domingo, 18 de novembro de 2012

Mortos sem notícia. Ou: Você quer informação ou terrorismo?

A VEJA desta semana traz uma reportagem sobre a onda de violência em São Paulo (ver post). Escrevo um artigo a respeito na revista com alguns dados que chegam a ser espantosos. Explico: chega a ser espantoso que os números sejam solenemente ignorados por setores consideráveis da imprensa. É preciso lidar com fatos, não com impressões. Lendo o texto abaixo, vocês hão de se perguntar: onde estão os outros cadáveres? Onde estão, afinal de contas, esses mortos sem notícia?
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Impressão X realidade
A política de segurança pública de São Paulo está sendo fuzilada sem chance de defesa, com requintes de covardia técnica, intelectual e política. Houve, sim, um recrudescimento da criminalidade no estado, o que requer uma intervenção especial do poder público. Mas daí a caracterizar a situação como perda do controle vai a diferença que distingue a verdade da mentira. O alarde não busca corrigir erros e vícios. Ao contrário. Ele ignora e esmaga as virtudes de uma gestão que, nos últimos dez anos, merece mais elogios do que críticas.
Não me ocupo de impressões, mas de dados; não me posiciono sobre utopias redentoras, mas sobre fatos. E é fato que o estado de São Paulo, segundo o Anuário Brasileiro de Segurança Pública, apresentou a mais baixas taxas de crimes violentos letais intencionais (CVLI) do país em 2011 — 10,8 por 100 000 habitantes.  Amapá aparece com 0,9, mas o dado está na categoria dos não-confiáveis e não pode ser considerado. O CVLI leva em conta homicídios dolosos, latrocínios e crimes de lesão corporal que resultem em morte.
Comparar é fazer justiça. O índice do Brasil como um todo é de 23,6 por 100 000. Em Alagoas, esse indicador alcança 76,3. No Espírito Santo, vai a 45,6. Em Pernambuco, chega a 38,1. Sergipe tem 33,9. Na Bahia, o índice alcança 33,2 e no Rio de Janeiro, 25,8. Sei que a informação parece desafiar o noticiário televisivo — e desafia mesmo. O fato é que a probabilidade de um fluminense ter sido vítima fatal de algum dos crimes medidos pelo CVLI no ano passado foi 138% maior do que a de um paulista. Existe alguma contestação razoável a essas estatísticas? Não.
O Brasil é um país perigoso. Foram assassinadas, em 2011, perto de 50.000 pessoas. Se a taxa nacional fosse igual à de São Paulo, 30.000 pessoas teriam escapado da morte
Poderia eu ser acusado de estar usando números do ano passado para esconder que, neste ano, São Paulo superou a média brasileira e também a do Rio em crimes de morte? Não. No pior dia da atual onda de violência, houve 22 assassinatos em São Paulo. Um absurdo, sim, para o estado, mas não para o Brasil. Só para pensar, anualizo esse número, multiplicando-o por 365 (o que é um exercício de reductio ad absurdum, pois é impossível que qualquer cidade do mundo, muito menos São Paulo, possa ter todos os dias do ano iguais ao seu pior dia). Mas vamos seguir adiante.
Por esse cálculo, seriam, então, no fim do ano, computados 8 030 crimes de morte. Considerando a mesma população levada em conta pelo Anuário, São Paulo atingiria a assustadora taxa de 19,2 mortos por 100.000 habitantes. Repito, se São Paulo atingisse todos os dias do ano a sua pior marca diária, a sua taxa de homicídios ainda seria cerca de 26% menor do que as efetivamente atingidas pelo Rio de Janeiro ou 42% menor do que as taxas da Bahia, por exemplo. Ao fim deste texto, há os respectivos endereços eletrônicos do Anuário e do Mapa da Violência. Eu os convido a consultá-los.
O Brasil é um país perigoso. Foram assassinadas, em 2011, perto de 50.000 pessoas — não há o número exato porque há estados que omitem dados. São Paulo oferece menos risco do que o Brasil. Se a taxa nacional fosse igual à do estado, cerca de 30.000 pessoas mortas de forma violenta estariam vivas hoje. Número é argumento.
O estado de São Paulo tende a fechar o ano com 10,77 mortos por 100.000 habitantes. Na cidade de São Paulo, o índice deve chegar a 11,3 por 100.000. Isso significa que, no ano em que São Paulo foi mostrado na televisão como um teatro de guerra urbana, o estado ainda figurará nas estatísticas confiáveis como o mais seguro do Brasil.
