Paula Felix - O Estado de S. Paulo
05 Julho 2015 | 03h 00
Jorge Damus Filho, pai de estudante morto por jovem de 17 anos, está engajado na luta pela redução da maioridade penal
Em 27 de setembro de 1999, o estudante Rodrigo Damus, de 20 anos, foi morto a tiros por um jovem de 17. O adolescente chegaria à maioridade três dias depois e ficou apreendido por 1 ano e 8 meses. Há 15 anos, o pai da vítima, o administrador de empresas Jorge Damus Filho, de 60 anos, começou a se engajar na luta pela redução da maioridade penal. Abaixo, o depoimento dele:“Eu perdi um filho no 2.º ano da faculdade. Abordaram no semáforo e atiraram nele para roubar o carro e vender em desmanche. Quem matou foi um menor e faltavam três dias para completar 18 anos. Era o chefe da quadrilha, porque era o mais perverso.
Depois que aconteceu isso com o Rodrigo, tinha duas alternativas: poderia me trancar em um quarto escuro e chorar a vida inteira ou arregaçar as mangas para ter menos impunidade, que é o que acaba alavancando os crimes. É impunidade para menor e para maior de idade. Comecei a me engajar em campanhas de redução da maioridade penal.
Acompanho o caso de perto, não é uma questão de vingança, mas de justiça. Um crime cometido por um menor ou por um maior causa o mesmo dano à sociedade. É a mesma dor e o mesmo trauma, são os mesmos tratamentos psiquiátricos. Por que penas diferentes para crimes iguais? A injustiça me atormenta muito.
O assassino do Rodrigo, tinha cinco refeições na Fundação Casa, (apoio de) Direitos Humanos. A mãe dele esteve com ele no Natal. Para mim e para minha mulher, restou levar flores à prisão perpétua na que meu filho foi condenado. Esse tipo de dor não tem cura.”