sábado, 14 de junho de 2014

POST DO LEITOR: Por que Aécio pode (e vai) vencer as eleições de 2014


Aécio quando eleito presidente do PSDB, em maio de 2013: mais uma análise minuciosa mostra que as chances de o senador ser eleito não só existem, mas são grandes (Foto: O Globo)
Aécio Neves aclamado depois de eleito presidente do PSDB, em maio de 2013: mais uma análise minuciosa mostra que as chances de o senador ser eleito não só existem, mas são grandes (Foto: O Globo)
PORQUE AÉCIO PODE (E VAI) VENCER AS ELEIÇÕES DE 2014
Por Ricardo Noda, engenheiro e empresário
POST DO LEITORAté pouco tempo, a maioria dos brasileiros interessados em política dava como certa a reeleição da presidente Dilma Rousseff em 2014, discutindo apenas se ela viria em primeiro ou segundo turno.
Após as pesquisas mais recentes, já se admite a hipótese de haver segundo turno nas eleições deste ano, mas julga-se remotíssima a hipótese de derrota de Dilma. Discordo frontalmente desta opinião e afirmo que, ao contrário, hoje a maior probabilidade de vitória já é do candidato de oposição, senador Aécio Neves.
Baseio minha visão, em cinco hipóteses fundamentais:
1. As pesquisas eleitorais no Brasil, com mais de seis meses de antecedência, tem pouco ou nenhum valor como previsoras do resultado das eleições. Essa hipótese é particularmente aplicável num ano onde há uma Copa do Mundo acontecendo em nosso território. O eleitor brasileiro, simplesmente, ainda não parou para refletir sobre o assunto.
2. A hipótese de não haver segundo turno sempre foi muito remota, sendo prova disso o fato de que nem mesmo Lula, no auge de sua fama e popularidade obteve a façanha. Ao contrário, o notável é FHC ter conseguido, por duas vezes, a vitória em primeiro turno, num quadro político partidário tão fragmentado quanto o brasileiro.
Ajudou-o a enorme rejeição a Lula e ao PT prevalente à época (lembremo-nos de que foi necessária uma Carta Ao Povo Brasileiro em 2002, onde Lula prometia não fazer nada do que o PT pregava, para viabilizar sua vitória) e o fato de FHC ter sido beneficiário de um enorme quantum de “enriquecimento” da população, em especial das classes de renda mais baixa, oriundo da queda brusca da inflação proporcionada pelo Plano Real.
3. O início do horário de propaganda eleitoral gratuita em 19 de agosto próximo, a despeito de oferecer à candidata Dilma praticamente o triplo do tempo de exposição que a Aécio (aproximadamente 12 x 4 minutos), será suficiente para eliminar o relativo desconhecimento de uma grande parte do eleitorado em relação ao ex-governador de Minas Gerais.
A igualdade de tempo no horário eleitoral, no segundo turno, permitirá que o eleitor que hoje quer mudança conheça e faça a comparação entre as alternativas;
4. Os apoios regionais e estaduais, em particular as eleições para governador, têm influência muito maior sobre a eleição presidencial do que em geral lhes é atribuída por analistas políticos, para quem o tempo de televisão no horário gratuito de propaganda eleitoral é capaz de dissociar completamente o voto para governador do voto para presidente da República.
Sem negar esta relativa independência, apenas assumo que ela seja realmente relativa e não absoluta.
5. Se, por um lado, as pesquisas eleitorais tem pouco significado a seis meses das eleições, a história (em especial a mais recente) tem enorme significado e influência, e não deve ser subestimada.
Assim, defendo a ideia de que o estudo das eleições de 2010, aliado à análise das mudanças em cenários políticos (em especial as disputas regionais ou estaduais), numa visão mais estratégica do que tática, pode ser uma ferramenta melhor e mais segura para antecipar os resultados da próxima eleição do que a leitura de pesquisas eleitorais feitas com grande antecedência.
7 premissas para a vitória de Aécio – O quadro abaixo enumera as 7 premissas que adoto para concluir pela plausibilidade do título deste artigo. Em seguida passo a analisá-las individualmente.
(Cliquem na imagem para ver a tabela em tamanho maior)
(CLIQUEM NA TABELA PARA VÊ-LA EM TAMANHO MAIOR)
Premissas 1, 2 e 3 – A primeira premissa (o crescimento do número de eleitores de 135 para 147 milhões) acaba de tornar-se fato, pois o TSE já anunciou oficialmente, o número de brasileiros habilitados a votar nas eleições de outubro próximo. As premissas 2 e 3 seguintes são de fácil compreensão e aceitação, uma vez que descrevem tendências demográficas e comportamentais históricas sem que se conheça qualquer razão ou fator que justifique apostar em alteração de trajetória.
Premissa 4 – Dilma terá retração média de 3 pontos percentuais (em relação aos resultados de 2010) em 21 dos 27 colégios eleitorais do Brasil.
