quarta-feira, 13 de dezembro de 2017

Procuradores aliam-se a Janot e dizem que CPI da JBS só investigou investigadores

Principal entidade da categoria repudia, em nota, conclusão da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que pediu indiciamento do ex-procurador-geral da República e de seu ex-braço direito Eduardo Pelella por prevaricação, abuso de autoridade e crime contra a segurança nacional

Fausto Macedo e Julia Affonso
13 Dezembro 2017 | 13h14
Os procuradores saíram em defesa do ex-chefe do Ministério Público Federal, Rodrigo Janot, de quem a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) da JBS pediu indiciamento por prevaricação, abuso de autoridade e violação da Lei de Segurança Nacional na terça-feira, 12.
Neste quarta-feira, 13, o relator, deputado Carlos Marun (PMDB/MS), anunciou que irá retirar de seu parecer final os pedidos de enquadramento contra Rodrigo Janot e o seu ex-chefe de gabinete, o procurador Eduardo Pelella.
Em nota, a Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR), principal entidade da classe, repudiou as conclusões da CPMI atribuindo ao colegiado ‘parcialidade’.
“Não ouviu nenhum dos políticos que foram indicados como participantes do esquema da JBS. Mudou o foco completamente para investigar e retaliar apenas os investigadores, mostrando que tinha a intenção meramente política de defesa do governo”, afirma o documento, subscrito pelo presidente da ANPR, José Robalinho Cavalcanti.
A Comissão também quer investigação sobre os integrantes da força-tarefa do Ministério Público Federal em Curitiba, base e origem da Operação Lava Jato.
“Não há prova capaz de embasar o ilógico e inconstitucional indiciamento proposto pelo relator e que, espera-se, não seja referendado pela CPMI”, protestam os procuradores. “Da mesma forma, não há qualquer base para o descabido pedido de investigação dos procuradores da República que compõem a força tarefa da Operação Lava Jato, em Curitiba.”
“Trata-se de um relatório político, que padece de grave imprecisão jurídica, apresentado por um parlamentar que, não por acaso, irá se tornar ministro em 48 horas”, diz o texto, divulgado nesta terça-feira, 12.
Os procuradores acreditam que a intenção do relator Marun é ‘com este relatório sem base, prestar um serviço ao presidente da República que foi investigado pelas pessoas que o parlamentar agora acusa’.
“O documento não apresenta qualquer elemento probatório que aponte irregularidade no comportamento de Rodrigo Janot e de Eduardo Pelella. Os argumentos que constam no relatório baseiam-se tão somente na leitura enviesada de alguns poucos testemunhos vagos e genéricos.”
“Os fatos já são conhecidos e por não trazerem qualquer elemento de irregularidade referente à atuação de Janot e Pelella é que não há investigação disciplinar, cível ou criminal em curso contra ambos ou contra quaisquer outros membros que atuaram no caso JBS, com exceção do procurador Ângelo Goulart Villela, já denunciado pelo MPF e ouvido pela CPMI”, segue o texto, referindo-se ao procurador que chegou a ser preso por suposta mesada de R$ 50 mil da JBS.
Os procuradores destacam a importância de uma CPMI, mas não aceitam o cerco a Janot e a Pelella. “Tamanha arbitrariedade contra membros do Ministério Público que exerceram a desafiadora tarefa de liderar a instituição não pode – e não deve – ter lugar. A atuação independente, isenta e técnica do Ministério Público é um patrimônio do país configurado a partir da Constituição.”
A nota da entidade dos procuradores aponta para o deputado federal Wadih Damous (PT/RJ), autor de relatório parcial. “Além de não haver qualquer base fática, em relatório parcial, o deputado federal Wadih Damous, deixa mais uma vez evidente a intenção da CPMI de exorbitar seu foco inicial ao pedir a investigação de três membros do Ministério Público Federal que integram a força tarefa Lava Jato, de Curitiba, que sequer atuaram no caso JBS, novamente tomando por base apenas o testemunho de um advogado (foragido da justiça brasileira) e reportagens jornalísticas.”
Damous apresentou como sugestão legislativa projeto ‘com o objetivo de atacar as investigações e de fazer um manifesto político e não de apurar o que quer que seja’.
“Por meio da proposta o parlamentar quer proibir a delação premiada de presos, projeto que já apresentou na Câmara dos Deputados e que é inconstitucional por atentar contra o direito de defesa. A proposta nada tem a ver com os executivos da JBS – suposto foco da CPMI –, pois estavam todos soltos quando fecharam o acordo de delação.”
Os procuradores avisam que não vão se curvar. “A Associação reafirma que ataques e tentativas de intimidação não farão com que os procuradores da República se afastem do seu dever institucional de defesa da ordem jurídica e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.”

