quarta-feira, 15 de agosto de 2012

O PANACA.

Quem diria que o "O CARA" iria acabar como "O PANACA" do mensalão, hein?
E PHOD@-SE!!!
DO MASCATE

Nunca antes na história “destepaiz” o Supremo foi submetido a tal enxovalho.

                          Por Reinaldo Azevedo
Nunca antes na história destepaiz, como diria aquele, o Supremo foi submetido a tal enxovalho. É inútil tapar o sol com a peneira ou buscar uma leitura benigna para as coisas que estão em curso. Dia desses, um querido amigo, contaminado, quem sabe?, pela leitura de Cândido, de Voltaire — e tomando ao pé da letra o que lá ia, não como ironia —, sugeriu que o fato de o Supremo estar constantemente na berlinda era um bom sinal. Evidência, disse ele, de que temos uma democracia viva, de que os senhores ministros não se fecham mais numa torre de marfim. Trata-se, sem dúvida, de uma leitura benigna e otimista do que, entendo, é manifesta expressão de decadência. Caberá aos ministros ciosos do seu papel institucional pensar também no destino do tribunal — e, pois, no futuro de todos nós.
Não! Os fanáticos de Dirceu podem ensarilhar seus adjetivos de guerra. Não estou aqui a sugerir que os ministros ignorem os autos e votem de acordo com a opinião pública. Aliás, segundo o presidente do PT, este bom povo brasileiro está mesmo é interessado no destino das personagens de “Avenida Brasil”. Pode ser. De tanto ver triunfar na vida real os pilantras, há a possibilidade de que busque viver a satisfação, ao menos na fantasia, de ver os espertalhões passando por algum aperto.
Do que vi da novela até agora, senhor Rui Falcão, aquilo a que se chama “povo” — essa categoria que vocês por aí têm a ambição de manter sob controle — pode não ter lá o gosto muito apurado, pode ser ruidoso e pouco refinado, pode chocar pela franqueza, mas tem caráter e vive com o suor do próprio rosto, não com o do alheio. E, claro!, há por lá os pilantras, os enganadores, os safados. É possível, sim, senhor Rui Falcão, que uma boa parte da opinião pública prefira a ficção como critério de realidade porque a realidade consegue ser mais estupefaciente do que qualquer ficção.
Quero, sim, que os ministros julguem de acordo com os autos, mas espero que não brindem o país com a vigarice teórica — ninho retórico da impunidade e do enxovalho ao estado de direito — de transformar os tais autos numa janela para a impunidade, CONTRA O DOMÍNIO DOS FATOS. Não há escapatória: os 11 do Supremo estarão dizendo até onde os homens públicos podem ir e, também, até onde aquela Casa se presta à intervenção de forças que lhes são externas.
Não, eu não quero que o Supremo julgue sob a pressão das ruas. Mas eu também não quero que o Supremo julgue sob a pressão de um partido. Não, eu não quero que o Supremo julgue para atender aos reclamos da opinião pública. Mas eu também não quero que o Supremo julgue para atender aos reclamos de opiniões privadas. Não, eu não quero que o Supremo julgue contra as provas. Mas eu também não quero que o Supremo julgue contra os fatos.
Que futuro terá um país em que um Marcos Valério saia do tribunal com atestado de boa conduta?
E que futuro terá esse tribunal?
Que futuro terá um país em que um Delúbio Soares saia do tribunal com atestado de boa conduta?
E que futuro terá esse tribunal?
Mas e Dirceu?
Faltam evidências de que fosse o chefe inconteste do partido, de sua política de alianças e de sua relação com os aliados???
Como se realizava materialmente, e segundo quais critérios, essa convergência de interesses?
Tenham paciência!
Estou nessa profissão há 25 anos. Saibam, senhores ministros do Supremo: nunca se fez tanta chacota do STF, se desconfiou tanto de seus critérios, se especulou tanto sobre a motivação de alguns de seus integrantes. E não porque isso seja consequência do escrutínio democrático. O ponto é outro. Dá-se como certo que, para alguns, os princípios da lei e do decoro se subordinam às imposições de uma tarefa de natureza partidária. Antes, debatia-se a doutrina; agora se debate quem obedece ao comando de quem.
O Supremo estará decidindo, em suma, se vai fazer réu o povo brasileiro e condená-lo a uma pena eterna: viver num país esculhambado, em que aquele que deveria dar o exemplo só resta impune porque se aprimorou nas artes do crime.