É preciso olhar também a história. Segundo o Mapa da Violência (leia o documento na íntegra clicando no link abaixo), houve 42,2 mortos por 100.000 habitantes no estado em 2000. Em 2010, 13,9 — menos 67%. Foi a maior queda de criminalidade registrada no Brasil. A taxa recuou em apenas sete unidades da federação. Subiu nas outras vinte. Muitas vezes brutalmente (303,2% na Bahia; 269,3% no Maranhão; 252,9% no Pará).
A vida humana é assunto sério e não pode ficar entregue a chicanas político-partidárias e ao terrorismo. Usar a criminalidade urbana como parte de um projeto político para tomar o Palácio de Inverno — no caso, o dos Bandeirantes — não é decente e merece o repúdio dos paulistas e de todos os brasileiros de bem.
Clique aqui para acessar o Anuário Brasileiro de Segurança Pública;
Clique aqui para acessar o Mapa da Violência

Violência em São Paulo: as percepções e a realidade

A VEJA desta semana traz uma reportagem de Laura Diniz e Otávio Cabral sobre a violência em São Paulo. É sempre bom quando o jornalismo toma o lugar da histeria. Leiam.
O confronto entre o PCC e a polícia fez o número de mortes em São Paulo subir nos últimos meses, só que nem tudo pode ser debitado na conta desse embate. A população está assustada, mas a violência nem de longe se compara à de uma década atrás.
Durante todo o ano de 1999, um paulistano era assassinado a cada uma hora e meia. Foi o auge da barbárie na cidade, mas a rotina das pessoas não se alterava, os restaurantes e bares continuavam cheios, o assunto não dominava as conversas – não se ouvia a palavra guerra. Depois de mais de uma década de queda acentuada nas estatísticas de homicídios, São Paulo terminou 2011 com uma morte violenta a cada oito horas e meia. Mas a percepção dos cidadãos nem sempre acompanha a realidade. Escaldados pela onda de atentados terroristas do Primeiro Comando da Capital (PCC) em 2006, quando a cidade ganhou ares de Ensaio sobre a Cegueira com suas sempre movimentadas avenidas desertas em plena luz do dia, os 11 milhões de habitantes de São Paulo tornaram-se mais receosos. Agora, estão mais uma vez com medo. Mas por quê?
A criminalidade, de fato, aumentou muito nos últimos seis meses. Em outubro, houve 149 assassinatos, quase o dobro dos 78 no mesmo período de 2011. Ainda assim, isso significa uma morte a cada cinco horas – um número muito mais baixo que o de dez anos atrás. O principal motivo desse novo surto de violência em São Paulo é, sim, um confronto velado entre policiais e criminosos do PCC. Mas, para entender o que se passa, é preciso fugir do retrato alarmista e superficial e analisar friamente os casos. A verdade é que nem todo policial assassinado foi vítima do PCC, e nem todos os civis mortos foram alvo de vingança de policiais. Do início do ano até quinta-feira, 92 PMs foram mortos no estado – vinte a mais que a média dos últimos cinco anos. O patamar é inaceitável, mas não se deve apenas a uma “matança” das forças de segurança. Investigações policiais encontraram indícios de execução em 40% desses casos – e nem todos estão ligados à facção criminosa. “Teve PM assassinado porque assediou a mulher do traficante e PMs envolvidos com a máfia dos caça-níqueis que foram mortos por seus companheiros de crime. É preciso separar situações como essas dos ataques atribuídos ao PCC para ter a real dimensão dos acontecimentos”, diz o coronel José Vicente, ex-secretário nacional de Segurança Pública. Na segunda-feira, dois policiais foram mortos no centro, a poucos metros do quartel da Rota. Logo se pensou em um ataque do PCC. Mas eles estavam fazendo bico como seguranças de um banco e morreram num assalto.
Do outro lado, o número de assassinatos na capital sobe desde março, sem sinal de recuo. Nos primeiros doze dias de novembro, houve 72 homicídios – em 2011, foram registrados 96 ao longo de todo o mês. Um levantamento do Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa sobre os casos deste ano ajuda a divisar melhor o que está acontecendo. Em cerca de trinta dessas 72 mortes há sinais de crime encomendado: em grande parte, pressupõe-se, eram maus policiais, fora de serviço, à caça de suspeitos de participação em crimes contra as forças de segurança. No mais, são crimes do cotidiano das grandes cidades, como o do filho que esfaqueou o pai e a mãe, e tantas outras tristes histórias.