TRF-4, Porto Alegre, mantém bloqueio de R$ 11,9 milhões de Zé Otávio, PP do RS


Ao lado, delação de Paulo Roberto Costa.

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4) negou provimento ao recurso do deputado federal José Otávio Germano e manteve a indisponibilidade de bens decretada pela 1ª Vara Federal de Curitiba em ação de improbidade administrativa proveniente dos autos da Operação Lava Jato.
O MPF pediu o bloqueio baseado no depoimento do ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, segundo o qual José Otávio e outros 11 deputados do Partido Progressista (PP) receberiam R$ 30 mil mensais, cada um, provenientes de propinas pagas pelas empreiteiras formadoras do cartel que atuava manipulando licitações da Petrobras. Para definir o valor total teria sido levado em conta o tempo em que Costa atuou na estatal, mais dois anos após sua saída, período em que o réu teria seguido recebendo mensalmente (janeiro de 2006 a março de 2014).
José Otávio teve bloqueado o valor de R$ R$ 11.880.000,00. DO P.BRAGA

Fechar de questão sem punição é só enganação

Josias de Souza
Sob a presidência de Geraldo Alckmin, a Executiva Nacional do PSDB aprovou o “fechamento de questão” a favor da reforma da Previdência. Trata-se de um mecanismo que serve para obrigar os parlamentares a votar conforme a orientação partidária. Entretanto, a exemplo que fizera o PMDB, o tucanato não fixou nenhuma penalidade para quem descumprir a decisão. Não é nada, não é nada, não é nada mesmo.
Aos pouquinhos, o esforço do governo para aprovar a emenda constitucional que promove uma mexida acanhada nas regras previdenciárias vai ganhando propósitos meramente cenográficos, quase caricatos. O governo não dispõe dos 308 votos de que necessita para prevalecer na Câmara. Mas demora em dar o braço a torcer. Temer receia a reação negativa do mercado.
O caso do PSDB é emblemático. A legenda tem 46 deputados. O grupo que se dispõe a dizer “sim” à reforma de Temer não soma 20 votos. Para entender o que se passa, é preciso recorrer às palavras com a desinência “ão”. Até como rima, a coisa soa paupérrima. Mas vá lá: a reforma da Previdência tornou-se um problemão sem solução. Fechamento de questão isento de punição não passa de enganação.

PSDB fecha questão a favor da reforma da Previdência


PSDB decidiu fechar questão e votar a favor da Reforma da Previdência. Com a decisão tomada na reunião da Executiva Nacional nesta quarta-feira, os 46 deputados do partido serão pressionados a votar com a orientação. Neste primeiro momento, o partido decidiu não punir eventuais deserções.A decisão da Executiva, colegiado formado pelas principais lideranças do partido, terá um efeito simbólico forte. Se não há tradição no tucanato de punir divergentes, o fechamento de questão aumenta a pressão para que a bancada do partido, que estava relutante, aprove as mudanças na aposentadoria. O apoio do PSDB é considerado essencial para que o governo do presidente Michel Temer (PMDB) consiga aprovar a reforma. Por se tratar de uma proposta de emenda à Constituição (PEC), são necessários 308 votos para que seja aprovada na Câmara. Depois, ainda precisa passar pelo Senado, também com o apoio de um terço dos membros.No último sábado, durante a Convenção Nacional do PSDB, em Brasília, os principais oradores, entre eles o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, virtual candidato da legenda ao Palácio do Planalto, defenderam com veemência a aprovação do projeto. Em declaração exclusiva a VEJA, o governador de Goiás, Marconi Perillo, eleito vice-presidente nacional do partido, afirmou que trabalharia para que o partido fechasse questão. DO J.TOMAZ

Dois deputados são alvo de operação da PF na Câmara

Nomes dos parlamentares envolvidos estão sendo mantidos sob sigilo pela PF. TV Globo apurou que diligências desta quarta (13) são um desdobramento de investigação do Tocantins.

Por Camila Bomfim, TV Globo, Brasília
A Polícia Federal (PF) deflagrou na manhã desta quarta-feira (13), na Câmara dos Deputados, operação que tem como alvo dois parlamentares.
As diligências – solicitadas pela Procuradoria Geral da República (PGR) – foram autorizadas pelo Supremo Tribunal Federal (STF). Até a última atualização desta reportagem, os mandados judiciais ainda estavam sendo executados.
Os nomes dos deputados federais que são alvos da operação estão sendo mantidos sob sigilo pela Polícia Federal. A TV Globo apurou que as diligências desta quarta são um desdobramento de uma investigação que foi iniciada no Tocantins.