Esta é, de fato, uma premissa bastante especulativa e questionável. Por outro lado, creio que ganha peso e credibilidade, se confrontada com as hipóteses alternativas. Considere os dois cenários possíveis para o segundo turno:
a) Dilma manterá ou aumentará sua vantagem sobre o candidato de oposição, em relação à sua significativa vitória em 2010;
b) Dilma reduzirá sua vantagem sobre o candidato de oposição em relação à sua significativa vitória em 2010;
Acredito ser bem mais razoável aceitar a hipótese “b” que o a hipótese “a”, em vista de circunstâncias facilmente observáveis e suas implicações para o pleito de outubro próximo:
— A eleição de 2010 ocorreu em ambiente onde prevaleceu ampla e rara conjugação de fatores a favor da candidata da situação (Dilma): inflação relativamente baixa, crescimento do PIB alto, ampliação da oferta de empregos, investimentos estrangeiros em alta, promoção do Brasil ao nível de investimento na classificação das agências internacionais de avaliação de risco, o Brasil celebrado internacionalmente como o país da inclusão social, sede da próxima Copa do Mundo e Jogos Olímpicos, presidente Lula considerado “o cara”, palanques estaduais/regionais fortes e unidos (lembrar a coligação PT/PMDB/PSB/PP/PDT e nanicos…), apoio político unânime das centrais sindicais, perspectiva de eleger uma super-gerente, então desconhecida, mas avalizada por Lula, clima geral de continuidade disseminado entre a população e não menos importante: uma candidatura oposicionista que já entrou enfraquecida na disputa e com sérias contradições e fraturas internas em suas bases de apoio.
— Assim, pode-se argumentar que a votação obtida por Dilma em 2010 representou o resultado combinado de força e apoios máximos à candidatura situacionista aliado à fraqueza máxima (ou ao menos muito grande…) da candidatura oposicionista, num cenário que dificilmente se reproduzirá em 2014.
— Lula, em 2014, embora ativo na campanha, não está mais no auge de sua fama e popularidade, e sua promessa de eleger uma supergerente, se não foi um fracasso total, tem agora muito mais dificuldades em se colocar novamente como excelente e renovada aposta com aval do padrinho político;
— O cenário socioeconômico já não é tão favorável como em 2010, tanto do ponto de vista da inflação, como do crescimento do emprego. Em particular, o ambiente de negócios é claramente negativo e as pesquisas de opinião também indicam clara e majoritariamente o desejo de mudança por grande parte da população, inclusive nas classes de renda menores;
— Cresceu, de modo importante, a percepção de piora de serviços públicos fundamentais como saúde, educação, segurança e mobilidade urbana, bem como se tornou mais estridente a demanda da população por soluções rápidas e eficazes (lembremo-nos das manifestações de junho de 2013);
— Subiu de importância nas demandas populares o combate à corrupção, terreno no qual o partido no poder (e em especial o PT) tende a ser o mais atingido. Percepção esta agudizada pelas recentes denúncias envolvendo a Petrobras e o julgamento do mensalão, que teima em permanecer em cartaz, com as principais lideranças do PT reclusas à penitenciária da Papuda em Brasília;
— Há dificuldades notórias para a reedição das sólidas alianças partidárias de 2010 num grande número de colégios eleitorais, inclusive em alguns santuários de votos situacionista como Maranhão e Amazonas, ao mesmo tempo em que também pioram as condições de competitividade de Dilma em colégios tradicionalmente oposicionistas como Rio Grande do Sul e Paraná e demais estados do Centro-Oeste, ligados ao agronegócio;
— Embora seja certo que eu não conte com qualquer instrumento de medição que dê suporte à premissa de que haverá queda média de 3% na votação em Dilma, se comparada à de 2010, de um modo geral, aceitar uma deterioração e não uma melhora de sua competitividade parece premissa bastante razoável.
Especialmente considerando que Dilma enfrentará um final de mandato complicado e com crescente percepção de não tão bem sucedido. Assim visto, o percentual de queda de 3% parece até modesto vis-à-vis o rol de fatores adversos que Dilma vem acumulando ou apresenta-se à sua vista;
Quadro 1 – Comparativo de Resultados Real 2010 com Projeção 2014 – Estados SWING
Quadro 1 – Comparativo de Resultados Real 2010 com Projeção 2014 – Estados SWING (CLIQUEM NAS TABELAS PARA VÊ-LAS EM TAMANHO MAIOR)
Premissa 5 – Dilma terá retração média de 10 pontos percentuais (em relação aos resultados de 2010) nos colégios eleitorais da Bahia, Ceará e Pernambuco. Além da histórica fragilidade do candidato Serra no nordeste e do ambiente geral “continuísta” os resultados de 2010 refletiram também a combinação de :
(a) alianças inexistentes ou divididas para o candidato da oposição com
(b) a formação de uma formidável coligação sólida e unida da base governista.
Em 2010, a coligação liderada por PT, PMDB, PSB e PP que prevaleceu em quase todo o país, entrou em campo unida em torno da candidatura Dilma, nos três colégios eleitorais acima mencionados. O cenário em 2014 é substancialmente diferente:
— Na Bahia, quarto colégio eleitoral do Brasil, o DEM liderado por ACM Neto, hoje o político mais popular e influente do Estado, está lançando Paulo Souto candidato a governador e Geddel Vieira Lima (PMDB) ao Senado e devem propiciar um palanque estadual muito forte para Aécio Neves.
Pelo lado governista, a aliança PT/PSB/PMDB vai rachada, com cada legenda apoiando um dos três candidatos presidenciais no primeiro turno e parecendo provável o apoio de Campos a Aécio num eventual segundo turno. Nossa premissa é de que Dilma continue vitoriosa, mas a diferença de votos caia de 71% a 29% para 61% a 39% dos votos válidos;
— No Ceará, oitavo colégio eleitoral do Brasil, Serra em 2010 não teve apoio fervoroso nem mesmo de Tasso Jereissati, então presidente nacional do PSDB, contrariado com a forma como o candidato impôs suas pretensões ao partido.
Hoje, além de Tasso verdadeiramente engajado na disputa, repete-se no Ceará, pelo lado da base de Dilma, a mesma fratura na base de apoio do governo vista em outros colégios eleitorais, com PT, PROS (ex-PSB), PSB e PMDB divididos na disputa estadual e com tendência a que o candidato do PMDB, senador Eunício Oliveira, favorito ao governo estadual, venha a apoiar Aécio na eleição para presidente.