A explicação serve para desmontar discursos políticos inconsequentes, mas não para acalmar a população. Repórteres de VEJA percorreram nos últimos dias os bairros mais afetados pela violência, em todas as regiões da cidade, e conversaram com mais de uma centena de moradores. As ruas estão mais vazias, e a maioria evita chegar tarde em casa. A avenida da foto acima era movimentada à noite há alguns meses. Boatos de “toque de recolher” determinado por criminosos se espalham, mas ninguém nunca vê quem deu a ordem. São, no mais das vezes, apenas isso, boatos. O sentimento difuso de medo não tomou conta de todos os bairros da cidade; em alguns, a vida continua normal. Uma outra parte de São Paulo se sente, no entanto, sitiada, assustada, não sem razão, com a alta nos assassinatos. O que está por trás, então, da violência que alterou a rotina de enormes bolsões da periferia?
Integrantes da cúpula que elabora a política estadual de segurança afirmam que, no início deste ano, o serviço de inteligência da polícia paulista detectou que o PCC preparava uma nova geração de líderes, que, para se legitimar, planejava grandes roubos e atentados. Por essa narrativa, a ação da Rota – a tropa de elite da Polícia Militar – não foi uma ofensiva aleatória, mas estratégica. “A Rota não dispersou forças, agiu com inteligência em cima de pontos estratégicos do PCC”, afirma um dos responsáveis. Em um aspecto, a avaliação do governo estadual coincide com a de policiais que estão nas ruas na linha de frente de combate ao crime e também dos bandidos: em determinado momento, a letalidade do poder público aumentou. Em maio, a Rota matou seis integrantes do PCC na Zona Leste. Em setembro, nove criminosos foram mortos enquanto promoviam um julgamento em um sítio na Grande São Paulo. As apreensões cresceram também. Em uma ação, a polícia conseguiu capturar uma quantidade de drogas, armas, dinheiro e explosivos que equivale ao faturamento de um ano de roubos do PCC. Os criminosos, seja pelo abalo financeiro, seja pelo que perceberam como uma quebra das “regras do jogo”, reagiram.
O acirramento da violência e a sensação de insegurança passaram a prejudicar os negócios da facção, principalmente o tráfico de drogas. Desde o fim de setembro, gravações em poder da polícia mostram líderes do PCC ordenando que cessem os ataques a policiais. Mas, por vários motivos, a situação já havia saído de controle. Hoje, o PCC não é mais tão bem organizado quanto era nas ações de 2006. Não há um comando unificado. O mais famoso líder do grupo, Marco Willians Camacho, o Marcola, está preso há seis anos e perdeu poder. “Hoje o Marcola é uma espécie de rainha da Inglaterra do crime”, afirma um promotor que investiga a facção. Dois bandidos brigam pela sua sucessão – Roberto Soriano, o Beto Tiriça, e Abel Pacheco de Andrade, o Vida Loka -, o que provoca uma divisão entre os membros da facção que estão na rua. Mais violento e menos estrategista, Vida Loka defendeu a continuidade dos ataques mesmo depois de a maior parte do bando ter recuado. Para piorar a situação, bandidos comuns, sem ligação com a facção, aproveitaram a onda de violência para eliminar desafetos e atribuir as mortes ao PCC. O grupo criminoso é um inimigo real, e não um grupo em processo de extinção, como alguns assessores do governador Geraldo Alckmin (PSDB) insistem em dizer. Mas o poder da facção não chega perto do de grupos criminosos do Rio de Janeiro, como o Comando Vermelho, o Terceiro Comando e as milícias comandadas por ex-policiais.
Um dos efeitos mais nefastos da percepção de que o crime pode confrontar o poder público é o encorajamento dos bandidos. Um exemplo disso ocorreu na semana passada em Santa Catarina. Descontentes com a linha-dura em uma prisão de segurança máxima, criminosos lançaram uma ofensiva à la PCC. Quase quarenta veículos, entre ônibus e carros, foram incendiados no estado, onde bandidos chegaram a atirar contra postos da polícia – três marginais acabaram mortos. Mais cedo ou mais tarde, vão perceber o óbvio: é impossível para uma quadrilha, por mais organizada que seja, derrotar a força do estado.
