terça-feira, 7 de janeiro de 2014

Bispo de Humaitá culpa Governo Dilma pela tragédia entre índios e brancos.

Dom Meirand Francisco Merkel é alemão. É o Bispo de Humaitá. É papo reto. É na jugular do Governo Dilma e do PT. Acompanhou com desespero o conflito entre índios e brancos, que resultou no desparecimento de três inocentes cujos corpos até agora não foram encontrados. A análise de Dom Francisco põe o dedo na ferida e aponta a responsabilidade dos Paulo Maldos da vida, da Funai e das ONGs interacionais no fomento à tragédia. Leiam, abaixo, o artigo de Dom Francisco, publicado na página da CNBB. Pode ser que agora os bispos do Brasil enquadrem o famigerado Conselho Indigenista Missionário, um dos maiores responsáveis pelos conflitos entre índios e brancos no país.
Irmãos e Irmãs de caminhada:
Paz e Bem!

Escrevo este artigo nas vésperas do Ano Novo - chocado ainda pelos acontecimentos que lançaram sombras sobre as festas natalinas nesta Diocese. Todo mundo sabe do sumiço de três cidadãos na BR 230 depois do dia 15 de 12. Mas ninguém sabe precisamente o que aconteceu. Sabemos da dor dos familiares que ficaram sem notícias sobre o paradeiro de seus parentes e se ainda estavam com vida ou se já morreram.
Da parte da Polícia Federal e da FUNAI não houve empenho convincente na elucidação dos fatos. Não é a primeira vez que fatos tristes ficam sem a devida atenção por parte das autoridades constituídas para cuidar da segurança pública.
A lentidão ou o desinteresse da Polícia Federal, da Fundação Nacional do Índio, da Promotoria Pública frustraram familiares, parentes e amigos. Esgotou-se a paciência de uma boa parcela da população e gerou-se o plano de uma manifestação pacífica. Bloqueou-se a travessia sobre o Rio Madeira. Ora, o acesso à Transamazônica é vital para quem quer viajar às cidades de Apuí e Santo Antônio do Matupí, às aldeias indígenas ou chegar à sua casa à beira da Estrada BR 230 – todos ficariam penalizados com este bloqueio.
A intenção foi clara: Chamar a atenção dos governantes em nível Estadual e Federal: Os cidadãos desta parte do Amazonas merecem a mesma atenção e o mesmo amparo que os outros cidadãos neste vasto país. Desde a demarcação das terras, o pedágio imposto sem negociação (outubro 2006) até o desaparecimento de várias pessoas se criou a sensação de impotência e de ausência do Estado. Também os povos indígenas reclamam de uma política antiindigenista! - Até onde o Estado cumpre seu papel? E quem pode pedir satisfação dele no momento do descumprimento¿
Dá para perceber que a revolta não foi – simplesmente – de Brancos contra Índios. Explodiu a frustração também contra um aparato anônimo que se chama Estado. Quantas vezes a população se depara com funcionários que mal atendem, não informam corretamente, não zelam pelo encaminhamento de documentação, não prestam conta dos recursos públicos, enfim parece que ninguém é responsável por nada. A computatorização aumenta esta sensação de impotência. Parece que o cidadão só é bom para pagar impostos...
Ora, o potencial que se descarregou nestes dias causando destruição do patrimônio público, poderia ser empregado para a reorganização de nossa sociedade local. De certa forma vivemos em clima de paz, somos cristãos, não passamos por uma situação de miséria material, temos estruturas e instituições que, embora não perfeitas, prestam alguma ajuda para um convívio decente.
O que falta? Quero apontar alguns itens que me parecem importantes: Precisamos de lideranças que continuamente aperfeiçoam seu papel, que têm agudo grau de consciência ética, que juntam coragem com persistência. Devem ser pessoas que sabem escutar, refletir, partilhar com outras pessoas de bem, elaborar uma estratégia para conseguir os objetivos e que sempre prestam a informação necessária (transparência) para contar com o povo como aliado. E também da parte do povo precisamos das atitudes de escuta e reflexão, debate e participação - da fiscalização das obras e da prestação de contas.
Recordo com saudade da matéria de Organização e Política (OSPB), Moral e Cívica nas escolas. Ou da instituição de Ouvidorias. É urgente repensar a maneira de fazer política e elaborar leis. – O ano eleitoral está aí. Vamos testar o grau de consciência e ética dos nossos representantes antes de dar nosso voto. Somente um belo programa de partido não basta!
DO CELEAKS