Nossa premissa é de que Dilma continue vitoriosa, mas a diferença de votos caia de 77% a 23%, para 67% a 33% dos votos válidos;
— Finalmente Pernambuco, sétimo colégio eleitoral do Brasil, é o Estado natal do terceiro candidato a presidente, o ex-governador Eduardo Campos. Lá ninguém tem dúvidas sobre a vitória de Campos por larga margem no primeiro turno. Pode-se considerar também que, caso fique fora do segundo turno, seu apoio mais provável seja a Aécio e não à presidente Dilma.
Novamente neste caso, nossa premissa é de que Dilma saia vitoriosa, mas a diferença de votos caia de 76% a 24%, para 66% a 34% dos votos válidos. Isto significaria que, apesar do apoio explícito de Campos à eleição de Aécio, contamos com que apenas um em cada três de seus eleitores siga sua recomendação;
Premissa 6 – Dilma terá retração média de 5 pontos percentuais (em relação aos resultados de 2010) nos colégios eleitorais do Rio de Janeiro e São Paulo.
– São Estados chave, respectivamente o terceiro e o primeiro colégio eleitoral do país. São Estados onde o voto é mais autônomo e independente e onde os anseios e as insatisfações da população, mais do que o carisma de lideranças pessoais, são importantes fatores na decisão dos eleitores.
— No Rio de Janeiro em 2010, o PSDB cometeu o erro fatal de ficar totalmente ausente da disputa para governador e Serra, com sua conhecida dificuldade em angariar apoios e simpatias, ficou praticamente sem nenhum palanque no Estado, colhendo um resultado desastroso nas urnas. A possibilidade do mesmo erro repetir-se em 2014 é remota.
O mineiro Aécio Neves tem no Rio de Janeiro seu segundo domicilio eleitoral, sendo muito mais conhecido e aceito do que o paulista José Serra. Articulações com o PP (liderado por Francisco Dornelles, primo em primeiro grau de Aécio) e dissidências do PMDB (incluindo o ex-governador Sérgio Cabral) além de uma possível candidatura do próprio PSDB ao governo do Estado deverão, ao menos, evitar um novo fracasso eleitoral.
Nossa premissa, conservadora, é de que Dilma continue vencendo no Rio, mas sua vantagem eleitoral diminua de 60% a 40% para 55% a 45%;
— Em São Paulo, o Estado-chave, para esta eleição nossa premissa além de especulativa é a que carrega, sem dúvida, o maior grau de risco de toda a análise. Consideramos que, apesar de representar o berço tanto do PT como da figura política de Lula, São Paulo é o Estado onde o PT sempre teve as maiores dificuldades para impor sua ideologia e obter vitórias eleitorais.
Nem mesmo Lula em 2006 ou Dilma em 2010 venceram o PSDB nas eleições presidenciais, quer no primeiro, quer no segundo turno. Este ano, para complicar as coisas, o PT terá um palanque estadual particularmente fragilizado, com a candidatura do ex-ministro Alexandre Padilha a governador em dificuldades para se viabilizar e toda a ex-cúpula do PT nacional e estadual encarcerada.
A chave para a vitória de Aécio será o quanto o PSBD paulista vai, verdadeiramente, empenhar-se por sua candidatura. Nossa premissa é de que o empenho existirá e Aécio conseguirá um avanço de cinco pontos percentuais sobre os resultados de 2010, vencendo o segundo turno por 59% dos votos válidos contra 41% para Dilma;
— Nunca é demais relembrar a importância de São Paulo nas eleições, especialmente num cenário de relativo equilíbrio no restante do país. Com um colégio eleitoral de quase 31.4 milhões de eleitores e representando 22% do total do eleitorado nacional, cada ponto percentual de votos válidos em São Paulo equivale a mais de 2 pontos em Minas Gerais, 3 pontos no Rio ou Bahia e mais de 5 pontos em Pernambuco ou Ceará.
Por isso a decisão de Lula, Aécio e Eduardo Campos de fixarem na cidade de São Paulo seus quartéis generais de campanha.
Quadro 2 – Comparativo de Resultados Real 2010 com Projeção 2014 – Demais Estados (CLIQUEM NAS TABELAS PARA VÊ-LAS EM TAMANHO MAIOR)
Quadro 2 – Comparativo de Resultados Real 2010 com Projeção 2014 – Demais Estados (CLIQUEM NAS TABELAS PARA VÊ-LAS EM TAMANHO MAIOR)
Premissa 7 –Aécio vence Dilma em Minas Gerais com diferença de, ao menos, 25 pontos percentuais – Minas, é o segundo colégio eleitoral do Brasil e será o verdadeiro e talvez único swing state brasileiro. É o único estado em nossa análise onde assumimos uma virada, onde Dilma, vencedora em 2010, sairá derrotada em 2014.
É também grande parte da razão pela qual Aécio passará ao segundo turno. Visto como herdeiro político de Tancredo Neves e governador muito bem avaliado pelos mineiros em dois mandatos, sua gestão terminou com índices de aprovação superiores a 80%. Elegeu-se governador em primeiro turno em 2002 com 58% dos votos e voltou a eleger-se em primeiro turno em 2006 com 77% dos votos. Elegeu seu sucessor em 2010, também em primeiro turno, com mais de 65% dos votos.
Seu potencial de vitória por larga margem em Minas é aceito até por seus adversários. Resta saber por qual margem. Nossa premissa é de que Aécio obtenha ao menos 65% dos votos válidos contra 35% da candidata Dilma no segundo turno de 2014.
