A manchete da Folha de São Paulo deste domingo, o primeiro dia do ano de 2012, antecipa que a economia brasileira poderá dar uma parada no seu ritmo de crescimento. Aliás parada que já se constatou pelo menos no último trimestre do ano. E o texto da manchete, que transcrevo após este prólogo, chora na rampa da amargura e desfia aquele velho novelo de problemas históricos que faz do Brasil o lixo ocidental.
A rigor, a Folha nem precisaria mobilizar sua reportagem para produzir o texto que gerou esta manchete. Bastaria que o editor compulsasse a coleção dos jornais e pinçasse de uma de suas edições mais antigas um texto análogo, soprasse a poeira e o editasse na íntegra.
Já se sabe de antemão o discurso que vem por aí: as coisas ficam ruins para o Brasil por causa dos Estados Unidos, de Wall Street, da Europa, dos ricaços malditos, do neoliberalismo, da burguesia internacional e, enfim do capitalismo. É o mesmo discurso - notem bem - que embalou o fascismo italiano. A estratégia de poder de Mussolini foi transformar a Itália em vítima da guerra de nações unindo Governo, empresários e trabalhadores. A aventura terminou com Mussolini enforcado pela turba enfurecida e pendurado no teto de um posto de gasolina.
Já estou até vendo o que dirá Dilma, Lula e seus sequazes quando forem obrigados a governar num clima de adversidade econômica como o que pegou em cheio o governo de Fernando Henrique Cardoso, episódio que fez a contumaz enxurrada de dólares em busca de remuneração fora de série evaporasse de uma hora para outra.
Não. Não estou torcendo para o pior. Mas não irei tolerar os discursos mentirosos da vagabundagem comunista. E a manchete da Folha de São Paulo mostra como a grande mídia passará a dourar a pílula e como tratará o assunto daqui para frente. A sorte é que a economia dos Estados Unidos, mesmo num contexto de crise, está concluíndo 2011 com um PIB calculado em mais de R$ 15 trilhões de dólares, ou seja, quase o dobro da China. Isso não está sendo dito pela grande imprensa brasileira, porque é normalmente controlada pelo jornalismo de aluguel do PT. Entretanto, se a vaca não for diretamente para o brejo no primeiro semestre do ano é por causa da locomotiva americana, a nossa tábua de salvação.
Eis o texto da Folha:
O Brasil encerrou 2011 com um dos crescimentos mais baixos entre os emergentes. O país é o quinto que menos cresceu, em um grupo de 24 analisados, estima a consultoria britânica EIU (Economist Intelligence Unit). E deve repetir, em 2012, uma expansão ainda moderada.
Analistas projetam que o ano que começa será de recuperação, porém modesta e frágil. Traduzindo em números, o país deve crescer pouco mais de 3%, em média, nos dois primeiros anos do governo Dilma Rousseff.
O balanço é pior do que os celebrados 4,5% médios do segundo mandato do presidente Lula (2007-2010).
Embora a crise externa seja uma das causas da desaceleração, analistas dizem que os motores domésticos do crescimento começam a dar sinais de fadiga.
O enfraquecimento do setor fabril, por exemplo, é um problema de difícil conserto.
A EIU estima que o crescimento da indústria do país caiu de 10% em 2010 para 0,8% no ano passado.
Em 2011, o setor industrial teve o segundo pior desempenho entre 24 nações emergentes. Segundo a EIU, o Brasil só superou a Tailândia, afetada por graves enchentes.
Fatores como a valorização do real (que barateira os produtos importados), tributação pesada e deficiência de infraestrutura têm feito a indústria perder terreno para concorrentes externos.
"As dificuldades do setor são um problema estrutural preocupante", afirma Robert Wood, analista sênior da EIU.
CONSUMO
A expansão do crédito, que incentivou o consumo nos últimos anos, tem perdido fôlego. É uma tendência de difícil reversão no curto prazo porque o endividamento das famílias tem crescido, diz Luiz Carlos Mendonça de Barros, da Quest Investimentos.
Analistas ressaltam ainda que o Brasil tem fragilidades estruturais que limitam a capacidade de crescimento.
Aurélio Bicalho, economista do Itaú Unibanco, cita a baixa capacidade de investimento do governo, que tem o orçamento muito amarrado com gastos previdenciários:
"Esse é o grande diferencial dos países asiáticos. O investimento elevado aumenta a capacidade de produção e permite crescer a taxas maiores sem gerar inflação alta."
O quadro no Brasil é o oposto. O baixo nível de investimento ao longo dos anos criou empecilhos -como na infraestrutura- que impõe um teto baixo à capacidade de crescer sem gerar inflação.
A expansão de 7,5% de 2010, por exemplo, pressionou muito os preços e forçou o governo a tomar medidas para frear o crescimento.
Segundo Wood, a necessidade dessa freada ajuda a explicar porque o Brasil foi um dos países emergentes com menor expansão em 2011.
A piora da crise nos países desenvolvidos tende a agravar o cenário. Um dos canais de contágio já percebidos é a redução da confiança de empresários e consumidores, que acabam cortando gastos.
Uma menor demanda pelos produtos exportados pelo Brasil e uma queda no fluxo de investimentos externos também devem limitar a retomada econômica em 2012. Da Folha de São Paulo deste domingo
DO B. DO ALUIZIO AMORIM