sexta-feira, 3 de julho de 2020
Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Siga-nos no Twitter - @alertatotal
Demorou
muito, mas finalmente a lerdíssima Lava Jato chegou a alguém poderoso da cúpula
dos tucanos. A Polícia Federal despertou, cedinho, a família do senador José
Serra. São alvos a filha dele Verônica e o marido dela. Todos foram denunciados
por usarem uma sofisticada rede de empresas sediadas no exterior para lavar
dinheiro de propina paga pela Odebrecht em compensação pelas obras do Rodoanel
Sul. O lobista internacional José Amaro Pinto Ramos também entra na dança. O
ricaço Ronaldo Cezar Coelho, ex-tesoureiro do PSDB, é outro alvo ilustre.
Por
enquanto, foi só uma ação para apreensão e busca de documentos. Não houve
prisões. Mas não será fácil escapar dos eventuais fatos e provas revelados na
delação de “Paulo Preto” (sempre negado como operador do esquema tucano de
corrupção). Mais difícil ainda será fugir das anotações concretas do chamado
“Departamento de Operações Estruturadas” da Odebrecht. No momento em que a
força-tarefa da Lava Jato sofre os maiores questionamentos sobre sua atuação, coincidência
ou não, os até então intocáveis tucanos são atacados. Faz parte...
O nome da
operação da PF? “Revoada”... Conforme as investigações, R$ 40 milhões de reais
revoaram dos cofres da empreiteira, para offshores (empresas em paraísos
fiscais), indo pousar em bancos da Suíça. As provas ganham robustez pela
colaboração das autoridades suíças. Agora, não importa a demora para que a Lava
Jato chegasse a peixes-grandes como o senador e ex-governador Serra. Ainda há
muitas suspeitas a serem apuradas sobre outros esquemas tucanos denunciados e
que podem ainda estar em vigor - há mais de 20 anos.
Os
tucanalhas, que festejavam a perseguição aos primos petralhas, agora, vão
reclamar do “rigor seletivo”. Mais importante que a repressão tardia seria uma
grande mobilização da sociedade para exigir transparência sobre os negócios de
contratação de obras, serviços e contratação indireta de pessoal com a
administração pública. A Lava Jato e tantas outras operações da PF passam, mas
o “Mecanismo” continua o mesmo, reinventando-se a cada picaretagem revelada.
Esta rotina macabra é que precisa mudar no Brasil da corrupção sistêmica, da
impunidade e da injustiça.
A “Revoada”
é um importante espetáculo policial-judicial. Mas, na verdade, é apenas mais um
dos muitos que ainda virão por aí. O caminho está escancarado e manjado para
pegar a lavagem de dinheiro por políticos cujas famílias enriquecem de maneira
fora do normal. A fiscalização real da coisa pública precisa ser aprimorada.
Depois que a sujeira vem à tona, fica sempre a pergunta no ar: Por que os
chamados “tribunais de contas” e outros supostos organismos de controle não
flagraram as falcatruas antes? Eis a falha gravíssima que precisa ser
corrigida.
Os
políticos continuam “roubando”. Eis o fato lamentável. É preciso cortar as asas
dos principais corruptos. Triste é ver um Supremo Tribunal Federal mais focado
em perseguir seus críticos do que cuidar da punição exemplar aos vagabundos da
coisa pública.