Verificadas as premissas acima, Aécio vence o segundo turno por uma diferença mínima de 200 mil votos. Aceito que esta seja uma margem estreita demais, numa eleição com mais de 103 milhões de votos válidos, para permitir um prognóstico seguro.
Este prognóstico fica um pouco menos arriscado, entretanto, quando se considera que todas as tendências hoje observadas seguem na direção de aumentar e não diminuir as dificuldades eleitorais de Dilma.
Em resumo, creio que há três grandes questões em aberto, chaves para a definição do vencedor(a) das próximas eleições presidenciais:
1. Por que margem Aécio Neves vencerá Dilma Roussef em Minas Gerais no segundo turno?
2. Que percentual dos votos dados a Eduardo Campos no primeiro turno este conseguirá transferir a Aécio num eventual segundo turno?
3. São Paulo será o grande eleitor desta campanha. Que tamanho de vitória Aécio pode almejar sobre Dilma em São Paulo, no segundo turno?
Para terminar uma mensagem aos descontentes com o quadro político, social, econômico e tudo mais que tanto os desalentam quando olham o futuro próximo do Brasil: votar é uma obrigação, não só legal como moral de todo o cidadão.
Abster-se, votar em branco ou anular o voto é contribuir, concretamente, para que a atual situação se perpetue. Assim, se você está insatisfeito, sua melhor opção é votar na oposição, mesmo que acredite que isto não seja suficiente para mudar o quadro atual (desta vez…).
Creio que este é, basicamente, o mesmo raciocínio que já vem sendo feito pelo PT e que parece preocupá-lo tanto. Em minha opinião, com razão. É obvio que a vitória de Aécio Neves é incerta, num quadro eleitoral complexo e de resultados apertados. Entretanto, acreditar fortemente que é possível é um importante primeiro passo!
DO R.SETTI-REV VEJA

A união do PSDB é fundamental para preservar a democracia no Brasil


A última vez em que o PSDB esteve tão unido numa campanha eleitoral foi 1998. Não vou aqui me dedicar à arqueologia de por que, antes, foi assim ou assado. O fato é que o candidato à Presidência, Aécio Neves, conta com o pressuposto primeiro de uma campanha que pretende, claro!, ser vitoriosa: a união. Sem ela, não existe milagre. Para alcançá-la, é preciso que todos os atores estejam dispostos não exatamente a fazer concessões, mas a ouvir o “outro” e “os outros”. Mais do que tudo, entendo, desta vez, o PSDB não tinha o direito — sob o risco da autodissolução — de não ouvir fatias consideráveis do país que querem mudança. E a cobram com uma clareza que não se via desde 2002, justamente quando o PT venceu.
Notem que não faço juízo de valor sobre os desejos de antes e os de agora. Falo de demandas que estão na sociedade e às quais os partidos têm de responder. O PSDB não tinha, e não tem, o direito de se apequenar em divisões internas. O que se viu neste sábado é auspicioso. Lá estavam, e com muito mais solidez do que em jornadas anteriores, Aécio e José Serra de mãos dadas, sob o olhar de FHC, o tucano que venceu o PT nas urnas duas vezes, no primeiro turno.
Isso é uma declaração de voto? Não é, mas poderia ser — e não vejo por que os leitores devam ter desconfianças sobre em quem vou votar. Acho que minha escolha está clara. Mas isso é o de menos neste post. O meu ponto é outro. Não existe democracia sem oposição. Repito o que já escrevi dezenas de vezes: as tiranias também têm governo (e como!!!). Só as democracias contam com forças que se opõem ao poder de turno, buscando substituí-lo, dentro das regras do jogo. Sem oposição organizada, não existe governo legítimo.
Ocorre que esse não é um valor no petismo. Nunca foi. Ao contrário. Para o partido, os que se opõem à sua visão de mundo — mesmo àquela parcela eventualmente não criminosa — são sabotadores, são inimigos. E devem ser destruídos.
Desde que os petistas chegaram ao poder, resolveram dar início a uma falsa guerra entre o “nós”, que eram “eles”, e o “eles”, que eram os outros. De um lado, os donos da virtude, do bem, do belo, do justo; do outro, o contrário. Talvez seja o caso, então, de a oposição comprar essa briga e fazer o confronto entre o “nós oposicionista” e o “eles governista”.
Os tucanos têm uma história respeitável. Tiraram o Brasil da hiperinflação. Deram ao país uma moeda. Devolveram a nação ao cenário internacional. E o fizeram sem jogar o povo contra o povo. E o fizeram sem incitar a guerra de todos contra todos. E o fizeram sem estimular ódios e rancores. Ao contrário: sempre souberam, e sabem, que, como diz o velho bordão, a união faz a força. Os petistas, infelizmente, tentam se fortalecer jogando brasileiros contra brasileiros, como estamos cansados de ver. É assim que eles enfraquecem a sociedade para fortalecer um ente de razão chamado “partido”.
Mais do que nunca, acho que cabe aos tucanos deixar realmente claro que “eles”, tucanos, não são “os outros”, os petistas e seus aliados. Ou, nos termos propostos pelo PT, chegou a hora de deixar claro que, de verdade, “nós não somos eles”. E não é preciso ir muito longe para percebê-lo: há, por exemplo, tucanos e membros de gestões tucanas sob investigação. Não vi, até agora — e não creio que vá acontecer — o partido a demonizar a Justiça. Sim, há uma grande diferença entre se solidarizar com um aliado e atacar a instituição. Em defesa de mensaleiros, de criminosos condenados, o petismo não hesitou um só instante em achincalhar o Supremo, cuja composição é, de resto, de sua inteira responsabilidade.