Principais partidos são presididos por investigados, denunciados e um preso


É como se no sétimo dia, quando Deus descansou, tivessem surgido sobre a terra os partidos políticos brasileiros. Em consequência, uma característica fundamental da dificuldade do eleitor é ter que ouvir os presidentes dos partidos durante vários anos para chegar à conclusão de que eles não têm nada a ensinar sobre ética, exceto que se trata de uma virtude facilmente contornável.
No momento, os principais partidos do país são comandados por investigados, denunciados e até um preso. Em maior ou menos extensão, enfrentam enroscos criminais, entre outros, os presidentes do PMDB, PSDB, PT, DEM, PP, PR, PRB, PSD e SD. Todos negam participação em desvios.
Nesta terça-feira, a Primeira Turma do Supremo Tribunal Federal converteu em réu o senador Agripino Maia (RN), presidente DEM. Ele responderá pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. É acusado de receber propina da OAS. Coisa de R$ 654,2 mil entre 2012 e 2014. Declara-se inocente.
Presidente do PMDB, o senador Romero Jucá (RR) responde a 14 inquéritos no Supremo. Já foi denunciado num deles, que apura fraudes no Carf, o órgão que julga recursos contra autuações da Receita Federal. Costuma dizer que ser processado não é um problema. O que não se admite é a condenação.
O PSDB mudou de patamar. Deixou o comando da legenda o senador Aécio Neves (MG), que coleciona nove inquéritos criminais na Suprema Corte. Entrou no lugar dele o governador de São Paulo e presidenciável Geraldo Alckmin, que aguarda na fila pelo julgamento de um pedido de abertura de inquérito na Lava Jato em tramitação no Superior Tribunal de Justiça.
Delatores da Odebrecht disseram em depoimentos que Alckmin utilizou um cunhado, Adhemar César Ribeiro, para apanhar R$ 10,7 milhões em verbas oriundas das arcas do departamento de propinas da Odebrechet.
A senadora Gleisi Hoffman (RS), presidente que Lula consentiu para o PT, guerreia no Supremo contra uma ação penal na qual a Procuradoria a acusa de receber R$ 1 milhão em verbas desviadas da Petrobras para sua campanha ao Senado, em 2010.
Em petição submetida ao julgamento da Prmeira Turma do Supremo, a Procuradoria pede, além da condenação criminal de Gleisi e seus cúmplices, o pagamento de uma indenização de $ 4 milhões ao Estado, a título de indenização por danos morais e materiais.
O senador Ciro Nogueira (PI) preside o partido com o maior número de encrencados na Java Jato, o PP. Ele próprio responde a dois processos. Num, foi acusado por delatores da Odebrecht de receber R$ 1,3 milhão por baixo da mesa, para financiar suas campanhas em 2010 e 2014. Noutro, já convertido pela Procuradoria em denúncia, o senador responde por corrupção passiva e lavagem de dinheiro no montante de R$ 1,5 milhão. Verba que a empreiteira UTC diz ser produto de roubo.
Ex-ministro dos Transportes de Dilma Rousseff, Antônio Carlos Rodrigues preside o PR desde a cadeia. Ele foi detido preventivamente. Acusam-no de corrupção passiva, extorsão, participação em organização criminosa e falsidade ideológica no mesmo processo que levou para trás das grades os ex-governadores Anthony Garotinho e Rosinha, sua mulher.
Ministro da Indústria e Comércio de Michel Temer, o pastor licenciado Marcos Pereira, da Igreja Universal, preside o PRB. Responde a dois inquéritos. No mais antigo, emergiu da delação da Odebrecht como beneficiário de R$ 7 milhões no caixa dois. No mais recente, foi acusado por Joesley Batista, o delator da JBS, de morder propinas de R$ 6 milhões.
Outro ministro de Temer, Gilberto Kassab (Ciência e Tecnologia), presidente licenciado do PSD, também responde a um par de inquéritos. No primeiro, é acusado de financiar sua campanha ao Senado, em 2014, com verbas de má origem. No segundo, é apresentado como beneficiário de propinas extraídas de obras viárias feitas em São Paulo no tempo em que foi prefeito da cidade.
O deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força Sindical, preside o SD, sigla de Solidariedade. Entre outros processos, ele é protagonista de uma denúncia na qual a Procuradoria o acusa de ter se beneficiado de esquema que desviou verbas do BNDES. Responde por crimes contra o sistema financeiro, lavagem de dinheiro e formação de organização criminosa.
Deus, como se sabe, existe. Mas quem repara no cenário de terra arrasada que domina o sistema político brasileiro fica tentado a acreditar que Ele não merece existir. Fica evidente que o Todo-Poderoso criou a política sem a menor atenção e, ao retornar do descanso, percebendo o tamanho da encrenca, terceirizou a administração dos partidos políticos ao diabo.
Josias de Souza
13/12/2017 03:53