sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

600, 560, 545 merrecas... quem deu menas ?


Meu artigo publicado em 18/2, na Página “Opinião” do Diário do Comércio da Associação Comercial de São Paulo www.dcomercio.com.br “home” do Museu da Corrupção, que exibe “respeitáveis” momentos da história recente do nosso país. Escrevo desanimado com o Congresso que elegemos e com a democracia que temos. (NF).


600, 560, 545 merrecas... quem deu menas ?
Neil o máximo do mínimo Ferreira
Tiririca estreou como deputado federal, PR/SP, na votação do salário mínimo. Mostrou que colou o gabarito no vestibulinho em que foi considerado alfabetizado e apto a exercer o mandato que lhe foi dado por Um Milhão e Trezentos e Cinquenta Mil tiriricas, que votam no Estado de São Paulo.
Base do governo, seu partido, o PR, é o partido do Waldemar Costa Neto, o “Boy”, que espertamente descobriu e lançou o Tiririca e se elegeu com as sobras da votação gigantesca que ele recebeu.
Bem antes, na eleição de 2002, o “Boy” foi o cara que espertamente vendeu o seu partido, esqueci qual, por Dez Milhões de Reais para o Zé Dirceu, que exigiu e levou de lambuja o ex-vice dos dois mandatos do Cara, o José Coteminas Alencar, na época um empresário respeitável, destinado a dar equilíbrio à imagem de radicalismo incendiário do ex-metalúrgico você sabe quem.
O delegado (ou ex, não sei) federal “comunista” Protógenes Queiroz, PC do B/SP, também se elegeu com as sobras do Tiririca. Genoíno, outro incapaz de se eleger por meios próprios, é suplente, vai bicar na boquinha do excesso de votos do Tiririca também.
Na votação do mínimo, Tiririca não soube distinguir o “Sim” do “Não” e apertou o botão do “Sim” para o mínimo de 600 Reais, proposto pela oposição, contrariando o firme comando do Poste, que na véspera dera um soco na mesa, pelo menos foi o que deduzi das manchetes dos jornais, quando “fechou a questão” e exigiu a aprovação do mínimo minimorum de 545 merrecas.
A oposição apresentou estudos que provaram a viabilidade de 600 Reais, desde que o governo abrisse mãos de gastos supérfluos com absurdas boquinhas da cumpanherada. As centrais sindicais “exigiam” 560 merreis, o Paulinho da Farsa, lembram quem é, aquele dos 300 Milhões do BNDES, chegou a ir para a Avenida Paulista prejudicar o já horrivel trânsito de São Paulo, como se o povo de São Paulo tivesse algo a ver com a votação do mínimo.
O ponto era o seguinte: os legítimos “representantes do povo”, nenhum foi nomeado, nenhum é “biônico”, todos foram eleitos com votos nominais livres e diretos, que se deram a si próprios, repito para ênfase, que deram para eles mesmos, um aumento de 61,8% para escândalo e vergonha do país inteiro, estavam ali reunidos para votar se o mínimo seria de 600 Reais, 560 merreis ou 545 merrecas, estas 545 merrecas impostas pelo poder eleito sob o comando de um ex-sindicalista, que fez carreira em greves que exigiam aumentos de salário.
(Mudou o lado do balcão, mudou a cabeça, é ou não é ?).
Os bufunfeiros que se deram 61,8% agora lutavam e se articulavam corajosamente para fazer o povão engolir 6,9% -- isso mesmo, 6,9%, pela primeira vez em uns 20 anos o mínimo não teria ganho real.
Não teve, como todos estamos José Serra (carecas) de saber.
O Poste ameaçou os partidos da base: “sem voto não tem cargos no 2º escalão do governo”. A caneta falou mais alto, PT, PMDB et caterva votaram em bloco. O mínimo minimorum ganhou com o máximo maximorum possivel de votos. Só faltou os votantes levantarem os braços, e, punhos fechados, cantarem o “Virundum” em comemoração à vitória.
Cara, quem viu pela tv os deputados de ex-querda defenderem a fome do povão e ganharem a votação, teve ânsia, eu tive. “Aquilo” é um dos Poderes da nação, o Legislativo legislando, “aquilo” é o nosso parlamento (para lamentar, desculpe a construção infame), “aquilo” é a democracia que temos. Mas será a que queremos ? Quase 44 milhões de nós votaram contra “isso que está aí”, mas permitimos a formação desse Parlamento.
Sorry, mas recuso minha parcela de culpa. O presidente em quem votei falava em mínimo de 600 Reais, o partido do meu deputado federal apresentou e defendeu o mínimo de 600 Reais.
Os popu-lullistas apareceram com as 545 merrecas e ganharam, como encaram seus eleitores ? Tenho uma pista. Reparto com você.
Há uma foto do ano 2..000 circulando na Internet, que mostra a bancada do PT rindo irônicamente e fazendo com o indicador pertinho do polegar o gesto de “pouquinho” para um aumento do mínimo do FHC, de 19,2%. Repito de novo, 19,2% de aumento do mínimo era ridicularizado como “pouquinho”.
Na foto, sem muito esforço, dá para identificar o mermão Paloffi, Marcadante, Berzoini já bem barrigudão, há muitos outros – os mesmos que deram a cara, a coragem e o sangue pelo aumento de 6,9%.
Continuam rindo com ironia, aposto.
545 merrecas, um aviso para você aí que desconta INSS pelo máximo, Dez Mínimos, e vai acabar se aposentando com Dois Mínimos Minimoruns.
POVO BRASILEIRO, AGORA A PREÇO DE LIQUIDAÇÃO.
--
Neil Ferreira
Eu não votei no Poste