Autoritários
A propaganda política terrorista que o PT levou ao ar, destaquei aqui, deixou claro que o partido não tem mais futuro a oferecer aos brasileiros. Agora só lhes resta o expediente, que também não é novo em sua trajetória, de destruir a reputação e o passado alheios e de recontar a história. Mais um pouco, os “historiadores” do partido ainda transformarão Lula no pai do “Plano Real”, e FHC no chefe do grupo que tentou sabotá-lo — e sabotar o país.
Dilma já não sabe por que governa e sabe menos ainda por que quer mais quatro anos. Essa gente é tão autoritária que inventa teorias conspiratórias até quando parte de um estádio de futebol expressa seu repúdio ao governo, segundo a linguagem, feia ou bonita, que se costuma usar em disputas assim desde as arenas romanas ao menos. Seus áulicos na subimprensa — um bando de vagabundos pançudos, pendurados nas tetas da propaganda oficial e de estatais — têm o topete de acusar, ora vejam!, a oposição e alguns jornalistas por manifestações espontâneas, que surgem sem paternidade.
Os petistas, no poder, sempre tentaram calar a oposição. Agora, acham que já é chegada a hora de calar o povo — ao menos a parcela do povo que ousa discordar. E sua concepção autoritária de poder está em curso, com lances novos, embora esperados, dado o seu projeto de poder. O Decreto 8.243, inspirado por Gilberto Carvalho, saído das catacumbas do PT, é a evidência de que o partido ainda não desistiu da ditadura do partido único.
A união do PSDB, demonstrada neste sábado, é fundamental para preservar a democracia no Brasil.
Por Reinaldo Azevedo

PSDB oficializa a candidatura de Aécio à Presidência da República

Aécio Neves e José Serra, juntos na convenção do PSDB: união
Aécio Neves e José Serra, juntos na convenção do PSDB: união
No Globo. Comento no próximo post.
O senador Aécio Neves (PSDB-MG) teve sua candidatura à Presidência da República oficialmente formalizada na manhã deste sábado, durante convenção nacional do PSDB, realizada no Pavilhão Azul do Expo Center Norte, em São Paulo. A candidatura foi aprovada por 447 dos 451 delegados da legenda. Aécio chegou de mãos dadas com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, acompanhado pelo governador de São Paulo Geraldo Alckmin e por José Serra. Ele disse ter chegado a hora do “reencontro com a decência no país” e afirmou acreditar que uma “tsunami” poderá tirar o PT do governo em outubro:
“A cada dia que passa, a cada região por onde ando, percebo não só uma brisa, mas uma ventania por mudanças. Um tsunami que vai varrer do governo federal aqueles que lá não têm se mostrado dignos e capazes de atender às demandas da população brasileira”, disse Aécio.
Na convenção, Fernando Henrique foi tratado como um dos principais cabos eleitorais da campanha tucana. Logo após sua chegada, foi exibido um vídeo exaltando conquistas de seu governo, como o Plano Real e o início de programas sociais de combate à pobreza. O mesmo filme afagou José Serra (…). Foram mencionadas conquistas de seu período à frente do Ministério da Saúde, como a política de combate à Aids e de fomento aos medicamentos genéricos. Os dois temas foram citados no discurso do candidato.
O ex-presidente e avô de Aécio, Tancredo Neves, morto em 1985, também foi lembrado no encontro: no meio do discurso de Aécio, foi exibido um vídeo com imagens do poeta Ferreira Gullar lendo texto escrito em homenagem a Tancredo. “Se o presidente Juscelino (Kubitschek) permitiu 60 anos atrás o reencontro do Brasil com o desenvolvimento e a modernidade, coube a Tancredo, 30 anos depois, permitir que a gente se reencontrasse com a democracia e a liberdade. Outros 30 anos se passaram, e vamos conduzir o Brasil ao reencontro com a decência”, afirmou Aécio, que defendeu a paternidade do PSDB em programas sociais e fez duras críticas à atuação do governo federal na área econômica.
“Quem foi contra o Plano Real é quem hoje permite a volta da inflação”, disse o tucano, que acusou o PT de aniquilar “o mais valioso patrimônio construído por gerações de brasileiros, a Petrobras”, e convocou a militância para ir às ruas “por um tempo novo”.
Para Aécio, a história do país ainda será revisitada: “Pelo menos numa coisa nossos adversários mantiveram a coerência. Quem foi contra o Plano Real e a Lei de Responsabilidade Fiscal é quem hoje permite a volta da inflação e assina a maldita contabilidade criativa. São os que dividem o Brasil de forma perversa entre nós e eles”, discursou Aécio.
O tucano afirmou ver no governo “inegável pendor autoritário e intervencionista”, elementos que seriam motivo de desalento para a população. Disse que o povo teria acreditado no discurso da ética, defendido no passado pelos adversários. Para ele, hoje o PT e o governo protagonizam os mais “vergonhosos casos de corrupção” no país. “O Governo do PT vive da propaganda daquilo que não fez”, disse Aécio.
FHC
Em um dos discursos mais aguardados da convenção, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou que o país está cansado de “empulhação” e fez um chamamento ao PSDB para que se aproxime do povo. “As urnas clamam, querem mudança. Elas cansaram de empulhação, corrupção, mentira e distanciamento entre o governo e o povo. Nós temos que ouvir o povo, estar mais próximos do povo. Ganhar a confiança do povo. A caminhada do Aécio será essa – afirmou o tucano que usou palavras fortes para se referir ao PT, como “ladrões” e “farsantes”.
