesta não
consegue trabalho”, disse a artesã.
A caminhada foi na Rua das Flores, um calçadão de pedestres no centro de
Curitiba, e terminou na Boca Maldita, reduto tradicional de discussões
políticas entre formadores de opinião e líderes sociais que frequentam o
local.
Ao final da caminhada, Aécio Neves utilizou um megafone para fazer breve
saudação aos participantes da caminhada, lembrando que o local sediou
um grande comício do movimento das “Diretas Já”, em 1984.
“Há exatos 30 anos, Beto, nós estávamos aqui na Boca Maldita fazendo o
primeiro comício da campanha pelas eleições diretas, com o seu pai, José
Richa, Tancredo Neves e inúmeros outros brasileiros. Naquela época, o
Brasil pedia democracia e liberdade. Pois bem, vivemos hoje numa
democracia. As nossas instituições são livres. Mas, passados 30 anos, o
Brasil nos pede aqui na Boca Maldita decência e competência.”
DO WELBI