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Deputado Federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança
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A
matéria que segue após este prólogo é uma entrevista do Deputado
Federal Luiz Philippe de Orléans e Bragança (PSL-SP) publicada pelo site
da Gazeta do Povo.
Luiz
Philippe de Orléans e Bragança, é um cientista político, escritor,
ativista, empresário brasileiro e Príncipe de Orléans e Bragança, no
Brasil e França. Em 2019, assumiu como Deputado Federal pelo estado de
São Paulo onde foi eleito nas eleições gerais de 2018 pelo Partido
Social Liberal, com 118 457 votos.
Dentre esses novos deputados que assumiram este ano Luiz Philippe está entre os mais bem preparados. Inclusive possui um site muito bem feito de acesso livre onde faz postagens de seus artigos e suas opiniões.
Durante
a campanha eleitoral que levou o então deputado Jair Messias Bolsonaro à
Presidência da República o nome do Príncipe Luiz Philippe de Orléans e
Bragança constou da lista de nomes cotados para Vice-Presidente na chapa
de Bolsonaro.
Todavia
a escolha recaiu sobre o nome do General Hamilton Mourão que, carregado
pela liderança e o prestígio popular de Jair Bolsonaro chegou à
Vice-Presidência da República, enquanto o Príncipe Luiz Philippe
postulou uma vaga de Deputado Federal por São Paulo e foi eleito.
Nesta
entrevista dá para se conhecer um pouco do perfil intelectual e
político de Luiz Philippe e, até prova em contrário, constata-se que é
bem informado, politicamente conservador e possui uma boa formação
intelectual. No que respeita ao aparelho militar que cerca o Presidente
Jair Bolsonaro, o Príncipe vai diretamente ao ponto: "Os militares não
são conservadores. Eles têm uma característica nacionalista e
estatizante. Têm muito mais viés socialista que capitalista". Leiam:
O RABO DO TUBARÃO
As tensões entre a base conservadora de apoio ao presidente Jair Bolsonaro e os militares têm marcado o início do governo.
Deputado
federal eleito na onda direitista de outubro passado, Luiz Philippe de
Orléans e Bragança (PSL-SP), é um dos que têm lado assumido. "Os
militares se tornaram o que o [ex-presidente] Fernando Henrique queria
que fossem. Querem ir para a África ganhar comenda", afirma.
Descendente
da família real brasileira (que, aliás, foi derrubada pelos militares
em 1889), Luiz Philippe, 50, não costuma realçar seu sangue nobre como
característica política. Em quase duas horas de conversa na semana
passada, não mencionou esse aspecto nenhuma vez. Apresenta-se como
empresário liberal, ativista de causas conservadoras e estudioso da
política externa. Na Câmara, é vice-presidente da Comissão de Relações
Exteriores.
É também um admirador do filósofo Olavo de Carvalho. O ponto básico do deputado é: falta conservadorismo à turma da farda.
"Os
militares não são conservadores. Eles têm uma característica
nacionalista e estatizante. Têm muito mais viés socialista que
capitalista", afirma.
Perguntado
se inclui nesse diagnóstico inclusive os que dão expediente no Palácio
do Planalto, como os generais Augusto Heleno (Segurança Institucional),
Carlos Alberto dos Santos Cruz (Secretaria de Governo) e o
vice-presidente, Hamilton Mourão, a resposta do deputado foi positiva.
"Mas não quero falar individualmente deles, muitos são meus amigos.
Estou falando do aspecto geral".
Quando
critica o desejo de generais de ganhar comenda da ONU, o deputado tem
dois alvos óbvios: Heleno, que chefiou tropas de paz no Haiti, e Santos
Cruz, que fez o mesmo na República Democrática do Congo.
"Os
militares se tornaram globalistas. A lealdade deles é regional, é à
América Latina, à África. É como a ONU vê o Brasil", declara.
Coisas
mais importantes acabam sendo deixadas de lado, afirma Luiz Philippe.
"Não querem cuidar de fronteira, de temas transnacionais". O deputado
também vê resistência grande deles, os militares, em apoiar a pauta
conservadora do governo. "No caso da agenda moralizante, são um corpo
resistor. Resistem à mudança na área educacional, por exemplo".
O
único aspecto positivo, aponta o parlamentar, é a capacidade
administrativa que os generais possuem. "Isso ajuda muito na parte
gerencial", admite.
Para
Luiz Philippe, a guerra aberta empreendida por Olavo de Carvalho contra
os militares é positiva porque deixa claras as diferenças de visão
sobre o governo. "O Olavo é um cara que está jogando luz nessas
características. A população acha que os militares são conservadores.
Não é verdade. Eles são estatizantes, têm muita proximidade com o PT".
Durante
a campanha eleitoral, o nome do deputado circulou como possível
indicado a diversos postos importantes. Ele diz que foi cotado para ser
vice de Bolsonaro e inclusive teve conversas a respeito desta
possibilidade com os filhos do presidente. E nega a outra hipótese que
circulou, de ser nomeado chanceler.
E
o que ele acha, então, do atual ocupante do Itamaraty, o ministro
Ernesto Araújo, outro representante da ala olavista? "O Araújo é um
burocrata, como são os diplomatas de carreira. Não é um mau burocrata, é
a característica dele", afirma.
Mas
em alguns momentos, afirma Luiz Philippe, a diplomacia requer uma certa
agressividade, especialmente em um cenário internacional em que a
direita, a seu ver, está comendo poeira. "Qual é a proposta global da
direita hoje? Não existe. A ONU é de esquerda, a União Europeia é de
esquerda, o Foro de São Paulo é de esquerda".
Liberal
convicto na economia, ele defende priorizar entidades supranacionais
com essas características, como a OCDE (Organização para a Cooperação e
Desenvolvimento Econômico), à qual o Brasil quer se filiar. "Estamos num
momento definidor. Queremos ser a cabeça da sardinha ou o rabo do
tubarão?".
Traduzindo a
metáfora marítima: queremos liderar o mundo dos pobres, como, segundo
ele, pregam o PT e os militares, ou entrar no clube dos ricos, ainda que
na rabeira? A resposta, para Luiz Philippe, é evidente: melhor ser rabo
de tubarão. Do site da Gazeta do Povo - DO A.AMORIM