Para FH, “não dá mais” para lidar com os adversários à frente do governo: “Não dá mais. Ninguém aguenta mais isso. Chega. A gente sente que não adianta mais. Não adianta mais repetir o que sabemos que não é certo. A mudança está começando a se concretizar. Não são ideias só, são ideias encarnadas em pessoas. Hoje é Aécio o futuro presidente”, disse Fernando Henrique, para quem Aécio seria “um líder jovem” para sentir “de perto o pulsar das ruas e se dedicar de corpo e alma ao povo”.
O líder tucano tocou também num tema que já custou muito caro ao PSDB em eleições passadas e acusou o PT de mentir quando acusa os tucanos de serem privatistas. “O povo quer respeito e consideração. O povo cansou de comiseração. Quantas vezes ouvi que eu queria privatizar a Petrobras. Mentira. Eles sabem que é mentira. Nos queríamos transformar a Petrobras de uma repartição pública numa empresa dos brasileiros. O que eles fizeram? Nós queremos de novo que as estatais sejam em benefício do povo “, afirmou.
Serra
O ex-governador de São Paulo José Serra chamou Aécio de “futuro presidente do Brasil” e garantiu que partido está unido em torno da candidatura do senador. “O Aécio sempre a qualidade de juntar as melhores pessoas para seu governo. Damos aqui um passou muito importante para a vitória. O PSDB e seus aliados chegam unidos para essa disputa. Quanto mais mentiras eles disseram sobre nós, mais verdades diremos sobre eles”.
Serra disse que o país vive um “milagre perverso” com o governo do PT e, ao final de seu pronunciamento, foi recebido por Aécio, que levantou-se e foi até o púlpito onde ele estava para agradecer com um abraço e poses para fotos. “Economia estagnada, inflação aumentando e investimento caindo. Vamos convir que para, se chegar a isso tudo, é preciso que o governo atue com incompetência metódica, convicta e com muito talento”, criticou Serra.
(…)
Por Reinaldo Azevedo

‘Aliados em fuga’, de Dora Kramer

Publicado no Estadão desta quinta-feira
DORA KRAMER
Depois de 40% dos convencionais do PMDB explicitarem sua discordância com a renovação da coalizão com o PT para a reeleição da presidente Dilma Rousseff, significando que parte robusta da mão de obra do partido não fará campanha para ela, agora é a vez de o PSD se rebelar contra a aliança.
O desconforto vem crescendo na mesma proporção da queda dos índices de intenção de votos e do aumento do grau de rejeição da presidente nas pesquisas.
Os dados apurados pelo Datafolha sobre São Paulo foram considerados definitivos: no maior colégio eleitoral do País, ela aparece praticamente empatada com o tucano Aécio Neves no primeiro turno e no segundo perderia tanto para ele quanto para Eduardo Campos por larga margem.
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DO A.NUNES

‘Imagina depois da Copa’, de Nelson Motta
Publicado no Globo desta sexta-feira
NELSON MOTTA
Alguma coisa está dando errado e o estrategista João Santana deve estar muito preocupado: quanto mais se intensifica a propaganda oficial em todas as mídias, alardeando as realizações do governo e todos os ganhos com a Copa do Mundo, mais caem a aprovação e as intenções de voto da presidente Dilma e mais aumentam os seus índices de rejeição. E a Bolsa sobe.
Imagina depois da Copa, com metade do tempo do horário eleitoral na televisão ocupado por avassaladora publicidade triunfalista tentando convencer os eleitores que a sua vida e seu país estão muito melhores do que eles pensam. E que quem ganha salário de mil reais agora é classe média.

Jornalistas da empresa americana ESPN incentivam o ódio racial, agridem a Constituição e transgridem a Lei 7.716, contra o racismo; lei prevê cassação da licença. Com a palavra, o Ministério Público Federal! Ou: A direção da ESPN também acha que a elite branca de SP não presta?

Ai, ai… Vamos lá. Fiquei sabendo que um certo José Trajano, um esquerdistas que presta seus serviços para a norte-americana ESPN, me atacou em seu programa. Escrevi um post a respeito e não pretendia voltar ao assunto. Mas os leitores me convenceram do contrário. Insistiram para que eu assistisse a dois vídeos do que andaram dizendo por lá, inclusive a babada hidrófoba do tal Trajano. Vi. A coisa é bem mais séria do que eu supunha.
De saída, deixem que lhe diga uma coisa. Quando afirmei que nunca tinha ouvido falar do bruto, não estava posando de esnobe. Sei quem é Gay Talese, mas não sabia quem era Trajano. Sei quem é Bob Woodward, mas não Trajano. Sei quem é H. L. Mencken, mas não Trajano. Sei quem é Karl Kraus, mas não Trajano. Sei o nome do guarda da minha rua, mas não Trajano. É bem possível que eu conheça gente ainda mais mixuruca do que Trajano, mas não Trajano. Não creio que ele tenha feito falta à minha formação. Considerando as ideias toscas que, descobri, habitam aquele cérebro, acho que não perdi nada. Sigamos.
Mais: até esta sexta-feira, eu nunca havia assistido a um miserável programa ou vídeo dessa emissora. O único esporte que me interessa é futebol, mas não o bastante para sintonizar num canal especializado no assunto. Por isso, fiquei surpreso com o ataque bucéfalo que ele dirigiu a mim — e não só a mim: aproveitou para atingir Demétrio Magnoli, Augusto Nunes e Diogo Mainardi.