Por Reinaldo Azevedo-RE VEJA

Diário da Dilma: Malandro é o curupira, que só faz gol de calcanhar

PUBLICADO NA EDIÇÃO DE NOVEMBRO DA REVISTA PIAUÍ

1º DE OUTUBRO ─ Só confusão essa gente me apronta! Queria muito ter ido ao velório da Hebe. Até minha mãe queria ir comigo. Não pude e até já esqueci o que me inventaram no dia. Provavelmente um desses encontros que o Patriota me agenda com vice-ministro da bauxita do Mali.
2 DE OUTUBRO ─ Lembrei: o Mali foi na antevéspera, ontem foi comício para empurrar candidato do PT. Depois vem o Lula fazendo aquela discurseira de que o PT é povo. Um velório daqueles não se perde!
Tô cheia de usar vermelho por causa desses comícios! Encomendei uns blazers bacanas de verão, laranja, azul Klein, rosa-choque, mas o Lula insiste em me botar de vermelho. Pareço um tomate.
3 DE OUTUBRO ─ Pelas saias rodadas de Evita! Que vexame esse apagão, menina! Os nossos jogadores ali, parados no escuro, com medo de assalto. Nessas horas é que dou graças a Deus de o Moreno estar nas Minas e Energia. Cada vez que o vejo, penso: ali caminha a síntese perfeita da distinção com a competência. O que impressiona é que a Cris não está nem aí. Essa mulherzinha ainda vai dar trabalho, pode escrever.
Ratinho Jr. francamente. E eu simpatizava com Curitiba.
4 DE OUTUBRO ─ Que fiasco o Obama no debate! Logo ele, tão engraçadinho, tão espirituoso… Foi como se, antes de entrar no palco, ele e Serra tivessem trocado de carisma. Andaram me dizendo que ele e a Michelle estão meio assim-assim. Isso me deixou triste, eles são um casal tão bem.
A Ideli não confessa, mas é louca pelo Romney. Cada vez que a tevê dá um close naquele queixo talhado a buril, ela dá uma tremelicada. É sutil, mas eu percebo.
5 DE OUTUBRO ─ Sabe onde me enfiaram agora? Na exposição de um tal de Cara-vaggio! Legal até, mas o povão está interessado nisso? Tive de fazer biquinho e cara de raciocínio, o que é péssimo para as comissuras. Vou mandar a conta do refil do botox para a União e não quero nem saber.
Por falar em biquinho, deixei bem claro que meto o meu onde quero. Recado com duplo destinatário: o entojo do Serra e o espaçoso do Lula.
6 DE OUTUBRO ─ Cheguei em Porto Alegre, mas ainda não decidi em quem vou votar. Tem candidato do PT aqui? Vim mesmo pra ver Gabrielzinho, senão justificava lá de Brasília.
Olha que fofura: perguntei pro Gabrielzinho em quem devia votar. “Gan-gán stái-le!” Pitchuco! Aflição de lindeza! Se ainda fosse cédula, votava no coreano gorducho.
7 DE OUTUBRO ─ Pena o Hugo Chávez não ter uma Dilminha para poder revezar um pouco. O povo acaba cansando, sabe?
Haddad entrou. Raios. Lá vou eu de novo tirar do armário aquele camisolão vermelho.
8 DE OUTUBRO ─ Não foi dessa vez que ganhei o Nobel. Mas faturei o Prêmio Claudia 2012! Mandela tem? Não. Kofi Annan tem? Não. Obama tem? Não. Sorry, periferia, talk to the hand…
9 DE OUTUBRO ─ Recebi o presidente da Irlanda. Sempre fico confusa e nunca sei a diferença entre Grã-Bretanha, Reino Unido e País de Gales. Conversamos sobre o Bono, que o Patriota me soprou que é de lá. É raro, mas às vezes o Itamaraty ajuda.
10 DE OUTUBRO ─ Ainda não sei o que vou dar para o Gabrielzinho de Dia das Crianças. Um laquezinho da Turma da Mônica? Um cargo comissionado? Uma festinha temática do coreano gorducho? Presidenta tem que tomar decisões importantes o tempo todo. Exemplo: depois do ministério da Marta, vai me sobrar o Chalita. Se tivesse um ministério do Santo Terço, estava feito.
11 DE OUTUBRO ─ Hum, hum, hum… o Palocci está se fazendo de bobo e vem nas reuniões com o Lula. Já estou sentindo o tamanho da encrenca!