DO R.DEMOCRATICA

Collor exige uma reparação em dinheiro. Eu exijo que ele devolva a bolada que desviou. Os leitores vão decidir quem tem razão



Direto ao Ponto
Para jornalistas sérios, ações judiciais movidas por casos de polícia são medalhas. A gradação é determinada pelo prontuário de quem, em vez de dar trabalho a oficiais de Justiça e magistrados, deveria estar recolhido a uma cela.
Processos patrocinados por um João Paulo Cunha, por exemplo, não vão além de medalhas de bronze. Ganhei uma. Duelos no tribunal com Orestes Quércia garantiam medalhas de prata. Ganhei duas. Um Fernando Collor vale medalha de ouro. Ganhei quatro.
Vem aí a quinta, informa a ação de indenização ajuizada na semana passada pelo ex-presidente escorraçado pelo Brasil decente do cargo que desonrou.
Desta vez, Collor quer ser compensado em dinheiro pelo desgosto que lhe causaram três textos publicados nesta coluna nos dias 13, 19 e 27 de março deste ano.
Comparada a posts que descrevem mais detalhadamente a figura abominável, a trinca que ampara a ação judicial é quase gentil. Pelo jeito, qualquer pretexto está de bom tamanho para o falso caçador de marajás agora fantasiado de caçador de jornalistas.
Com o título A multidão que devora verbas na casa do espanto e o espantoso verão de Collor, o primeiro texto trata da bolada consumida pelo senador do PTB alagoano em janeiro, quando o Congresso estava em recesso.
Onde a repórter Júlia Rodrigues enxergou um desperdício criminoso do que é extorquido dos pagadores de impostos o perdulário compulsivo enxergou uma trama destinada a denegrir-lhe a imagem. Como se houvesse imagem a denegrir.
O segundo post se apoia nos mais recentes desvios de verbas públicas protagonizados pelo reincidente incurável para sublinhar a constatação resumida no título: Collor confirma: O Brasil mudou para pior. Ao ajuizar a ação, o ex-presidente jurou que jamais malbaratou ou embolsou o que não lhe pertence.
O terceiro texto ─ O rebanho da seita que acoberta bandidos de estimação quer furar a fila do tribunal ─ apenas inclui o líder da bancada do cangaço na relação de pecadores aparentemente condenados à perpétua impunidade.
Caprichando na pose de ofendido, Collor argumenta que foi “inocentado pelo Supremo Tribunal Federal e absolvido pelo povo brasileiro”. Inocentado pelo STF coisa nenhuma.
A maioria dos ministros absolveu “por falta de provas” o ex-presidente de um país cuja Justiça, pelo andar da carruagem, daqui a pouco só vai condenar ladrões que gravem em vídeo o ato criminoso e confessem o que fizeram ─ ao vivo ─ no Jornal Nacional.
Absolvido pelo povo brasileiro coisa nenhuma. Uma parte do eleitorado alagoano garantiu-lhe a cadeira no Senado. Candidato a governador em 2010, foi surrado nas urnas já no primeiro turno.
Virou amigo de infância de Lula, bajula Dilma Rousseff, faz qualquer negócio para conseguir espaço na vitrine em que já foi a atração principal. Mas nunca mais será presidente. Essa certeza angustiante vai atormentá-lo até a morte.
Em qualquer país menos primitivo, Fernando Collor estaria na cadeia há muito tempo. Num Brasil castigado pela corrupção impune, não só continua em liberdade como insulta o procurador-geral da República, calunia jornalistas honestos e coleciona ações judiciais que acabam adornando com mais uma medalha de ouro o currículo de quem vê as coisas como as coisas são.
Ele exige uma reparação em dinheiro. Eu exijo que ele devolva pelo menos a “verba indenizatória” que torrou em janeiro. Os leitores vão decidir quem tem razão.
14/08/2012