Já haviam me falado mais de uma vez que a ESPN era uma espécie de Gaiola das Loucas do lulo-esquerdismo; que a crônica esportiva ali se misturava com o preselitismo arreganhado e meio burro. E eu disse: “Então tá!” Os EUA financiam coisa até pior mundo afora. Eles lá, eu cá. Não tenho nada com isso. À diferença dos que me odeiam com fanatismo, eu não dou bola para as coisas que detesto. Os meus dias se tornaram bem mais suaves depois que passei a ignorar absolutamente o JEG (Jornalismo da Esgotosfera Governista). Sem contar que tenho três empregos, né? Não me sobra tempo para as ignorâncias alheias. Prefiro me livrar das minhas.
Esclarecimento para quem não leu o post anterior a respeito e chegou até aqui sem entender direito. Os “companheiros” da ESPN não gostaram nada, nada dos xingamentos dirigidos por parte da torcida à presidente Dilma Rousseff no Itaquerão. Criticaram duramente os torcedores por isso (e já direi em que termos), Trajano inclusive. Houve uma reação indignada dos próprios espectadores da emissora, que passaram a criticar a equipe. Muito bem!
O que fez, então, Trajano? Ele, que já estava furioso com os que haviam xingado e vaiado Dilma, resolveu ficar bravo também como os que se manifestaram nas redes sociais contra a sua opinião. E reagiu assim:


Viram só?
Eu, Demétrio, Augusto e Diogo semeamos o “ódio” e a “inveja”!!!
Inveja de quê, babaca?
Não deve ser da cara. 
Não deve ser da dicção.
Não deve ser do salário.
Não deve ser da inteligência.
Não deve da independência.
Não deve ser da sabedoria.
Jornalista que chama Dilma de “presidenta” se define de saída e de joelhos. Como disse o jovem Antero de Quental sobre o decrépito Castilho (e não estou comparando para não ser injusto com Castilho…), esse Trajano precisaria ter 50 anos a menos de idade, hipótese em que sua tolice seria passável, ou 50 anos a mais de reflexão, hipótese em que talvez fosse menos tolo.
Meus leitores — e certamente os dos demais — são donos do seu nariz. Eu até os convido a nunca mais sintonizar a ESPN, a deixar de lado esse lixo chapa-branca, mas isso é com eles. O que sabe esse cretino sobre o meu trabalho? Escrevi, sim, sobre a vaia a Dilma aqui — e volto ao assunto na edição da Folha deste sábado, em caráter excepcional — como todos sabem, minha coluna é publicada às sextas-feiras, mas o jornal me convidou a comentar o caso. Quem me leu ficou sabendo que não aprovo esse tipo de manifestação em si, mas que, obviamente, não acho que se tenha cometido um crime de lesa pátria no Itaquerão.
Trajano e a sua patota estão obedecendo a uma palavra de ordem do PT, já vocalizada por Lula, diga-se: responsabilizar a imprensa — da qual eles fazem parte — pela manifestação de desagrado dos torcedores. Não toda ela, claro! Só aquela que os petistas sabem ser aquilo que esses caras nunca serão: independente!
Eu dissemino o ódio? É sinal de que Trajano tem, então, uma leitura crítica do trabalho que faço. Topo um debate público — sem claque, com transmissão ao vivo. Se quiser, a gente grava e torno disponível no blog, sem cortes. Sem palavrões nem ofensas. Vamos ver o que Trajano julga saber sobre o meu pensamento. Vamos ver quais são as ruas referências e as minhas. Qual é a sua bibliografia e qual é a minha. Mas ele não topa! Alguém me disse que é dado a faniquitos até com parceiros de programa.
Esse sujeito resolve puxar o saco do Palácio do Planalto — e deve saber por que o faz —, os espectadores do seu programa reagem, e ele decide culpar, por isso, quatro jornalistas? Como vocês sabem, há muito tempo não dou a menor pelota para o que diz a meu respeito certa canalha financiada por estatais e por anúncios do governo federal. Não respondo a trabalhadores a soldo disfarçados de jornalistas. Meu compromisso é com os leitores deste blog e da Folha e com os ouvintes da Jovem Pan. Esses paus-mandados que vão se criar em outro lugar.
Mas a idade de Trajano me moveu. Deve ser triste chegar a esse ponto da trajetória secretando, ele sim, tanto rancor, tanto ódio, tanto ressentimento. E me volta Antero de Quental: “A futilidade num velho desgosta-me tanto como a gravidade numa criança”. Ou, então, me vem o grande Ulysses Guimarães numa resposta memorável a Fernando Collor, quando este o chamou de velho: “Velho, sim; velhaco, não!”. Então ficamos assim. Eu me inspiro em Antero de Quental e sugiro que Trajano se inspire em Ulysses.
E antes que alguém fique com peninha: eu estava quieto, no meu canto, sem nunca ter visto a cara desagradável desse sujeito. Foi ele que atravessou a rua para me ofender.
Agora a Constituição e a Lei
Mas isso tudo ainda é bobagem perto das enormidades que se disseram na ESPN, que é uma concessão pública e está sujeita às leis brasileiras.
Comentaristas da emissora disseram com todas as letras que o mau comportamento dos torcedores se devia ao fato de que eram todos… brancos! Falaram explicitamente na “elite branca de São Paulo”. Segundo eles, aquilo só aconteceu porque não havia negros no estádio.
A Constituição Federal, no Inciso VIII do Artigo 4º repudia o racismo. No Inciso XLII do Artigo 5º, estabelece que “a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei”. E esses “termos” estão dados pela Lei 7.716, que, no Artigo 20 (Redação dada pela Lei 9.459), define:
Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional.
Pena: reclusão de um a três anos e multa.