Colapso nas cadeias do Maranhão reflete décadas de gestão da família Sarney

Por Gabriel Castro, na VEJA.com:
A sequência de horror registrada nos últimos vinte dias no Maranhão chocou até mesmo uma sociedade já acostumada ao noticiário de crimes brutais. O banho de sangue, com imagens de presos decapitados e esquartejados na penitenciária de Pedrinhas, na Grande São Luís, já deixou 62 detentos mortos no período de um ano. O retrato da barbárie nas cadeias maranhenses inclui ainda estupros de familiares de presidiários nos dias de visitas íntimas. Na última sexta-feira, a selvageria ultrapassou os muros do presídio: ataques a ônibus e delegacias espalharam terror nas ruas de São Luís. Uma criança de 6 anos morreu queimada. O criminoso obedecia a uma ordem de dentro do presídio de Pedrinhas.
Políticos costumam culpar os antecessores pelos problemas crônicos enfrentados por suas gestões. Mas a governadora Roseana Sarney (PMDB), no quarto mandato no Maranhão, não poderá fazê-lo: com exceção de um período de dois anos, o Estado é governado desde 1966 pelos integrantes do clã político de José Sarney. O único revés do grupo ocorreu em 2006, quando Jackson Lago (PDT) derrotou Roseana nas urnas. Mas ele só resistiu até o começo de 2009, dois anos depois da posse: a Justiça Eleitoral tirou o cargo do pedetista sob a acusação de compra de votos. Roseana herdou o mandato, e venceu também as eleições de 2010.
 Sarney nunca fez oposição a um presidente da República: apoiou a ditadura militar enquanto lhe interessou e foi pulando de barco até firmar a improvável aliança com o PT de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff. Dos dois, recebe deferências – e o poder de nomear afilhados em órgãos importantes da administração federal. Enquanto isso, os maranhenses convivem com um cenário desolador: segundo dados do Atlas do Desenvolvimento, o Estado tem o penúltimo lugar no ranking do Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), à frente apenas de Alagoas. A renda per capita, de 348 reais, é a menor do país. Apenas 4,5% dos municípios do estado têm rede de esgoto.
 Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 20,8% dos maranhenses eram analfabetos em 2012. Pior: o número significa um aumento em relação a 2009, quando 19,1% da população não sabiam ler e escrever. Ou seja, durante o governo de Roseana, a situação se agravou – o Maranhão foi o único Estado do Nordeste que regrediu no período.
Um dos poucos índices nos quais o Maranhão não se destacava negativamente no plano nacional era a violência. Mas, como mostra o episódio de Pedrinhas, isto também é passado: entre 2000 e 2010, a taxa de mortes por armas de fogo no Estado subiu 282%. O surgimento de facções criminosas tornou mais evidente o fracasso do governo nessa questão. O governo do Estado falhou ao evitar o conflito sangrento entre criminosos encarcerados e novamente depois, ao tentar debelá-lo. Por fim, receberá ajuda do governo federal para resolver a situação, com a transferência de detentos para outras unidades prisionais do país.
O Maranhão já era pobre quando Sarney assumiu o poder. E sabe-se que não é fácil resolver o problema do subdesenvolvimento crônico. Mas, em 2014, isso já não pode ser usado como desculpa.