DO BLOG LILICARABINA

Telhado de vidro.


Aécio Neves(PSDB-MG), com algum atraso, depois de tudo resolvido, saiu a criticar Dilma Rousseff por fazer o aumento do salário mínnimo de R$ 545 por decreto.  "É violência enorme querer subjugar o Congresso Nacional buscando aprovar a partir de agora a majoração do salário mínimo via decreto", afirmou o senador, no Rio de Janeiro. O senador lembrou que a Constituição é clara ao definir que o reajuste tem de ser previsto anualmente em lei discutida pelo Legislativo. "Não é possível que uma maioria eventual seja utilizada para fragilizar o Congresso Nacional. Congresso frágil é democracia frágil." Ele disse que a oposição trabalhará para derrubar no Senado o aumento por decreto. "Caso seja derrotada, a oposição buscará discutir a questão no STF (Supremo Tribunal Federal)", disse. Aécio Neves tem toda a razão. Assim como tem razão os vários petistas que lembraram que ele governou Minas com leis delegadas, solapando o Legislativo. Antonio Anastasia(PSDB), seu sucessor, está governando com a mesma prerrogativa anti-democrática. É duro ter telhado de vidro. É duro fazer o papel do roto falando mal do descosido.

República dos pelegos.

Na votação do salário mínimo em R$ 545, sentimos na carne a força da República dos Pelegos. Presidia a votação Marco Maia, um petista pelego de alta pelagem, criado no sindicato dos metalúrgicos e na própria CUT gaúcha. Na tribuna, para defender a proposta do governo federal contra os trabalhadores, estava Vicentinho, outro pelego metalúrgico, com um traço dos mais característicos entre a "raça": a língua presa. Até mesmo o convocado para fazer uma figuração de contrariedade e revolta, em nome das centrais sindicais, era pelego até no nome: Paulinho da Força Sindical. O salário mínimo de R$ 545 foi aprovado porque o que não falta neste Legislativo é pelego para a patroa Dilma montar.

(Na foto, um pelego vermelho, para quem não conhece. Leia aqui um bom artigo explicando a origem do termo)
 
DO COTURNO NOTURNO

NOTA DA CNBB SOBRE ÉTICA E PROGRAMAS DE TV


Têm chegado à CNBB diversos pedidos de uma manifestação a respeito do baixo nível moral que se verifica em alguns programas das emissoras de televisão, particularmente naqueles denominados Reality Shows, que têm o lucro como seu principal objetivo.
Nós, bispos do Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP), reunidos em Brasília, de 15 a 17 de fevereiro de 2011, compreendendo a gravidade do problema e em atenção a esses pedidos, acolhendo o clamor de pessoas, famílias e organizações, vimos nos manifestar a respeito.
Destacamos primeiramente o papel desempenhado pela TV em nosso País e os importantes serviços por ela prestados à Sociedade. Nesse sentido, muitos programas têm sido objeto de reconhecimento explícito por parte da Igreja com a concessão do Prêmio Clara de Assis para a Televisão, atribuído anualmente.
Lamentamos, entretanto, que esses serviços, prestados com apurada qualidade técnica e inegável valor cultural e moral, sejam ofuscados por alguns programas, entre os quais os chamados reality shows, que atentam contra a dignidade de pessoa humana, tanto de seus participantes, fascinados por um prêmio em dinheiro ou por fugaz celebridade, quanto do público receptor que é a família brasileira.
Cônscios de nossa missão e responsabilidade evangelizadoras, exortamos a todos no sentido de se buscar um esforço comum pela superação desse mal na sociedade, sempre no respeito à legítima liberdade de expressão, que não assegura a ninguém o direito de agressão impune aos valores morais que sustentam a Sociedade.
Dirigimo-nos, antes de tudo, às emissoras de televisão, sugerindo-lhes uma reflexão mais profunda sobre seu papel e seus limites, na vida social, tendo por parâmetro o sentido da concessão que lhes é dada pelo Estado.
Ao Ministério Público pedimos uma atenção mais acurada no acompanhamento e adequadas providências em relação à programação televisiva, identificando os evidentes malefícios que ela traz em desrespeito aos princípios basilares da Constituição Federal (Art. 1°, II e III).
Aos pais, mães e educadores, atentos a sua responsabilidade na formação moral dos filhos e alunos, sugerimos que busquem através do diálogo formar neles o senso crítico indispensável e capaz de protegê-los contra essa exploração abusiva e imoral.
Por fim, dirigimo-nos também aos anunciantes e agentes publicitários, alertando-os sobre o significado da associação de suas marcas a esse processo de degradação dos valores da sociedade.
Rogamos a Deus, pela intercessão de Nossa Senhora Aparecida, luz e proteção a todos os profissionais e empresários da comunicação, para que, usando esses maravilhosos meios, possamos juntos construir uma sociedade mais justa e humana.
Brasília, 17 de fevereiro de 2011
Dom Geraldo Lyrio Rocha
Arcebispo de Mariana Arcebispo de Manaus
Presidente da CNBB
Dom Luiz Soares Vieira
Arcebispo de Manaus
Vice-Presidente da CNBB
Dom Dimas Lara Barbosa
Bispo Auxiliar do Rio de Janeiro
Secretário Geral da CNBB
Por Reinaldo Azevedo

