sábado, 18 de julho de 2020

Por que a Ditatoga espanca Bolsonaro?

sábado, 18 de julho de 2020


Edição do Alerta Total – www.alertatotal.net
Por Jorge Serrão - serrao@alertatotal.net
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O historiador e político romano Tácito reclamava: “Corruptíssima republica plurimae legis”. Ou seja: “As leis são muitas quando o Estado é corrupto”. Assim, “quanto mais corrupto o Estado, maior o número de leis”. O Brasil corrupto e injusto sofre do mal do regramento excessivo. O defeito perverso permite o rigor ou o perdão seletivo do Judiciário caro que não funciona Direito.
Ironia é que esse Super Poder da Ditatoga é o inimigo mais poderoso das reformas e mudanças, ou seja, aquilo que Jair Messias Bolsonaro representa. A bronca não é contra Bolsonaro. O Presidente tem defeitos pessoais como qualquer político brasileiro. É amado e odiado. Só que Bolsonaro apanha pelo que simboliza. Daí a covardia. Os inimigos não espancam uma pessoa. A Turma do Mecanismo detona um Brasil condenado a dar errado.
Bolsonaro só tem duas chances efetivas de neutralizar os ataque que recebe da cúpula do Judiciário. Ou faz um “acórdão” com seus espancadores... Ou consegue uma aliança forte no Senado – que é o único poder com capacidade e potencial institucional de enfrentar e enquadrar a Ditatoga. O problema é que o grande pecado de Bolsonaro é, justamente, não ter uma base política sólida no Congresso Nacional. No Senado, o negócio é pior ainda.
Agora, surge mais um pedido de impeachment do ministro Gilmar Mendes. Mais uma iniciativa do corajoso jurista Modesto Carvalhosa. Gilmar odeia ele. E a recíproca parece verdadeira. E um grupo de senadores que tem bronca das atitudes do STF lança um manifesto: “O Senado Federal não pode se furtar do dever de receber, pautar e julgar as denúncias formuladas contra Ministros do Supremo Tribunal Federal, missão que lhe é conferida pelo art. 52, II da Carta Maior e pelos arts. 41 e seguintes da Lei nº 1079/50.”
A valentia é menos que a real demonstração de força. Apenas assinam a carta 16 dos 81 senadores: Oriovisto Guimarães (Podemos), Alessandro Vieira (Cidadania), Styvenson Valentim (Podemos), Marcos do Val (Podemos), Jorge Kajuru (Cidadania), Eduardo Girão (Podemos), Plínio Valério (PSDB), Alvaro Dias (Podemos), Major Olímpio (PSL), Lasier Martins (Podemos), Reguffe (Podemos), Vanderlan Cardoso (PSD), Luiz do Carmo (MDB), Arolde de Oliveira (PSD), Soraya Thronicke (PSL), Luis Carlos Heinze (PP).
Ter uma base parlamentar sólida é o grande desafio de Bolsonaro. Isto tende a ser decisivo para o governo dar certo. As reformas econômicas dependem do Congresso Nacional. Sabotagens e problemas nas relações políticas afetam, negativamente, o desempenho de Bolsonaro – que só será considerado um bom Presidente se a economia der certo. Bolsonaro pode fazer milhões de presepadas, mas se a crise econômica for superada, ele se torna o rei da cocada.
No curto prazo, tem um grande desafio para Bolsonaro. A Câmara vai avaliar os vetos presidenciais ao Marco do Saneamento. A realidade vai mostrar se funciona a articulação com o Centrão – ou Centro Democrático, como prefere o maior agitador do governo, Roberto Jefferson. O teste será de arrepiar para Bolsonaro. Se ele comprovar força, a Ditatoga dará uma recuada. Do contrário, a coisa ficará pior para o lado do Presidente Lobo Solitário.