Não é só isso, não! Cumpre ficar atento ao que estabelecem os Parágrafos 2º e 3º desse Artigo 20. Prestem atenção:
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é cometido por intermédio dos meios de comunicação social ou publicação de qualquer natureza: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.(Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá determinar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobediência: (Redação dada pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
I – o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos exemplares do material respectivo;(Incluído pela Lei nº 9.459, de 15/05/97)
II – a cessação das respectivas transmissões radiofônicas, televisivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer meio
Retomo
Se alguém tivesse atribuído um ato considerado inadequado de milhares de pessoas à pele negra, alguma dúvida de quea fala seriua caracterizada como indução ou incitamento ao preconceito de raça? Preconceito contra branco pode, ainda que exercitado por… brancos? O Ministério Público vai deixar por isso mesmo? Qualquer branco que se sinta ofendido pelas declarações desses senhores pode recorrer ao Estado para pedir a devida reparação. Até porque essas considerações foram feitas numa emissora de televisão, que é uma concessão pública e sujeita à cassação.
Sobre a elite branca
De resto, a Gaiola das Loucas do Esporte de Esquerda deveria, então, estar brava com o PT, não é? Quer dizer que alguns bilhões de dinheiro público foram torrados pelos “companheiros” para fazer um evento que só privilegia a “elite branca”?
Por que esses corajosos da ESPN, então, não desistem da cobertura e vão lá fazer a transmissão do torneio da invasão “Copa do Povo”, que realiza uma competição com militantes do MTST, ongueiros e outros deslumbrados? Na hora de ganhar o rico dinheirinho, Trajano e seus vermelhos amestrados não se importam com a “elite branca de São Paulo”, né?, que deve garantir boa parte da audiência da ESPN.
E os outros é que incentivam o ódio?
Agora eu sei quem é Trajano. Não adiante botar a cachorrada de segundo time pra latir pra cima de mim, não. O meu negócio é com o pit bull. De rottweiller para pit bull.
Convite para entrevista
Na segunda, vou procurar a direção da ESPN para uma entrevista. Preciso saber quem está no comando. Quero saber se a emissora concorda com a afirmação de que as vaias e os xingamentos a Dilma são coisa próprias da elite branca de São Paulo. E também vou perguntar se a ESPN abre mão dos assinantes brancos de São Paulo. E também indagarei se a emissora se envergonha do seus espectadores brancos de São Paulo. Aliás, as perguntas estão aí. Não desistirei delas com facilidade.
Por Reinaldo Azevedo

FORÇA BRASIL! AÉCIO NEVES SERÁ LANÇADO OFICIALMENTE NESTE SÁBADO À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA EM MEGA-CONVENÇÃO EM SÃO PAULO.

O senador mineiro Aécio Neves será indicado oficialmente pelo PSDB neste sábado (14) como candidato à Presidência da República, numa convenção partidária em que se apresentará como opção de "mudança confiável" para os eleitores insatisfeitos com a presidente Dilma Rousseff.
A convenção tucana será realizada em São Paulo, maior colégio eleitoral do país, Estado governado pelos tucanos há quase duas décadas e onde a rejeição a Dilma é maior que em outras regiões do país.
Em seu discurso, Aécio planeja defender uma gestão "firme e transparente" da economia, fazendo ao mesmo tempo uma crítica à presidente e um aceno ao mercado financeiro e ao meio empresarial.
Aécio decidiu falar de improviso, mas as linhas gerais de seu pronunciamento indicam que ele se comprometerá com a manutenção e o fortalecimento de programas sociais que viraram marca registrada dos governos petistas, como o Bolsa Família.
A convenção terá pronunciamentos de vários líderes do PSDB, incluindo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, principal fiador político de Aécio, e o ex-governador paulista José Serra, que por vários anos foi o principal desafeto de Aécio no partido.
O senador mineiro fez questão de reservar espaço de destaque para a fala de Serra na programação da convenção. Segundo a Folha apurou, o ex-governador abordará lateralmente os desentendimentos públicos que teve com Aécio no passado.
Ele dirá que o partido precisa estar unido para por fim ao ciclo petista --que representaria o "atraso"-- e inaugurar uma nova era de "confiança". Serra enfatizará que a sigla pode contar com ele na caminhada, "cujo ponto alto será eleger Aécio Neves".
DE VOLTA ÀS CORES DO BRASIL
A programação da convenção, coordenada pelo publicitário Paulo Vasconcelos, que chefia a equipe de comunicação de Aécio, alternará discursos e momentos emotivos. O evento será realizado no ExpoCenter Norte, onde houve um ensaio geral na sexta (13).
O hino nacional foi gravado com a participação do cantor sertanejo Zezé de Camargo, que participou da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2002. Zezé declarou recentemente que neste ano votará em Aécio, que é amigo do seu genro.
Haverá durante a convenção diversas homenagens ao avô do senador, Tancredo Neves (1910-1985), o presidente eleito pelo Congresso Nacional no fim da ditadura militar e que morreu antes da posse.
O poeta Ferreira Gullar, colunista da Folha, lerá poema que escreveu após a morte de Tancredo, "Palavra Gasta", escrito em forma de carta endereçada ao político mineiro.
Serão exibidos ainda diversos depoimentos colhidos pelo Brasil, em que eleitores dizem o que esperam do país. O slogan da convenção --"Aécio, a gente quer você"-- será destacado num filme, em que dezenas de pessoas repetem a frase no meio de jingle.
Segundo a pesquisa mais recente do Datafolha, concluída no dia 5, Aécio está em segundo lugar na corrida presidencial, com 19% das intenções de voto. Dilma tem 34% e o ex-governador Eduardo Campos (PSB) está com 7%. Da Folha de S. Paulo deste sábado
DO A.AMORIM CLIQUE AQUI para ver o site oficial de Aécio Neves com centenas de fotos e muita informação!