O chavismo da Dilma.


Da Coluna de Dora Kramer, intitulada "Golpe de mão" , publicada hoje no Estadão:

Entende-se que o governo queira por meio de maioria controlar o Congresso. Foge ao preceito republicano da independência entre os Poderes, mas é do jogo do poder. O que não se pode compreender e muito menos aceitar é que isso seja feito por meio de inconstitucionalidades embutidas em um projeto de lei. Inaceitável, tampouco, é que o Congresso seja tão submisso ao Executivo que se deixe usurpar em suas prerrogativas e ainda defenda ardentemente o direito do Palácio do Planalto de fazê-lo ao arrepio da Constituição. 

Aconteceu anteontem na aprovação do novo salário mínimo na Câmara: a despeito da tentativa do deputado Roberto Freire (PPS) de impedir a iniquidade, foi aprovado um dispositivo do projeto de lei que retira do Congresso a discussão do valor do mínimo até o fim do mandato de Dilma Rousseff. O truque é o seguinte: fica estabelecido que conforme a política para o salário mínimo até 2014, os parâmetros para se chegar à proposta do governo são aqueles acertados com as centrais sindicais em 2007 - PIB dos dois anos anteriores mais a inflação do período -, sendo o valor fixado por decreto ano a ano.

Bastante simples de compreender qual a consequência, pois não? Pois suas excelências integrantes da maioria governista (e também da oposição que não ajudou Freire no embate) preferiram fazer de conta que não entenderam. Pelos próximos três anos, se o Senado aprovar o projeto tal como está, o governo fica livre dessa discussão no Congresso. Uma graça o principal argumento do líder do PT na Câmara, Paulo Teixeira: a medida elimina a "burocracia". Eis, então, que temos o seguinte: os próprios parlamentares se consideram meros carimbadores das decisões do Planalto e veem o debate no Parlamento como um trâmite burocrático.
Por esse raciocínio, eliminar-se-iam quaisquer tramitações congressuais, deixando a decisão de legislar para o Executivo. Como ocorre nas ditaduras.

Caso o Senado aprove, Roberto Freire recorrerá ao Supremo Tribunal Federal com uma ação direta de inconstitucionalidade, baseada no dispositivo da Constituição segundo o qual o valor do salário mínimo deve ser fixado por lei. Não por decreto baseado numa lei estabelecendo os critérios para o cálculo.Argumenta Freire: se for por decreto presidencial, só o poder público será obrigado a cumprir. A sociedade e a iniciativa privada poderão ignorar, pois seu parâmetro é a Constituição e não o Diário Oficial. Levantou-se naquela noite de discussões e monumentais incoerências de posições passadas e presentes a seguinte questão: se o cálculo está fixado em lei e o governo tem maioria no Congresso, o debate é sempre inútil. Então, melhor que se eliminem os intermediários.

Nada mais confortável para o governo e nada mais deformado no que tange ao sistema democrático de representação. O Executivo fica desobrigado de negociar, as forças políticas representadas no Parlamento impedidas de se manifestar e o poder de um dos Poderes fica submetido a acordos feitos com as centrais sindicais. É o império do gabinete. O que o governo disser será a lei que se substitui à Constituição, ao Parlamento e à sociedade. O poder continua emanando do povo, mas desse jeito em seu nome não é exercido.
 
DO B. DO CEL