12 DE OUTUBRO ─ Mandei a Abin descobrir quem matou o Max. Não aguento esse suspense! Eles disseram que iam dar um jeito. “Dar um jeito…” Vê se pode! Mandei avisar: quem quebra galho é macaco gordo! Chega de improvisos!
13 DE OUTUBRO ─ “Lua minguante em Libra: mantenha distância emocional para lidar com os assuntos que surgirem no período. Ponha-se no lugar do outro. Não é hora de exageros ou atitudes radicais. Nem tanto ao mar, nem tanto à terra. Boa lua para casar.” Mamãe assinou a revista Claudia. Tenho me sentido melhor.
14 DE OUTUBRO ─ Comentei com o pessoal na tranca sobre esse neto do Arraes. O franguinho de olho verde está colocando as manguinhas de fora! E o Lula me fez o favor de armar aquela patuscada no Recife. O homem está perdendo a mão. É por essas e outras que ele não é sequer cogitado pelo júri do Prêmio Claudia.
15 DE OUTUBRO ─ De onde foi que esse janotinha do Eduardo Paes tirou a ideia de sugerir o Cabral no lugar do Temer em 2014? Que coisa mais fora de hora! Só pela ideia, já tive de criar doze cargos para o PMDB! E vem mais por aí. O Temer quer uma vaga no STF. Ele acha que o Supremo está muito em foco, precisa do PMDB lá…
16 DE OUTUBRO ─ Hoje tem show de Caetano e Gil aqui em Brasília. Adoro os dois. Tomara que cantem as canções mais fáceis. Certa vez, numa ação, quase fiquei para trás de tão encafifada que estava com essa história de amanhecer tomate e anoitecer mamão. Quando dei por mim, a Kombi já estava arrancando e eu ali, solfejando feito uma tonta, a minutos de a tigrada chegar.
17 DE OUTUBRO ─ Tadinho do Zé Dirceu. Será que tem consulado do Equador em São Paulo?
O que eram aqueles vestidos rosa chiquerérrimos das primeiras-damas americanas no debate? Elas combinaram? Estou por fora de alguma nova tendência?
18 DE OUTUBRO ─ Minha Santa Paulina do Coração Agonizante de Jesus! Lobão foi internado! Será que foi overdose de charme? Ou foi alergia àquela tintura “Asa da Graúna” intensidade 21? Onde está o Kalil que não atende?
Deu no Twitter: parece que ele sentiu febre e mal-estar. Garanto que saiu na friagem de Manaus sem levar agasalho. Esse homem nunca pensa em si; é só trabalho, trabalho, trabalho.
19 DE OUTUBRO ─ O pessoal da Abin deixou um relatório aqui. Parece que interrogaram o João Emanuel Carneiro. Disseram que, se ele não entregasse, forçariam a Globo a transferi-lo para Malhação. Fizeram bem. Estou com o nome. Só para garantir, mandei a Helena confirmar com o Octávio Florisbal. Como era caso consumado, ele não só confirmou como fará a gentileza de me mandar o capítulo para a Bahia. Vou assistir antes do comício; dependendo do clima, incendeio a militância revelando o nome ali mesmo.
21 DE OUTUBRO ─ Daqui a pouco esse Joaquim Barbosa me alcança em popularidade. O homem vai ganhar uma estátua em Higienópolis. Ele soube aproveitar o momento: malandro é o curupira, que só faz gol de calcanhar.
22 DE OUTUBRO ─ Preciso arrumar tempo pra fazer uma hidratação no cabelo. Aquela nuvem tóxica de laquê ainda acaba me deixando careca. O pior é que o cabelo não desarma nem lavando. O bom é que posso tomar chuva sem perder a pose, funciona como uma marquise.
23 DE OUTUBRO ─ Avenida Brasil exaltava a nova classe C. Agora, o tema da nova novela é a pacificação das favelas. Nunca antes na história deste país um governo fez tanto pela teledramaturgia.
24 DE OUTUBRO ─ Gente, chá de hortelã ajuda a melhorar a azia. Lembrete: avisar ao cerimonial para levar na próxima viagem a país esquisito.
26 DE OUTUBRO ─ Vou oferecer um ministério para o PSDB se eles prometerem escolher o Serra para a próxima eleição presidencial.
DO AUGUSTO NUNES-REV VEJA